Vicky. às Vezes, Vachel. escrita por Li-k


Capítulo 2
Explicações?




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Duas horas depois, Victoria murmurou o nome do rapaz e ele abriu a porta num instante - estava preocupado, apesar de não demonstrar.

A garota olhou profundamente em seus olhos e exclamou:

- Você me salvou. Você me trouxe aqui....por quê?! Eu não tenho mais nada!! Tudo foi tirado de mim! Alice! Ahh, Alice...por que não me deixou morrer....

- Você não está, de fato, viva - disse Andrew e suspirou, tentando criar coragem. Sentou na mesma cadeira e na mesma posição de antes.

-Ouça, te salvar também não estava nos meus planos. Eu iria apenas me aproveitar do desastre para conseguir alimento. Mas você...- retirou o cotovelo das pernas e e encostou as costas na cadeira - Você tinha potencial. Sim...tem potencial.

Ela o olhava completamente perdida tentando entender alguma coisa, mas ele logo continuou, aproximando seus rosto ao dela.

-Você sabe, não é? Sobre o seu tio Viktor. Sou como ele, ou melhor, agora somos como ele, e é por isso que você continua "viva".

Victoria arregalou os olhos, surpresa, mas não desesperada.

-Vamp...- escapou de seus lábios, mas o som daquela palavra pareceu amedrontá-la.

- Sim - continuou o rapaz, agora passando uma moeda entre os dedos. - Mas existem diferenças entre os vampiros: clãs. Eu, e agora você, somos do clã que recebeu a alcunha de clã dos loucos. Herdeiros do sangue de Malkav, aquele que viu a verdade, a mesma que corrompeu sua mente; por isso também somos chamados Malkavianos. - a moeda que corria em seus dedos desapareceu, e ele entrelaçou os dedos das mãos. - Não há, malkaviano algum, que escape da loucura e muitos jamais conseguem lhe dar com sua perturbação...Mas você já conhece isso.

-...o que está dizendo?- Lembrando  daquele momento em que tudo ficara branco: algo ocorrera naquele momento. Seria aquilo...a loucura? Ele notou a confusão estampada no rosto de Victoria.

-Você não sabe da outra você?

-O que quer dizer? - Sabia, era a garota do espelho. Só podia ser a garota do espelho.

-No fundo, você sabe, não é? Sabe quem matou aqueles homens. Sabe que existe alguém dividindo a mente com você. Sabe que tem outra per...

Ela ja desmaiara.

~

Os olhos se entreabriram, revelando a paisagem embaçada. Quanto tempo havia se passado? Não sabia, não queria saber. As pálpebras superiores se encontraram com as inferiores novamente. É assim que elam têm que ficar. Assim, podia sentir a pinicante barba ruiva de seu pai, podia dar as mãos à Alice e elas podiam andar juntas no jardim antes do chamado da mamãe para o jantar. Elas podiam se esconder e dar um susto na mamãe, o que sempre a deixava muito brava. Podia deitar na grama, podia ver as núvens branquinhas no céu azul e adormecer... pois Alice estava ao seu lado, segurando sua mão...

~

Acordou na noite seguinte, assustada. Estava numa posição pouco confortável, com os braços abertos esticados para as laterais e o rosto doía um pouco. Procurou levantar-se sem rodeios -  já havia ficado muito tempo na cama. Decidira não pensar em tudo o que acontecera, hoje iria explorar o local.

Acontece que...foi impedida de se levantar novamente.
"As ataduras parecem ter enroscado na cama, espere..."
Na verdade, estava amarrada.
"...????"

~

Andrew!! Andrew!! ANDREW!!! - gritou quase automaticamente, enquanto se debatia na cama. Parte de suas ataduras haviam sido presas com nós habilidosos nas laterais da cama. A maçã esquerda do rosto latejava como nunca, em seu vestido haviam gotas de sangue camufladas na seda de coloração rubra.

Andrew abriu a porta com rapidez mas não violência, tinha uma expressão irritada. Sua roupa estava diferente - trajes nobres de veludo vermelho, combinando perfeitamente com o corte que trazia no rosto, desde o nariz até a lateral do lábio. Ele caminhou até ela com passos pesados.

-Andrew, me tire daqui agora!!

Ele se aproximou e agarrou a gola do vestido da garota com força, fazendo-a erguer um pouco o tronco, encostou seu rosto bem junto ao dela e disse baixinho no tom mais duro que pode

- Pare com essa encenação, sabe que não vai adiantar. Não vou te soltar até aprender a ser uma boa menina. Acha que, depois disso - inclinou o rosto, mostrando o corte - ficará impune?

A feição de Vicky era do mais puro medo, e ela teria chorado se pudesse. Não disse nada, e nem foi preciso. Andrew se deu conta da situação.

-Ahh...é você. - suspirou aliviado e sentou na cama, de costas para ela. - Desculpe-me, você não precisava ter ouvido isso.

"É claro que sou eu", pensou, logo se dando conta de que isso não era verdade. É, agora tinha certeza: tinha outra personalidade, e ela não era nada boazinha. Ligou os pontos e entendeu o que tinha acontecido: a outra tinha atacado Andrew, Andrew havia lhe dado um belo de um soco no rosto e a amarrou para que não causasse mais problemas. Mas...por quê atacá-lo?

-Tudo bem...pode me soltar agora. - disse tranquilizando-o, e ele assim o fez. Finalmente livre Victoria tocou o rosto, esse estava com um inchaço enorme.

-Essa outra...- disse Andrew, colocando a mão direita na cabeça, indignado - Essa outra parece ser muito perigosa. Vim ver se você estava bem e fui atacado por um caco de vidro que veio juntamente com uma tentativa de mordida. Aparentemente ela estava com fome e eu parecia bem apetitoso - parou, olhou para o nada e disse para sí mesmo - Ou talvez ela buscasse pela minha alma...

- O que disse?

- Nada. Enfim, tive que bater nela, o que também implicou em bater em você, desculpe; e amarrá-la. Mas não pense que foi fácil, fui suficientemente ameaçado de morte. Ela também finge ser você...mas não tem esse rosto inocente que você tem.

-E como é...o rosto dela?

-Bem, é o seu, mas fechado e determinado, um pouco cruel. Parece que saem faíscas de seus olhos.

Victoria olhou para baixo, pensativa.

- Mas vamos. Consegue se levantar? Tenho muitas coisas a lhe mostrar hoje. Venha - disse Andrew, estendendo a mão para ela.

   Ela segurou sua mão, e conseguiu se levantar com facilidade - estava grata por não ter as pernas queimadas. Ele a conduziu para a porta.
   Victoria deu de cara com uma sala não muito grande, mas luxuosa, como o seu quarto. As paredes eram de pedras enormes e firmes. Havia alguns móveis de madeira escura muito bem trabalhada como o guarda-roupa do quarto, um deles com portas de vidro guardando belas louças brancas. No centro o chão se projetava para baixo, formando um nível inferior com formato circular, onde havia uma mesa com 8 cadeiras e um belíssimo tapete de desenhos persas. Além da porta de que tinha vindo, havia mais duas: uma na parede à sua esquerda, e outra no lado oposto da sala.

- Aquela é a porta de saída - disse Andrew, apontando para a porta do lado oposto da sala. - E aqui...bem, aqui é o meu quarto. Não entre sem bater - apontando para a outra porta, à direita. Voltou-se para trás, indicando o cômodo de onde tinham vindo

-Este pode ser seu quarto.

- Sim, mas...por que é tão pequeno?

-Considere isso um...esconderijo. - parou para avaliar as palavras, gostando do termo utilizado.

- E..aonde fica? Ainda estamos em Londres?

- Venha...vou lhe mostrar.

   Puxou-a pelo braço para o quarto onde ela havia acordado (que agora podia ser chamado de "quarto da Victoria"), foi até a janela selada com tiras de madeira e puxou-as com facilidade, revelando uma janela comum de madeira. Ele se afastou e fez um gesto para que Victoria assumisse. Ela se aproximou e abriu a janela lentamente.

   Um vento forte vento adentrou, penteando seus cabelos ruivos para trás. Ela deu de cara com uma lua cheia enorme que tonalizou seu rosto de azul, assim como todo o quarto. O céu noturno estava tão perto como nunca estivera para ela, cheio de ifinitas estrelas brilhantes, todas a observando.
Pendurou-se um pouco na pedra, olhou para baixo e...Como era alto!
  Via quase todos os telhadinhos da cidade, tão pequenos lá em baixo que pareciam de brinquedo. Por um momento imaginou se não houvessem pessoas na rua, ou se elas eram tão pequenas que mal daria para ver. Tudo parecia azul com aquela belíssima luz do luar. O vento continuava a afagar e brincar com os seus cabelos azuis, roçando na sua pele azul.

-Uau...- foi tudo o que conseguira dizer, sem tirar os olhos daquela paisagem utópica. Andrew se aproximou por trás, apoiando as mãos na pedra.

-Você está na torre mais alta da Igreja, e esse é o nosso esconderijo.

Victoria se inclinou um pouco mais e pode ver o pátio de pedra da igreja da cidade. Ela se impressionou como o vento uivava alto ou como podia ouvir o movimento nos andares inferiores, o horizonte também parecia estar muito mais distante do que já vira antes. Estava se perguntando se era disso que se tratava ser um vampiro, quando ouviu a voz de Andrew atrás dela.

- Bem-vinda à noite eterna.


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Notas finais do capítulo

Fiquei orgulhosa de mim nesse capítulo. Ela estava muito infeliz, Andrew decidiu dar uma pequena alegria à ela. Mas não pensem que seu sofrimento acabou...



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