Sweetest Ocean escrita por dust-box


Capítulo 6
Past


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa fic quando comecei a postar estava bem adiantada, mas agora estou chegando perto de onde eu parei de escrever, e estou vendo que preciso me adiantar novamente... Demorei pra postar por isso, estava adiantando algumas coisas A_A Mas então, aqui está. Boa leitura.



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• POV Sou

      Não queria ter que levantar, não queria mesmo, mas era necessário. Estava tudo perfeitamente bem com Ryosuke dormindo de maneira tranquila ao meu lado, beirando o surreal. Infelizmente, eu tinha que ir para o colégio deixar nossos trabalhos, ou todo o esforço teria sido em vão.

     Com o maior cuidado para não acordá-lo, levantei da cama silenciosamente para me arrumar. Queria que desse tempo para voltar antes que ele despertasse, e enquanto eu ia ao colégio, Ryosuke ficaria em meu quarto descansando. Na verdade, eu não queria que ele fosse embora, e isso me soa como um pequeno seqüestro. Ser egoísta não fazia parte da minha personalidade, mas dessa vez posso abrir uma exceção.

    Fiz todo meu ritual rotineiro pela manhã, e depois de tudo pronto, fui conversar com minha mãe. Inventei que Ryosuke não estava se sentindo bem e por isso ele ficaria em casa até que eu voltasse. Apesar da leve desconfiança, minha mãe demonstrou que havia compreendido, mesmo não sabendo que eu voltaria muito antes do que ela imaginava.

   Assim que ela saiu para o trabalho, eu fui em seguida. Andei com passos rápidos para a estação, queria economizar o máximo de tempo possível. Tive sorte, pois o metrô chegou rapidamente. Depois de estar no colégio, esperei rápidos minutos até  que Ban chegou, e assim dei meus trabalhos para que ele entregasse por nós. Eu não contei o que havia acontecido, só falei que precisava voltar para casa e depois eu explicaria, e mesmo confuso ele assentiu.

    Na mesma velocidade que fui para o colégio eu voltei para casa. Estava temendo que Ryosuke estivesse acordado e com raiva de mim, pois eu sequer havia deixado um bilhete. Entrei depressa em meu quarto, e fiquei aliviado ao ver que o loiro ainda dormia. Aproximei-me da cama, observando-o durante breves segundos.

    – Ei, Ryosuke... – chamei enquanto sentava na borda da cama. Ryosuke murmurou algo que me pareceu uma reclamação, mas não me importei. Puxei o cobertor, dessa vez fazendo-o se mexer pelo colchão.

   – Hm... Só mais um pouco... – me respondeu ainda dormindo, virando-se para o lado oposto ao que eu estava.

   – Nada disso. Anda, levanta. – sacudi seu corpo levemente, o que fez Ryosuke acordar atordoado.

    – Sou?! Espera... Não me diga que estamos atrasados?

    – Não se preocupe, você não irá hoje... E nem eu também. Achei melhor você descansar mais um pouco por causa desses machucados.

   – Então por isso que você não me acordou? – confirmei com a cabeça, vendo Ryosuke parecer entender melhor os fatos. – Mas e os trabalhos?

   – Enquanto você dormia, fui para o colégio e deixei tudo com o Ban, que vai nos fazer o favor de entregar para o professor.

   – Isso significa que eu tenho a manhã livre... Ou melhor, nós.

   – Sim... – ri me sentindo um pouco envergonhado, o que não passou despercebido por ele. Ryosuke me puxou pelo braço, fazendo com que eu caísse ao seu lado.

   – Então deita aqui. – me abraçou em um gesto manhoso, fechando novamente os olhos de tão sonolento que ainda estava.

   – Mas Ryosuke, você precisa comer algo...

   – Agora não. – Ryosuke me apertou ainda mais, encostando a cabeça em meu peito. Após alguns minutos na mesma posição, ouvi um ronco que pareceu vir da sua barriga, nos fazendo rir simultaneamente. – Certo, você venceu.

    – Vá escovar os dentes e tomar um banho, enquanto isso eu faço algo pra você comer.

    – Ta bom, “mamãe”. – brincou levantando-se da cama, agora parecendo mais acordado.        

       Ainda com o uniforme do colégio, fui até a cozinha ver o que eu poderia fazer. Decidi que seriam algumas torradas com um suco, pois era o mais fácil ao meu alcance. A verdade é que eu não tinha muito jeito para cozinhar, e tive medo de preparar algo melhor e não sair como devia. A única coisa que eu não quero é que Ryosuke morra de intoxicação por minha causa.       

      Fiquei tão concentrado no que estava fazendo que nem percebi Ryosuke entrar na cozinha. O loiro estava com os cabelos molhados e ainda embaraçados, indicando que já tinha terminado o banho. Aproximou-se da mesa, observando o café da manhã que eu havia feito com o maior cuidado.

      – Hm, me parece bom. – sentou na cadeira, puxando o prato com as torradas para mais perto.

      – Eu vou trocar de roupa, já volto. – disse me retirando da cozinha. Fui para meu quarto colocar outra roupa, pois eu nem me lembrei de tirar o uniforme.

      Quando retornei, Ryosuke estava rindo por alguma razão que eu desconhecia. Fiquei me perguntando se havia jogado algum tipo de cogumelo alucinógeno, pois ele não parava de rir e isso estava me deixando curioso.

      – Ei, o que foi? Está tão ruim assim? – perguntei desconfiado, vendo Ryosuke ficar sério no mesmo instante.

      – Ah, não está não! Obrigado Sou.

      – Não, tem algo errado sim... Espera. – peguei uma das torradas que havia sobrado, e dei uma pequena mordida para ver se ele estava mentindo para me agradar. Só assim entendi o motivo dos risos, a torrada estava com um gosto muito estranho, e exageradamente apimentada. – Nossa, isso tá horrível!

      – Eu não achei, você fez o melhor que pode. – Ryosuke sorriu, mas percebi que estava se segurando para não dar mais uma gargalhada.

      Fiz o melhor que pude, ou seja: nada.

      – Mas eu não entendo porque saiu assim, devo ter deixado o pote da pimenta cair sem querer ... Sinto muito. – me desculpei sentindo-me um trouxa por dentro. É, fracassei mais uma vez.

      – Tudo bem... Eu não estou mais com fome, mas se você estiver eu posso fazer algo.

      – Não, eu já comi antes de sair. – falei triste com a minha derrota. Tive a chance de fazer algo pra recompensá-lo, mas o máximo que consegui é ser motivo de piada. – Era por isso que você estava rindo, não era?

      – Era, mas não era de você. Eu só levei um susto com a pimenta, achei que você tinha colocado de propósito e até pensei “Nossa, o Sou é a única pessoa que gosta de pimenta nas torradas”.       

      Permaneci em silêncio amaldiçoando as malditas torradas que estavam sobre a mesa. Não consegui evitar que Ryosuke percebesse o quanto eu estava decepcionado, e com isso levantou-se da cadeira indo até onde eu estava.

      – Não fique assim, por favor. – Ryosuke me puxou pela cintura, dando-me um selinho em seguida. – Esqueça isso.

      – Tá bom... – assenti apesar de ainda estar chateado. – Não temos nada pra fazer, o que acha de assistir a um filme?

      – Ótimo.

      Fomos para meu quarto, onde procurei por filmes que não fosses muito entediantes. Achei alguns de aventura guardados na prateleira, e escolhi os meus preferido. Deitamos na cama, com alguns travesseiros espalhados entre nós e uma leve bagunça.

      Deitei por cima do corpo de Ryosuke, onde apoiei minha cabeça em seu peito. Ficamos desse modo até a metade do último filme, mas Ryosuke uma vez ou outra interrompia minha “concentração’’ para roubar alguns beijos.

      – Sua mãe não gostou nem um pouco de mim, não é? – Ryosuke questionou, fazendo com que eu me lembrasse do acontecido na noite anterior e a cara estranha que minha mãe fez.

      – Não importa, quem tem que gostar de você sou eu e não ela. – respondi rindo, imaginando se minha mãe gostasse do Ryosuke mais do que devia.

     Minha mãe costumava sair com muitos ''caras'', mas ultimamente ela havia parado. Talvez tenha arranjado um namorado ou um futuro pretendente. Se ela se interessase por Ryosuke, aí seria realmente um motivo para que eu me irritasse com ela. Ótimo que ela não tenha gostado dele, realmente.

      – Ryo, eu estou preocupado. – falei baixo, observando os créditos finais do filme

      – Com o que? Com sua mãe? – questionou displicente, acariciando minha cabeça com uma das mãos.

      – Não, com você, é claro. O que vai dizer pro seu pai?

      – A mesma versão que você falou para sua mãe... E outra, meu pai não vai se importar. – naquele momento, senti a necessidade de encará-lo. Usei meus braços para me apoiar, e levantei a cabeça para conseguir olhar seu rosto, que parecia impassível.

      – Não se importa? Ele é seu pai Ryosuke, não devia dizer isso.

      – Acha que eu não conheço meu pai? Se ele se importasse não faria me mudar de casa e escola quase sempre. Ele também não liga para o que eu sinto e faço, sempre foi assim.

      – Você sente muita falta de lá, não é? Da sua escola antiga... E dele. – não quis mencionar o nome do Yu-ki, visto que eu o odiava sem ao menos tê-lo conhecido.

      – Está com ciúmes? – Ryosuke soltou um riso baixo, mas parou quando me viu tão sério quanto antes.

      – Você não respondeu a minha pergunta.

      A minha preocupação com o loiro logo foi substituída por um sentimento ruim, possessivo. Eu sabia que ele ainda sentia falta do Yu-ki, e olhando seus olhos naquele instante pude ver claramente isso. Era bastante óbvio, eu não posso exigir que ele esqueça alguém tão rápido dessa forma, e ainda mais porque nos conhecemos agora.

      – Tenho que ir. – disse ao olhar o relógio, levantando-se depressa da cama, o que me deixou desconfortável. – Está na hora,  meu pai ainda acha que fui para o colégio.

      – Eu sei. Você voltaria para casa agora, não precisa me explicar. – respondi enquanto observava o maior pegar a mochila e colocar seus pertences dentro. – Vou acompanhar você.

      – Não precisa. Você já fez muito por mim hoje. – afirmou levantando-se do chão com a mochila em mãos, dando-me um sorriso discreto em resposta. Não insisti novamente em acompanhá-lo até a parada do ônibus, pois eu sentia que aquilo era apenas uma desculpa.

      – Tudo bem. – falei tentando não transparecer o quanto havia ficado aborrecido.

      Certo que estava mesmo na hora em que Ryosuke retornava para casa depois do colégio, mas até uns minutos atrás ele mesmo disse que seu pai não se importava. A verdade eu sabia muito bem, e chegava até a doer. Ryosuke só queria ir embora tão depressa porque não quer dizer para mim que ainda ama Yu-ki, e que não adianta o que eu faça, nunca chegarei a ser tão importante quanto ele foi para Ryosuke.

      O guiei até a saída de casa, ainda em dúvida se eu deveria me desculpar por ter tocado no assunto de novo. Algo me dizia que se eu tivesse deixado para lá, ele não estaria indo embora agora.

      – Nos vemos amanhã. Cuide-se, tá?  – falou dando-me um abraço, o que me fez desistir de qualquer coisa que eu iria dizer.

      – Você também. – respondi baixo, ainda abraçados. Ryosuke interrompeu o abraço para me dar outro selinho breve, e depois saiu em direção à rua.

      Fiquei observando Ryosuke partir para só depois retornar pro meu quarto. Não há como mentir, era inegável a dor que eu sentia. Meu coração ficou apertado em saber o quanto Yu-ki era importante, e também por achar que eu não sou nada perto dele além de um menino que ele conheceu sem querer, por acaso.

      Tudo entre nós parecia ser por acaso, desde o momento que nos conhecemos até agora. Tudo.

      Deitei em minha cama rapidamente, aliviado em sentir o colchão macio me confortar naquele momento. Por maior que fosse minha vontade, esforcei-me para não chorar. Não adiantaria nada se eu caísse em um choro, e não resolveria nenhum problema meu me desesperar.

      Eu posso ser insignificante perto de Yu-ki, mas eu queria Ryosuke. Eu o desejava mais do que qualquer outra coisa no mundo, e pelo menos isso eu sei que não mudará.

~

      Amanheceu, e o céu estava tão azul quanto às cores da parede do meu quarto, mas nem isso me animava. Estava com um grande receio, e se eu pudesse faltaria às aulas de hoje, só para não ter que encarar Ryosuke.

      Fiz todo meu ritual da manhã, e saí rumo ao colégio. Chegando ao local, demorei poucos minutos para encontrar três silhuetas muito conhecidas por mim, paradas perto de uma das escadas da entrada. Ban, Ryosuke e Ryuto conversavam, e os três pareciam muito sérios.

      – Bom dia. – cumprimentei tentando parecer o mais natural possível.

      Ban logo devolveu com um sorriso no rosto, e Ryuto também. O único que me evitou olhar diretamente foi Ryosuke, e pra ser franco, eu já esperava.

      – Finalmente chegou! Ryosuke estava contando para nós o que aconteceu ontem.

      – Contou? O que? – perguntei confuso, jurando que Ryosuke havia contado da nossa quase discussão e mais além.

      Por que ele contaria algo tão particular? Não há motivo para dizer pros outros, até porque eles não sabem do que aconteceu entre a gente ainda. Bom, pelo menos eu imagino que não saibam.

      – Sim, contou. Shinji não devia ter feito isso, mas o que se esperar de um covarde, não é? – Ryuto comentou, e só assim percebi do que eles estavam falando. Não era de “nós”, e sim do Amano Shinji.

      – Esqueçam, já passou. Um dia ele irá pagar por isso. – Ryosuke afirmou sério, e pela primeira vez no dia me olhou nos olhos. – Sou, podemos conversar? A sós.

      – Ah, claro. – afirmei constrangido, sentindo os olhares de Ban e Ryuto pesarem sobre mim. Deviam estar se perguntando por que não podiam ouvir nossa conversa.

      – Então Ryuto, preciso ir para a biblioteca. Venha comigo. – Ban saiu arrastando Ryuto pelo braço, que fez uma cara nada boa.

      Ryosuke os ignorou, e igual como Ban, pegou-me pelo braço e me guiou para mais longe, onde percebi que não havia ninguém além de nós dois. Era um lugar tão reservado do colégio, que até me perguntei se as pessoas iam para lá alguma vez. O “prédio” todo era muito grande, e acho que não conhecia nem metade de toda a extensão.

      – Sou, queria te pedir desculpas por ontem. Eu fui um idiota... Aliás, eu sou. – Ryosuke começou a falar, passando uma mão sobre a própria cabeça parecendo desnorteado. – Não queria ter te tratado daquela forma, prometo que isso não vai mais acontecer.

      Estava pensando no que responder até Ryosuke me puxar pela cintura e atacar meus lábios em um beijo inesperado. Ele nunca havia me beijado tão intensamente quanto agora, o que fez aquele momento ser único para mim.

Sua língua adentrou em minha boca, e mesmo atordoado, retribuí o beijo a altura, colocando uma das minhas mãos no pescoço do mais alto, onde subia para nuca fazendo algumas carícias no local. Meu corpo foi sendo empurrado contra a parede atrás, até que minhas costas ficassem completamente apoiadas.

      Ryosuke interrompeu o beijo, cortando o êxtase que eu estava sentindo. Com a mesma rapidez que antes, me abraçou tão forte que fiquei ainda mais confuso com tantos sentimentos juntos ao mesmo tempo.

      – Calma, eu não estou com raiva. – afirmei preocupado, e só assim Ryosuke se acalmou. Senti o abraço diminuir a força, para lentamente nos soltarmos.

      – Sabe... Quem vive de passado é museu. – Ryosuke riu do próprio comentário, mas logo ficou sério novamente – Nós vivemos no presente, não é mesmo? E pra mim, o presente é você. Eu realmente gosto de você. Gosto muito.

      – Estou feliz em ouvir isso. – sem conseguir me conter, o abracei da mesma maneira que ele havia feito segundos atrás, apertando como se tivesse medo de perdê-lo a qualquer instante. – Eu também, desde o começo...

      – Shh, não fale mais nada, só... Não me solte.

      Qualquer coisa que eu falasse, ou uma simples palavra, nada representaria algo melhor do que o abraço que demos. Também não seria exagero da minha parte dizer que poderia sentir o coração dele bater, tão próximo e rápido quanto o meu. Éramos dois bobos abraçados, e ao mesmo tempo um só.

      Ficamos daquele modo até lembrarmos que nós estávamos no colégio, e infelizmente teríamos aulas dentro de poucos minutos. Interrompemos o abraço de má vontade para nos retirarmos dali o mais rápido possível, visto que os outros poderiam estar preocupados com a nossa ausência demorada.

      Mas isso não era nada comparado com a importância de estar do lado dele, que agora segurava um de meus braços, sorrindo de maneira gentil. A aula poderia esperar, e todo o resto também.


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Notas finais do capítulo

Sou desculpou muito rápido, hm? Mas gente apaixonada é osso mesmo, ): PORÉM, não garanto nada né. Alguém percebeu que o Ryuto está se importando mais do que devia?hg~dfç~dh

Ok, vou me calar de novo. Enfim, reviews? ;3;



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