Capítulo 3.

Marotagens oficiais.

Nos vemos na casa dos Weasley.

Com amor, mamãe.

Ágatha soltou um longo suspiro, terminando de enrolar o cachecol no pescoço. Sua mãe não poderia buscá-la na estação, então ela iria direto com os Weasley. Passaria o Natal na casa deles também, e Sally a visitaria na noite da ceia.

— Gatinha!

— Está pronta?

Virou-se para os gêmeos, parados no fim das escadas. Traziam uma mala cada um, e vestiam agasalhos parecidos. A neve estava densa naqueles dias, e o frio de arrasar. Ágatha nem via a hora de chegar na casa deles e se aconchegar na lareira quentinha.

— Sempre pronta.

A viagem até a estação King's Cross foi sossegada. Fred e George contaram sobre os irmãos mais velhos, que Ágatha conheceria na noite de Natal. Ela contou sobre a irmãzinha mais nova, que viajaria com a mãe para lá, e sobre a mais velha que não poderia participar das festas. Mas, depois, sem assunto de família, eles começaram a armar a volta à Hogwarts. Parecia besteira, já que estavam saindo para o feriado naquele momento, mas quanto antes melhor.

Assim que chegaram à estação, foram recepcionados pelo senhor e senhora Weasley. O primeiro que Ágatha nunca vira se mostrou extremamente simpático e divertido.

A casa dos Weasley, como sempre, era quentinha e aconchegante. Passava a sensação de lar, tal como Hogwarts.

Ágatha ficaria no quarto de Gina, que tinha mais espaço.

Gina era um amorzinho, e as duas se aproximaram tão logo se encontraram. Rony, por sua vez, parecia sempre tímido e quieto na presença da loira. Os gêmeos aproveitavam para tirar sarro do mais novo.

Enfim, a noite de Natal chegou. Os irmãos mais velhos de Fred e George apareceram pela noite. Charlie e Bill. Ágatha ficou meio sem graça perto deles, mas os dois foram muito simpáticos quando conversaram com a garota. Percy foi o mais quieto, preferindo a companhia de um livro.

— Querida! – assim que terminou de descer as escadas, ouviu sua mãe exclamando. Ela abraçou a garota com força, erguendo-a do chão. Ágatha retribuiu o abraço sorridente.

A noite seguiu-se animada. Os gêmeos fizeram uns feitiços geniais para as abóboras mexerem as expressões, além de ficarem piscando. Gina e Isabelle, irmã mais nova de Ágatha, não se desgrudaram. Isabelle tinha seis anos, e não era tão pequena quanto os gêmeos imaginavam que fosse. Ágatha sempre falava dela como um bebezão. A irmã mais velha das duas, Jenna, trabalhava na escola Beauxbatons, por isso não pudera comparecer à festa.

Depois de muito tempo, com a família e os amigos reunidos, Ágatha aproveitou uma noite inteira de diversão.

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— Feliz Natal! - Ágatha exaltou para os gêmeos. Os dois pularam nos respectivos beliches, assustados pela aparição repentina. Ela exibia um sorriso enorme, o cabelo bagunçado e a cara um pouco amassada. Vestia uma camisola longa com flores variadas e coloridas enfeitando todo o tecido.

— Que horas são? – Fred indagou sonolento.

— Oito e meia. – Ágatha sentou-se no chão à frente do beliche. Trazia nas mãos um embrulho bastante grande, cheio de fitas e com um papel colorido. Fred pendurou-se no próprio beliche, de modo que conseguisse olhar para o irmão no debaixo.

— Sério mesmo que ela acordou a gente agora? – ele reclamou, mas George deu de ombros, rindo.

— Foi por uma boa causa.

— Isso mesmo, agora desçam daí! – Ágatha exclamou impaciente. Depois de mais alguns minutos de reclamações, ambos saíram de suas camas.

— Feliz Natal, Fred! – abraçou ele primeiro, gritando em seu ouvido. O ruivo gemeu, mas retribuiu o gesto, risonho. Depois, a garota saltou em um abraço com George. – Feliz Natal, George!

— Por que você gritou na minha orelha e na dele não? – Fred reclamou.

— Porque eu quis.

— Cadê o presente, baixinha?

Ágatha estendeu o embrulho, assistindo enquanto os gêmeos abriam a caixa, sorrindo nervosa para as expressões de choque dos dois.

— Eu fiquei horas pensando no que poderia comprar. E de repente me veio a ideia: se eles têm todos os artefatos para realizar as brincadeiras, porque não um local seguro pra guardar tudo? – Ágatha sorriu ao finalizar o discurso, mas o sorriso tremeu com o silêncio deles. – Falem alguma coisa!

— Que... – George começou pensativo e ainda surpreso.

—... Demais! – Fred completou sorridente. O irmão assentiu.

— Obrigada, gatinha! - eles exaltaram juntos.

O presente de Ágatha era algo simples, mas que vinha do coração.

Uma grande caixa de madeira com vários suportes dentro, onde os gêmeos poderiam guardar todos os tipos de poções e objetos para aprontar suas marotagens. Na tampa, Ágatha escrevera e pintara de amarelo gema, Weasley e Weasley.

xXx

— Vocês reclamam demais, sabia? – Ágatha riu de leve, sentando-se no chão à frente do sofá.

Quase dois meses depois da volta às aulas, os três encontravam-se no Salão Comunal da Grifinória. Snape providenciara um belo teste surpresa naquele dia e, pelo jeito, os gêmeos não se deram tão bem. Ágatha se mostrava radiante, principalmente por ter conseguido a segunda nota mais alta da sala. Para uma Grifinória, em uma aula com Snape, aquilo era um fato histórico.

— Você fica aí, toda sorrisinhos, porque não vai receber um berrador da mamãe...

— Ela explodiria de recebesse um berrador. – George comentou pensativo.

— Ei, eu sei o que é sentir pressão de casa, tá bem? Por isso tô estudando tanto, seus tontos. – Ágatha resmungou. – Sem falar que Poções é uma das matérias requisitadas para o curso de Curandeira.

— Já está pensando no que vai fazer quando sair daqui? – Fred recuou incrédulo.

— Claro. Vocês não?

— Tirando o fato de que estamos com DOZE ANOS então calma aí, madame...

— ...Nunca gostamos da carreira acadêmica...

—... Mas mamãe nos mata se bolarmos algo que não vá pelos caminhos de Hogwarts. – George rolou os olhos, assim como o irmão. Ágatha encarou um e outro seguidamente.

— Algo me diz que é exatamente por esse caminho que vocês vão.

— Quem sabe né. O futuro é um mistério. – Fred deu de ombros.

— Por falar em futuro, vocês viram a nova professora de Adivinhação? – Ágatha se animou. Ela mal podia esperar pelo terceiro ano, onde finalmente faria cursos extras. Fred e George entreolharam-se, soltando um longo suspiro entediado.

— Ela parece ter esquecido a sanidade dela numa bola de cristal. – George comentou brincalhão.

— A maioria dos nossos professores fez isso. – Fred concluiu.

— Usberco é o pior.

— Ágatha? – os três cessaram os risos, virando-se para Abigail.

Ela sorriu, o rosto branco ganhando uma coloração avermelhada rapidamente.

Trazia nas mãos três grandes livros, todos de Herbologia.

— T-temos que terminar aquele... Aquele trabalho lembra? – Abigail engoliu em seco, mantendo o olhar firme na amiga. Fred e George divertiam-se com a timidez da garota, sorrindo simpaticamente e quase rindo pela situação.

— Claro. Só um minuto! – ergueu-se apressadamente. Na pressa, tropeçou na perna esticada de Fred, logo à sua frente. O resultado foi imediato: um baque bem forte do seu corpo contra o chão. Todos os alunos que estavam no salão ficaram quietos, assustados com o tombo.

— Eu tô bem. – Ágatha murmurou ressentida. Fred e George eram os únicos que se divertiam com aquilo. Foram até lá para ajudar a amiga a se levantar, e ela o fez rindo, o que aliviou a cena. – A gravidade continua funcionando perfeitamente bem, senhores.

— Você está mesmo bem? – Abigail perguntou assustada, sentando-se numa das mesas do salão. Ágatha esfregou a testa.

— Isso não foi nada. As escadas é que são meu verdadeiro inimigo.

— Que trabalho é esse de vocês? – Fred indagou curioso, inclinando-se sobre o ombro direito da loira. George fez o mesmo sobre o esquerdo, observando o pergaminho na mesa.

— Uma pesquisa sobre mandrágoras. – Ágatha explicou. – Que vocês também deveriam estar fazendo, agora que eu parei pra pensar... – os gêmeos entreolharam-se aos risos, recebendo um esgar da amiga.

— Além do mais...

— Temos coisas mais importantes pra fazer agora.

— Tipo o quê?

— Fred! George! – o quarteto se virou para Angelina, que descia as escadas vestindo o uniforme do time de Quadribol. - Não se esqueçam do treino!

— Isso. - George gesticulou para a saída do salão.

— Nos vemos mais tarde, gatinhas. – Fred reverenciou as duas, e depois disparou com o gêmeo para o dormitório masculino. Ágatha esperou os dois se afastarem para amarrar a cara.

— Calma. O ano está quase acabando. - Abigail riu amigavelmente.

— E daí?

— Ano que vem você entra no time.

xXx

— Sério mesmo? Em dia de prova? – Ágatha exclamou indignada. Fred e George assentiram risonhos. A loira soltou um longo suspiro, voltando os olhos para a leitura do livro de Transfiguração. Logo depois do almoço naquele dia, eles teriam o teste da matéria. Os gêmeos não pareciam preocupados, já que se preocupavam em armar uma brincadeira com Filch do que estudar.

— Qual é, Ágatha. Vai mesmo ficar aí enquanto aprontamos uma das melhores do ano? – Fred cutucou, mas a loira ignorou. – Vamos lá!

— Você vai ficar se roendo de arrependimento...

—... E quando estiver mais velha, não vai poder dizer aos seus netos que participou disso...

—... Não vai me dizer que está com medo?

— Mas que inferno vocês dois! - ela bateu com o livro na mesa, ganhando expressões animadas de volta. - Eu vou! Só me expliquem essa birosca de plano antes.

Os dois explicaram absolutamente tudo o que fariam. Seria logo após a prova, para que todos os alunos pudessem assistir. Principalmente os que estariam fazendo as N.O.M.'s.

— Preparada? – Fred inclinou-se na própria carteira, sussurrando sobre o ombro de Ágatha. Ela se virou surpresa, mas sorriu.

— Senhorita Blake. Senhores Weasley. Sem conversa agora. – Minerva advertiu. Com um movimento da varinha, os pergaminhos de provas voaram até a mesa deles.

Ágatha conseguiu resolver todas as questões com rapidez. Assim que entregou as provas, viu os gêmeos se levantando também. Seu olhar abismado foi de um irmão para o outro, sem entender a rapidez deles, não com todas aquelas perguntas complicadas. Fred e George devolveram os pergaminhos totalmente completos e explicados, e arrastaram uma Ágatha confusa para fora da sala.

— Como assim vocês terminaram junto comigo?

— Ué, duvida da nossa capacidade de raciocínio lógico? – Fred retrucou.

— Duvido.

— Nossa, doeu.

— Tá bem, tá bem. Vamos logo com a brincadeira. Se é pra me ferrar, que seja enquanto eu ainda tenho coragem.

Uma poção do sono poderosa, roubada do estoque de Snape, havia sido colocada em alguns bolinhos - que foram dados ao Filch. Enquanto Ágatha ficara estudando mais cedo, os gêmeos certificaram-se de que ele dormia feito uma pedra. Com um simples feitiço, transfiguraram as roupas do zelador em peças bregas e coloridas, cheias de plumas e camadas de tecido pesadas. Além de pintar seu rosto como o de um palhaço.

O efeito da poção estava acabando naquele momento, por isso Ágatha correu até a sala dele, gritando desesperada que havia um ataque de ogros no corredor da sala de Transfiguração. O zelador, infelizmente, acreditou, e vestindo como um palhaço, saiu correndo com ela. Meio zonzo pelo efeito da poção, nem reparou em suas próprias roupas.

Assim que chegou ao corredor, os gêmeos lançaram sobre ele um feitiço bem simples de mímica. Tudo que um deles fazia, o zelador imitava. Mas contando o fato do pobre coitado parecer ter saído de um circo, ficar ali no meio do corredor dançando como um dos gêmeos fazia escondido, era algo bem mais engraçado.

Só para completar, Ágatha ligou nos auto-falantes da escola uma música estilo salsa alta o suficiente para chamar a atenção de todos que haviam acabado as provas, e também os que faziam.

Até mesmo McGonagall rendeu-se a umas belas gargalhadas, parada na porta. A cena do zelador dançando salsa e xingando aos quatro ventos seria inesquecível.

xXx

— É, também acho que minha mãe quer arrancar meu couro. – Ágatha comentou, sentando-se na cama de um dos gêmeos. Fred terminava de arrumar a própria mala, enquanto George procurava um dos pares do tênis.

— Enfim. Mamãe até que achou engraçado, mas acho que vamos enfrentar um belo castigo. – George deu de ombros, voltando à procura pelo tênis.

— Accio tênis. – Ágatha murmurou, erguendo a varinha. O par que faltava apareceu de trás do armário, voando até a mala do ruivo. A garota sorriu satisfeita.

— Obrigado. – ele murmurou surpreso.

— E ai, vai pra nossa casa nas férias? – Fred indagou curioso.

— Não sei... Talvez... Pode ser. – a garota deu de ombros. – Mas a gente se vê ano que vem, caso eu não veja vocês nas férias. – ela piscou. – Rony vem pra cá, não é?

— É... Agora sim ele vai ficar vermelho o tempo todo. – Fred e George riram.

— Coitadinho. Ele é tão fofo. – Ágatha sorriu, apertando as bochechas de Fred em provocação. – Vocês deveriam ser mais como ele.

— Filhinha, somos únicos.

— Ninguém supera. – George completou, sorrindo.

Ágatha riu, balançando a cabeça. Mas até que concordava com a parte do "insuperáveis".

Continua...