Sweetest Ocean escrita por dust-box


Capítulo 7
And the ghost of the past returns...


Notas iniciais do capítulo

ARGH, como demorei para atualizar aqui. ;; Sry.
Estou sem tempo, e quando tenho tempo para algo eu estou cansada demais para escrever, mas acho que finalmente consegui terminar esse chap.

então né;; Boa leitura.



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• POV Sou


          Os meses passaram e meu relacionamento com Ryosuke continuava indefinido. Bom, se é que eu poderia considerar o que estava acontecendo entre nós como um “relacionamento” realmente. Não éramos simples amigos, mas também não estávamos namorando, e sabe-se lá até quando isso continuaria, já que eu não tinha coragem alguma para insinuar algo e nem muito menos ele.

         Pouco tempo atrás nós falamos sobre o que sentíamos um para o outro, e dali em diante ficamos mais próximos. Tentamos aproveitar cada mínima oportunidade que tínhamos de ficar sozinhos, e apesar de todo o cuidado para que ninguém percebesse, Ban e Ryuto deixavam escapar alguma indireta de vez em quando, sem perder a chance de nos cutucar com frases de duplo sentido.

         Eu não me importava com o que Ban pensava, mas com Ryuto sim. Acho que a palavra certa era preocupação, pois ele estava começando a me tratar com certa indiferença de vez em quando, fazendo transparecer o quanto ele era ciumento comigo. Era exatamente isso que me preocupava: ciúme de amigos ou algo mais além?

         Infelizmente eu não poderia fazer nada. Não era ele que eu gostava, e se um dia fosse necessário contar o que estava acontecendo comigo e com Ryosuke, Ryuto teria que aceitar.

         De qualquer forma, tudo seguiu da mesma maneira, com dias aparentemente normais. Entramos em um período de férias escolares, para descansar e aproveitar. No meu caso, não pude aproveitar nada, pois fui forçado a viajar para a casa do meu pai. Azar demais até para mim, não só pelo fato de nós não nos darmos bem como também pelo tempo em que eu ficaria longe de Ryosuke. Antes da minha partida, combinamos de se comunicar via celular, e quando não desse para falar nós trocaríamos mensagens.

         Foram longos dias, chatos e estressantes. Meu pai insistia em me levar para lugares na cidade mesmo sabendo que eu não gostava, e me forçava a aturar uma companhia indesejada: a nova namorada dele. Ela era muito bonita, mas insuportável. Fútil como todas as outras namoradas anteriores, as quais eu tive a infelicidade de conhecer. Nenhuma delas possui a metade do caráter que mamãe possui.

         Para a minha felicidade, esses dias torturantes chegaram ao fim, e eu não teria mais que aguentar as tentativas frustradas do meu pai em querer chamar minha atenção. Cheguei em minha casa no fim da tarde, ansioso para matar a saudade da minha mãe. Depois de muitos abraços, subi para meu quarto tomar um banho e desfazer as malas. Assim que terminei tudo, deitei em minha cama, e antes de dormir, busquei em meu celular a última mensagem que Ryosuke havia me enviado.

“ Está tudo tão monótono sem você.

Saudades. Ryo.”


         Ryosuke me mandou a mensagem há dois dias, e o que devia me passar conforto agora transmitia o contrário. Liguei para seu celular, e Ryosuke não retornou a ligação. Talvez estivesse ocupado demais... Ocupado demais para mim, e isso martelava minha cabeça. Seja lá o que fosse logo eu saberia. No dia seguinte eu voltaria para o colégio, e minhas dúvidas serão esclarecidas.

                                                              x x x

        Acordei cedo o suficiente para me arrumar sem perigo algum de me atrasar, e fui empolgado para o colégio. Esperei por esse dia durante todo o tempo que estive na casa do meu pai, e nada iria estragar minha felicidade em estar finalmente de volta.

        Andei entre a multidão no pátio da escola, olhando tudo em volta em busca de qualquer resquício dos fios dourados de quem eu tanto queria ver. Após alguns minutos de procura, o encontrei ao passar por trás de uma coluna de concreto. Meus lábios moldaram um sorriso contente, mesmo que eu estivesse vendo-o de costas.

        Mas inevitavelmente tive uma surpresa, e o sorriso que antes estava presente logo se desfez quando percebi que Ryosuke não estava sozinho. Um rapaz desconhecido para mim estava em sua frente. Cabelos escorridos e negros, um pouco mais alto que ele, magro e de nariz afinado. Senti meu coração palpitar naquela fração de segundo.

        – Interrompo? – perguntei afiado, encarando firmemente o rapaz estranho enquanto me aproximava dos dois.

        – Sou...? – Ryosuke disse sem conseguir esconder a surpresa. Sorriu um pouco nervoso, depois retomou o que ia falar. – Sou, que surpresa.

        Surpresa? O certo não seria “que saudade” ?

        – Quem é o seu amigo? – questionei.

        – Ah, que indelicado que eu sou. Deixe-me apresentar vocês. – Ryosuke puxou o moreno mais alto pelo braço, trazendo-o para mais perto. – Sou, esse é Yu-ki.

        “Sou, esse é Yu-ki.’’

        Yu-ki. Meu peito pareceu ter sido acertado por uma faca.

        – Prazer. – Yu-ki estendeu o braço, esperando que eu o cumprimentasse com um aperto de mão.

        – Podemos conversar um instante? – perguntei dirigindo-me à Ryosuke, ignorando a presença de Yu-ki.

        – Certo. Yu-ki, espere aqui.

       Afastamo-nos o suficiente para que Yu-ki não nos ouvisse, e me aproveitei da distância para perguntar o que estava me engasgando desde que os encontrei juntos.

       –  O que ele está fazendo aqui? – perguntei evitando chamá-lo pelo nome, já que eu sentia asco só de ouvir "Yu-ki".

       – Yu-ki foi transferido para cá. Aconteceu um mal entendido, Yu-ki não se esqueceu de mim, ele...

       – E você acredita cegamente nisso? – interrompi a ponto de explodir. – Mas é claro, isso explica tudo, foi por isso que você não me respondeu... Yu-ki estava aqui, não era?

       Ryosuke fez uma expressão que interpretei como “sim Sou, esqueci de você”. Abriu a boca para dizer algo, mas não saiu som algum.

       – Tudo bem. Era só isso que eu queria saber.

       Saí o mais rápido que pude, deixando Ryosuke balbuciando alguma palavra, e torci para que ele não fosse atrás de mim. Porém, no fundo, eu desejei que ele fosse, que segurasse meu braço e pedisse pra que eu ficasse com ele. Uma grande ilusão minha. Ao virar meu rosto, o vi caminhar na direção rumo a Yu-ki.

       Ele sequer pensou em me impedir.

       Eu não sabia ao certo o que sentir. Era como se eu tivesse sido traído, mesmo que Ryosuke não fosse nada meu além de amigos. Amigos que se beijam nas horas vagas, talvez? Ou no fundo eu fosse apenas um passatempo, que seria deixado de lado com a volta dele. Estava tudo bem sem Yu-ki, por que ele tinha que retornar agora?

       “Fui abandonado”, pensei. Estava me sentindo desnorteado pelo pátio da escola. Todas as pessoas em minha volta pareciam tão felizes junto dos seus amigos, namorados... Mas eu continuava me sentindo deslocado. Eu sempre me senti deslocado.

       – Sou! – ouvi uma voz familiar me chamar. Era Ryuto

       Um grande alívio tomou conta de mim. Ryuto havia aparecido na hora certa para me resgatar. Minha imaginação fértil fez com que Ryuto parecesse com um príncipe em um cavalo branco, bem heróico para me salvar do perigo. Ridículo. Não havia cavalo algum e nem sou delicado o suficiente para servir de “donzela em perigo”.

       Esbocei o sorriso mais sincero, indo de encontro aos braços abertos de Ryuto, que me deu um forte abraço.

       – Que bom que te encontrei. Ou melhor, você me encontrou. – falei afrouxando o abraço.

       – Como foram suas férias?

        – Bem chatas, tive que aturar meu pai fingindo ter afeto por mim, mas sobrevivi. E você? –perguntei guiando Ryuto para um local mais afastado para que pudéssemos conversar melhor.

        – Nada interessante. – respondeu dando-me um sorriso sem graça. – Senti sua falta.

        Eram as palavras que queria ouvir de Ryosuke. Palavras certas sendo pronunciadas pela pessoa errada.

        – O que foi? Falei algo de errado? – questionou franzindo o cenho.

        – Não. – sorri tentando disfarçar o conforto que estava sentindo. – Também senti sua falta.

                                                              x x x

        Mais uma insuportável aula. Estava complicado agüentar, ainda mais com Yu-ki e Ryosuke sentados próximos de mim. Ryosuke não ousou me encarar desde o que aconteceu mais cedo, preferindo se sentar com o ex-namoradinho algumas cadeiras mais atrás.

        Ryuto sentou ao meu lado, fingindo não ter reparado no clima pesado que se formou entre nós. Eu tinha certeza que ele percebeu, e francamente, deve estar explodindo fogos de artifício de felicidade. No fundo, Ryuto adorou ver que eu estava afastado de Ryosuke, era o que ele mais desejava mesmo que não tivesse admitido em palavras.

        Mas faltava uma pessoa ali comigo. Eu precisava tanto de Ban naquele momento... O meu companheiro magrelo havia faltado por algum motivo que eu desconhecia. Esperei tocar o intervalo para ligar pra sua casa, em busca de ouvir alguma palavra amiga.

        – Ban? Por que faltou?

        – Cheguei de viagem faz alguns minutos, não deu tempo de ir. Está tudo bem por aí? Parece angustiado...

        Já ia respondê-lo, mas parei quando vi Yu-ki passar pelo corredor mais na frente acompanhado de Ryosuke. Os dois riam, parecendo absurdamente felizes. Fiquei estático observando aquela cena, minha linha de raciocínio havia sido cortada completamente.

        – Ei Sou, ainda tá na linha? – chamou Ban na ligação, visto que eu havia me silenciado.

        – Posso ir aí depois da aula? Não quero conversar pelo celular.

        – Sem problema.


                                                              x x x

        – Então, o que tem pra me contar? – Ban perguntou pegando-me de surpresa, sentando do meu lado na cama.

        Era fim de tarde. Eu já estava na casa de Ban, que demonstrava grande preocupação com o mistério que eu estava fazendo sobre o que havia acontecido. Fiquei um pouco desorientado, não tinha a mínima idéia de como contar algo tão delicado, mesmo que Ban fosse um grande amigo meu.

        – É complicado, não sei por onde começar...

        – Comece pelo começo, oras! – riu –  Tem a ver com o Ryosuke?

        – Sim. –  confirmei com simplicidade, apesar de estar surpreso por Ban saber o que eu sentia pelo loiro – Como você... ?

        – Está apaixonado por ele?  – cortou abruptamente minha fala, deixando-me boquiaberto.

        – Ban, saia da minha mente agora! – brinquei fazendo-nos rir – Como você sabe? Seu paranormal.

        – Sou seu amigo, é minha obrigação saber o que se passa com você. – Ban pôs as mãos na cintura fazendo uma expressão séria, tentando demonstrar autoridade – Mas qual o problema? Não me diga que... Ele te deu um fora?

        – Não exatamente. O ex-namorado dele apareceu no colégio hoje, e agora vai estudar com nós.

        – E daí? É só um ex, não é? – falou dando os ombros, displicente com o que eu lhe falei.

        – Não, é mais complicado do que você imagina. Vou lhe contar, mas me prometa que será um segredo nosso.

        Ban acenou positivamente com a cabeça, dando-me segurança para começar a contar toda a história desde o dia em que me aproximei de Ryosuke, a história com Yu-ki e o que aconteceu entre nós dois.

        – Ele pode estar dividido. Confuso por amar Yu-ki e ao mesmo tempo você. A cabeça dele deve estar um turbilhão de pensamentos e você sequer imagina.

        – Desde quando você entende de sentimentos? – perguntei curioso. De fato, eu estava admirado com a “sensibilidade” do meu amigo, nunca o imaginei me ajudando em algo desse tipo.

        – Lembra da Momo? Agradeça a ela.

        Momo, aquele nome me lembrava algo. Sim, era a garota do Maid café, onde Ryosuke teve que pagar sua aposta.

        – Vocês...? – perguntei insinuando algo, que pela cara que Ban fez pareceu ser verdade – Na-namorando, é? É isso?

        – Está até gaguejando? – perguntou parecendo ofendido – Não faça essa cara, quando você me contou agora que é gay eu não fiz isso!

        – Ei, eu não sou gay! Eu só...

        – Tudo bem, você é um exemplo de masculinidade. – Ban deixou soltar uma risada, mas voltou a ficar sério quando percebeu meu olhar desaprovando-o – Não estamos namorando. Ainda não.

        Ficamos em um silêncio constrangedor, cada um com seus pensamentos. Imaginei o quanto seria estranho ver Ban com alguém, logo ele que sempre foi tão despachado com as pessoas (leia-se: meninas), e ele me vem com a história de estar quase namorando?

        Muita informação em um único dia, minha cabeça não aguentaria mais outra dessa.

        – Voltando para o assunto principal. – Ban limpou a garganta e retornou a falar – Sei que é difícil, mas você tem que ser paciente agora. Sabe que se precisar de algo eu estarei aqui, não sabe?

        – Sei sim. – afirmei dando um sorriso fraco – Obrigado Ban.

        – Agora vamos pegar algo para comer. Você está muito desnutrido, baixinho! O que seu pai fez com você nessas férias?

        Ban me puxou pelo braço, na intenção de me arrastar para a cozinha de sua casa. Mesmo ainda chateado com o retorno de Yu-ki, depois de ter desabafado com Ban eu me sentia um pouco melhor.

        Ele tinha razão, terei que ter paciência daqui em diante. Muita paciência.


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Notas finais do capítulo

Dois fatos desse chap~
1. Terão pena do Sou
2. Terão raiva do Ryosuke

HJDSLFÇD~GH eu pelo menos prefiro ter raiva apenas do Yu-ki, porque olha.

Nyah ainda tá de bichisse pra editar as fanfics, se tiver algo errado depois venho arrumar, ok?

Review? ;3;



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