P.O.V. Nico di Ângelo

Eu não sei o que aconteceu. Num momento a minha doce Selena estava lá. No outro... Bem, seus olhos pareciam vermelhos, não do jeito normal, como uma pessoa que chora, mas de um jeito estranho, como se estivesse usando lentes de contato para o dia das bruxas, perdão, Halloween, não sei se dias das bruxas é ofensivo a elas, e eu não quero ser transformado em um dente de leão de novo para saber. O fato de eu dizer de novo só prova como minha vida é estranha.

Enfim, tinha uma luz saindo de Selena, não a luz branca, como uma aura de bondade que ás vezes eu via nela, mas uma luz vermelha vibrante,como se houvesse fogo em volta de Selena. Senti o mar fulminar ao meu redor. O mar borbulhava e de algum jeito eu sabia que as ondas estavam se preparando por debaixo dele.

  Até o céu parecia diferente. Tinha ventos cada vez  mais fortes e de repente havia furacões a nosso redor.

Como aquilo tudo poderia ser efeito de Selena? Não, tinha que ser outra coisa...

E afinal, quem era esse homem? O que havia nele para deixar a doce Selena com aquela aura cheia de ódio. Aquela aura... maligna

– Bem, vejo que com o tempo seus poderes aumentaram, semideusa. Terá que se esconder de novo? É melhor se adiantar, meus monstros a comerão logo.– Ele gritou, para ser ouvido.

– Se escondendo atrás de seus bichinhos? É a sua cara, Joe! Saia de seu trono e venha me enfrentar pessoalmente! Você não me procurou me matar depois de trair quem lhe era leal? Agora é sua chance,Joe! Um duelo justo, é tudo o que eu peço! Quero ver como você se sai com uma Joy que tenha tido tempo de pegar sua varinha!

– Uma Joy? A faz-me rir! Sua doce mãezinha sangue-ruim foi fácil de destruir, sabe, Selena? Esmaguei como uma barata aos meus pés, que são seu devido lugar!

Selena estava vermelha, não a ponto de chorar eu via, mas de raiva. Agora eu entendia o  por quê.

Bom, mais ou menos. Perguntei-me o que queria dizer sangue-ruim, mas pela cara da Selena, boa coisa não era.

Quando eu olhava para ela eu não via só a Selena. Sua figura mudava, ás vezes eu via a minha doce Selena(no momento não tão doce assim), no outro... Havia uma outra forma que eu não conseguia distinguir. Eu sabia que ela me lembrava algo, qu eu devia saber o que ela era, mas eu não conseguia assimilar. Sabe quando você fez todo um quebra cabeça e ficou faltando uma última peça, que devia dar para entender todo o resto sem ela, mas você não consgue distinguir a figura que fica fora de nexo? É assim que eu me sentia.

Percy segurou-a  antes que pulasse no navio, que logo vi, era sua intenção. Annabeth pegou dela uma bolsinha de contas, enfiou a mão e pescou rapidamente um frasquinho de uma poção. Enquanto isso, convoquei alguns mortos para ajudar Percy com Selena.

– Me deixa ir, Percy. ISSO É UMA ORDEM! Eu esperei muito tempo para isso, e agora quero arrancar a cabeça dele como se deve!– Ela gritou, mas Percy não a largou e tentou segura-la.

Annabeth lhe deu um pouco da poção que ela muito involuntariamente tomou.

  Selena ficou sonolenta mais não desistiu,continuou tentando. Persistente era o que essa garota era. Logo ela estava com a mesma energia anterior.

– Di immortalles. O que há com ela? Um gole disso e ela deveria desmaiar,e ela bebeu quase metade do frasco! Ela me falou isso, a poção é tão forte que é chamada de poção do Morto-Vivo!

Isso me distraiu um pouco,admito.

– Sério? E como é que se faz?

Annabeth me olhou como se estivesse se segurando para não me estrangular.

– Nico. Agora, não.

Corei.

– Ah, certo. Concordo.

–  Melhor assim.

Do mesmo modo que na ilha das sereias, ela tirou a varinha de algum lugar e apontou diretamente para Joe.

– CRUCIO!

Um relâmpago saiu direto de sua varinha e parou no meio do ar. E voltou para Selena, e o que quer que fosse aquele feitiço, fiquei feliz quando atingiu um de meus guerreiros esqueletos. Nem tão feliz, por que ele gritou e explodiu em cinzas e é muito cansativo fazer aparecer um desses.

–Uma das Maldições Imperdoáveis, Selena? Acha que isso me assusta?

– Acabe com esse escudo e enfrente-me como homem! Ah, esqueci isso é impossível ,não é?

Ele levantou-se, como se os insultos de Selena estivessem começado a irritá-lo.

– Chega. Jovens heróis, eu reconheço sua coragem.

Aos poucos Selena foi se acalmando, e aquela aura foi se esvaindo, mas ela ainda permanecia co aquele brilho avermelhado nada natural em seus olhos.

– ... Verdade,  e vou dá-lhes uma chance única.  Vocês terão sua chance de libertar Perséfone, uma chance única. Porém, será em forma de desafio. O caminho pela prisão de Perséfone está recheado de monstros. Haverá uma ponte dentro de meu vulcão, ela levará até Perséfone. Abaixo da ponte haverá muitos monstros, carnívoros que vocês não irão querer conhecer. Se vocês conseguirem trazer Perséfone de volta para a entrada do navio vivos, deixarei levarem Perséfone, se não... Acho que já entenderam.

P.O.V. Selena Alexas Joy.

Eu não sei o que houve. Ou talvez eu saiba.

Tudo que eu sei foi que quando eu vi aquele homem, a raiva e o ódio contida por anos dentro de mim se rebelou. Ela era gritante e agonizante.

Percy me pedia para me acalmar, e uma parte mínima não queria magoá-lo, mas, a grande verdade era que eu não queria me acalmar.

De repente, eu me senti poderosa, mais poderosa que nunca. Senti poderes em meu sangue que eu nunca senti em toda minha vida.

O meu sangue fervia enquanto eu gritava insultos para aquela criatura miserável. Eu queria matá-lo. Queria torturá-lo.

Eu podia usar esses novos poderes para torturá-lo, mas a verdade é que eu queria matá-lo pelas minhas próprias mãos.

Annabeth tentou me enfiar a poção do Morto-Vivo e eu enfraqueci um pouco, mas o novo poder que corria entre minhas veias me impedia de desistir, o novo poder me renovava, e me tornava imune a poção...

Mate-o, uma voz em minha cabeça ordenava.Com todo o prazer, eu respondia.

Foi quando eu ouvi. Não, não o mate. Eu ouvi outra voz. Essa era tímida, mas inspirava poder. Por quê? Ele merece. Perguntei. Verdade. Mas é isso que você quer? Matar rompe a alma. Matar rompe a alma... Matar rompe a alma... Tive uma lembrança que parecia ter anos. Matar rompe a alma. É um ato indizível de crueldade. É assim que se cria uma Horcrux. Lembrei-me de meu padrinho falando. Eu não quero criar uma Horcrux. Eu só quero fazer picadinho dele. Só um pouquinho,vai? Eu respondi. A outra voz quase gritava. Por que você teria piedade dele? Ele matou sua mãe, lembra? Por que você teria piedade dele se ele não teve por você? Será que ele teve piedade de uma menina órfã sozinha, quando ela podia ter a melhor mãe do mundo?Acho que não. Ela disse. É, por que eu não posso? Perguntei para a outra voz. Por que, ela disse isso iria te igualar a ele. Você lembra. Não tenha piedade dos mortos. Tenha piedade dos que vivem sem amor. Ela contra-atacou.

A guerra mental em meu cérebro estava me dando dor de cabeça. Eu ainda sentia o poder em minhas veias. Olhei para em volta de mim. Olhei para Perséfone. Se eu matasse Joe, jamais saberia romper o feitiço.

Enquanto eu dava esse ataque silencioso uma parte de mim ouvia o desafio de Joe. Olhei em volta. Todas aquelas crianças se arriscando. Eu não podia simplesmente acabar com nossas chances. Uma torturazinha não ia matar ninguém... disse a voz. Cala a boca! Dissemos eu e a outra voz em uníssono. Ok, ok, foi só uma idéia...

Eu consegui não pular do barco. Consegui me conter um pouco, mas a raiva e o ódio ainda fluíam livremente pelo meu corpo.

Reparei que Percy e Annabeth tinham um debate rápido. Por fim, Annabeth suspirou e Percy gritou:

– Aceitamos seu desafio.