Black And White escrita por Angie x3


Capítulo 6
V


Notas iniciais do capítulo

Lá no final! =) Boa leitura.



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Nessie's POV

A chuva torrencial castigava os vitrais da casa cada vez mais intensamente. Às vezes eu perdia meu olhar através da janela, na imensa floresta densa e negra que se extendia pela lateral do jardim, apreciando-a e buscando ao longe, sem qualquer esperança, distinguir aquele par de intensos olhos novamente.

Total e completamente desinteressada, eu jogava peças de roupas aleatórias dentro de uma mala sem ao menos prestar atenção no que fazia. Meus delírios vagavam, soltos e perdidos, em meio a pensamentos e situações tão recentes, mas que, de uma forma indescritivel, me impertigavam intimamente. A viagem não duraria mais do que alguns poucos dias, segundo meu pai, mas ainda assim aquilo tudo estava começando a soar estranho. Após todo aquele alvoroço do dia anterior, do meu “encontro”, da nossa discussão, qual o motivo dele simplesmente resolver que precisamos de uma viagem ao Brasil? Eu não queria adimitir, mas eu, definitivamente, não queria ir e não sabia o porquê. Algum sentimento me fazia querer ficar mais do que querer entender aquilo tudo.

Com um súbito e um sentimento urgente e desconhecido latejando meu juízo, saí do meu aposento. Abri a porta violentamente e caminhei a passos rápidos e silenciosos sobre o carpete através do longo corredor até o cômodo mais distante, - o quarto deles - buscando decididamente algumas respostas. Encostei minha mão delicadamente na maçaneta de metal para girá-la, sem ao menos anunciar minha chegada; uma faísca elétrica ligou-nos imediatamente fazendo com que eu recuasse e meu ímpeto se acalmasse. Com o dedo na boca por reflexo pude finalmente perceber que meus pais conversavam, em um tom alto, dentro do cômodo.

- Você não entende! - eu ouvia meu pai impor.

- Não! Definitivamente não entendo, não aceito e não permito que façamos isso com ela! - era minha mãe. Gaguejava, a voz começando ficar rouca.

- Bella, tente entender. Isso vai ser melhor pra ela. - amenizou meu pai, ainda em um tom autoritário.

Um pensamento passou pela minha cabeça: será que estavam falando de mim? Eu era o motivo de toda aquela briga? Tudo bem que meu encontro lupino o desagradou, mas aquilo tudo era necessário?

- Você não sabe e nem tem o direito de tentar saber o que é melhor para a nossa filha. Você sempre acha que sabe o que é melhor para todos, não é? Sempre achou que o melhor para mim não era ficar junto de você, queria que eu me mantesse humana, sempre lutou por isso. Eu sempre te amei e se dependesse de você nunca seriamos por completo um do outro. Você NÃO VAI fazer isso com ela.

Agora eu tinha certeza.

- Você não vai privá-la de ter e estar com o homem que ela ama, mesmo que ela ainda não saiba disso. - ela continuou. - Podemos ir para o Brasil, você pode tentar fazê-la simpatizar pelo Nahuel...

- Bella, tente compreender! Ambos são da mesma espécie. Melhor do que ela se apaixonar por ele ou Carlisle querer achar alguém para ser dela. Eles seriam perfeitos juntos...

- Não estamos no século XVIII mais, Edward. Casamento arranjado? Isso é loucura! Pode tentar fazê-la simpatizar pelo Nahuel, mas ela nunca será feliz. Você quer isso? Quer sua filha infeliz? Quer fazê-la ficar longe da chance de apaixonar de verdade? Amar alguém que a ame?

- Você está sendo melodramática... - inferiu meu pai, em tom de voz mais fraco e afetado – Já conversei com Zefrina. Ela apoiou a aliança entre nossos clãs.

Eu não suportava ouvir mais nada. Eles estavam lá decidindo – ou tentando -, discutindo sobre a minha vida, e definitivamente eu não estava lá para dar uma ínfima opinião. Casamento arranjado? Não, isso não. Era por isso que ele queria me levar para o Brasil. Esses eram os “negócios” que ele falara. Uma aliança de clãs? Uma aliança matrimonial entre dois clãs?

Involuntariamente eu já estava alguns passos mais próxima da sobreira na tentativa de ouvir mais claramente o que eles estavam discutindo. Por instinto, espalmei fortemente minhas duas mãos contra a madeira maçiça da porta, gritando internamente contra tudo aquilo que eu eu acabara de ouvir e ainda não digerira. O barulho alto e oco fez com que eles se calassem; não esperei mais. Saí correndo pelo corredor em direção a uma janela aberta no final dele. Pulei e me lançei na escuridão.

***

Era noite, mas meus sentidos aguçados não me impediam de diminuir o rítmo da minha marcha. Eu já tinha caminhado por algumas horas, mas não fazia idéia a qual distância estava e nem para onde estava indo. Minha intenção não era preocupá-los - pelo menos não a princípio -, e eu talvez também não quisesse fugir; eu não estava com medo. Eu queria simplesmente me isolar com meus pensamentos e tentar compreender tudo aquilo que eu ouvira há pouco.

“Você não vai privá-la de ter e estar com o homem que ela ama, mesmo que ela ainda não saiba disso.” ela disse. O homem que eu amo? Que será que minha mãe quis dizer com isso? Nunca, em toda a minha vida, eu me permiti ter contato com alguém que não fosse da minha família. Meus colegas de escola apenas sabiam da minha existência pelo simples fato de minha imagem ser um imã para os olhos deles, mas simplesmente isso. Nunca tivera amizades intensas ou relacionamentos que perduraram por mais de uma estação.

Continuei caminhando, desta vez um pouco mais devagar. Os altos e grossos troncos das árvores não formavam obstáculos para mim. O tom azulado que a lua cheia dava à floresta e ao emaranhado de troncos era o suficiente para eu me orientar. Por instinto, ao longo do meu caminho, recostava meu corpo em alguns caules fora da minha rota, apenas o tempo suficiente para que meu cheiro impregnasse no local, dificultando ainda mais que me encontrassem.

Por fim, uma clareira pôde ser vista ao longe e me pus a caminhar em direção a ela calmamente. O lugar ela lindo; como se tirado de um livro de contos de fadas. Cipós pendiam das copas das árvores como longas mechas de cabelo; o muro de árvores fazia um contorno perfeito e acolhedor. Algumas pequenas flores remanescentes da primavera ainda estavam ali, salpicando a relva de pequenos pontos coloridos.

Sentei-me entre um emaranhado de grossas raízes que saiam virís do chão, recostando-me na árvore mais grossa que eu conseguira encontrar. Olhei para mim e percebi o quão afobada fui ao sair correndo de casa; estava de pijamas. A brisa noturna começava a ficar cada vez mais gélida, ruborizando minhas bochechas e me fazendo arrepiar. Um short curto e uma fina blusinha regata não segurariam aquela noite. Suspirei e me encolhi, abraçando meus joelhos e escondendo o rosto entre meus braços.

Senti algo quente encostar e molhar minhas pernas e percebi que estava chorando. Chorando – agora sim – de medo e receio de tudo que eu ouvira, somados ao que eu acabara de fazer. Eu sabia que eles estariam me procurando, mas talvez demorassem para me encontrar. Lembrei do diálogo deles sobre algum tipo de limite, fronteira... Enfim, procurei ficar onde eu pudesse ficar sozinha o máximo que conseguisse. Suspirava tentando organizar meus pensamentos e, por fim, adormeci.

Poucas coisas eu me lembro daquela madrugada. Sonhos, muitos sonhos; sonhos com brisas geladas que cortavam minhas bochechas me fazendo tremer, passos de algum animal grande se aproximando, um farfalhar de folhar secas perto de mim, uma respiração quente arrepiar os pêlos da minha nuca, braços fortes me segurarem e me erguerem do chão e um cheiro, um cheiro delicioso, doce e almiscarado invadir meus pensamentos e me fazer mergulhar ainda mais intensamente em meus sonhos e delírios.

[N/A] Oláaa, flores!

Primeiramente, desculpa pela demora. Como eu disse no meu perfil, esse finalzinho de ano foi pauleira, mas estou de volta. De férias e com tempo! =)

Então, o que acharam? Será que a Nessie sonhou mesmo? Tchan-tchan-tchan-tchan! Acho que tá chegando a hora tãao esperada, heein? =) Só cozinhei vocês um pouquinho mais em banho-maria, mes espero que não me odeiem por isso!

Gostaria de agradecer - mais uma vez - pelo apoio de vocês! Estou cada vez mais apaixonada por todos os reviews! Desculpem a demora para responder, mas eu sempre respondo todos! (acho que é o mínimo que eu posso fazer, né?!)

Bom, espero que tenham gostado, que continuem acompanhando e me apoiando como têm feito! =)

Não deixem de comentar! Ah, uma recomendaçãozinha não faz mal, que tal? :D

Falar nisso, obrigada Vicky_Cullen pela recomendação!

Ah, quem não acompanha, não esqueça de "Acompanhar História".

Um grande beijo!


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