Em casa e cheia de coisas para pensar.

Tirei meu casaco quando vi que havia recados na secretaria eletrônica.

Apertei o botão para ouvi-los.

“Ah, oi Claer, aqui é o Demetri. Queria saber porque você se demitiu... Na verdade não é nada disso, queria te convidar para sair, qualquer coisa me retorna a ligação”.

Acabei por sorrir, não era que o bonito do Demetri se interessou por mim?

É algo para rir.

“Oi, Claer. Quem está falando é o Lins, se não se lembra o namorado da Camyla. Queria saber como você está, todos estão querendo noticias suas. Dá noticias se não for pedir muito”.

Tirei minha bota enquanto me lembrava dele. O excêntrico, carente. Era obvio que me lembrava dele, não tinha como esquecer muito menos se tratando do namorado da Camyla.

Puxei o ar para meus pulmões com violência, não queria trazer a tona àquela lembrança cruel.

“Claer, sei que não quer falar comigo, mas acho que devo pelo menos saber como você está. Sabe que me preocupo com você. Não adianta fugir do passado, as coisas já passaram, tem que seguir em frente. Além do mais estou com saudades, Shin”.

Retirei o resto da minha roupa enquanto me lembrava que desde que descobri sobre Luzt, sai da casa onde morei por tanto tempo ao lado dele e nunca mais voltei a falar com ele ou com Kellan, que na época era meu chefe.

Agora nós três estamos no mesmo nível.

Que irônico ainda mais agora que terei que rever todos eles.

Fui para o quarto quando a secretaria começou a dizer o ultimo recado.

“Claer Morris Hale, aqui quem fala é Quinn Pattison, faço parte da C.I.A. Queremos saber sua resposta sobre a nossa proposta. Retornarei contato”.

Deixei a toalha que tinha acabado de pegar deslizar de minhas mãos.

C.I.A?

Foi isso mesmo que ele disse?

Não posso acreditar.

Fui em direção às correspondências que tinha recebido hoje de manhã, que ainda nem tinha olhando direito.

Contas. Convites. Pagamentos. C.IA. SWAT. F.B.I, Delta Force. Pentágono. BOPE.  SASR. Boinas Verdes. NSA.

Espalhei todas aquelas cartas sobre a mesa de vidro da sala.

O que estavam tramando?

Não era possível que todas essas agencias me quisessem. É quase impossível.

Mais ao mesmo tempo é plausível que tenham o mesmo objetivo.

Destruir a King.

Não tem outra solução ou explicação para isso!

Passei a mão por meu cabelo.

Pense Claer.

Por que querem isso?

Logo agora?

Abri cada uma das cartas e todas diziam a mesma coisa.

Me queriam, não apenas a mim, mais minha equipe inteira.

Pense nas possibilidades, Claer.

O que eles ganhariam se destruíssem tudo?

Dinheiro, sucesso.

Inveja.

Obvio, King detinha boa parte do dinheiro de cada pais, não apenas isso, mas somos mercenários contratados a cada dia para resolver problemas tanto nacionais como triviais.

Deixando as outras agências de lado, deixando-as com casos menores.

Mais mesmo assim, maioria delas cuida de assuntos mais graves e piores que nós.

Não faz sentido, nenhum sentido.

Minha linha de pensamento evaporou em um segundo.

Como poderei explicar amanhã para os demais se acabo de perder tudo que pensei?

Enquanto meu cérebro fervilhava atrás de um ponto de partida o telefone tocou novamente.

Deixei de mão, até que a mensagem eletrônica foi dita e logo depois uma voz masculina começou a falar.

“Senhorita Hale espero que esteja em casa se estiver ouvindo essa mensagem; faço parte da MI6. Acredito que a senhorita deve ter ouvido falar, mas liguei, pois preciso de sua ajuda em relação á sua agencia...”

Não esperei mais nenhum segundo, peguei o telefone.

-Claer falando – disse rapidamente sentindo meu coração acelerado.

-Senhorita Hale? – indagou a voz do outro lado da linha com certa desconfiança.

-Quem mais você espera? – perguntei brusca, não estava com vontade de ser educada.

-Desculpe – desculpou-se ele – Mais queria me certificar apenas...

-Sem rodeios, por favor – o cortei ficando irritada com ele – O que quer falar?

-Prefiro falar pessoalmente...

-Adiante o assunto – o cortei novamente – Não estou com paciência para rodeios ou espera.

-Senhorita Hale não tem nada haver com isso – disse ele sereno – Apenas não acho que seja uma linha segura.

-Então... – disse caminhando pela sala – Me encontre em meia hora no saguão do Distrit Maisson, fui clara?

-Não estou na cidade – disse ele rapidamente

-Arranje um jeito de estar aqui – repliquei – Apesar de que não acredito nem um pouco nessa sua mentira.

-Senhorita Hale – disse ele

-Em meia hora no saguão do Maisson – o cortei – Até lá.

Coloquei o telefone em sua base e arrumei meu cabelo novamente.

A noite parecia que apenas tinha começado para mim.