Nós corremos com o corpo de Mellanie para ‘Os filhos de Poseidon.

Deitamos ela na proa.

Olhei para seu corpo frio. Ela ainda estava viva.

Ela olhou para mim e sorriu.

– Seja qual... for seu... destino, Selena... Lute... Eu lutei.... Agora... Eu vejo... Minha mãe.

Os olhos dela de repente estavam vidrados e cobertos de estrelas refletidas.

  Mellanie havia partido para sempre.

  Eu apontei minha varinha para o céu e uma forte luz acabou com todas as nuvens e deixou o céu estrelado. Como eu consegui fazer isso sendo que precisam de milhares de bruxos para isso eu não tenho certeza, mas algo na minha cabeça diziam que aqueles novos poderes vieram para fazer o bem e honrar os amigos estava no pacote.

Encostei a cabeça em Nico e deixei minhas lágrimas caírem sorrateiras pelo meu rosto.

Decidi não segura-las. Isso me machucava mais.

Annabeth fez o mesmo com Percy. Percebi que não chorava e pensei as perdas que ela tinha conseguido para isso.

Grover estava de cabeça baixa segurando seu chapéu.

Sophie foi pior. Ela não fez nada. Ela só encarou o corpo.

Ela olhou para mim.

– Traga ela de volta.

– Sophie, eu não..

– Traga-a de volta.

– Eu...

– TRAZ ELA DE VOLTA!

Ela se descontrolou. Ela começou a chorar e seu corpo se tingiu de vermelho.

– Isso!– Ela apontou para o céu limpo.–O que foi que você fez? O que foi isso?

– Uma... Uma homenagem. Se bruxos se unirem eles podem limpar o céu por uma pessoa importante. Eu não sei como consegui... Quer dizer, que estava sozinha... Eu...

Lágrimas caiam enquanto eu tentava explicar o que eu não sabia. Talvez soubesse. Talvez não. Tudo que eu podia pensar era que eu estava ajoelhada no corpo de uma boa amiga que mal tive a chance de conhecer.

Sophie estava em negação, então fechei os olhos de Mellannie delicadamente.

Respirei fundo.

  Sequei minhas lágrimas e olhei para Percy.

Peguei meu espelho e esfreguei a sombra.

Uma menina de cabelos dourados e rosto preocupado apareceu em minha frente.

– Lunna.

– O que houve, Selena?

– Fale com Quíron. Diga ao chalé de Afrodite... Diga ao chalé de Afrodite... Que perdemos Mellannie.

Os olhos de Lunna se arregalaram e ela começou a chorar. Acho que ela era amiga de Mellanie.

Não me alterei.

– Diga que os campistas estão voltando. Eu não.

Ela assentiu sem perguntar nada e fechei a comunicação.

Virei para os outros.

– Onde você vai Selena?– Percy perguntou.

– Para o Olimpo. Eu vou para o Olimpo.

Nico se levantou.

– Eu vou com você.

– Não, ajude-os com as sombras.

– Selena, você nem consegue andar.

– E daí?

– Eu vou.

Percy se virou para mim. Acho que também temia por minha segurança.

– Eu consigo sozinho. Vou providenciar uma oferta a Poseidon e voltar para o acampamento.

Joguei o pelo de Cão Infernal para ele. Ele arregalou os olhos.

– Você não vai querer saber.– Respondi.

Virei para Nico.

– Consegue viajar pelas sombras comigo e Perséfone?

– Claro.

Segurei seu braço segurando Perséfone.

E estávamos no saguão do Empire State.

Virei-me para o porteiro que estava lendo um livro.

– 600° andar, por favor. Quero falar com Zeus.

Ele olhou para mim e disse:

– Esse andar não existe, senhorita.

Ele voltou para a revista.

Arranquei-a da mão dele e joguei-a longe.

– Escute aqui, eu enfrentei uma cobra gigante venenosa que deve ser o motivo de meu braço estar sangrando assim, uma mortalha viva, visgo do diabo, dracaenae da Cíntia e um Cão Infernal. Uma boa amiga minha acabou de morrer. Eu sou uma bruxa, meio-sangue e estou sangrando. Todos os monstros da cidade vão estar sendo atraídos pelo meu cheiro. Tenho costelas quebradas e o braço e o tornozelo também. Meu braço está imobilizado pelo veneno. Tenho dez minutos, no máximo. E VOCÊ ME DIZ QUE ESSE ANDAR NÃO EXISTE? EU QUERO FALAR COM ZEUS AGORA E SE VOCÊ NÃO SE DEU O TRABALHO DE PERCEBER ESSA MULHER QUE O GAROTO ESTÁ SEGURANDO É PERSÉFONE E SE VOCÊ NÃO ME SER UM JEITO DE FALAR COM ZEUS AGORA, EU NÃO RESPONDO POR MEUS ATOS!

O cara me deu uma chave bem rápido depois disso. Nico me ajudou a entrar enquanto arrastava Perséfone pelo chão. Acho um desrespeito pela rainha dos mortos, mas toda quebrada eu não podia fazer muita coisa.

O caminho até o maior de todos os palácios pareceu longa. Era tudo lindo e eu podia ter me maravilhado, mas eu tinha muito pesar e dor para fazer isso. Chegamos no castelo. Os deuses estavam em sua forma gigante.

Os tronos tinham um padrão em U .

Virei para Hades. Um cara com um longo manto negro.

Nico deixou Perséfone que havia acabado de acordar em sua frente.

Ele me deixou sentar no chão.

– Eu faria uma reverencia a vocês, mas acho que não estou em condições adequadas para isso.– Eu disse, olhando para minha situação. Alguns deuses riram.

– Como você pode ver, ilustre tio,– Eu disse olhando para Hades.– Perséfone foi resgatada. Zeus, Deméter e Hermes nada tem haver com isso.

Ele me olhou com um ar de reprovação. Eu queria falar mais,  mas lembrei quem era o pai de Nico.

Virei para Zeus.

– Sua filha está viva. Está entregue.

Ele me olhou com o mesmo ar de reprovação, então aliviou um pouco.

– Nós a agradecemos pelo seu gesto, bruxa. Você evitou uma guerra que poderia acabar com a civilização ocidental. Os deuses estão em dívida com você. E os deuses nunca esquecem uma dívida.

Olhei nos olhos azuis elétricos de Zeus.

– Eu também não.

  Olhei para meu pai no trono a seu lado. Seus olhos verdes me estudavam. Voltei o olhar a Zeus.

– Posso me retirar?– Perguntei.

– Espere.– Disse Ártemis. Meu coração parou.– Estive observando você. Sempre estou aceitando novas caçadoras. Deseja se juntar a Caça?– Ela perguntou.

Olhei para ela. Olhei para Nico, ao meu lado. Seu rosto assumira um estranho tom de verde.

– Eu me juntaria uma semana atrás, lady. Agora... – Dei um sorriso triste.– Acho que não.– Balancei negativamente a cabeça.

Ela me olhou com olhos tristes. Seu olhar zapeou em Nico e ela disse:

– Tudo bem. Mas a oferta está aberta. Não espere ser tarde demais.

O caminho de volta foi longo, mas eu pude andar por minhas próprias pernas,embora mantivesse mãos dadas as de Nico. Apolo me curou totalmente.

Eu só achei estranho, porque em todo caminho, as Musas pararam de cantar, os Semideuses, Deuses Menores, e todos os outros seres se curvaram para nossa passagem.