as Duas Faces de Uma assassina escrita por Nivea_Leticia, Laauh_37


Capítulo 2
Dance with me


Notas iniciais do capítulo

Nosso segundo capitulo pessoal!!
Que emoção
Fizemos com muito carinho viu?!
Acho que vocês vão gostar
A musica de acompanhamento é Dance with me- 3OH!3



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[Música - Dance With Me - 3OH!3]

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Local do assassinato. Duas horas depois. (POV: Autora)

O vai e vem da rua era sempre o mesmo de quando ocorria alguma morte. Esse, era o trabalho de Atena, chefe da Criminalística. Havia se acostumado com o tumulto a frente da cena do crime. Pessoas curiosas se aglomerando a fim de descobrir alguma parcela do que ocorria ali dentro. Atena, trazia consigo uma mala prateada com seus instrumentos de trabalho, as mãos já envoltas por luvas de plástico e os cabelos negros presos em um rabo de cavalo. 

Não admirou-se a ver que a morte havia ocorrido dentro de uma boate, na parte mais perigosa dali. Talvez por tal fato, Poseidon Harrison, tenha-lhe dado uma arma. 

O delegado Harrison era um homem competente, sempre fazia muito bem o seu trabalho e era charmoso com os olhos verdes. Há muito, a chefe tivera um caso com o delegado, mas traição é importável independente da situação. Então logo, finalizaram e agiam de forma adulta a tal estado.

Revirou os olhos ao lembrar-se dele, provavelmente o individuo mais a sua trupe estariam ali somente a espera da pericia. E como sempre estava correta. 

Os policiais levantaram a fita amarela de isolamento e concederam-lhe entrada quando a mesma apareceu, era famosa por seus casos, e novamente, viu-se sendo a estrela da noite. Não queria se achar, mas quando podia...

Os olhos cinza percorreram o local. 

Havia ao total dez mesas, poucas cadeiras, um bar que atravessava toda a lateral esquerda do recinto. Não haviam sinais de briga, nem vidro, nem sangue por ali. Tudo como uma boate noturna deveria ser. 

- Por aqui - chamou Poseidon que já adiantara-se a circular pelo local, sem nem ao menos esperar Atena, que agora, o seguia com passos tão firmes como de um soldado.

- Qual é o caso? - perguntou ela do seu modo profissional ativo.

- Homicídio, como sempre.

Ambos estavam divagando sobre como poderiam ocorrer tantas mortes durante aquela época do ano. Somente com as ocorrências que receberam, aumentaram o nível de criminalidade consideravelmente e os culpados, mesmo que indiretamente, eram eles por não fazerem corretamente o seu trabalho. Viraram a esquerda, por uma viela mais apertada que juntava-se a uma pequena porta. Logo que avistou, Poseidon deu-lhe passagem, uma vez que já havia visto o cadáver. E 

Atena empurrou a porta com cuidado e analisou o quartinho. Era um deposito de bebidas, também comum aos bares da cidade. Ao chão, um homem de aparência forte, músculos bem definidos, alto e cabelos castanhos, disposto de barriga para cima e de mãos entrelaçadas sob o peito. Uma verdadeira cena de comedia para um assassino.

- Novamente aquele assassino? - reclamou a mulher ao se aproximar do defunto. Abriu a sua caixa, apalpou um pequeno objeto macio, normal ao olhos e com experiência, passou suavemente nos lábios carnudos do morto. A saliva com DNA a ficar no algodão, agora umedecido, mesmo sabendo se fosse ele mesmo, não teria nada para procura. Mas, ainda assim, aquele era o seu trabalho. 

Ouviram-se passos pelo estreito corredor antes de Sam aparecer. Era uma mulher ruiva, olhos caramelos e altura mediana, e por isso, era muito subjugada, até realmente conhecê-la. 

Sam aproximou-se de Atena, sempre pronta para a diversão, como dizia aos amigos, antes de ver como o defunto estava disposto. Assim que o fez, toda a alegria de poder sair no próximo dia a noite com o namorado se dissipou. Novamente o mesmo assassino.

- Ele voltou - sussurrou Poseidon a Sam de modo irônico ao sumir com a função de pegar informações sobre a vitima, mas também a deixar as mulheres fazerem o que deviam. 

Atena levantou a pálpebra, examinando os olhos castanhos da vitima que estava dilatada. Talvez tentando ver no escuro.

- Digamos que ele venha ao escuro - começou a mulher morena enquanto retirava um fio de cabelo castanho do corpo - Um homem realmente bem capacitado para entrar numa briga, mas por que este lugar?

Sam, que tirava as fotos, encarou a amiga, procurando encontrar sua linha de raciocínio. As vezes, era difícil entende-La, a sua mente girava rápido demais e os fatos ficavam ocultos, alem da mesma gostar de falar em charadas. 

- Talvez não quisesse causar tumulto? - indagou Sam.

Atena pegou a luz infravermelha, tornando a procurar por algo durante o tempo em que Sam focalizava melhor o ângulo.

- Não - negou Atena. Suavemente, passou a luz na parede, no corpo e na porta. Nada, como de se esperar também. - Um homem não viria aqui sozinho para nada, sem sangue, sem socos, sem hematomas visíveis. - ela balançou a cabeça - Isso está fora de que estão. Ele realmente voltou.

Poseidon anotou o que uma moça de seus dezoitos dizia. Pelas suas palavras era visível o pavor por ser a primeira a encontrar o corpo, mas tentou mante-La o mais calma possível, transmitindo toda a sua confiança.

- Por que a senhorita foi ao local do assassinato? - perguntou-lhe o delegado. 

A menina mexeu nos cabelos castanhos antes de responder.

- Eu estava com meu namorado Derek - ela apontou para um menino de cabelos negros e olhos violetas que estava sendo entrevistado por Chris, um dos peritos do grupo de Atena - Nós dois bebemos, e sabe como acontece... Queríamos fazer algo mais legal. Riamos sem saber o porque, então, começamos a ficar-mos... Mais interessados, ai resolvemos ir ao galpão, seria melhor do que dirigir e ser pego pela policia quando estivesse a caminho do hotel. Foi quando... - a garota começou a soluçar. 

- Apolo - gritou o homem ao amigo. Era alto, corpulento e muito dedicado no seu trabalho como paramédico. Havia ganho muitos troféus e certificados por seus feitos. E, pelo que ambos perceberam, somente os melhores estavam naquele caso: Atena com a eximia policia investigativa, Poseidon que trabalhara para o presidente e que agora comandava o melhor corpo de policiais, e Apolo com os paramédicos, todos pelo menos uma vez ganhara algo que o fez.

- Sim, delegado? - perguntou Apolo com um sorriso amigo e tranqüilo em horas tão precisas como aquela.

- Cuida da garota, Apolo.

- Venha - cobriu-a com um casaco sob os ombros nus e levou para a ambulância. Mais um caso que eles não conseguiriam organizar. 

Depois de muitas horas, Atena saiu, levando consigo provas que deveriam ser averiguadas. Sendo seguida por Sam, uma maquina profissional pendendo sob uma corda ao pescoço e em mãos, um envelope. Ambas, aproximaram-se do seu costumeiro conjunto que se agrupava naqueles casos. Apolo dispensou a menina com a chegada dos pais, e se aproximou do grupo. Novamente, eles.

- Algo diferente, Palas? - perguntou Apolo, perdendo toda aquela alegria que demonstrava aos que assistiram a aquela encenação.

Chris entrou na conversa trazendo junto Jake, o medico legista da turma que estava ali para retirar o corpo.

- Aqui está o inquérito para a retirada do corpo - disse Atena, com um papel na direção a Poseidon, que era sempre aquele que cuidava da parte jurídica. 

- Podem levar - o delegado gritou ao pessoal da limpeza e exumação do corpo, logo, três entraram prontos e loucos para terminar sua tarefa.

Atena suspirou.

- O que será que havia acontecido para esse assassino ter voltado logo agora? Depois de dois meses!

Apolo concordou com a mulher de olhos cinzas, perguntando-se a mesma coisa.

- Não faz nenhum sentido até o momento - completou Sam - Não há nenhuma mínima prova do que tenha acontecido.

- Os dados que peguei são tão irrelevantes quanto o que vai ser o laudo do corpo - disse-lhes Chris - O garoto não disse nada que a menina não tenha dito.

- Somente duas pessoas viram? - questionou Jake, que até agora se desproveu de palavras. Sempre fora fechado e tal fato nunca mudava, fosse caso de vida ou morte. O único que o conhecia um pouco era, Atena, e ainda assim era mínimo, mas confia-lhe tanto quantos os demais do grupo. Talvez por isso fosse a líder: não se importava como a pessoa era e sim o que tinha a oferecer para a cidade.

- Não - negou Poseidon apoiando-se no carro. Estava cansado, não dormia a trinta e duas horas. Apareciam cada vez mais e mais casos para poder se querer, tirar uma soneca. As pálpebras involuntariamente sempre queriam se fechar, e por isso, mantinha-se em um fluxo de conversa continuadamente. - Conversamos com... - bocejou - Todos os presentes na nossa pequena festinha.

Atena olhou para o homem a sua frente, os traços da insônia bem delineados agora. Não havia notado o olhar pesado, nem as bolsas arroxeadas acima da maça do rosto. Na verdade, mal fitava-o.

- Precisa dormir, Poseidon - avisou ela, suavizando um pouco com os amigos - Não ainda de nada ficar assim.

 Ele sorriu

- Olha quem fala, a mulher que ficou a noite inteira no laboratório no caso da menina suicida - bocejou - Que trabalhou ontem também.

Com um suspiro, Atena ignorou o que ele dizia, sabendo que era verdade a historia. Mal havia dormido nesses três dias com os casos que chegavam ao seu gabinete. E virou-se para o seu pessoal. 

- Vamos, ainda temos que pegar o assassino

- Eu quero o exame do corpo de delito. - disse Atena ao entrar no laboratório. 

Gregory, um jovem dotado de incríveis olhos azuis com cabelos tão negros que chegava a será azulado e um corpo atlético(do qual não sabia nem como o mantinha), olhou para sua chefe, estava cansado de fazer tantos testes para tantos casos em tão pouco tempo. E com um tapa no ombro do amigo, Matthew, legista de sessenta anos e consagrado pelos inúmeros casos resolvidos., foi ver o que tinha dessa vez. Não animou-se ao ver poucas coisas, o que sempre acarretava em provas invalidas ou insuficientes para levar a Jurisdição. Mas também não reclamou, trabalhar com aquela mulher era simplesmente surreal e viajante, principalmente em casos intricados. 

- Matthew, vem comigo.

O homem grisalho, de olhos amêndoas e andar calmo, seguiu a doutora pelos corredores com paredes de vidro ate o necrotério.Um novo corpo estava em cima de seu catre. Não era diferente de outros jovens desse século, todos sempre “bombados”, como dizia os menores.

- Vai precisar do exame necroscópico e exumação, certo? - questionou a moça antes que ela o fizesse.

- Sim, Matthew - ela suspirou - Novamente o assassino. Ele está de volta.

Matthew era o único ali, alem da doutora e do delegado, que havia presenciado todas as correrias para o caso desse mafioso. Nunca achavam nada e nem por isso desistiam. Tinham de tira-lo do mapa.

- Então acho que vou ter um grande problema - falou o legista.

Atena riu como um sim e foi cuidar do que devia ainda com Chris e Logan, o computador como diziam entre si.

O tal Logan, curvou-se em direção aos dados que foram lhe passado sobre Jonh Klarkson, ao seu lado, a chefe assistia tudo com uma vontade sobrenatural. 

- O nosso querido Jonh consta na policia - Atena olhou para o delegado entrando na sala com um a pasta para ela em mãos. Os prováveis crimes do morto. - Matou sua mulher. Já praticou estupro em outra, da qual saiu ileso de detenção e foi acusado não muito tempo atrás de roubar a casa do vizinho. Não era uma flor que se cheire.

Ela passou as fotos que haviam dele e começou a ler em voz altas, sempre pensava melhor assim:

- Jonh Klarkson tinha trinta e dois anos, pesava noventa quilos, um metro de oitenta. Teve um filho, Natan, que hoje tem doze anos. Nasceu no dia quinze de janeiro as vinte e três horas da noite. Sempre tirou notas ruins e tem um estado deplorável. Roubou cassinos, vendeu carros que não eram seus e foi preso por ser pego dirigindo bêbado - ela olhou para Poseidon - É, parece que nosso amigo é bem mais dotado do que eu imaginava.

Logan imprimiu mais alguns dados e os entregou a chefe.

- Já morou em Las Vegas, Washington, Nova York, Arizona, França e Itália - leu ela - Foi pego uma vez em outro pais por ter matado um jogador de pôquer, dizendo ele que roubou seu dinheiro, mas não pode ser preso. E, para nossa alegria, não tem nada de interligado com o pessoal nos deus depoimentos e nem com o nosso amado assassino.

Poseidon bocejou ao falar:

- Nosso assassino é um justiceiro.

- Que age por fora da lei - emendou Chris.

- Temos que pega-lo dessa vez - exigiu Atena olhando para todos ao seu redor - Pode ser a ultima vez que teremos tal chance. Não desperdicem

O grupinho se desfez, menos Atena e Poseidon que não foram junto, estavam tentando pensar em algo.

- Acha mesmo que pegaremos? - bocejou Poseidon

A morena o olhou com raiva, por que sempre duvidava dela?

- Vamos, mas se você não dormir, não vai servir para nada.

Então, foi embora.

- Preciso mesmo dormir - falou Poseidon a si mesmo, finalmente podendo deitar, mesmo que este fosse o sofá do laboratório, e dormir um pouco. A sua mente já não pensava mais.

Washington DC- Centro da cidade

Depois do assassinato ( POV Thalia)

Eu me sentia poderosa novamente. Fazia algumas  semanas que eu não recebia desafios e aquilo já estava me enlouquecendo. Matar virou vicio para mim e eu não aguentava muito tempo sem acabar com alguma vida desprezível.

Depois que sai daquele bar imundo, não estava com vontade de voltar para meu apartamento tão cedo da noite. Então fui dar uma caminhada pelas ruas movimentadas da cidade, como eu estava “ morrendo” de vontade de tomar um cappuccino bem forte, acabei entrando na primeira cafeteria que vi.

Era uma cafeteria bem bonitinha. Tinhas umas quinze mesas redondas, todas com toalhas vermelhas com detalhes verdes. As cadeiras eram estofadas e o menu digital. Me espantei por um lugar tão moderno quanto aquele estar ás moscas, a não ser por um senhor idoso bem no canto.

Me sentei na mesa ao lado da janela e depois fiz meu pedido. Na tela apareceu a mensagem:

EM CERCA DE QUINZE MINUTOS SEU PEDIDO VAI SER ENTREGUE. AGRADECEMOS A SUA PREFERENCIA!

Fiquei revoltada naquela hora. Quinze minutos?! Era muito tempo para mim.

Mas mesmo á contra gosto resolvi ficar e esperar meu cappuccino. Na rua passavam mais pessoas que se posso imaginar. Mesmo sendo de noite na maior cidade dos EUA não era normal tanta gente passeando.

Foi aí que eu percebi o porque de tantas pessoas naquela rua. Tinha uma loja em liquidação na esquina que oferecia 50% de desconto em todos os produtos até á meia noite. Todos entravam para ver alguma roupa nova ou coisa parecida, mas ninguém saia com sacolas na mão. Uni minhas sobrancelhas confusa.

Aquilo provavelmente era trote ou alguma tática para fazer as pessoas entrarem naquele estabelecimento. Com aquilo não me importava deu ombros e virei os olhos para o outro lado da rua.

Vi um homem jovem e bonito andando como se estivesse fugindo de alguma coisa. Ele usava um sobretudo e um chapéu. Era um homem misterioso e parecia ter se metido em alguma encrenca, perfeito para mim.

Deu um sorrisinho com aquele pensamento. Fazia muito tempo que eu não me envolvia de verdade com alguém. Na verdade, nunca havia me envolvido de verdade mesmo, mas é claro que já havia tido alguns namoros idiotas da adolescência.

Com esse pensamento bobo na cabeça a porta se abre para um novo cliente entrar. Era aquele homem que eu havia visto.

Os olhos dele passaram por todo o lugar e pararam em mim. Com passos calmos e lentos ele veio até mim  e se sentou á minha frente como se eu tivesse convidado.

-Olá- disse ele educadamente

-Parece estar fugindo de alguma coisa.- eu disse com um sorriso de canto

Sempre adorei colocar as pessoas na parede ou faze-las ficarem se ação. Eu tinha certeza que ele tinha algo á esconder, e como sou curiosa, queria descobrir o que seria.

-Você também não parece ter cara de quem tem a ficha limpa.- disse ele com o mesmo sorriso que o meu no rosto

Por mais que minha reação por dentro foi de espanto, eu continuei com a mesma expressão no rosto.

-Agora bandido tem cara?- se ele queria brincar eu também brincava

-Não, mas bandido reconhece bandido.

-Esta falando que é um criminoso?

-Não e você esta assumindo que é uma?

-Acredite, minha ficha na polícia é limpíssima.

Aquilo não podia ser considerado uma mentira, afinal, nunca me pegaram e ninguém sabia o que eu realmente fazia da vida. Mas eu não queria parar, queria saber mais sobre aquele homem.

-Mas não sei se você pode dizer o mesmo.- eu disse tentando faze-lo dizer algo

-Nunca me pegaram, bonitinha!- disse ele com orgulho

-E o que você fez?- eu disse como se estivesse falando do tempo- Não deve ser grande coisa já que nunca foi pego.

-E se eu for um bom fugitivo?- disse ele se debruçando na mesa

-Duvido que seja. Você deve ter assaltado alguma loja por ai ou passado a perna em algum idiota.

-E isso é pouca coisa pra você?- disse ele pela primeira vez espantado

-Talvez- dizendo isso, uma garçonete trouxe meu pedido.

Como eu não queria ter que falar mais, simplesmente peguei meu cappuccino e  sai da cafeteria deixando aquele homem sentado com cara de idiota. Ele era molenga demais para mim então nem me dei ao trabalho de me despedir e dar meu nome.

Quando voltei para as ruas da cidade senti frio. A temperatura havia mudado bem rápido e eu não estava com uma roupa, vamos dizer assim, com bastante pano. Tomei um gole e resolvi pegar um táxi para ir embora.

O taxista era um velhinho e poderia morrer a qualquer momento de tão “acabado” que estava. Dei meu endereço para ele e fiquei tomando o cappuccino que tinha comprado o caminho todo. Quando chegamos eu paguei e dei uma gorjeta bem grande para o senhor. Talvez ele merecesse morrer feliz.

Eu morava em um dos apartamentos mais luxuosos do bairro, só para constar, na cobertura presidencial. Não tinha uma pessoa naquele prédio eu soubesse alguma coisa sobre mim. Única coisa que poderiam dizer sobre mim é que eu era a moça bonita e rica que mora na cobertura.

Nunca conversei com o porteiro, com o manobrista, nem com o cara do elevador e muito menos os meus vizinhos dos outros andares. Só falava o necessário.

-Não deixe ninguém subir sem minha autorização hoje.- eu disse fria para o porteiro

-Sim senhora.- ele disse com muito respeito, pois sabia que se eu quisesse ele nunca mais conseguiria emprego na vida

Entrei no elevador. Além de mim, só havia a senhora que mora no 210 do terceiro andar e seu filho de alguns meses.

-Cobertura, mas você já sabe- eu disse dando um sorriso cínico para aquele “sem-talento” que trabalhava no elevador.

-Sim senhora- disse baixinho

Como eu sempre odiei me sentir velha, também sempre odiei ser chamada de senhora. Só pessoas normais, como aqueles do meu apartamento, achavam que eu merecia algum respeito. No Olimpo sempre fui tratado como uma pirralha letal.

-Senhorita.- eu disse com os dentes trincados

-Como preferir, Senhorita.- ele disse á contra gosto

O elevador parou e a mulher saiu embalando o filho. Depois o elevador subiu todos os quinze andares abrindo na frente da porta do meu lar.

Sai do elevador sem lhe dirigir uma única palavra. Abri a porta de casa com muita calma e suspirei ao inalar o cheirinho doce da minha casa. Eu admito que não estava nem um pouco organizada, mas eu me sentia mais a vontade daquele jeito. Larguei minhas coisas no balcão da cozinha e fui para meu quarto.

A cobertura não é tão grande quanto se imagina. A sala é praticamente junto com a cozinha. Tem dois quartos com banheiros. Tem um escritório e um mini salão de festas, além da piscina e da vista linda. Meu quarto é simples, porém tem um compartimentos atrás do meu retrato tamanho natural, que é aonde guardo minhas armas e os arquivos de todos os meus alvos.

Meus olhos rodaram o quarto vendo se tudo estava no lugar. Como não achei nada de diferente, fui tomar um banho. Passei bastante tempo me lavando tentando inutilmente tirar o cheio daquele bar de bêbados. Quando terminei, sai do banheiro enrolada na toalha e passei meu creme para pele, porque por mais que eu seja assassina, eu gosto de cuidar da minha pele.

Coloquei um short e uma regata bem simples e decidi fazer uma torrada. Porém quando eu estava indo em direção á cozinha o interfone toca. Eu só esperava não ser aqueles vendedores de rua.

-Sim?- perguntei  com o interfone na orelha

-Tem uma mulher querendo subir. Posso autoriza-la?- disse o porteiro com voz sonolenta

-Não tenho certeza. Nome?- eu perguntei desconfiada

-Ela mandou dizer que quer falar sobre um rato que o gato comeu.- disse ele meio incerto

-Pode mandar subir.- eu disse com um sorriso torto no rosto

Depois de alguns segundos o elevador abriu e minha amiga saiu dele com um sorriso cheio de orgulho no rosto. Ela estava usando uma peruca de cabelos negros e curtos para ninguém identifica-la. Eu sempre á considerei como uma irmã postiça. Nós nos conhecemos quando eu me mudei para Washington e desde lá somos amigas e contamos tudo uma para a outra.

-Arrasou mais uma vez- disse ela largando a bolsa no sofá

-Você duvidava?- eu disse irônica

-Nunca. Mas o Olimpo todo quase caiu para trás quando soube o quanto foi fácil você acabar com um problema nosso.

-Qual é? Aquele cara era um molenga. Nem sei porque vocês consideravam ele um problema.- eu disse decepcionada

Ela olhou para mim como se já soubesse que eu falaria isso. Um sorriso simples apareceu no rosto dela.

-O que você usou, Pequena?- ela me perguntou curiosa

Desde que ela me encontrou pela primeira vez ela me chama de Pequena ou Pequenina.

Eu levantei as mãos para cima e disse orgulhosa de mim mesma.

-Só sedução e minha mãos.- e eu consegui abrir um sorriso de canto, apesar de sarcástico

-Mãos?- ela me olhou incrédula pela primeira vez- Não usou nem a faca?

-Não. Como eu disse, ele é um molenga. Mas um molenga bem bonito.- eu disse maliciosa- Ou melhor, era um molenga bonito.

Eu e ela caímos na risada. Uma risada que daria medo em alguém normal. A morte era uma coisa normal para nós.

-Mas veio só para isso? Você comanda uma empresa, não devia desperdiçar seu tempo.

-Na verdade vim te dar uma notícia.- disse ela seria novamente

-Deixa eu adivinhar?- eu disse com tedio- Aqueles idiotas da perícia conseguiram fazer alguma coisa?

-Não é isso. Na verdade eles estão agora analisando o caso.

-Depois eu dou uma olhada no que eles conseguiram. – eu disse pegando um copo de agua.

-Espero que eles não tenham conseguido nada. Qualquer pista pode ser um problema.

-Eles nunca vão me pegar- eu disse sarcástica

-Eu sei que não. Mas para a sua próxima missão, vai ser complicado se tiver a polícia em seu encalço.

-Claro. Que seja.-Eu disse com o tedio me dominando novamente- E qual vai ser a missão?

-A que todos naquela empresa desejavam ganhar.

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Notas finais do capítulo

Gostaram??
Eu espero que sim!!