Obviously escrita por NoOdle


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui mais um, eu escrevi bem rápido na verdade hahaha
tomara que gosteem ^.^



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A ultima gota de sangue desceu pela minha garganta, agora muito melhor. Balancei o corpo vazio para ter certeza de que não faltava nada.

Olhei em volta, Alec arrumava todos os mortos em um canto, limpando suas roupas. Fiquei em pé, vendo o que tínhamos feito.

Não era normal. Parecia certo e comum, como se já tivesse feito isso muitas vezes, mas algo em minha mente dizia que não era normal matar e chupar o sangue das pessoas.

“Esses foram os últimos da pensão. Os corpos acabaram.” Falou meu irmão, olhando pela grande casa.

Assenti, ainda um pouco pensativa. Era fácil pensar quando não tinha mais aquele ardor por toda sua garganta.

“Você... Já parou para perceber o que a gente fez?” Começou ele, franzindo as sobrancelhas. “Nós... Matamos pessoas. Isso não é bom, assim... Parecemos vampiros. Mamãe não ia gostar disso, se estivesse viva.”

O olhei. Ele estava falando de nossa mãe? Quer dizer que... Já tinha pensado no nosso passado, ou melhor, no que acontecera antes desse momento?

Analisei o que tinha dito, tentando misturar com algo que já sabia, algo que já tinha passado. Minha mãe...

A imagem de uma mulher loira de cabelos bem compridos apareceu em minha mente, e logo depois cenas de um homem batendo nela constantemente. Balancei a cabeça, voltando a observar o garoto em minha frente.

“Sim, ela não gostaria. Mas não estamos mais com ela. Fazer isso foi, de alguma maneira, preciso.” Disse, num tom monótono que me lembrava de sempre ter. Alec olhou para baixo, imerso em pensamentos.

“O que... O que somos nós, Jane?” Fez a pergunta com dificuldade, como se não quisesse mesmo saber sua resposta.

Olhei para seu olhos vermelhos mais vivos do que nunca. Podia sentir meu rosto sem expressão, minha face totalmente vazia. “Não sei.” Respondi somente, sentando no chão.

Ele deu de ombros, sentando do outro lado da sala. “Seja lá o que formos somos fortes. E não há muitos de nós, não vemos pessoas pulando alto e chupando o sangue das outras por aí.”

Balancei os olhos em um silencioso ‘sim’, pensando muitas coisas ao mesmo tempo.

O que éramos nós? Boa pergunta. Não precisávamos respirar, nem mesmo piscar ou nos mover. Só precisávamos de sangue.

Podíamos estar mortos. Sorri um pouco com essa idéia, não sabia por que, mas tudo em minha mente parecia adorar a idéia de não estar mais viva. Virei a cabeça para um lado, tentando entender. Devia ter algo a ver com meu passado.

Imagens borradas voltaram a aparecer em meus olhos. Um homem extremamente bonito chegando perto de mim, meu irmão tentando me defender e sendo atirado contra a parede. O homem chegando perto de mim e sussurrando algo em meu ouvido com sua voz gélida.

Arrepiei, tentando mudar de lembrança. Meu pai me expulsava de casa, mandando conseguir o dinheiro que tinha gasto em drogas.

Fechei os olhos, respirando fundo. Se estivesse mesmo morta minha vida não parecia ter sido muito feliz.

Agora nada mais importava. Estava totalmente vazia, me sentia horrível. Eu havia matado muita gente. No mínimo umas cinco, porque mesmo sentindo que minha garganta já parara de arder continuei chupando o delicioso sangue, acabando com minha vontade absurda.

Já não me sentia a mesma. Eu havia matado muita gente. Essa verdade assustadora me abraçava, me chamando de assassina.

Era mesmo muito forte, como Alec havia dito. Não tinha nada para temer, podia fazer qualquer coisa. Então por que estava me lamentando por algumas vidas perdidas? Ninguém, aparentemente, lamentara pela minha vida – isso se minha teoria de estar morta estivesse certa.

Levantei, decidida. Iria sair pela noite e descobrir algo para fazer, ou mesmo achar aquele homem que me causara muita dor nas ultimas lembranças que tinha em mim.

Um homem de peles brancas, olhos vermelhos e hálito fresco. Muito bonito. Olhei meu irmão, franzindo as sobrancelhas. Ele era muito igual a nós, este homem. Talvez também não estivesse vivo.

“Onde vai?” Perguntou-me Alec.

“Preciso acertar umas contas com algumas pessoas.” Disse, olhando a porta fechada. Ele levantou e apareceu em minha frente, bloqueando a passagem.

“Não vá fazer besteira, Jane. Ainda não sabemos exatamente o que podemos fazer.” Falou severamente. “Por que não me diz onde vai...?”

Entortei a cabeça, analisando seu rosto. Não precisava dar explicações para ele. Nunca dei, não começaria agora. “Saia. Por favor.”

“Não. Me fale onde vai, posso ir com você.”

Fechei um pouco os olhos e ele caiu no chão, se retorcendo de dor. Assustei com isso, me afastando um pouco. Minha raiva era tanta que o fizera sentir dor sem mesmo machucá-lo. Me recompus, voltando a ficar séria, como se já soubesse que podia fazer isso. “Não é de sua conta. Tem um homem que me fez mal, preciso matá-lo.”

Meu irmão sentou, olhos fechados, ofegando. Passei por ele tranquilamente, sem mesmo perguntar se estava bem. Saí quase flutuando pela grande casa, usando meu vestido bege surrado que estava vestida quando acordei.

Meus cabelos compridos e loiros voavam ao vento, eu olhei pra cima, vendo a lua.

Mais alguém ia morrer aquela noite. E essa eu faria com vontade.


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