Bianca Black

 Aconteceu bem rápido, num timing perfeito. Eu fechei a boca e a coruja do Scorpius, a Rosa, entrou na cabine. Ela passou bem rápido. Só deixou um bilhete cair de suas garras e avançou em Daniel. Ela arranhava seus ombros e braços; Rosa só parou quando algumas gotas de sangue saíram de seus ferimentos.

 Olha, Merlin me escutou!

 - Você trancou o Scorpius? – Améllia perguntou lendo o bilhete.

 - Eu juro que foi por uma boa causa! – Daniel disse gemendo. – Ele estava lá, e a Weasley também... Eu vi a oportunidade perfeita pra ele dizer... Sabe, o que ele sente. Eu tentei dar a ele a oportunidade que eu não tive. Só que agora eu estou com medo. Ele vai querer me matar!

 - Tomara! – eu disse me sentando na poltrona novamente.

 - Eu vou ajudá-lo. – Améllia disse suspirando. – Você pode cuidar dele? – ela me perguntou.

 - De jeito nenhum!  - eu disse. – Ele magoou minha irmã, merece sofrer um pouco.

 - Por favor, Bianca. – ela disse me encarando. Os olhos verde-mar dela me convenceram. – Tudo bem.

 Suspirei e me sentei ao lado do loiro. Ele fazia caretas horríveis! Olhei para Rosa que ainda estava na cabine e sorri pra ela.

 - Boa garota!

 Me virei para Dani e puxei um pouco sua camisa. Não posso negar, ele é muito gostoso! Seus ombros são largos e seus braços grossos devido ao quadribol. A Rayra tem tanta sorte. Por que eu não tenho um cara assim morrendo de amores por mim?

 Lancei alguns feitiços que minha mãe havia me ensinado em seu ombro e o único vestígio do ataque que sobrou foram arranhões que podiam ser de semanas atrás.

 - Obrigada. – ele disse puxando novamente a camisa.

 Só balancei a cabeça.

 - O que eu faço Bianca? – ele disse. Havia dor em sua voz. Me virei para encará-lo e algumas lagrimas desceram por seu rosto.

 Ah droga! Eu odeio ver homens chorarem!

 - Eu amo a sua irmã! Desde a primeira vez que a vi na casa do Scorpius eu soube que ela era especial pra mim. Vê-la com outros garotos me machucava, esse foi o único motivo pra eu sair com tantas meninas. Eu não queria, eu não quero que ela se afaste de mim!

 Suspirei pesadamente. Essa seria uma merda imensa, mas eu precisava fazer isso por ele e pela minha irmã.

 - Eu vou te ajudar.

Rose Weasley

Conversei com a Rayra até o trem parar e todos descerem. Ela era tão diferente dos outros sonserinos que eu conhecia! Não que fossem muitos, mas ela não era como os outros.

 É claro que era superior, que gostava de mandar e era arrogante, mas mesmo assim era alguém em quem eu podia confiar. Vê-la desabafar foi reconfortante. Mostrava que eu não era a única que sofria por amor. Eu não contei a ela sobre meu amor por Scorpius, eu nunca diria isso a ninguém! Ele deixará bem claro que preferia as loiras sonserinas.

 - Não consigo encontrar minha irmã. – ela disse ficando nas pontas dos pés. Nós estávamos na plataforma. Muitos alunos paravam e cochichavam uns com os outros ao verem nós duas juntas.

 - Rose! – tio Harry gritou a alguns metros a minha frente. Ele estava sozinho, o que era muito estranho.

 - Pelas barbas de Merlin! – Rayra exclamou. – É Harry Potter. Eu nunca sonhei em vê-lo pessoalmente.

 Tio Harry veio caminhando na minha direção fazendo com que todos parecem e olhassem.

 - Onde você esteve? Todos estavam preocupados. – ele disse calmamente.

 - Desculpe. – eu disse corando. – Tio Harry, essa é a Rayra, minha nova amiga.

 - Como vai? – ele perguntou estendendo a mão.

 - Bem mal, mas eu vou sobreviver. – ela disse apertando sua mão.

 - Eu gostei de você! – tio Harry disse sorrindo.

 - Por enquanto. – ela disse baixinho.

 - O que disse? – tio Harry disse fitando-a.

 - É que eu sou sonserina e uma Black, normalmente os grifinórios se afastam de mim. – ela disse sem graça.

 - Bobagem! Eu me considero um Black. Meu padrinho, Sirius, foi uma pessoa muito importante pra mim. Não se menospreze. Você pode fazer a diferença. – ele disse piscando.

 - Eu vou ficar esperta Sr. Potter. – ela disse sorrindo.

 - Pai! – Lily disse surgindo de não sei onde e pulando em cima do pai. – Eu estava com tantas saudades!

 - Eu também. – ele disse a abraçando também.

 - Rayra? – uma voz grossa e rouca que eu já conhecia chamou a sonserina atrás de mim.

  - Luke! – ela disse surpresa. – O que você está fazendo aqui?

 - Eu vim passar o Natal aqui. – o garoto disse cruzando os braços no peito.

 - Onde está a Cassie? – Rayra perguntou olhando por cima dos ombros do garoto.

 - Está com o Scorpius. – ele disse continuando com sua posse.

 - Hãm... Você já conhece a Rose, certo? – ela perguntou constrangida.

 - Sim. Como vai? – ele disse se dirigindo a mim. Seus penetrantes olhos azuis eram frios. Era de se esperar já que ele estudava na Durmstrang.  

 Luke era filho de Liam Knight e Dafne Greengrass e tinha duas irmãs. Louise Knight, sua irmã mais velha, era o alvo preferido de Rita Skeeter, pois adorava se meter em brigas em Durmstrang, principalmente depois da morte da mãe, a falecida esposa de Liam. Sua outra irmã, Cassandra, era adota. Realmente, Rita Skeeter não tinha mais o que fazer, pois inventava coisas absurdas a respeito da pobre garota!

 Eu não gosto mesmo desse garoto, eu queria que ele se explodisse! Mas o que aquela gárgula velha fazia com a família dele era covardia! Inventar calunias e fazer especulações sem fundamento era algo horrível!

 - Bem. – eu disse sorrindo forçadamente.

 - Ah! – Lily exclamou vendo-o. – O imbecil quase Malfoy.

 - Também é um desprazer revê-la Líllian. – o garoto disse dando um sorrisinho sínico.

 - Me desculpe, mas eu o conheço? – tio Harry perguntou.

 - Não Sr. Potter. Mas eu e a sua filha temos um caso de amor incondicional. – ele disse sarcástico.

 - Ele é o sobrinho dos Malfoy tio Harry. – eu disse passando as mãos pelos cabelos.

 - Ah claro! – tio Harry disse sem graça.

 - Rayra, vamos logo. Seus pais devem estar preocupados. – Luke disse. – Adeus Weasley. Senhor Potter, foi um prazer conhecê-lo. E espero não ter que reencontrá-la Líllian.

 - O sentimento é recíproco. – Lily disse cruzando os braços.

 Ele apenas sorriu de lado e saiu andando. Rayra bufou e disse:

 - Eu sinto muito por ele. Tchau Rose. Feliz Natal pra vocês. – ela disse seguindo o garoto.

 - Bem, vamos? – tio Harry disse pegando minha mochila e a de Lily.

 - OK. – dissemos.

 Tio Harry foi à frente enquanto eu e Lily conversávamos.

 - O que você estava fazendo com aquela garota? – ela perguntou depois de um tempo.

 - Aquela garota tem nome Líllian. – eu disse repreendendo-a.

 - Que seja. – ela disse mexendo as mãos.

 - Nós, por acaso, pegamos o mesmo vagão. Ela parecia uma garota legal, então...

 - Garota legal? – ela disse me interrompendo. – Ela é sonserina Rose!

 - Qual seu problema Líllian?! As pessoas são muito mais do que as casas as quais elas pertencem ou o sobrenome que elas carregam.

 - Pra quem você está dizendo isso Rose? – ela disse parando e se virando pra mim.

 - O que?

 - Eu sei que você gosta do Malfoy. – ela disse com nojo.

 Aquilo fez meu estomago revirar.

 - Eu não estou falando do Scorpius, eu estou falando de você. – eu disse com lagrimas nos olhos. – Você não merece carregar o sobrenome Potter.

 - Você não merece carregar o sobrenome Weasley. – ela disse estreitando os olhos.

 - O seu pai é uma pessoa tão maravilhosa Lily. Você devia ser como ele. Uma pessoa bondosa, que sabe perdoar. Mas você não é assim. Você envergonha o nome dos Potter e dos Weasley. – eu disse.

 Eu saí de lá rapidamente, não podia mais encará-la. Quando encontrei minha família os abracei bem forte, estava morrendo de saudades.

 - Você estava chorando, meu amor? – minha mãe perguntou pegando meu rosto entre as mãos.

 - Foi aquele Malfoy de novo? – tia Gina perguntou.

 - Não. É só... A emoção de ver vocês de novo. – eu disse tentando sorrir. – Eu estava com muitas saudades.

 - Nós também, meu amor, nós também. – minha mãe disse massageando meus cabelos.

Scorpius Malfoy

 Depois de voltar à cabine e me acertar com o Dani (eu não o matei, ta?), não demorou muito para chegarmos a estação.

 Bianca me contou sobre a briga de Rayra e Daniel e eu fiz questão de gritar com ele. Rayra era da família, ele não podia fazer isso com alguém da minha família!

 Eu estava muito furioso com ele quando encontramos minha família. Minha mãe e meu pai estavam juntos do Sr. e a Sra. Zabine e os nossos primos, os Black. Junto deles ainda estavam Cassie e Louise, minhas primas.

 Uma recepção bem calorosa.

 Enquanto Améllia e Dani falavam com os pais, fui abraçar minha mãe.

 - Oh meu bebê! – ela disse me apertando.

 - Tá bom mãe. Chega! – eu disse me soltando dela. A coroa é forte!

- Onde está Rayra? – Leon Black, meu primo, perguntou.

 - Eu não há vi. – eu disse baixando os olhos.

 Meu pai me olhou e arqueou a sobrancelha. Ele sabia que eu estava mentindo. Eu apenas sussurrei “Depois eu conto.”

 Fui até minhas primas e as abracei.

 - Pestinhas! O que estão fazendo aqui? – perguntei sorrindo.

 - Viemos passar o Natal. – Louise disse revirando os olhos.

 Louise era uma garota... Digamos que especial. Ela era mais velha do que eu e era órfã de mãe. Mas não era isso que a tornava especial, ela era muito esperta e avançada. Sabia feitiços que até meu pai desconhecia! Ela e Luke eram, mais ou menos, parecidos. Tinham cabelos loiros e olhos azuis-gelos e adoravam uma briga. Mas Louise era mais na dela e muito, muito mais cruel do que Luke. A garota loira tinha um corpo lindo e torneado que faria a mim babar se ela não fosse minha prima e a possibilidade de ficar com ela fosse nojenta.

 Cassie era uma menina doce e gentil que fora abandonada na porta da casa de meus tios um pouco depois de Luke nascer. Seus cabelos eram muito escuros e com grossos cachos e seus olhos eram extremamente azuis. Cassandra era, com certeza, diferente de todas as garotas que eu já havia visto. Ela era muito bondosa e odiava violência, era meiga e gentil, doce... Uma perfeita bonequinha de porcelana.

 Mas Luke era totalmente diferente de todas elas. Era agressivo e sempre partia pra briga. Mas não se deixe enganar pela pose de machão dele, ele tem um coração. Eu já o vi chorar, acredite se quiser. Luke era um pouco parecido comigo. Olho azul, cabelo loiro, era forte pra idade dele, tinha até alguns músculos, e um sorriso que derretia corações.

 OK, isso suou muito gay.

 - Nossa! Vocês vieram passar o Natal? Que novidade! – eles sempre vêm passar o Natal aqui.

 - Ai! – Cassie gemeu colocando as mãos nas têmporas.

 - Cassie, você ta bem? – perguntei preocupado.

 - É aquela dor de novo? – minha mãe perguntou.

 - Ahãm. – ela disse balançando a cabeça.

 - Calma, meu amor, isso vai passar. – minha mãe disse a abraçando.

 - Nós já vamos Draco. – Blásio Zabine disse. – Nos vemos no Fim de Ano, então?

 - Claro. – meu pai disse apertando sua mão.

 - Adeus. – a Sra. Zabine disse saindo com os filhos pela estação.

 - Onde está o Luke? – perguntei.

 - Não sei. – Louise disse dando de ombros.

 Que amor de irmã.

 Alguns segundos depois Luke apareceu com Rayra em seu encalço. Ele parecia bem feliz. Isso só podia significar duas coisas: ou ele havia brigado, ou estava prestes a brigar.

 - E aí seu loiro aguado? – ele disse me cumprimentado.

 - E aí loiro de farmácia?

 - Onde você esteve? – Bianca perguntou preocupada á irmã.

 - Com Rose Weasley. – Luke disse.

 Todos ali se silenciaram. Meu pai parecia calmo, Leon também, mas Bianca parecia que teria um enfarte e eu estava bem próximo disso.

 - O que você estava fazendo com Rose Weasley? – Bianca perguntou abismada.

 - Conversando. – ela disse timidamente.

 - Vocês falam sobre isso depois. – minha mãe disse. – Draco, querido, precisamos ir. Cassandra não está se sentindo bem.

 - Claro. – meu pai disse com a voz um pouco grave.

 - Até o Final do Ano. – Leon disse indo com sua esposa Holly e suas filhas para a saída trouxa da estação.

 Eu, Luke e Louise seguimos meus pais e Cassie pela estação. No caminho meu olhar cruzou com o de Lillian Potter e eu posso ter certeza de que vi um ódio enorme em seus olhos azuis.