Obviously escrita por NoOdle


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Aqui mais um, desculpem a demora!! espero que gostem :D Beijos!



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As luzes fracas dos postes antigos e surrados me iluminavam de quarteirão em quarteirão enquanto eu andava calmamente, tentando farejar algum cheiro diferente de sangue. Estivera correndo há poucos minutos atrás, em cima dos prédios, olhando a cidade toda.

Até que encontrei o rastro de um outro ser igual à nós. Desci dos terraços e caminhei pela rua, sentindo o cheiro cada vez mais forte.

Quase nenhum carro passava pelas ruas de paralelepípedo. Também, já eram quase 4:00h da manhã pelo que me recordo. De vez em nunca sentia alguns humanos por perto, provavelmente escondidos com drogas, algo que estava muito bem familiarizada – isso era o que lembrava, pelo menos.

A pequena trilha me levou a uma casa grande e velha, com certeza abandonada, quase desabando. As janelas fechadas e cortinas rasgadas não deixavam nem um fio de ar entrar ou sair, mas a grande rachadura da porta fazia o odor doce do homem conhecido passar por todo o quintal de flores mortas.

Avancei decidida e abri a porta, olhando em volta. Estava escuro o suficiente para fazer um olho normal não enxergar muita coisa, porém eu via tudo perfeitamente. Parecia vazia, nenhum barulho nem som de respiração. Algumas marcas de sangue sujavam a parede envelhecida ao lado da entrada, me dando um pequeno arrepio pelas costas.

Olhei em volta, tentando localizá-lo. Ainda sim a casa parecia não habitada.

“Você sobreviveu...” Falou uma voz grossa em cima da escada, eu me virei rapidamente, focando o cara de cabelos claros e ondulados, um pouco acima do ombro. Ele vestia roupas muito elegantes e nem um pouco surradas, deixando sua pele parecer ainda mais branca. “Achei que ia demorar mais para querer vir me procurar. Apresentações, devo presumir...?”

Assenti, dando leves e pequenos passos para perto dele, traçando um circulo. Analisava suas feições, tentando encontrar algum indício de ataque, mas ele parecia calmo e realmente interessado.

“Meu nome é Leonard, se você não se lembra. Te encontrei jogada na rua, tinha acabado de apanhar do pai e fumado muito, pelo gosto do sangue.” Foi falando calmamente, descendo os degraus. Imagens borradas e rápidas passavam pela minha mente, me deixando confusa. “Você sabe como virou vampira?”

“Vampira?” Disse pela primeira vez, minha voz fina um pouco assustada. “É isso que somos?”

Ele riu um pouco, balançando a cabeça. “Tem tanta coisa que você não sabe... Tanto para aprender. Está disposta a ficar comigo? Te ensinarei tudo que sei.”

Franzi as sobrancelhas, desviando meu olhar para baixo. Uma proposta muito boa, devo dizer. Aprender o que sou e como posso usar tudo que tenho é... irresistível. Todo esse poder e não saber como aproveitá-lo parecia perda de tempo. Leonard desceu a escada, parando a poucos metros de mim.

“Você estava praticamente abandonada. Alguns homens bêbados tiravam proveito de seu estado lamentável.” Foi falando, enquanto meus olhos mexiam rapidamente, as lembranças voltando em um flash back escuro.

Parecia que conseguia sentir a noite escura e fria ali de novo. Ela não me amedrontava, estava na rua há muitos anos para ter certeza de que o que estava fazendo era errado, mas não tão perigoso. O vampiro me rodeava naquela grande mansão, descrevendo o ocorrido enquanto as mesmas imagens passavam pela minha mente.

“Eu cheguei quando você gritava por ajuda, tentando bater em três deles ao mesmo tempo. Parecia que tudo estava perdido, eles tirariam sua vida. Seu irmão, desacordado no chão, era um inútil naquela situação, acabara machucado por nada. Então eu apareci.”

Um grande arrepio percorreu minhas costas, eu fechei os olhos, vendo com uma nitidez as cenas.

“Matei todos em sua volta. Você me atraía. Estava sangrando até não aguentar mais e aceitou meu trato: eu a salvaria se você fosse minha. Acabei por transformar aquele garoto também, que acordou e tentou lutar bem quando estava para te morder. Você seria minha primeira cobaia, precisava de uma vampira comigo.”

“Então você me transformou.” Falei, de vagar e abrindo os olhos. Ele assentiu, passando as mãos pelos meus cabelos.

“Queria você comigo. Te deixei em um porão de uma pensão para ter o que se alimentar quando acordar. Parece que conseguiu, não...?” Sussurrou em meu ouvido, chegando mais perto ainda.

Virei o rosto, fechando um pouco os olhos. Leonard caiu no chão e começou a tremer, sentindo a mesma dor que Alec sentiu na casa anterior. “Você acha que pode me transformar e me usar como sua cachorrinha?” Sorri de lado, agachando ao lado dele e fazendo a dor parar. “Sua ingenuidade me enoja. Nunca segui ordens, nunca fui de ninguém.”

Passei os dedos por sua bochecha branca enquanto ele ofegava, me olhando com seus olhos vermelhos arregalados.

Balancei a cabeça, em uma negação muda. “Não pareceu muito sensato de sua parte achar que sou inferior a você.” Observei seu rosto, sentindo a tensão em seus traços.

“Eu não...” Começou, mas eu sorri um pouco, colocando um dedo em seus lábios e o fazendo calar.

“Não é hora de explicações ou desculpas...” Falei levemente, colocando a outra mão em sua cara. “Está na hora de morrer.”

Consegui ouvir o estalo em seu pescoço enquanto eu arrancava sua cabeça sem dificuldades. Deixei seus membros de lado, olhando o teto.

A casa tremia. A cabeça do homem rolava e descia outras escadas, batendo no subsolo com um baque seco. Conseguia sentir a casa tremer.

Levantei em um pulo, correndo até a porta de saída, aparecendo na rua a fora. Vi a velha mansão se destruir sozinha, e, com o tempo seco, formou-se chamas por todos os lugares.

Parecia um fogueira bem grande. Meu sorriso se alargou, conseguia sentir a adrenalina em minhas veias sem sangue. Respirei fundo, percebendo outro cheiro doce atrás de mim.

Arregalei os olhos, me virando em um pulo e segurando o pescoço do vampiro.

“Calma, sou eu...!” Falou meu irmão, assustado. O soltei, me arrumando. “O que você fez aqui??” Perguntou, ainda abismado.

Olhei a grande fogueira, satisfeita. “Fiz o que fui criada para fazer.” Me virei para ele novamente, séria. “Matei.”

Ouvi as sirenes de um corpo de bombeiros chegando para apagar o fogo. Em um salto estava em cima das casas, correndo em direção a outro lugar.

“E onde vai agora?” Ouvi meu irmão gritando, atrás de mim.

Balancei meus cabelos loiros ao vento, sem o encarar. “Vou matar meu pai.”


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