A Nova Vida de Ruby Menninger escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 37
Mais problemas pra resolver




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Quando Quíron me fez aquela pergunta, eu senti um arrepio passando pelo meu corpo, então eu percebi que aquele foi o momento que eu estava evitando fazia muito tempo. O momento de decidir ou não falar. Mas antes ele não sabia que eu estava viva...

-Você falaria pra ele se estivesse no meu lugar? – Eu perguntei olhando pra Quíron. Ele deu de ombros.

-Eu não sei, você tem que fazer suas escolhas. Você só não pode deixar isso de lado agora.

-Quais são minhas outras opções?

-Manipular a névoa e convencer todo mundo que não era você no central park ou explicar tudo pro seu... “Padrasto”

-Tenho tempo pra pensar?

-Tem, mas se decida rápido. – Eu assenti e saí da casa grande. Nico estava na porta, Monique estava discutindo com ele.

-Seu doido! Como você fez isso com a MINHA irmã?! – Eu fui até ela. –MANA! – Ela me deu um abraço e eu não retribui, não estava muito bem, estava pensando.

-Oi, Nick. – Ela me soltou e me olhou.

-Credo, mana. Que falta de animação.

-Desculpa, mas eu preciso de tempo pra pensar agora. E não briga com o Nico, não foi culpa dele. Ele não queria me levar, mas sabia que eu não aceitaria “não” como resposta.

-Mesmo assim. – Ela olhou pro Nico, preocupada que eu estivesse com ele.

-Monique, não fica brava com ele. Enfim, eu vou... Andar por aí. – Eu disse me afastando deles e andando sem rumo pela floresta. Da sombra de uma árvore, Nico apareceu.

-Você está bem? – Ele disse, olhando pra mim. Eu fui pra perto dele e o abracei com força, escondendo o meu rosto no pescoço dele. Ele me envolveu com seus braços e me puxou pra bem perto dele. Eu não queria falar nada, ele sabia a resposta, eu não estava bem. Ficamos ali, abraçados e em silêncio por algum tempo.

-Desculpa. – Eu sussurrei, ainda abraçando ele. Ele passou a mão pelo meu cabelo.

-Porque você está pedindo desculpas? Isso não é nada culpa sua.

-É sim, eu que te convenci a me levar ao submundo.  – Ele soltou os braços que me envolviam e olhou pra mim, eu olhava pra baixo. Ele levantou o meu rosto gentilmente e beijou os meus lábios devagar, depois olhou nos meus olhos e eu olhei nos olhos dele também. Ele segurava meu rosto gentilmente com as mãos.

-Não foi sua culpa. – Eu estava olhando no fundo de seus lindos olhos negros, e me perdi por lá, não consegui nem falar nada. Ele sorriu de lado e me deu um selinho. –Mas então, o que Quíron queria te falar na casa grande?

-Alguém nos viu no central park e tirou fotos e eu estava desaparecida pro meu... Padrasto/cunhado, lembra? Ele viu as fotos e as buscas recomeçaram. Agora eu tenho que escolher... Se eu vou ou não falar com ele sobre tudo isso.

-E você vai? – Eu mordi meu lábio inferior, olhando pra baixo de novo.

-Não sei... – Ele ainda me olhava fixamente e acariciava meu rosto.

-Você vai fazer a escolha certa. - Eu respirei fundo.

-Vamos ver...

Nós nos sentamos ali, encostados em uma árvore, ele estava com o braço em volta de mim. Nós conversamos e ele me fez rir, mesmo que eu achasse que aquilo não fosse possível naquele momento.

-Quer vir pro treino de espada comigo?

-Ok.

-Eu vou pegar uma espada que meu pai me deu lá no meu chalé, vem.

Nós nos levantamos e fomos em direção ao chalé de Hades. Quando ele abriu a porta...

-CLARAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Ouvi ele gritando e olhei pra dentro do chalé. Estava TUDO rosa. As paredes, a decoração, tudo como estava antes, mas em versão cor-de-rosa. Então eu vi Clara com outra menina no quarto, que estava de costas pra porta. Tinha os cabelos cor de doce de leite. Ela olhou pra Nico quando ele gritou. Era minha irmã, Sandy.

-SANDY! QUE DIABOS VOCÊ FEZ COM O CHALÉ DE HADES?!

-A Clara pediu pra eu dar cor no quarto e eu dei. – Disse ela, dando de ombros. Eu levantei a mão e fechei o punho com força. Quando eu abri a mão, o quarto todo voltou a ficar preto, com poucas partes da decoração de outras cores, como era antes. Sandy levantou uma sobrancelha.

-Vai querer brincar de colorir comigo, Ruby? Você é nova nisso, sabe.

-Sandy, eu não quero brincar de nada. Você não pode simplesmente sair mudando a cor das coisas por aí. Esse é o chalé de Hades, não o de Íris.

-Mas a decoração é muito fúnebre. – Disse Sandy, franzindo o cenho e quando ela ia levantar a mão pra mudar a cor do chalé de novo, eu comecei a pensar que eu não conseguiria mudar a cor das coisas mais de uma vez em um período tão curto de tempo. Eu não era muito boa com aquilo ainda. Então fiz um punho de água sair do meu colar e puxar Sandy pra fora do chalé. Eu olhei pra Clara.

-Clara, você não deveria ficar mudando as cores por aí, sabe. Nem pedir a ajuda das minhas irmãs. – Então eu saí do chalé e olhei pra Sandy, que estava se contorcendo, tentando sair do punho de água que eu tinha feito pra prender ela. Eu cheguei mais perto dela.

-Sandy... Esse chalé não é SÓ um chalé. Ele foi feito não só pros filhos de Hades, mas é meio que uma homenagem pra Hades, tem que representar o que ele é. Se ele visse o que você fez, acharia que foi uma falta de respeito bem grande. E eu não quero nem imaginar o que ele faria com você. Promete não pintar mais o chalé de Hades de cor-de-rosa? – Ela rolou os olhos.

-Se é tão perigoso assim e se você me soltar, eu não faço mais isso.

-Ok então. – Eu soltei o punho de água que envolvia ela.

-Vicky e Lana sentiram sua falta. Você aparentemente esqueceu a gente.

-Sandy, eu... – Eu olhei nos olhos dela. –Não fique magoada comigo, por favor. Depois a gente conversa, ok?

-Porque você saiu e não nos avisou? – Sandy foi abandonada por muita gente na vida dela, antes de vir pro acampamento. Ela tinha muito medo de perder qualquer um que fosse próximo dela. Ela era a primeira filha de Íris a chegar ao acampamento. Se fosse por experiência e poder, mesmo ela sendo a mais nova, ela seria a líder do chalé. Mas ela odiava ser o centro das atenções. As outras meninas do chalé, só ficavam aqui nas férias de verão e inverno, mas como Sandy não tinha família fora daqui, ela ficava sozinha no chalé de Íris. Mas então, Monique chegou aqui, Monique tem 19 anos e mora com a irmã mortal mais velha dela, a Milena, que tem 21 anos. As duas fazem faculdade aqui em Nova York e Monique decidiu levar Sandy pra morar com elas em um apartamento, no centro de Nova York. Agora Sandy ia à escola no ano letivo pra não ficar sozinha no acampamento e morava com Monique e Milena.

-Se eu avisasse, vocês me deixariam ir?

-Talvez. – Eu suspirei.

-Senti sua falta. – Eu disse dando um abraço nela. Era engraçado abraçar ela, ela tinha 1,54 de altura e eu tinha 1,70. Enfim, ela retribuiu o abraço. Ela não costumava demonstrar os sentimentos, já tinha sofrido muito. -Vai treinar, pequena. Nos vemos depois, ok? – Ela assentiu e eu a soltei do meu abraço, ela foi correndo pra perto do riacho, onde ela e minhas outras irmãs costumavam treinar. Eu vi que Nico já não estava ao meu lado e a porta do chalé de Hades estava aberta. Eu olhei e vi Clara correndo pelo quarto, rindo e Nico correndo atrás dela. Isso sim era muito engraçado. Nico, um garoto de 1,80 de altura, correndo atrás de uma menina de 1,60.

-Agora eu te pego! Meu chalé? Cor-de-rosa? Você acha que eu sou gay? – Ele não era NADA gay e eu tinha provas disso. Então ele conseguiu alcançar ela e a derrubou no chão, fazendo cócegas nela, os dois riam e eu sorri ao ver aquilo. Nem parecia o mesmo Nico que eu vi quando cheguei aqui. Ela estava feliz, radiante. Clara podia ser irritante, mas alegrava qualquer ambiente com toda aquela maluquice dela.

Muita coisa havia mudado desde que eu tinha chegado ao acampamento.

EU tinha mudado. Minha vida tinha mudado. Se fosse há algum tempo atrás, eu não hesitaria em escolher entre falar ou não com meu padrasto/cunhado.

Mas como eu disse, muita coisa mudou...

Talvez fosse hora de ele saber a verdade, parar de sofrer com todas as mentiras. Eu lembro como era viver de mentiras. Eu saí do chalé de Hades sem fazer barulho, sem interromper a... “Briga” do Nico com a Clara. Fui até o meu quarto e minha decisão estava tomada.

Bem ou mal, eu falaria com ele. Precisava encontrar as palavras e reunir toda a minha coragem. Amanhã é o dia. Eu só esperava que eu não fosse me arrepender.


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