Black And White escrita por Angie x3


Capítulo 7
VI


Notas iniciais do capítulo

Lá no final!
Espero que gostem, por que tudo até hoje começou nesse capítulo.
Boa leitura.



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Jacob's POV

          Era a semana de Seth e eu fazermos a ronda noturna ao redor da reserva. De todos os companheiros do pack, ele era o que mais me divertia e não fazia toda aquela situação ficar monótona e maçante; às vezes extrapolava na diversão, mas ainda assim... Nosso limite ia até a fronteira do riacho e eu cobria a parte Norte e Leste, Seth a Oeste e Sul, alternando por vezes. Mantínhamos contato através do elo, mas apenas para papearmos despretensiosamente, visto que havia alguns bons anos que toda aquela patrulha não se fazia mais necessária.

          Águia dourada para lontra careca, câmbio.” ouvi Seth pensar.

          Eu não era o guaxinim vesgo ontem?” respondi secamente.

          Resolvi mudar hoje, imagina se estamos sendo interceptados. E vamos combinar que águia combina bem mais comigo do que aquele leopardo.”

          Em seis anos de matilha o Seth não conseguia levar nem uma ronda completa a sério.

          Podemos concentrar por um minuto?” perguntei. “Não tô muito afim de ficar ouvindo você narrar toda a sua 'aventura imaginária' aí.”

          Ah, qual é, Jake! Você nunca consegue ver o lado divertido da coisa. Você tá começando a ficar tão chato quanto o Sam.”

          Mesmo após longos e tranqüilos seis anos terem se passado desde que fizemos aliança com os sanguessugas contra os recém-criados, alguma coisa ainda não me deixava tranqüilo enquanto estávamos na floresta. Alguma coisa ainda me impelia a agarrar-me ao meu mais primitivo instinto e não largar a guarda por nenhum minuto que seja. Comecei a achar que estava sendo idiotamente exagerado, mas um pouco de precaução nunca foi demais.

          Afastei-me um pouco mais do rumo Norte, seguindo para Nordeste devagar, alertando para cada som desconhecido que pudesse surgir por detrás de alguma densa folhagem. Seth já havia se calado – se eu não o conhecesse bem, poderia até pensar que não estaria dormindo. Aproveitando meu tempo e minha mente sem ninguém os invadindo comecei a trotar mais rápido. Alguma coisa me puxando fixamente para uma mesma direção, como se eu tivesse algum objetivo ainda desconhecido. O limite da reserva estava começando a se aproximar, mas minha velocidade só se fazia aumentar. Meu instinto gritava como se correr fosse a única coisa que se tornava necessária naquele momento; correr naquela direção.

          Após alguns intermináveis minutos, amansei meu passo. Estava me aproximando de uma clareira. A mesma clareira que há alguns anos atrás eu e a matilha salvamos Bella do sanguessuga de dreads. Adentrei em total estado de alerta; ela era ampla e vulnerável a qualquer um que ousasse invadi-la. Na extremidade oposta avistei alguma coisa envolta em emaranhados de raízes; o corpo oscilando em intervalos curtos. Avancei com os olhos fixos naquele “ser” enquanto ainda mantinha minha audição atenta a qualquer som incomum.

          Fui me aproximando mais e mais lentamente, demorando assim para identificar que aquilo – que primeiramente julguei ser um filhote de urso – era, na realidade, uma garota. Meu íntimo se acalmou um pouco ao perceber que ela tremia violentamente, se agarrando as pernas e o rosto escondido entre as longas mechas de cabelo. Uma brisa gélida passou por ela novamente – fazendo seu queixo tremer – e veio em minha direção. Um cheiro doce de mel e flores invadiu – novamente – meus pulmões, turvando minha mente e prendendo mais fortemente meu olhar naquela garota. Era aquele cheiro, aquele delicioso aroma que me empertigou a sair correndo da sala de aula atrás dele; aquele mesmo aroma que senti quando corria atrás de Paul pela floresta; aquele mesmo cheiro que exalou de uma menina que fugiu de mim pela floresta naquele mesmo dia. Mais uma vez, poderia ser ela?

          Seth, precisamos voltar.” pensei urgente.

          …”

          SETH!”

          Ahn, o quê? O que houve? ESTAMOS SENDO ATACADOS?”

          Seth, acorda. Vamos voltar para a reserva, tá?!”

          Mas o que houve? Desde que eu estou aqui super em estado de alerta, nada aconteceu.” disse disfarçando a vergonha de ter caído no sono.

          É, sei bem. É, bem... Nada. Eu estou indo para casa. Pode ir pra casa se sua cama for mais interessante. Avise o resto dos irmãos que pra mim já deu por hoje. Se o Sam quiser, que arrume alguém pra ficar no nosso lugar.”

          Falou, Jake.”

          Fiquei por alguns instantes tentando reorganizar minhas idéias e clarear minha mente. Meus olhos ficaram fixos nela e eu fui incapaz de pensar racionalmente no que fazer deliciando-me com a lembrança daquele cheiro. Finalmente, escondi-me por detrás da árvore em que ela dormia e me forcei a transformar-me de volta; desprendi uma bermuda da fita de couro em meu tornozelo e a vesti. Passei meus braços delicadamente por trás de seus joelhos e suas costas, com cuidado para que não acordasse, erguendo-a no ar e apertando-a contra mim firmemente. Meu peito quente amansou um pouco seus espasmos enquanto ela escondia infantilmente seu rosto nele.

          O cheiro dela agora invadia continuamente minha razão. Era delicioso; inominavelmente provocante – de um jeito puro e passional. Comecei a caminhar no escuro em direção a reserva durante alguns poucos minutos e por fim relembrei que era madrugada e nós não estávamos muito perto dela e, agora sim, estávamos além da vulnerabilidade. Escolhi um amontoado próximo de folhas secas e a recostei ali por alguns segundos. Novamente, voltei à forma lupina que eu tanto gostava, apoiei o focinho do lado de sua cintura e a ergui de bruços para as minhas costas. “Agora sim”, pensei. Segui rumo à reserva pela trilha, parando vez ou outra para ajeitá-la sobre mim, evitando um possível tombo.

          Billy certamente já estava dormindo quando adentrei a casa silenciosamente, passando rapidamente pela cozinha para olhar as horas. Agora, novamente com ela em meus braços coloquei-a sobre minha cama e a cobri com alguns edredons e cobertores que encontrei dentro da cômoda. Suas mãos ainda estavam geladas, mas os lábios provavelmente já estavam perdendo o tom azulado que adquiriram com o frio. Ela se encolheu, aceitando facilmente o calor que as cobertas faziam sobre ela, e soltou um profundo suspiro.

          Tudo estava escuro desde então; desde que eu a encontrei até o momento em que chegamos ao meu quarto, apenas iluminado pela claridade da lua que invadia o cômodo pela janela. Eu queria admirá-la, olhá-la de alguma maneira, mas eu não conseguia. Queria ver quem era a responsável por todos aqueles descompassos do meu juízo, mas apenas seu cheiro era distinguível e igualmente convidativo. Ao sair do cômodo encostei a porta e me direcionei ao banheiro, buscando urgentemente por um banho.

Nessie's POV

          A claridade matinal forçou minhas pálpebras a se abrirem, mas teimei em mantê-las fechadas; a brisa fresca e o cheiro de orvalho invadiram meus pulmões me fazendo suspirar. Dormir em meio a raízes não parecia tão desconfortável ao amanhecer. A noite fora mais quente do que eu pensava, por mais que alguns sonhos dos mais incomuns tenham me atormentado durante a madrugada. Por fim, cedi ao impulso de abrir os olhos e me espreguiçar.

          Uma revoada de borboletas subiu pelo meu estômago quando eu percebi onde eu estava, ou melhor, quando eu percebi que não sabia onde estava. Na noite anterior eu adormecera em meio a raízes e folhas secas, amanhecendo estranhamente em uma cama, quente e confortável, em uma cabana nos limites da floresta – como pude constatar através das imagens de densa relva pela janela. Sentei-me com um movimento único, olhando desesperadamente para os lados tentando distinguir alguma coisa familiar. Nada. Um sentimento de pânico começou a se instalar em mim, fazendo com que meu coração batesse tão audível que eu podia sentir meu corpo tremer a cada pulsada violenta.

          Antes de pensar em qualquer outra coisa mais racional como fugir, ou tentar descobrir onde estava e quem morava ali, não pude refrear um instinto femininamente idiota de gritar.

Jacob's POV

          Um grito agudo veio de dentro de casa, precisamente do meu quarto. Demorei alguns segundos para relembrar que uma garota que, provavelmente não sabia onde estava, tinha acordado.

-     -  Ai, merda. - rosnei após o susto, levantando-me desesperadamente do sofá e tropeçando em alguns poucos pacotes de salgadinhos no chão.

          Corri diretamente para o meu quarto, com a única intenção de acalmá-la e deixar expressamente claro quais foram minhas intenções ao trazê-la para cá. Ou também tentar evitar que ela fizesse alguma loucura de mulher, ou sei lá. Adentrei o quarto na velocidade que estavam meus pés, parando bruscamente ao racionalizar em que estado ele estava.

          Não, o quarto estava ótimo, mas tudo ali parecia brilhar mais do que o normal. Sentada em minha cama, agarrada em um travesseiro e escorada contra a parede da janela havia uma garota. Sim, a garota da noite anterior, mas agora eu podia vê-la. Ver seus longos cabelos acobreados que caiam delicadamente sobre os ombros; uma pele alva e suave, rosada perfeitamente em cada maça de seu rosto; um par de olhos castanhos que me encaravam furtivamente, tão profundos e convidativos que eu tive de ordenar aos meus pés para ficarem parados e evitar o instinto que latejava em todo o meu corpo.

          Era como se eu estivesse cego, surdo e mudo. O tempo parecia parar ou se movimentar em câmera lenta. Ela era a única coisa que eu conseguia ver e ouvir ali. As palavras me falharam. Nossos olhares ficaram presos, um ao outro. Seus olhos eram profundos me convidavam a olhá-los mais de perto. Meu coração parecia contrair-se involuntariamente a cada respiração daquele ser angelical. Por um momento, reaprender a respirar era a última coisa com que eu queria me preocupar. Meu corpo inteiro formigava e latejava à medida que eu me aproximava de onde ela estava, e eu percebia que ela não ia contra isso. Seu corpo ficou mais ereto na cama e, largando o travesseiro de lado, ela se pós de joelhos sobre o colchão, encarando-me sem piscar. Éramos como ímã, Norte e Sul, se atraindo magicamente. Eu sentia que ela me desejava tanto quando eu a queria. Pegá-la nos braços e nunca mais soltar, era o pensamento que ribombava seguidas vezes pela minha mente. Olhar naqueles olhos sempre.

          Aqueles olhos de um castanho achocolatado meio amargo que eu tanto conhecia.

[N/A] Oláa! E aí, e aí, e aí? Hahahahahaha.

Enfim, chegou a hora que tooodas nós esperávamos, não é?! Acho que eu quase não me aguentei de ansiedade para chegar nesse capítulo e fiz os dois se encontrarem mais cedo! Mas, enfim chegou a hora.

O Imprinting aconteceu! E com ele toda a confusão vai começar!

Espero que vocês tenham gostado, minhas queridas! Vai ter muita coisa boa pela frente! Não deixem de continuar "Acompanhando a História" e deixando os meus tão amados reviews mesmo que aquela coisa toda de NyahCash tenha acabado, não deixem de deixar.

Um grande beijo e até o próximo capítulo.

PS: Vou viajar dia 17/01 e só volto 27/01, vou tentar postar um antes deu ir, se não conseguir, posto dois assim que voltar!


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