Não me surpreendi quando Reita me deu um soco.

E um soco bem forte na boca.

Cambaleei desnorteado, caindo sentado no chão.

Cerrei os olhos.

Como doía.

E o gosto do sangue...Na minha boca...Era horrível.

-COMO VOCÊ PÔDE?! Te dei um lugar pra morar! Te dei comida! Te dei tudo quando você chegou aqui em Tokyo sem nada, só pra ver o Uruha! E tudo o que eu pedi...Tudo o que eu queria em troca era seu respeito e amor, Takanori! - ele urrava, chorando.

Estremeci.

Reita estava me dando medo, muito medo.

-...Ao invés disso, você preferiu trepar com aquele idiota num banheiro de boate!

Não acredito! Você não deu o minimo de valor ao amor que eu sinto por ti!

-Eu dei, Reita! - gritei, com a voz embargada.

-CALA A BOCA! EU TO FALANDO! - ele berrou mais alto, me assustando.

Tremi.

Eu não conseguia parar de chorar.

De soluçar.

E nem era pela dor na boca.

E sim pela dor que o Reita sentia e expressava, chegava a ser palpável.

-Você...Brincou comigo, Ruki. - ele esfregou as costas da mão no olho inchado pelo choro.

-... - apenas solucei mais, me encolhendo.

O vi atravessar a sala em direção ao quarto de casal.

O observei enquanto ele abria o guarda roupa e procurava algo.

Juro, naquele momento eu achei que ele fosse sacar uma arma e estourar meus miolos.

Mas...

Ao contrário disso...

Ele sacou um taco de baseball.

Ah, que ótimo, sempre foi o meu sonho levar uma surra de taco de baseball...

Calma, só estou sendo irônico.

Ele voltou, caminhando decidido.

-Reita! O que você vai fazer?! - eu disse, choramingando.

-Vou pra casa do Uruha. - ele disse com um sorriso estranho no rosto. - Vou jogar um pouco de baseball com ele.

E depois saiu, batendo a porta.

É, fodeu.

= Flashback =

-Páraa! Reitaa! Pára! - Uruha choramingava.

Mas Reita não parava.

Não resistia.

Queria continuar..

Queria continuar socando Uruha.

Estava pouco se fodendo se Uruha era seu amigo de infância ou não.

Queria bater nele.

Socá-lo.

Reita o atraíra até uma sala de aula vazia e o jogara no chão, montando em seu quadril e começando a golpea-lo sem parar.

-Você sabia que eu gostava dele! Você sabia que eu sempre o quis! E mesmo assim foi e ficou com ele no descaramento! - gritava, socando o maior.

-Reitaa! - o loiro engasgava com a saliva e o sangue que saía de seus machucados, tossindo.

Kouyou erguia os braços, tentando se defender, em vão.

Os golpes não paravam.

E pareciam cada vez mais fortes.

-TE ODEIO, TAKASHIMA! - disse, dando um último soco no nariz de Uruha, que gritou.

Bufou e saiu de cima do maior, o largando no chão.

Saiu da sala e bateu a porta.

Kouyou se revirava, tentando achar uma posição em que seu corpo doesse menos.

Ainda soluçava, sentindos os efeitos dos golpes de Akira.

Não conseguia abrir o olho esquerdo, devido ao inchaço provocado pelos golpes.

Devia estar com o rosto deformado.

Depois de um tempo, levantou, cambaleante.

Caminhou até  a porta e a abriu, mas não teve forças para continuar e caiu no chão, sentando, encostado no batente.

Soltou um gemido de dor.

Aquela queda fez com que todas as dores voltassem com tudo.

Fechou os olhos, respirando fundo e sentindo cheiro de sangue, proveniente da pequena goteira do liquido que se formara em seu nariz, após Reita o quebrar.

-URUHA! URUHAAA! - gritou, correndo até o loiro.

Abriu os olhos, vendo um moreno correr em sua direção.

Aoi se jogou de joelhos no chão, amparando Uruha.

-Por deus...O que fizeram contigo, itoshii??!?! - Aoi não sabia o que fazer, soava desesperado.

-Rei... - Uruha sibilou, soltando alguns gemidos de dor.

-Quê?! - o moreno se aproximou do outro, tentando ouvir melhor.

-Rei..Ta. - foi tudo o que o loiro disse, antes de apagar.

Naquele dia, duas coisas fatídicas aconteceram.

1° Acabou a amizade entre Reita e Uruha.

2° Aoi vingou o loiro. Uma bela vingança.

=Flashback=