Cookies escrita por StrawK


Capítulo 3
TRÊS


Notas iniciais do capítulo

Assim como todas as minhas outras fics, essa não foi betada; mas continua dedicada à Hana Haruno Uchiha.

Capítulo 3 de 5



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Meus ouvidos doíam por ouvir Kushina reclamar o resto da tarde sobre como eu era irresponsável por machucar o pé e não ser uma boa anfitriã. Já passava das vinte e três horas e não havia mais nenhum convidado, mas ela ainda insistia em saber como eu conseguira aquele tornozelo inchado; e claro que eu não diria que foi me jogando do alto da casa da árvore depois que Sasuke me torturou com mais uma de suas frases de conteúdo altamente psicopata.

Estava me sentindo uma criança impressionável. Não era por que um bonitão misterioso e amigo da minha família dizia que "me mataria somente se eu deixasse" que eu precisava fugir desesperada – ainda mais caindo de pouco mais de um metro e meio de altura.

O que tornou tudo muito mais estranho foi que enquanto eu agonizava de dor na grama, ele desceu da casa da árvore calmamente e me carregou até meu antigo quarto. Quando todo mundo soube do meu acidente, Sasuke já havia cuidado de minha torção e me oferecido um analgésico que eu tomei à contra-gosto, imaginando que poderia muito bem ser algum tipo de veneno. Logo que a dor diminuiu, eu pensei que ele não era um médico tão ruim assim, afinal.

— Vai ou não me dizer como arranjou essa coisa no seu pé?

— Tornozelo — corrigi minha mãe.

— Não tente bancar a espertinha, Sakura.

Suspirei e olhei ao redor. Meu quarto parecia intacto desde que eu saíra de casa. A parede à minha frente ainda possuía uma prateleira onde um pedaço de gesso assinado com canetas coloridas repousava como um troféu; sorri ao lembrar de minha insistência para que a enfermeira não o danificasse quando fosse retirá-lo, para que pudesse guardar como lembrança da primeira vez que me machuquei de verdade andando de skate.

O sermão de Kushina, embora menos preocupado, me lembrava muito o que me passou naquela época.

A pequena mentira que estava prestes a inventar e que fazia minha língua coçar, foi interrompida pela chegada do meu torturador; ele usava uma camiseta azul escura com um símbolo de um leque branco e vermelho na altura do peito e uma calça de moletom cinza. Os pés estavam descalços, e mais uma vez, não o achei tão intimidador ou perigoso.

— O que ele ainda está fazendo aqui? — apontei, acusadora.

Sasuke lançou um olhar cúmplice para minha mãe e ela se retirou do meu quarto sem falar mais nada. Quer dizer, desde quando aquele cara troca olhares de cumplicidade com membros da MINHA FAMÍLIA? E desde quando Kushina obedece alguém sem protestar?

Observei-o puxar o banquinho almofadado de minha penteadeira para os pés da cama e analisar meu pé enfaixado. Depois desviou os olhos para o gesso na prateleira.

— Você era bem popular — diante de meu olhar de indagação, ele completou. — O gesso. Tem muitas assinaturas e desenhos.

— Não se engane. Metade disso foi o Naruto que rabiscou.

— As pessoas gostavam de você.

— Elas gostavam e ainda gostam de se divertir às minhas custas. É diferente – ri, sem humor.

— Mas aposto que todos que assinaram o gesso eram pessoas que realmente gostavam de você. – a frase um pouco mais extensa me permitiu apreciar as entonações características de sua voz grave.

— Pode ser.

Pisquei várias vezes. O que ele queria com aquela conversa surreal? Será que tinha alguma mágoa por que eu tinha uma 'suposta popularidade' e ele era apenas o garoto esquisito de capuz que não falava com ninguém?

Sasuke despertava em mim uma curiosidade arriscada. Assustava-me a ponto de me fazer fugir debilmente ao mesmo tempo que me atraía de um modo estranho, quando algo me dizia que ele não poderia ser um psicopata. E se realmente não fosse, o que significava todas aquelas frases ameaçadoras? Fazia isso somente pelo simples prazer de me atormentar?

Percebi que enquanto divagava, ele mantinha os olhos fixos em mim, me deixando desconfortável. Tentei distrair sua atenção para qualquer outra coisa:

— Ahn... Então, qual a sua especialidade? — recebi um olhar confuso e completei — Na medicina, quero dizer. Trabalha aqui na cidade, mesmo?

— Não sou médico.

Certo. Ele NÃO era médico. Ele não era médio e eu, ingenuamente, acreditei que o fosse, por algum motivo desconhecido. Talvez por ter comprado uma revista de medicina.

— A comprei para você — sorriu de lado.

— Você... Comprou exatamente o quê para mim?

— Você me viu comprando uma revista de medicina na banca do aeroporto, mas a comprei para você. – falou como se tivesse lido meus pensamentos.

Seus olhos negros me perscrutavam, numa divertida ansiedade, curiosos para captar minha reação ante a estranha revelação; e eu realmente não sabia o que pensar. Estava cansada de tentar adivinhar o que realmente acontecia a meu redor. Cansada de continuar agindo como uma adolescente confusa, pescando dicas aqui e ali, nunca inteirada nos assuntos dos 'adultos'. Essa percepção de minha ridicularidade finalmente me fez perguntar o que já deveria ter perguntado desde o saguão do aeroporto:

— QUEM É VOCÊ?

— Sou Sasuke Uchiha. Você sabe... Aquele garoto magrelo e tímido de capuz na cara. – ele levantou a sobrancelha.

— Não... Quem REALMENTE é você? Digo... Por que não é mais tímido e magrelo e tem todos esses músculos... E freqüenta a minha casa como se fizesse parte da minha família? Por que parece saber tanto sobre mim e por que tem uma arma? E o mais importante, o que diabos você quis dizer com 'me matar somente se eu deixar'?

Ofeguei e logo em seguida prendi a respiração, aguardando retorno, embora não tivesse certeza de ter sido suficientemente adulta em minhas perguntas. Sabia que me envergonharia depois.

— Sou policial.

Oh, sim. Aquele cretino achou que somente essa resposta seria suficiente. Bem, pelo menos explicava o fato de ele portar uma arma, mas... E quanto ao resto?

— Não se lembra que meu pai era policial, assim com meu irmão? Parece que não consegui me livrar da maldição. – novamente ele soltou aquele charmoso sorriso e eu desejei estrangulá-lo.

Num impulso, sentei-me na cama, ignorando a dor que o movimento causou em meu tornozelo e joguei o lençol que me cobria de lado. Estava acostumada a circular sem parar pelos corredores do hospital, e ficar tanto tempo naquele quarto como um de meus pacientes me irritava tanto quanto Sasuke.

Ele ficou em silêncio por alguns momentos, olhando para baixo. Quando voltou a me encarar, me senti corar.

— Sabia que tinha pernas bonitas.

Quase desejei não ter trocado minha calça jeans por um short antes de 'ficar em repouso'. Eu já havia lidado com muitas gracinhas de pacientes e me esquivado dos gracejos com maestria e até sarcasmo, mas tudo o que consegui fazer naquele momento foi atirar o travesseiro com toda a minha força bem no meio da cara de Sasuke.

POF – foi o barulho.

Puxei o lençol embolado de volta para mim, voltando á minha posição anterior.

— Isso não foi nada adulto de sua parte, Sakura. – O modo como pronunciou a palavra 'adulto' fez com que eu imaginasse que ele conhecia meus tormentos interiores em relação à isso, e fiquei mais brava ainda. — Mas eu gostei.

Mas eu gostei.


Como assim, mas eu GOSTEI? Como ele poderia gostar de receber uma travesseirada no meio das fuças? Meu Deus, ele era realmente atormentado.

— Não sou nenhum tipo de masoquista. – ele depositou o travesseiro na cama. — O que apreciei foi sua atitude pueril e impulsiva, diante de algo tão tolo. É... Deliciosamente engraçado.

Eu consegui senti um nó se formando fisicamente em meu cérebro. Minha cabeça doía.

— O que você quer de mim? – forcei-me ainda a perguntar; com alguma sorte, ele responderia.

Sasuke levantou-se e se dirigiu à gaveta de minha escrivaninha, de onde retirou uma caneta que não reconheci como minha. Seus dedos brincavam com o objeto igual a um baterista girando suas baquetas. Começou a falar em um tom calmo, como se fosse contar uma história de ninar.

— Pouco tempo depois de você ir embora, Naruto se tornou meu amigo. Passei a freqüentar sua casa diariamente e o instinto maternal de Kushina não deixou isso passar em branco. Essa família me acolheu de tal forma que foi impossível não me considerar parte dela. Eu vivia me perguntando como você pode... Deixá-los para trás. Imaginei que você, como uma órfã, igual a mim, sentia-se feliz aqui. Você deixou para trás o que eu ansiava ter novamente. Uma família, Sakura.

Durante a pequena pausa em sua narrativa, me dei conta de que segurava a respiração. Uma culpa sem precedentes começou a pesar sobre meus ombros, me empurrando para dentro de mim mesma. Era estranho pensar que fugi daquele lugar, daquela família, somente por um desejo egoísta de ser reconhecida como alguém diferente ou melhor do que eu era, enquanto tudo o que ele queria era um lugar ao qual chamar de lar.

— Depois que meus pais morreram naquele acidente — ele continuou — Itachi passou a trabalhar dobrado para poder nos manter e eu ficava sozinho a maior parte do tempo.

— Isso não me explica o que eu desejo saber. Por que essa obsessão em me torturar com palavras?

Sasuke me olhou de uma forma que não pude decifrar, assim como muitos outros aspectos dele.

— Quer mesmo saber?

— Quero.

— Ódio. – ele disse.


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Notas finais do capítulo

Oie!

Ressuscitei e estou em um momento família, tá? Isso explica a falta de graça do capítulo.

Não está betado, como de costume e não sei quando postarei o próximo. Correrias da vida, manolo!

Entretanto, gostaria de agradecer imensamente as reviews maravilhindas de vocês. Saibam que leio todas com muito carinho. =)

Sobre o capítulo:

Bem, essa história é mesmo sobre as neuroses da Sakura e em como o Sasuke irá interferir em suas opiniões à respeito da vida. Teremos somente mais dois capítulos para descobrir qual é a real intenção dele e enfim...

Deixem reviews dizendo o que acharam do capítulo!

Eu achei uma bosta.

Besitows,

StrawK