Dont Stop Believin escrita por Nizz e Cherry


Capítulo 15
Capítulo 14




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Capítulo 14

You make me smile...

O Beco Diagonal estava sossegado naquela manhã de sábado. Várias lojas estavam fechadas por tempo indeterminado graças aos ataques que vinham acontecendo desde a volta de Você-Sabe-Quem. Claro que não impedia uma loja, naquele outrora movimentado lugar, de funcionar. Uma loja pra lá de famosa, apesar de estar funcionando há pouco tempo. Seus donos, famosos desde muito antes da existência da loja, não deixariam de abrir o comércio para os alunos que ingressariam ou retornavam a Hogwarts naquele ano – freguesia pra lá de especial, era o que diziam. Além de muitas outras pessoas que, em tempos como aqueles, pensavam em rir um pouco.

Esses mesmos donos da tal loja, àquela hora da manhã, faziam algo deveras inútil: roncavam alto. Apesar de o sono ser mais do que merecido.

Eles, afinal de contas, não tinham qualquer motivo de abrir a loja de logros às sete e meia da manhã de um sábado – as crianças e adolescentes interessados nos produtos da loja geralmente vinham à tarde, quando os pais estavam ocupados em outros afazeres. Mas eles se enganavam quando pensavam que não receberiam qualquer visitante naquele horário. Uma, em especial, tinha esse privilégio – de tirar os famosos gêmeos Weasley da cama. E foi essa pessoa quem parou em frente às Gemialidades Weasley, vestida de maneira elegante, diferentemente das roupas simples que geralmente preferia usar.

Ela tirou uma chave da bolsa. Porque, é claro, tinha acesso a uma chave. Ela tinha se tornado sócia dos dois assim que saíra de Hogwarts, por pedido dos irmãos.

Mas não era para isso que ela viera ali naquela manhã. Não... Ágatha Blake Lupin tinha motivos mais interessantes para acordar aqueles dois às sete e meia de um sábado. Assim que passou pela porta, recém aberta com a cópia da chave, o sininho avisou sobre ela. Fechando-a atrás de si, ela tirou o casaco que vestia e contemplou aquele divertido estabelecimento com um sorriso no rosto.

A loira começou a caminhar pelo local, examinando cada peça peculiar com humor. Era cada invenção maluca que se encontrava que Ágatha tinha até de se precaver ao pisar no chão. Desastrada como era, sabe-se lá o que causaria tropeçando num daqueles objetos mágicos. Mas não foi preciso andar muito até que ouviu CRACK atrás de si. Esperava ter derrubado alguma coisa, mas ao virar-se deu de cara com dois ruivos sonolentos vestindo pijamas idênticos, mas de cores inversas, e segurando dois tacos de Quadribol.

MAS QUE PUTA QUE PARIU ACONTECEU AQUI? PELAS CUECAS LARGAS DE MERLIN, CRIATURA VOCÊ QUER MORRER? EU FACILITO PRA VOCÊ! – George exclamou assim que conseguiu fixar seus olhos vermelhos de sono em Ágatha, que não parecia abalada com seus gritos.

- O que demônios da profunda e vil vala do inferno você pensa que está fazendo? – Fred indagou igualmente sonolento, abaixando o taco de Quadribol que outrora preparara para acertar na cabeça de Ágatha.

- Vim visitá-los. – ela disse simplesmente, com o mesmo sorriso de antes exibido no rosto.

- Ah, sério? Mas sabia, Ágatha querida, que no nosso quarto, esse sininho singelo e discreto dali... – George apontou para a porta. – toca dez vezes mais alto quando um intruso invade nossa loja ANTES DELA ESTAR ABERTA?

- SÉRIO? – ela exclamou boquiaberta. Fred e George assentiram, parecendo satisfeitos por abalar a garota. Talvez agora ela se sentisse culpada por tê-los acordado. – Me deixa ver essa invenção? Que demais!

- Ágatha! – Fred exclamou indignado. – Dá pra explicar sua visita? Às sete da manhã? Não podia esperar a loja abrir? OU PELO MENOS A GENTE ACORDAR? – Ágatha sorriu para ele, um sorriso brincalhão e ao mesmo tempo maroto, que fez Fred parar a gritaria. Ela encaminhou-se até ele, abraçando-o pelos ombros.

- Domando pela gata. – George murmurou incrédulo. – O que salva a humanidade agora, meu pai?

- George, calado. – Ágatha pediu. – Porque você vai querer saber da Abigail depois, ou não vai? – ela arqueou uma sobrancelha para ele, e ele revidou semi-cerrando os olhos. Mas desistiu, erguendo o taco de Quadribol para o alto e aparatando para o andar de cima.

- Vamos lá, o que precisa falar de tão importante? – Fred indagou antes que Ágatha o beijasse. Ela fez um bico e franziu a testa, encarando-o indignada.

- Eu venho aqui com todo o meu amor, sou recebida por tacos de quadribol e ainda rejeitada pelo meu namorado? Fred Weasley, você quer se tornar um ruivo nocauteado, certo?

- Ágatha... – ele resmungou, fazendo-a rolar os olhos, mas assentir.

- Muito bem, vamos lá pra cima, é uma notícia que eu preciso dar para os dois! – ela exclamou animada, com um sorriso tão grande no rosto que fez o ruivo sorrir involuntariamente.

- E vem cá... Por que essa roupa? Vai pra algum evento social? – Fred indagou curioso, finalmente admirando a vestimenta da loira. Ela riu, dando de ombros. Usava um vestido preto, justo desde as mangas curtas até a bainha da saia – que ficava um pouco acima dos joelhos. O decote era largo, mas nada exagerado, com o contorno em uma linda renda cor de vinho. Os sapatos vermelhos de veludo eram altos e de bico redondo, e seu cabelo louro estava preso numa trança alta e muito firme.

- Vou até o Ministério mais tarde. – ela explicou e o ruivo arregalou os olhos. – Não vou me candidatar a nada, Fred, sossegue. – ela não pode deixar de rir, rolando os olhos para ele. – Vamos lá para cima que eu explico tudo.

O quarto dos gêmeos não era lá um grande exemplo de organização e arrumação, tanto que, a primeira coisa que Ágatha fez ao pisar ali foi tropeçar em uma caixa de tamanho médio, colocada quase que estrategicamente naquele lugar para fazer alguém cair. A loira foi amparada por Fred antes de estatelar sua cara no chão, sendo recebida por gargalhadas de George – que estava esparramado na cama do canto direito do cômodo.

- Esse lugar é sempre tão receptivo. – ela comentou, desviando-se de mais duas caixas dispostas em lugares perigosos. – Por Merlin, vocês não usam magia para, pelo menos, tirar o pó daqui de dentro? – a loira espirrou assim que terminou de falar, olhando feio para os dois.

- Podemos arrumar isso aqui quando quisermos. – George disse casualmente.

- Só não queremos agora. Ainda estamos nos acostumando com a mudança, tentando organizar algumas caixas de produtos antigos...

- Infectando-se com poeira e micróbios de todas as espécies. – Ágatha comentou, correndo os olhos pelo resto do quarto. A cama de Fred ficava do lado esquerdo, e com exceção das camas, muitas coisas ainda estavam empacotadas. O que fazia aquele quarto parecer mais um depósito.

- Vamos lá, loira, desembucha. – George pediu impaciente, recebendo como resposta um olhar nada gentil de Ágatha.

- Muito bem, vou explicar o porquê da minha visita. – ela começou a falar, e seu tom de voz era um misto de emoção e animação. – Eu estava na minha casa ontem, como sempre faço em todas as noites, logicamente, quando uma coruja bateu na minha janela. E era uma coruja estranha, não parecia com nenhuma pertencente a qualquer um dos meus amigos ou familiares próximos. Reparem que eu disse próximos num sentido de: que vivem em Londres.

- Ágatha... Pula pra parte principal. – Fred resmungou.

- Muito bem. A coruja era do meu tio-avô, que mora na Itália, e dizia que eu tinha sido aceita pro curso que ele ministra lá naquele país. Era o curso de curandeira que eu estava querendo tanto! Eu passei! – ela exclamou emocionada, dando pulinhos de felicidade. Fred e George entreolharam-se, o segundo com a maior expressão de sono possível.

- Ágatha... Você nos acordou MESMO às sete e meia da manhã para falar isso?

- Como é? – ela parou de saltitar e franziu o cenho para ele, armando sua cara de fúria. Fred lançou ao irmão um olhar de medo, e fez um sinal para ele se calar.

- Que pena George, porque logo após dar essa minha notícia que, apesar de fazer de mim uma pessoa incrivelmente feliz, parece não importar muito para os meus melhores amigos, eu iria lhe comunicar uma outra notícia, dessa vez sobre a Abigail. Uma pena mesmo, não acha? – deu um sorrisinho malvado, fazendo o ruivo bufar.

- Fred, me ajuda aqui com a sua namorada?

- Ah, agora você quer ajuda do seu irmão e não do domado pela gata? Desculpe, ele está ausente no momento, favor deixar recado após o BIP. – Fred replicou rindo, fazendo Ágatha rir também. George mesmo não se conteve.

- Muito bem, Ágatha, conte-nos sua história detalhadamente para que possamos comemorar com a sua pessoa. – George disse emocionadamente, enquanto sorria para a amiga. Ela arqueou uma sobrancelha, imaginando se tratava-se de um truque dele para saber da notícia sobre Abigail ou se era uma colocação verdadeira.

- Ok. – ela assentiu depois de alguns segundos em silêncio. Sentou-se na cama de Fred, armando sua expressão de animação novamente.

- Você disse sobre o curso, mas falou tão rápido que eu nem pude ouvir direito. Para onde você vai mesmo? – Fred indagou curioso, parecendo um pouco apreensivo.

- Então, é ai que está a coisa complicada. – ela suspirou pesadamente. – Meu tio-avô, vamos chamá-lo por Howard porque ai fica tudo mais fácil... Pois bem, o Howard ministra o curso preparatório para curandeiros, já que é um desde que tinha vinte e cinco anos.

- E agora quanto ele tem?

- Cinqüenta e dois. – os gêmeos arregalaram os olhos. – Pois é. – Ágatha deu risada e continuou seu falatório. – Ele é um gênio em tudo que se pode pensar sobre enfermagem de bruxos feridos, nocauteados, sem membros ou qualquer outra coisa disponível para sua locomoção até o St. Mungus. E ele me disse que se eu conseguisse manter um ano de curso, arranjaria um estágio no St. Mungus para mim. – ela disse com um largo sorriso no rosto.

- Mas, repita de novo, onde é que ele dá essas aulas tão fantásticas? – Fred indagou.

- Na Itália... Em Roma, para ser mais precisa. Lá eles têm uma espécie de escola preparatória para bruxos formados. É uma instituição muito renomada. McGonagall já tinha me falado dela uma vez. E quando eu comentei com a mamãe o curso que eu queria seguir, ela sugeriu que eu conversasse com Howard.

- Ele é o seu tio-avô, certo? Irmão de quem?

- Da minha avó. – ela resmungou. – É, ele é um bruxo e ela não. Imaginem que o rancor dela meio que veio dessa parte da família... E então acontece da minha mãe também se tornar uma. Imagine como a vovó ficou irritada.

- Poxa... Que família complicada. – George comentou brincalhão, e ela assentiu enquanto ria.

- Você vai para a Itália? Por um ano? – Fred indagou assombrado.

- É... A intenção é essa. – Ágatha disse sem jeito, não ousando encará-lo. – Então eu vim aqui para pedir a vocês se não tem problema que eu os abandone por um período curto de tempo... Por eu ser sócia da loja e tudo mais.

- Claro que tem problema. – George replicou indignado. – Ora essa, abandonar a gente durante um ano! Como acha que vamos sobreviver a essa tormenta? – ele exclamou sério e Ágatha riu ao se tocar que era brincadeira, mas não antes de se assustar com ele.

- Não é bem o que eu chamaria de período curto de tempo. – Fred comentou em voz baixa, mas Ágatha ouviu.

- Eu sei... Mas imagino que eu vá ter férias... E logo que eu acabar esse curso eu vou voltar! Além do mais, vou falar com vocês por cartas... – ela falou meio que desesperada, parecendo indecisa. – Eu não queria ir para tão longe, mas é minha única chance de...

- Hei, gatinha, sossegue. Nós sabemos. – Fred exclamou tranqüilizando-a, mas Ágatha viu em seus olhos uma leve tristeza.

- Não vamos te desassociar das Gemialidades só porque você vai viajar para estudar. – George acrescentou.

- É... – ela assentiu, sorrindo brevemente. – Ah, eu tinha outra coisa para contar.

- Não vá me dizer que também tem um curso no Brasil?

- Na verdade até tem, mas eu não tentei esse. – ela caiu na risada assim que viu a cara dos dois, rolando os olhos para eles. – O que eu queria dizer é que eu consegui comprar aquele apartamento em Londres! Estou oficialmente morando sozinha! – ela sorriu alegremente.

- Você comprou um apartamento agora que vai viajar? – Fred indagou confuso.

- É, mas é para eu morar quando voltar, besta! – ela replicou rindo, dando alguns tapas em Fred.

- O amor... – George comentou brincalhão.

- Ah, por falar em amor George... A Abigail avisou que vai chegar de viagem semana que vem, e que não está conseguindo lhe mandar corujas porque a mãe dela a proibiu. Ela quer uma semana só entre familiares, algo assim. – Ágatha disse.

- E como você falou com ela, mesmo? – George indagou confuso.

- Por um telefone.

- Perdão?

- Acho que o papai já mencionou sobre eles. – Fred comentou pensativo. – Mas eu não me lembro com certeza...

- Papai tem um guardado. Ele adora essas coisas de trouxas. – George disse e o gêmeo assentiu.

- É... E deve ser engraçado poder falar com alguém que está tão longe usando um objeto pequeno como aquele...

- Enfim! – Ágatha interrompeu-os sorridente. – Eu vou ter que ir ao Ministério mais tarde para pegar uma papelada para minha viagem, mas até lá, posso ajudar com alguma coisa aqui na loja? Vai ser bom colocar a mão na massa... – ela disse animada.

- Nós tememos por você colocando a mão na massa... – George comentou divertidamente.

- É. Tem todo aquele perigo de explosões e desastres catastróficos quando Ágatha está por perto, sabe? – Fred continuou, fugindo dos tapas que a loira distribuiu nos dois em seguida.

xXx

- Que lugar é esse? – Ágatha indagou em meio à escuridão daquele cômodo. Ele ficava debaixo da loja de logros dos gêmeos, e estava sendo usado como depósito para diversas e variadas caixas – algumas contendo objetos pessoais que eles haviam trazido da Toca, outras com produtos estocados. Podia-se encontrar qualquer coisa se procurasse em meio àquelas caixas.

- É o nosso segundo depósito. O que fica atrás da loja é o oficial, esse é o temporário. – Fred explicou enquanto tirava a varinha do casaco e murmurava – Lumus. – o cômodo ficou iluminado, mostrando suas paredes tingidas em um tom de pêssego desbotado e o chão de madeira completamente empoeirado.

- Por Merlin, vocês precisam mesmo arranjar uma faxineira. – Ágatha comentou divertidamente, caminhando pelo espaçoso cômodo.

- Achamos que esse porão era mais usado como quarto do que como porão em si. – Fred disse distraidamente, enquanto examinava as caixas localizadas nos cantos. Ágatha encontrou uma lamparina e a acendeu com um toque da varinha, iluminando melhor o espaço em que se encontravam. Parou ao lado de Fred quando viu que ele abria uma das caixas.

- O que você achou ai? – ela indagou curiosa, ficando na ponta dos pés para espiar por cima do ombro dele. – MERLIN, EU ME LEMBRO DESSA FOTO! – Ágatha exclamou rindo, enquanto adiantava-se para pegar o porta-retrato da mão dele. – Tiramos naquele fim de semana que fomos clandestinamente à Hogsmeade. No primeiro ano, certo?

- Correto. – ele disse sorridente. – Foi quando eu e George deciframos o mapa do maroto. – Fred comentou enquanto observava a si mesmo, seu irmão e Ágatha muito mais novos, acenando e sorrindo na foto. Os dois carregavam sacolas de produtos das Zonko's e Ágatha trazia um pacote de doces da Dedosdemel.

- Foi um dos melhores fins de semana da minha vida. – Ágatha comentou distraidamente. Fred virou-se surpreso para ela. – É sério! Foi quando eu me aproximei mais de vocês dois... Eu já os achava incrivelmente divertidos e descolados, e quando vocês tiveram a brilhante ideia de decifrar o mapa, enquanto eu teimava que era impossível, e conseguiram, eu fiquei ainda mais emocionada em poder dizer que era amiga dos dois. – Fred sorriu mais ainda para ela, notando como as bochechas de Ágatha tinha ficado vermelhas com a confissão e como ela desviava os olhos dos dele para a foto, provavelmente morrendo de vergonha.

- É... E eu tenho que admitir que te achava extremamente irritante naquela época. – ele brincou, abraçando-a pela cintura. – Mas, devo admitir de novo, você era bem fofinha.

- Fofinha? – ela riu. – Eu era desengonçada, quero dizer... Ainda sou, mas acho que consigo me controlar um pouco mais. – Fred arqueou uma sobrancelha e a loira assentiu. – Tudo bem, ainda sou a mesma desastrada de antes.

- E isso é um charme, em minha opinião.

- Eu ser desastrada? – ela afastou-se um pouco dele para poder rir.

- Exato. Porque foi esse seu jeito seu de ser desastrada e sem vergonha de mostrar quem é que me deixou completamente apaixonado. Assim como o jeito que você se dedica completamente aos estudos, as suas tentativas incansáveis de tentar colocar eu e o George na linha, mesmo sabendo que não iria funcionar... – ele confessou risonho. - Como você fica absurdamente linda irritada comigo, ou mesmo quando está com ciúmes. O modo como o seu beijo é anestesiante depois de qualquer discussão idiota que a gente tenha, além, é claro, desses olhos verdes incrivelmente lindos que eu não canso de encarar. – Ágatha se encontrava em um grau de vermelhidão tão grande quando ele acabou de falar que a única coisa que foi capaz de fazer foi esconder seu rosto, apoiando-o na curva do pescoço dele.

- Ser desastrada não é o que eu chamaria de qualidade. – Ágatha conseguiu comentar com sua absurda vergonha. – Você me deixou muito sem graça, Fred, seu bobão. – ela resmungou, fazendo-o rir também.

- Ah, mas me diga se essa declaração ao menos merece um Aceitável. – ele pediu brincando, esperando que ela o encarasse. Ágatha afastou-se do abraço com um olhar indignado. – O que? Nem um Aceitável eu consegui? Vou ser reprovado?

- Reprovado, Fred Weasley? Foi a coisa mais linda que você já me disse desde o Baile de Inverno, como você pode achar que vai ser reprovado? Eu é que vou ser reprovada, porque eu não mereço tantos elogios! – ela gritou dando alguns socos no ombro dele. – Você é o cara mais engraçado, charmoso, estupidamente lindo e idiota que eu já conheci na minha vida! Você é o único que consegue me fazer ficar absurdamente sem graça com elogios tão lindos, porque eu não mereço todos eles! Você é o incrível em metade da minha vida. Você é o meu melhor amigo desde que eu tenho onze anos, e o amor da minha vida desde que eu te conheci. Só que eu fui idiota o bastante pra não perceber antes! Eu não quero ir para a Itália, não quero ficar longe de você nem um segundo a mais! – ela abraçou-o pelos ombros com força, sendo abraçada com a mesma força de volta. – Eu... E-eu não quero mais ir. – Ágatha confessou, prendendo a respiração. Era assustador ficar tão confusa daquele jeito. Tão indecisa entre duas coisas tão importantes na sua vida.

- Hei, hei... – ele murmurou, afastando-se dela para segurar seu rosto e olhar em seus olhos. – Você acha mesmo que eu vou deixar você largar essa oportunidade de ouro que está tendo?

- Mas é muito tempo... Eu mal agüentei aqueles meses em Hogwarts, no fim do ano. – a loira confessou, piscando repetidas vezes para reprimir as lágrimas. – Eu sou uma fracote, beleza? Eu preciso ficar perto de você o tempo todo, ainda mais nesses tempos, com Você-Sabe-Quem por ai. Eu tenho tanto medo de que algo aconteça, porque nunca sabemos o que pode acontec... – Fred calou-a com um beijo, fazendo Ágatha suspirar de alívio por ele tê-la calado. Ela costumava falar tanto quando ficava nervosa, e só ele tinha esse poder de acalmá-la.

- Eu ainda odeio quando você faz isso. – ela murmurou meio irritada, mas com um sorriso nos lábios. – Eu fico despreparada e você tira o meu fôlego rápido demais. – o ruivo sorriu maliciosamente, fazendo-a rir. – E pelo jeito, nem se acha por causa disso... E ahm... Desculpe-me por ser tão exagerada.

- Tudo bem Ágatha. Eu já estou acostumado com isso há um bom tempo. – ele disse sorrindo.

- Então... Você acha que eu devo ir?

- Mas claro que deve! – ele exclamou. – Você merece isso Ágatha. Estudou tanto, lutou tanto... Não tem que ter medo de nada, nada vai acontecer. – ela assentiu, parecendo mais confiante naquele momento.

- Você sempre me confunde, sabia? – ela comentou divertidamente, abraçando-o pela cintura.

- Confundo? Mas em que sentido?

- Em todos! Deixa toda a minha cabeça pirada. Eu não consigo me decidir quando você fica se declarando de um jeito tão mordível como o de agora há pouco. – ela armou um bico para ele, fazendo-o rir.

- Mordível?

- Exatamente. – ela disse rindo, mordendo de leve o pescoço dele. Fred estremeceu, fazendo-a sorrir maliciosamente. – Aha... Encontrei seu ponto fraco.

- Por sorte, eu também sei o seu. – ele puxou-a para lascar um beijo intenso na boca da loira. Ela sorriu entre seus lábios.

- Mas então... Quer me contar do seu curso? – Fred indagou curioso assim que se separaram daquele beijo ardente. Ágatha pareceu um pouco desnorteada, mas assentiu.

- O que quer saber?

- É um curso só para mulheres, certo? – ela começou a rir descontroladamente com o comentário dele. – Eu estou falando sério! Não vou deixar minha namorada solta com um bando de italianos salientes por lá...

- Fred... Você ainda não entendeu que eu sou  sua? Assim como você é só meu? – ela indagou com as mãos na cintura. – Nenhum italiano superaria o amor que eu tenho por você.

- É, eu fico satisfeito em ouvir essas palavras. – ele sorriu, beijando-a novamente.

- Muito bem, o curso certo? – Ágatha separou-se dele com um sorrisinho maroto nos lábios. – Eu vou ter aulas de Poções e Feitiços, além de aprender mais sobre Criaturas Mágicas e Transfiguração... Meu tio-avô me contou na carta que eu também vou aprender sobre enfermagem, como fazer curativos e bandagens por causa dos feridos e tudo mais... Vai ser uma temporada interessante, eu acredito.

- Fico orgulhoso por você ter conseguido o que queria. Se esforçou muito nesses sete anos de escola. – Fred comentou.

- É bom ver como o nosso esforço vale a pena. Você e o George com essa loja, eu com o meu curso, Abigail praticamente começando o seu também...

- Alguns esforços valem a pena... – Fred disse pensativo. – Como meu esforço para conquistar você. – Ágatha riu.

- Que eu me lembre, o esforço foi mais meu que seu. – ela disse divertidamente.

- Ah, eu posso não ter demonstrado, mas eu ia, lentamente, tentando te conquistar desde que você começou a se interessar pelo Wood. – Fred sorriu enigmaticamente. – E vou continuar com esse esforço até o fim.

- Fred, você está tão romântico hoje. – ela comentou abraçando-o pelos ombros. – Tome cuidado para sua reserva de romantismo não acabar. – brincou, fazendo-o rir.

- Para você, nunca acaba.

- Fico feliz. Porque quando eu voltar dessa viagem, vou querer você todinho romântico pra mim. – ela sussurrou a milímetros dos lábios dele. Mas quando estavam quase se beijando, a porta daquele depósito foi aberta e um George pra lá de irritado apareceu.

- Vem cá... Vocês não me ouvem quando eu digo que NÃO QUERO UM SOBRINHO ANTES DA HORA?

xXx

- Um ano é tanto tempo, querida. – senhora Weasley comentou, mas tratou logo de armar um animado sorriso. – Mas é bom ver que seus estudos a levaram ao seu objetivo. Fico muito feliz por você Ágatha. – ela deu um tapinha na bochecha de Ágatha, fazendo-a rir.

- Espero que passe rápido. Também acho que um ano é muito tempo. – Ágatha disse levemente desanimada, mas sem deixar transparecer.

- Logo você vai estar de volta, o tempo passa voando quando nos divertimos. – a senhora Weasley disse casualmente, enquanto examinava as panelas que preparavam o almoço.

- Diversão e estudos? – Ágatha virou-se para a porta, onde Fred e George acabavam de passar.

- Não sei não, Fred, acho que essa frase não é lá muito convincente. – George comentou risonho, recebendo um olhar nada gentil da mãe.

- Vocês dois... – a mulher rolou os olhos. – Têm sorte de ter uma amiga como a Ágatha. Estudiosa e dedicada.

- Ficamos realmente felizes por tê-la. – George assentiu. – Mas não a parte dos estudos. Nerds são sempre complicadas demais de se entender, sabe. – ele esquivou-se de uma panela enfeitiçada por Ágatha, rindo logo depois.

- Engraçadinho. – ela retrucou enquanto trazia a panela de volta ao seu lugar.

- Mas eu não me importo com a parte da sua nerdice. – Fred comentou, abraçando Ágatha pela cintura. – Era bom quando eu recebia colas nas provas. – ele sussurrou contra a orelha dela, fazendo-a arregalar os olhos.

- O que foi que disse Fred? – a senhora Weasley indagou desconfiada.

- Nada, não. – Ágatha deu uma ligeira cotovelada na barriga do ruivo, fazendo-o gemer. George caiu na gargalhada.

- Ah, George querido... Quando é que vou ser formalmente apresentada à sua namorada? – Molly indagou curiosa e animada. – Espero que ela não seja tão... Digamos... Engomada como... Kran... Certa noiva francesa que resolveu nos dar o ar de sua graça aqui em casa. – ela sussurrou a última parte de sua frase, fazendo os três rirem.

- Acho que Abigail não é muito parecida com a Fleur, mamãe. – George comentou distraidamente. – Apesar de ser delicadinha e tudo mais. Ela é meio que... Única.

- Oh. – Ágatha murmurou encantada. A senhora Weasley pareceu surpresa com o comentário do filho, mas sorriu animadamente logo depois.

- Acho que eu vou vomitar. – Fred disse segurando o riso. Ágatha e a senhora Weasley olharam feio para ele, fazendo o ruivo se calar.

- Então... Ágatha querida. Quando sua mãe vem buscá-la?

- Lá pelas três, ela disse. – Ágatha explicou pensativa. – Ela me disse que teríamos que fazer umas coisas antes que o carro do Ministério viesse me buscar, para só depois eu usar a rede de Pó de Flu.

- Então você tem tempo de almoçar aqui, que maravilha! – Molly exclamou novamente animada.

Enquanto a senhora Weasley terminava o almoço, os gêmeos e Ágatha saíram nos jardins para jogar uma partida de snap explosivo. Logo que o segundo jogo acabou, puderam ouvir em alto e bom som a voz da senhora Weasley.

- O ALMOÇO ESTÁ PRONTO!

Durante o almoço, Ágatha foi pega de surpresa ao ser questionada por Fleur sobre seu curso. Bill e Gina também se mostraram interessados no assunto, o que a deixou animada para falar cada vez mais sobre a carreira.

- Entón... Prretendé trrabalharr no St. Mungus Ágatha querride? – Fleur indagou animada. – Sua irrmã me contou muite sobrre ele... Disse que prretendia trrabalharr lá antes do Ministerrio.

- É verdade. Jenna tinha um talento nato para ser Curandeira, mas preferiu o estágio no Ministério. – Ágatha bufou. – Um desperdício de talento, se quer minha opinião.

- O Ministério tem certo talento em desperdiçar o talento das pessoas. – Fred comentou distraidamente, mas fez alguns dos presentes que o ouviram rirem.

O almoço continuou naquela conversa animada, até que ouviram algumas batidas na porta. A senhora Weasley ergueu-se para o tratamento de rotina com visitantes – para se ter certeza de que não era um espião ou um Comensal da Morte, era feita uma pergunta que apenas a pessoa saberia responder. Sally, obviamente, respondeu corretamente.

- Boa tarde. – ela cumprimentou a todos. Vestia-se elegantemente: saia calda de sereia preta, sapatos de salto alto, blazer também preto por cima da camisa branca de seda. Seu semblante exibia a pressa que tentava esconder, mas Ágatha logo se levantou quando a mãe chegou, deixando Sally mais aliviada.

- Oh, querida, não quer comer nada? – Molly ofereceu um lugar à mesa para Sally, mas ela sorriu, negando com um aceno.

- Muito obrigada Molly, mas eu tenho um pouco de pressa. Preciso acertar algumas coisas antes de deixar Ágatha no Ministério para sua viagem. – explicou com calma. – Vamos querida? – indagou para a filha, que assentiu.

- Posso me despedir antes? – ela indagou, mordendo o lábio inferior por achar que a mãe iria encará-la furiosamente. Mas Sally apenas deu de ombros, aproveitando para conversar um pouco com a senhora Weasley.

Depois de abraçar todos os presentes, Ágatha virou-se para Fred e George. Abraçou George primeiro, demorando-se ao ouvi-lo desejando-lhe boa sorte e ouvindo a ameaça de que, se ele não recebesse cartas suas toda semana, iria mandar deportá-la imediatamente.

Como todos já tinham se retirado da mesa, Ágatha não ficou tímida em beijar o namorado. Ouviu uma reclamação qualquer de George, enquanto ele também se retirava do recinto, mas nada a separou de Fred naquele momento.

- Nos vemos em doze meses? – ele indagou assim que o beijo acabou. Ágatha assentiu, franzindo o nariz para ele. – O que?

- Doze meses é tempo demais. Vou tentar fugir da escola um pouco antes. – ele deu risada.

- Isso é uma promessa?

- Pode-se dizer que sim.

- De onde foi que você tirou tal exemplo? – ele indagou divertidamente.

- Provavelmente com um adorador da nobre arte de quebrar regras escolares. – ela comentou casualmente, rindo com ele. Os dois se beijaram novamente, dessa vez com mais intensidade e só se separaram quando ouviram um pigarreio atrás deles.

- Com licença. – Sally comentou ligeiramente ranzinza pela cena, mas sem deixar de sorrir. – Temos um horário, Ágatha querida.

- Certo. – ela assentiu determinada a sair dali. Mas não antes de roubar outro beijo de Fred, dessa vez um mais rápido. Sally rolou os olhos quando a filha passou por si, e encarou Fred com um de seus olhares inquisidores.

- Como vai, sogrinha? – ele brincou, fazendo-a rir.

- Até mais, Fred. – ela respondeu.

- Não deixe de escrever. – Molly pediu assim que terminou de abraçar (praticamente esmagar) Ágatha.

- Não esquecerei. – ela sorriu animadamente. Virou-se para Fred, que agora estava ao lado de George. – Nos vemos logo. – piscou-lhes marotamente.

- Logo, logo. – os dois disseram juntos.

xXx

- É tão triste. – Abigail comentou desanimada. – Eu não pude me despedir da minha melhor amiga senão por um telefonema! Tudo graças aquela viagem de família inútil.

- Hei cerejinha, não precisa ficar tão irritada. – George disse risonho. – Vocês vão se falar pelas cartas.

- Não é a mesma coisa, George. – ela replicou cruzando os braços. O ruivo rolou os olhos, roubando-lhe um beijo rápido.

- Pelo amor dos criadores de Hogwarts, sem melação! – Lino Jordan pediu. Ele estava juntamente com o casal apaixonado e Fred num bar trouxa próximo à região do Beco Diagonal. Alicia havia chegado há alguns minutos. Fazia quase três semanas que Ágatha havia viajado e ela não havia enviado carta alguma.

- Fico imaginando o que Ágatha diria se estivesse aqui, vendo esses dois se agarrando. – Alicia comentou distraidamente.

- Primeiro ela iria ficar naqueles "Oh" de encantamento dela, depois iria reclamar que era melação demais e por fim tropeçaria numa cadeira, caindo no colo do amor da vida dela. – Lino disse divertidamente, lançando ao Fred um olhar de encanto, fazendo todos ali gargalharem.

- Muito bem, agora que o horário de almoço já passou me levem até a loja de vocês! – Abigail exclamou animada. – Eu quero conhecer tudo naquele lugar.

A morena havia chegado a um bom tempo da viagem, mas só teve tempo de ir visitá-los com decência e tempo de sobra quando seu instrutor no curso de Auror a liberou, então tamanha era sua animação naquele dia.

Vestia-se de maneira delicada, como sempre. Um vestido azul marinho justo, com entalhes brancos na gola em V e também na bainha – esta um pouco acima do joelho. Sapatos de boneca brancos sem salto e um arquinho da mesma cor em meio aos cachos morenos de seu cabelo. Seus olhos cor de chocolate estavam brilhantes de expectativa e as bochechas levemente coradas pela maquiagem – ou pelo simples fato de estar perto de George. Ela ainda não perdera a timidez de toda vez que o via.

- Calma, amiga, alguém tem que pagar a conta aqui. – Alicia disse com diversão.

A morena, agora inscrita no curso de Auror do Ministério, vestia-se despojadamente. Jeans justas e camiseta de mangas curtas laranja com estampa de espirais rosas, e um casaco preto por cima. O cabelo, outrora usado sempre muito longo e liso, estava radicalmente cortado na altura do pescoço – com os fios repicados espetados para todos os lados. Também estava usando óculos – estes de aros quadrados pretos excepcionalmente grandes - mas isso era apenas "um charme a mais" segundo ela mesma.

- É uma pena eu ter tão pouco dinheiro. Adoraria fazer uma compra catastrófica na loja de vocês. – Alicia comentou, seus olhos grandes brilhando de expectativa. – Com certeza eu as usaria com o meu instrutor, ele é um verdadeiro chato. Preferia mil vezes que o Moody me instruísse, ele sim é um Auror de verdade. Só que eu tive a sorte de cair na turma daquele chatonildo, arg!

- É tanto amor... – Lino comentou, fazendo todos rirem.

- Fred, querido, você está tão calado. – Alicia abraçou o ruivo pelos ombros, armando sua maior expressão de "psicóloga" possível. – Conte-me... O que o aflige?

- A distância entre ele e o amor de sua vida. – Lino disse teatralmente.

- Oh, que bonitinho. – Alicia apertou as bochechas de Fred e ele recuou rindo.

- Outras coisas me afligem querida maluca, não apenas a Ágatha. – Fred disse simplesmente, dando de ombros. George e Abigail entreolharam-se, fazendo um aceno como quem diz "A gente finge que acredita". – É todo um momento complicado na história...

- Como se você se importasse com momentos complicados na história. – Alicia replicou. – Vamos, admita seu cabeça dura, você está morrendo de saudades dela!

- Por Merlin, vocês não vão sossegar enquanto eu não admitir tal coisa? – ele exclamou indignado.

- Não! – todos retrucaram. Fred sorriu malignamente.

- É agora que eu não admito.

- Criatura perversa. – Alicia replicou. – Pois eu digo como pessoa apaixonada, que não agüento ficar nem um dia sequer sem falar com meu Karl. – ela sorriu sonhadoramente. – Vamos nos encontrar daqui duas semanas, finalmente!

- Eu estava ficando completamente insana longe do meu Tigrão. – Abigail disse com uma voz de bebê, abraçando George pela cintura. Ele deu risada, beijando o topo da cabeça dela.

- Foram dias difíceis. – ele disse dramaticamente.

- Não que eu seja um entendido no assunto relacionamento, mas no momento estou saindo com uma belíssima morena que me deixa morrendo de saudades a partir do momento que vira de costas. – Lino comentou sonhadoramente.

- Jesus Cristo, parem de infernar! – Fred bufou. – Eu estou, realmente, morto de saudades dela, satisfeitos?

- Sim. – todos responderam, rindo ao fim.

- Pense positivo, Fred. Falta uma semana para ter se passado um mês da jornada de um ano sem vê-la. – Alicia comentou, franzindo o cenho ao fim. – Porra, é muito tempo em?

- Ah, jura? – Fred retrucou rindo.

xXx

- Droga, droga, droga. – Ágatha reclamava enquanto tentava enfiar suas meias, ao mesmo tempo em que a escova de dente enfeitiçada estava em sua boca e a escova de cabelos também enfeitiçada penteava suas madeixas.

Sua primeira aula naquela manhã era de Enfermagem – com a professora Giulia Bellini, praticamente a encarnação do demônio em Terra. Era uma mulher ranzinza, sem qualquer senso de humor, que odiava qualquer mínimo detalhe mal feito. Tinha um metro e meio de pura ruindade, e detestava com toda a sua alma uma só aluna do curso – Ágatha Lupin, a Atrasada, como ela costumava falar. Além de usar xingamentos em italiano que Ágatha agradecia por não entender.

Já tinha se passado um mês naquele curso e não havia um dia na aula de Enfermagem que Ágatha não fosse massacrada. Mas, por sorte, ela tinha feito amigos. Dois, especificamente.

A primeira, que ela tinha conhecido na aula de Trato de Criaturas Mágicas, chamava-se Natasha Sposito. Era irmã do seu outro amigo, Dave Sposito, filha de um italiano com uma inglesa – ambos os pais eram bruxos. Tinha se formado na Academia Coliseum, uma escola de bruxaria não muito conhecida ali da Itália e pretendia, assim como Ágatha, trabalhar no St. Mungus.

Natasha era uma pessoa complexa e de personalidade oposta à que as pessoas acreditavam que tinha. Sua aparência era de uma boneca de porcelana – os olhos grandes e de um azul safira estonteante tinham um brilho diferente, bochechas rosadas, pele alva em contraste com a cascata de cabelos negros ondulados que lhe caiam até a metade das costas. A franja era cortada reta sobre as sobrancelhas. Seus lábios vermelhos e finos geralmente expressavam um sorriso tímido, diferente do sorriso que levava à risada escandalosa de quando estava entre amigos.

Era tímida com estranhos, mas uma completa bagunceira com quem conhecia. Adorava namorar e era levemente tarada, por assim dizer. Apesar disso, tinha um grande coração e estava sempre disposta a ajudar os outros.

Seu irmão, Dave, era um ano mais novo que ela – e também sonhava em trabalhar num lugar como o St. Mungus. Ele era um rapaz incrivelmente doce e amigável, dono de um sorriso cativante e de olhos incrivelmente brilhantes.

Era alto e magro; os olhos eram azuis como os da irmã, também grandes e muito expressivos. O cabelo era castanho claro, e usava um corte repicado, fazendo as madeixas caírem de lado sobre seu rosto. Seu sorriso, como já dito, era cativante, e covinhas se formavam em suas bochechas quando sorria.

Ao contrário da irmã, que adorava badernar e badalar com os amigos, Dave era estudioso, por isso Ágatha se identificou mais com ele. Adoravam ler e geralmente estudavam juntos, o que transformou a relação de colegas de classe em uma forte amizade.

Ágatha dividia a turma de Enfermagem com Dave, e imaginava que o amigo lhe mataria se levassem uma bronca por não entregarem o manuscrito sobre os curativos necessários em um ataque de Lobisomem – assunto que Ágatha era bem informada.

Vestiu um casaco qualquer na pressa, cuspindo a pasta de dente na pia. Nem teve tempo de olhar se o cabelo estava descente, pois aparatou rapidamente na frente dos portões da "escola". Era mais uma Academia preparatória do que uma escola, e nem mesmo funcionava num castelo como Hogwarts. Era uma mansão gigantesca, de fato, mas nada comparada à sua amada Hogwarts.

O porteiro, um bruxo caolho já acostumado com seus atrasos, abriu os portões com um movimento da varinha – sem nem tirar o único olho do livro grosso que lia. Apressadamente, ela disparou pela estrada até alcançar as escadarias da entrada da mansão. Esta, num estilo rústico e antigo, tinha seis andares – com salas para os estudos teóricos e práticos seguramente distribuídas, além de ter um refeitório gigantesco, banheiros, dormitórios e um enorme jardim atrás.

Assim que parou à frente da sala de aula, a senhora Bellini encarou-a raivosamente.

- Lupin, está atrasada! – exclamou furiosa, com seu forte sotaque italiano soando nas palavras ditas.

- Sinto muito, professora, eu me...

Seduti e in silenzio! – vociferou em italiano, e depois de tanto tempo ouvindo tal expressão, Ágatha aprendeu a obedecer. Sentar-se em silêncio era a coisa mais sensata a se fazer.

- Essa bruxa. – ouviu Dave murmurar assim que se sentou ao lado dele. – Ninguém a merece, mio Dio*.

- Já enfrentei uma pior. – Ágatha sussurrou, recordando-se imediatamente de Umbridge. E no momento em que fez isso, sua atenção disparou para longe daquela sala de aula. Ela parou o que estava fazendo, imaginando o que Fred estaria fazendo. Ah, Fred... Ela sentia um aperto no coração de tamanha saudade dele. Queria poder largar tudo ali apenas para lhe fazer uma visita, para poder abraçá-lo, para poder beijá-lo até não conseguir mais respirar.

Apoiando o rosto na mão, com a expressão mais sonhadora o possível, Ágatha viajou pelas recordações de seus beijos. Do primeiro deles, na Torre de Astronomia durante o Baile de Inverno, até o último do dia da despedida. E com um susto pelo baque de um livro contra sua carteira, Ágatha soltou um grito ao voltar a si.

- Sonhando acordada, i mio dolce*? – Giulia disse com um forte sarcasmo. Ágatha engoliu em seco, sorrindo sem graça. – Como castigo por não prestar atenção, vai passar horas extras fazendo redações sobre bandagens e curativos! E sem um pio! Ragazza irresponsabile*!

Cof-demônio-cof. – Ágatha fingiu que tossia, sorrindo falsamente quando a mulher encarou-a desconfiadamente. Quando aquela aula teve fim, Ágatha foi a primeira a disparar para fora da sala, apoiando-se na parede para olhar em volta. Dave parou ao seu lado com uma expressão de confusão.

- Ágatha? Temos aula de Poções agora, vamos?

- Só estou me certificando que a bruxa velha não me seguiu. – Ágatha explicou ao respirar aliviada. –Aquela mulher parece ter todo um universo de motivos para me odiar e eu nem sei quais são! – exclamou com raiva, jogando as mãos para o alto. – Eu começo a acreditar que ela e Umbridge têm um parentesco...

- Mas a culpa meio que foi sua. – Dave disse, intimidando-se com o olhar ameaçador da loira. – Calma! É só que... Você sabe que devanear numa aula da Giulia é pedir para ser degolado, e você fez isso na maior cara de pau.

- Foi involuntário. – Ágatha franziu o cenho, deixando-se vagar a quantas aulas já tinha deixado de prestar atenção para ficar devaneando sobre certo ruivo.

- Você acha que ele recebeu sua carta? Digo... Eles. Porque você mandou tanta carta pra Inglaterra que eu nem sei mais pra quem foi. – Dave riu ao fim, fazendo-a rir também.

- Não sei... Eu demorei muito pra mandar as cartas, eles podem ter ficado meio bravos. – Ágatha resmungou, franzindo o nariz. – É bom que eles não tenham ficado bravos e estejam me deixando no vácuo. Eu arranco aqueles cabelos ruivos com um só puxão se for! – exclamou sem notar o pequeno degrau à sua frente.

- Cuidado ai! – Dave exclamou, ajudando Ágatha a se apoiar. Mas, como boa desastrada que era, Ágatha não conseguiu se segurar nele, acabando por levá-lo junto no tombo. Os dois caíram na gargalhada, deixando os alunos que passavam por ali completamente confusos.

- Mas será que é só eu virar as costas e vocês já estão se agarrando? – os dois voltaram-se para a dona da voz, parada próxima deles com as mãos no quadril.

- Que agarrando o que, menina! Eu sou uma pessoa muito comprometida! – Ágatha exclamou indignada. Com a ajuda de Natasha a loira conseguiu se erguer.

- Eu não sou daqueles que fica roubando namoradas alheias, muito obrigado. – Dave replicou fingindo bater o pó das roupas. – Agora podemos ir à aula?

- Obviamente. – Natasha exclamou. – Eu preciso perguntar tanta coisa sobre aquela Poção Cura Ossos. Ela é a coisa mais complexa que eu já vi na vida, mio Dio!

- Mas, logicamente, você conseguiu fazê-la. – Ágatha comentou distraidamente. Quando se tratava de Poções, Natasha era a melhor aluna da sala. Não havia uma que ela não conseguisse fazer com sucesso, além de repetir os passos em casa para tentar de novo.

- É, mas com dificuldade numa das etapas, eu meio que me perdi e...

- Você conseguiu fazer, garota, para de reclamar! Eu quase explodi aquela sala toda! – Dave berrou indignado, fazendo a irmã rir.

xXx

- Quase dois meses e aquela loira sem coração só mandou três cartas? – Abigail exclamou absurdamente indignada. Estava, juntamente de Fred e George, no barzinho próximo ao Beco Diagonal que costumavam freqüentar. Naquela época, fim de setembro mais precisamente, o movimento no Beco diminuía consideravelmente, já que as aulas em Hogwarts haviam retornado e tudo mais. Era um sábado e Abigail havia recebido, naquela manhã, a sua carta mandada por Ágatha.

- Mas sabe cerejinha, se formos pensar... Foram três cartas para você, três para mim, três para o Fred, duas para a mãe dela, duas para a Alicia e ainda uma para a nossa mãe. Somando tudo, descobrimos que ela não é assim uma loira tão sem coração. – George comentou pensativo e Abigail pareceu ponderar, mas franziu os lábios logo depois.

- Ainda assim é pouco!

- Para de reclamar e lê logo! – Fred pediu ansioso. Já havia recebido a sua, mas eles dividiam-se para saber o que cada um ficava sabendo sobre a loira.

- Ok, ok. – Abigail pigarreou, erguendo a carta na altura de seus olhos. – Eu nem vou tentar imitar o jeito dela, porque é algo impossível de se copiar.

Itália, dia 15 de setembro, 02h20min da manhã. (é, olha só o HORÁRIO que eu estou escrevendo!).

Abigail,

Que saudades imensas eu sinto de você! Estou agora no meu quarto, naquele apartamento que eu divido com uma outra estudante da Inglaterra, deitada na cama desarrumada – faz bastante tempo que eu não a arrumo, digamos que... Falta tempo até pra isso!

Aquela bruxa-gêmea-perdida-da-Umbridge é um demônio! Ela quer que eu me torne ambidestra pra poder usar as duas mãos nas redações, de tanto trabalho que me passou só por eu ficar viajando no espaço sideral durante sua aula chata. Um infortúnio!

Mas, com exceção a ela, todos os meus outros professores são legais. Principalmente meu tio-avô Howard. Ele é tão maneiro! E é um metamorfomago, o que é difícil de ver, principalmente considerando que ele é filho de trouxas... O cabelo dele está diferente em toda aula. Ele me disse que é uma maneira de não entediar os alunos (por que a bruxa velha não pensa assim também?).

Enfim... Quero que me fale de você! Como anda tudo? E o curso de Auror? A Alicia está na sua turma, certo? Vocês estão se saindo bem (logicamente, dã) como é tudo? Como anda seu namoro? AH MEU DEUS, como vão Fred e George?

Eu nem posso calcular o quanto de saudades estou sentindo deles e de você e de todo mundo! E SÓ FORAM DOIS MESES ATÉ AGORA! Quem disse que o tempo passa quando nos divertimos não sabe o que é ter aula com a Giulia, sério... Mas, por sorte, eu fiz amizade com duas pessoas divertidas daqui – Dave e Natasha. Eu faço questão de apresentá-los a você logo, eles são tão legais! A Natasha mete um pouco de medo, porque é meio... Kran... Abusada, tarada, essas coisas. Mas é muito divertida, então ta valendo. Enquanto que o Dave é um amor, simpatia em pessoa.

AH, e ele tem um cachorrinho, acredita? É a coisa mais linda do mundo, estou apaixonada pelo bichinho! É um poodle, pequeno e fofo. E é tão amoroso. Eu adoraria poder ter um cão.

E falando em bichinhos... Como vai meu Anúbis? Eu estou com tantas saudades dele, mas ele nem entenderia se eu dissesse.

Muito bem, essa é minha carta. E me desculpe por estar mandando tão poucas, mas é que eu só tenho a madrugada pra poder escrever, e tem tanta gente querendo que eu escreva... Eu prometo tentar escrever mais, prometo! Mas a senhorita pode escrever mais também. Ta achando que é festa? Eu quero muitas cartas, MUITAS!

Mande um grande beijo para os gêmeos, porque eu sei que você está com eles nesse momento. É eu sou uma vidente, não ficou sabendo? Ou talvez pelo fato de você ter comentado que os três lêem minhas cartas juntos. Enfim...

Fred, George, eu estou morrendo de saudades! E não se surpreendam se receberem um grande pedido nas Gemialidades, eu estou pensando seriamente em atacar aquela bruxa velha da minha professora!

Beijos Abi! Eu amo você e estou morta e enterrada de saudades.

Até a próxima carta.

Ágatha.

- Tudo bem... Eu não reclamo mais da quantidade de cartas. – Abigail comentou assim que terminou a leitura. – Pobrezinha, deve estar sendo massacrada naquelas aulas.

- Pelo jeito aquela professora é mesmo um capeta encarnado. – Fred disse risonho. – Não tem uma carta que ela não reclame dela, desde a primeira que nos mandou.

- Você conhece a Ágatha... E pra ela estar chamando a mulher de gêmea perdida da Umbridge, não é flor que se cheire. – George disse pensativo.

- Ah, eu vou escrever para ela agora mesmo! – Abigail exclamou animada, tratando de arranjar um pergaminho e uma pena.

xXx

- Já recebeu a carta dos seus amigos? – Dave indagou curioso, olhando por cima do ombro de Ágatha. Ela tinha o pergaminho da carta em mãos, e esta havia chegado quase duas semanas depois de mandada.

- Por que não lê em voz alta? – Natasha pediu ansiosa.

- Por que interessaria a vocês? – Ágatha replicou divertidamente, escondendo o conteúdo da carta.

- Ora vamos... Não é nenhum código secreto. E você fala tanto deles que é como se já os conhecêssemos. – Natasha retrucou impaciente.

- Tem razão. – Dave assentiu. – Abigail é a garota simpática e incrivelmente tímida que fica muito vermelha sempre que está com vergonha, George é o seu namorado alto, ruivo e engraçado e Fred é o gêmeo do último, além de ser o amor da sua vida. Quer mais que isso?

- Vocês podem ler logo depois que eu ler. Tenho exclusividade! – ela deu risada da cara de indignação dos irmãos – Terminem seus deveres de Poções e depois entramos em um acordo.

Os três estavam nos jardins da escola, era horário do almoço. Naquele dia, como estava começando a esfriar, o prato havia sido uma sopa deliciosa, e Ágatha fizera questão de comer duas vezes. A sopa era muito parecida com a da senhora Weasley, o que a animou, já que a comida da matriarca Weasley era a melhor que ela já tinha comido na vida – ganhava até da comida de Hogwarts!

Voltando à carta, Ágatha leu-a rapidamente com um sorriso no rosto.

Inglaterra, dia 23 de Setembro, 14h40min – aproximadamente, nenhum de nós tem um relógio no momento e o dono do bar é meio mal educado quando se pergunta as horas.

Ágatha,

Recebi sua carta em aproximadamente uma semana, mas não sei se a minha vai chegar com exatidão. As corujas são complicadas quando se trata de ficar viajando de país em país. Acho que passam por tantos Corujais que nem se lembram quem são quando retornam.

Fred e George estão aqui comigo, conversando sobre um assunto comercial das Gemialidades – ah, eles disseram que é só fazer o pedido para a loja que fazem a entrega chegar em menos de uma semana! Mas não faça isso, por Merlin, acho que seu tio-avô ficaria de cabelos vermelhos se você destruísse a propriedade.

Também estou morta e enterrada (risos) de saudades de você, querida! É tão triste não poder conversar com você todos os dias, como fazíamos em Hogwarts. Alicia é uma ótima companhia, mas não é minha melhor amiga, sabe? Tem certas coisas que eu não consigo falar com ela do mesmo jeito que com você. Ah, por falar nisso, o Lino me mandou dizer que se ele não receber uma carta sua logo, coisas vão acontecer... Então, já sabe, mais uma pessoa adicionada à sua caixa de correspondência!

Quanto a mim, bem... O curso de Auror é bem exaustivo, não tem nada de moleza não. As aulas de Feitiços são as mais complicadas, mas acho que a Armada de Dumbledore ajudou bastante. Muitas pessoas da minha turma ficam surpresas comigo e com Alicia, porque muitos dos feitiços defensivos e de ataque nós já sabemos fazer – e, claro, ela não perde a oportunidade de se vangloriar. Mas tratando-se de Alicia, nós entendemos...

Você me disse que fez amigos, certo? E esse tal de Dave... Ele está em que patamar de amizade? Ágatha, você não faz ideia do olhar "levemente" mortal que o Fred fez quando eu li a parte do Dave na carta. Menina, explique-se direito! Eu sei que é só amizade, mas você conhece o ruivo não é?

Ah, quanto ao seu gatinho, eu estou cuidando muito bem dele. Anúbis é tão quieto, não dá trabalho nenhum. E achei engraçado você ter citado o cachorro – você gosta de cachorros? Nunca tinha me contado...

Pois bem, deixe-me falar por Fred e George agora antes que eles arranquem a pena de minhas mãos e briguem para escrever.

George está lhe mandando abraços de urso e um beijo estalado na bochecha (essa parte eu que pus, homens não têm sensibilidade para mandar beijos em cartas -'). E ele disse que acha sua quantidade de cartas muito pequena, e que a ameaça do dia de despedida ainda está valendo. Menina, você só está sendo ameaçada, que bando de amigos é esse? (Risos).

Fred, bem... Ele disse que está morrendo de saudades suas e toda aquela baboseira de ameaça novamente pela quantidade de cartas. Mas, como homem é complicado e teima em assumir o que está sentindo, vou lhe detalhar melhor. Ele não para de pensar em você. Toda vez que mencionamos o nome Ágatha, os olhinhos dele brilham de uma maneira única. Alicia conseguiu fazer que ele confessasse o quanto está louco de saudades suas, mas isso foi há muito tempo. Agora ele só se mantém ocupado com outras coisas, meio que tentando esquecer que ainda faltam dez meses pra você voltar.

E dez meses são muita coisa! Não tem mesmo um jeito de você voltar antes? Qualquer coisa que seja! Precisamos de você aqui, loira desastrada!

Eu te amo muito amiga, e espero que tudo esteja saindo perfeito ai. Você merece!

Até a próxima carta,

Abigail.

- Oh, neném, você está chorando? – Natasha abraçou Ágatha pelos ombros, enquanto a loira limpava as lágrimas que escorriam por seu rosto.

- É só um cisco.

- Pra fazer você chorar desse cheiro, querida, foi o cisco em? – Natasha retrucou divertidamente, balançando a loira no abraço. – Você está com muita saudade deles, não é?

- É. – ela bufou. – Eu sinto muita falta deles... E pensar que ainda faltam dez meses! Vocês vão terminar o curso antes de mim e vão para lá antes de mim! Arg!

- Talvez pudéssemos falar com Howard. – Dave disse pensativo. – Quero dizer... É um ano de curso integral, e nós já estamos na metade. E se você fizer metade aqui e metade lá? Nós podíamos arranjar um tutor no St. Mungus, tipo um estágio. Mamãe sempre diz que só se aprende fazendo. Acho que Howard pode concordar.

- Vocês fariam isso? – Ágatha indagou, sua voz transbordando esperança.

- Claro! – Natasha ergueu-se num salto. – Vamos agora mesmo falar com ele.

xXx

Dois meses depois.

- Mais dois meses e só uma carta? – Abigail exclamou completamente raivosa. Estava sentada no escritório dos gêmeos, na loja de logros. Fred bufou como ela, e George tentou permanecer impassível, apesar de sua indignação. – Uma carta e ainda para nós três? Ah, aquela garota vai ficar sem cabelos quando voltar!

- Ela mencionou alguma coisa sobre vir aqui nas férias de Natal? – Fred indagou esperançoso. Abigail suspirou, balançando a cabeça negativamente.

- Nada. Ela só contou um pouco do curso, que está ralando muito e que mal dorme direito para conseguir... Como é que ela disse mesmo? – a morena releu o trecho da carta em voz alta. – Preciso alcançar o que meu tio-avô chamou de Desempenho Excepcional, que é tipo um Ótimo nas N.I.E.M.s. Se eu fizer isso, vou ser a melhor da turma, e vocês nem imaginam qual vai ser meu prêmio!

- E ela diz qual vai ser? – Fred cruzou os braços.

- Nada, de novo! – Abigail exasperou-se. – Como é que eu vou comprar o presente de Natal dela se ela não vem pra cá? Pelo menos não diz se vem...

- Mande por correio. – George propôs.

- Não dá. É carga viva. – os gêmeos entreolharam-se surpresos. – Depois eu conto qual é o presente...

- O que mais ela diz na carta?

- Ah... Ela conta que está recebendo muita ajuda da tal Natasha e do tal Dave, porque eles são da turma avançada. E disse que eles pretendem trabalhar no St. Mungus, assim como ela.

- Esse tal de Dave vai morar aqui em Londres? – Fred exclamou indignado.

- Fred... Ela deixou bem claro que o Dave é só um amigo. – Abigail explicou impaciente, apertando a ponte do nariz. – Não precisa ficar com ciúmes.

- Para ela, pode ser um amigo. Mas quem me garante que ele não tem outros sentimentos?

- Fred, pelo amor de Merlin! Deixe de ser tão desconfiado.

- Olha, eu não quero me meter, mas já estou me metendo... – George começou a dizer, seu rosto tinha uma expressão pensativa. – Considerando que nós não o conhecemos, não podemos dizer com certeza se ele não está gostando dela. Veja bem, a Ágatha é uma garota muito bonita e encantadora... É bem fácil se apaixonar por ela. COM TODO RESPEITO! – exclamou rapidamente ao ver os olhares mortais que recebera. – Ela é como uma irmã para mim, qual é!

- Bom mesmo. – Fred e Abigail disseram juntos, a última cruzando os braços com força.

- Ah, cerejinha... – George abraçou-a, beijando o topo da cabeça dela.

- Mais alguma coisa? – Fred indagou.

- Na carta? Não...

- Mas essa garota quer me matar!

xXx

- Me chamou tio? – Ágatha entrou no grande escritório de seu tio-avô Howard. Era começo de noite naquele dia 01 de Dezembro. A loira estava, digamos, acabada. Estava se esforçando tanto para conseguir o Desempenho Excepcional que mal tinha tempo de fazer outras coisas – como, por exemplo, dormir. É, suas horas de sono diárias haviam sido reduzidas. Porque, para conseguir tal desempenho, ela tinha que ter uma carga horária de estudos ainda maior, além de ter que ter as maiores notas da sala.

- Sente-se, Ágatha. – Howard pediu. Sua expressão era séria, mas ele tinha um leve sorriso amigável no rosto. Os cabelos estavam castanhos naquele momento, apesar de estarem azuis na aula daquele dia. – Você acabou de fazer o teste da professora Bellini, certo?

- É. – Ágatha suspirou. Tinha certeza de que sua nota seria horrível, apesar de ter estudado tanto. As outras matérias tinham sido moleza, mas Enfermagem era excepcionalmente difícil. Principalmente com uma professora como Giulia.

- Eu tenho aqui suas notas. – Howard ergueu um pergaminho, fazendo a loira arregalar os olhos. – Pedi à Giulia que corrigisse sua prova antes, de modo que seu boletim semestral fosse impresso rapidamente.

- Mas por que precisava das minhas notas antes?

- Você me pediu um estágio no St. Mungus e eu consegui contatá-los. Tenho quatro alunos que irão fazer o Estágio lá, e esses quatro alunos precisavam do Desempenho Excepcional para tal atividade.

- Natasha e Dave...

- Pelo que eu pude ver das notas que já tenho, sim, eles passaram. – Ágatha sorriu aliviada pelos amigos.

- Tenho também mais duas alunas na lista de pedidos, além de você. – a loira engoliu em seco, assentindo. Sabia que havia a possibilidade de não ser aceita, então estava conformada. Só queria que o tio dissesse logo seu resultado para poder gritar de felicidade ou de raiva.

- E então? – ela pediu depois de tanto tempo de silêncio.

- Você tem muito talento, minha querida, sabia disso? Vai ser uma Curandeira incrível. – o jeito como ele disse aquelas palavras fizeram a loira decepcionar-se. Então, ela não havia passado. Todo aquele tempo de dedicação excessiva, todas as noites que passara sem dormir, não tinham surtido efeito. Ela ia ter que terminar o curso como todos os alunos de seu ano. Com um suspiro, ela fez um sinal com a cabeça.

- Muito obrigada, tio.

- Aonde pensa que vai? – ele indagou assim que ela se levantou.

- O senhor não quis dizer que eu não passei? – ela encarou-o completamente confusa.

- Se me deixasse terminar de falar, talvez entendesse o que eu tenho a dizer. – Howard lançou-lhe um olhar levemente zangado, mas estava sorrindo. Ágatha assentiu, sentando-se novamente. – Como eu dizia... Você vai ser uma Curandeira incrível, se já não é. Selecionei uma das garotas para o estágio, e falta a última. Tenho suas notas de Enfermagem aqui comigo – que são as que pesam mais. Então, tudo vai depender do que há nesse pergaminho.

- Pois bem, abra! – ela pediu desesperada, fazendo Howard rir.

- Posso deixar tal tarefa para você. – ele entregou-lhe o pergaminho dobrado, espreitando ao seu lado. – Giulia é quem determinou se você deve ser aprovada ou não. Vai haver uma marca sobre a escolha. Então... Boa sorte.

Ágatha engoliu em seco, fechando os olhos enquanto suas mãos abriam o pedaço de papel que decidiria seu futuro. Assim que voltou a abrir os olhos, engoliu em seco, sentindo as mãos tremerem pelo nervosismo sem tamanho. Ao localizar Enfermagem no boletim, seu olhar voou para o escrito APROVADO ou REPROVADO. E arregalou os olhos ao ver onde é que o X estava localizado.

xXx

- Fred que ajudou a escolher. – Abigail disse divertidamente assim que se sentou no sofá da sala. Estava, juntamente de Fred e George, na casa da família de Ágatha. Faltava, aproximadamente, uma semana e meia para o Natal e eles tinham ido ali por convite da própria Sally – um jantar comum, mas era esquisito porque Ágatha, que era a mais próxima da família a eles, não estaria presente.

- Um cachorrinho! – Isabelle, a irmã mais nova de Ágatha, saiu correndo da cozinha para a sala. O pequeno animal animou-se com a garota, passando a fugir dela enquanto era perseguido. Era um cachorro pequeno de pelagem espessa cor de caramelo, mais clara na região do corpo e mais escura na cabeça. Esta um tanto desproporcional ao corpo, detinha uma juba volumosa de pelos curtos, onde dois pequenos olhos se destacavam, assim como o focinho curto de nariz preto e úmido*. – Ah, a Ágatha vai amar!

- Sério? – Sally indagou curiosa. – Ela nunca mencionou o fato de gostar de cachorros. Ainda mais tendo um gato.

- É que era difícil para ela ter cachorro, estudando em Hogwarts. – Jenna explicou casualmente, enquanto servia chá para os visitantes. – Fred, ela vai te amar ainda mais por isso.

- Eu realmente espero que ela goste. – Fred disse sinceramente. Lançou um olhar de agradecimento à Abigail e ela sorriu.

- E então, Sally, como vai o trabalho? – George perguntou após alguns minutos de silêncio. Ela pareceu surpresa com a pergunta, mas sorriu. Isabelle bufou, lançando a George um olhar incrivelmente parecido com o de Ágatha quando ela queria demonstrar indignação.

- Ah, vai bem. Um verdadeiro caos quando se trata do novo Ministro e tudo mais, mas eu o acho mais competente que o Fudge... Jenna está trabalhando junto com seu irmão Percy, não é querida?

- É. – ela suspirou, sentando-se no braço do sofá. – Galera... Aquele cara é mais fissurado no Ministério que a minha mãe, sabiam disso?

- Ah, sabíamos. – Fred e George disseram juntos.

- Jenna! – Sally repreendeu-a. – O rapaz é um trabalhador muito competente.

- Mamãe, eu nem vou discutir sobre sua devoção ao Ministério. – Jenna rolou os olhos. – Afinal de contas, onde está o papai? Está absurdamente atrasado! Não acredito que tenha tanto trânsito da estação até aqui!

- Estação? – Abigail indagou confusa. – De trem?

- É. – Isabelle disse rapidamente em resposta, recebendo um olhar levemente zangado da mãe.

- Vocês estão esperando mais alguém? – Fred indagou, agora incrivelmente curioso.

- É... Meus avós vão vir da Itália para passar as festas conosco. – Jenna disse simplesmente, fingindo estar entretida com suas unhas. – Coisa de sempre, sabe? Eles são trouxas, ai meu pai vai até a estação e os trás aqui pra casa. Vovó se assusta com alguma mágica e vivemos felizes para sempre.

- Claro. – os três disseram juntos, entreolhando-se desconfiadamente. Alguma coisa estava esquisita naquela história.

- Muito bem, eu vou verificar o nosso jantar! – Sally exclamou, erguendo-se animadamente. – Belle, querida, poderia me ajudar na cozinha?

- Se eu pudesse fazer magia fora da escola seria tão mais fácil. Ficar carregando pratos não é mole não, mulher! – a caçula resmungou, fazendo todos ali rirem.

- O jantar vai esfriar se o papai demorar demais. – Jenna resmungou. – Mas, meninos, contem-me sobre a loja de vocês. Só fiz uma visitinha rápida algum tempo atrás, o Ministério toma tempo demais.

Fred e George animaram-se para contar sobre a loja, como sempre faziam quando eram questionados, então Abigail resolveu ajudar a mãe de Ágatha. Ao passar pela sala de jantar – um cômodo amplo, cheio de porta-retratos com fotos trouxas (e algumas mágicas) colocados nas paredes, com uma comprida mesa de madeira escura no centro. Isabelle terminava de estender a toalha branca de linho sobre a mesa quando Abigail ofereceu-se para ajudá-la (secretamente, já que a garota deveria fazer aquilo sozinha). Com um movimento da varinha, os pratos e talheres foram perfeitamente arrumados nos lugares.

- Valeu. – Isabelle agradeceu sorridente. Abigail se surpreendeu ao notar o quanto à garota lembrava Ágatha. – Ágatha teria ficado sentada rindo de mim, sem nem mover um dedo para me ajudar.

- Ela é uma pessoa levemente perversa. – Abigail concordou entre risos.

- Ah, querida, já pôs a mesa? – Sally apareceu na porta enxugando as mãos numa toalha. Lançou um olhar desconfiado para Abigail, mas sorriu ao fim. – Me ajude com o macarrão, então.

- Macarrão? Mamãe, eles moram na Itália, comem massa todo dia! – Isabelle exclamou indignada. – Eu preferia uma bela costeleta.

- Claro, carnívora. – a garota recebeu um cafuné da mãe, desviando-se enquanto resmungava.

- Ela é muito parecida com a Ágatha. – Abigail comentou distraidamente.

- Não é? Eu sempre digo isso ao Edward, e ele se assusta com tamanha semelhança. A personalidade das duas é idêntica e isso é assustador. – Sally brincou ao fim, fazendo Abigail rir.

- E então, Sally, falou com Ágatha ultimamente? Ela me mandou uma carta no fim do mês, mas depois dela nada. Nem para o Fred ou para o George. – a morena suspirou.

- Acredite quando digo que ela tem um ótimo motivo para não ter se correspondido com vocês. – Sally sorriu misteriosamente, fazendo Abigail encará-la confusa.

- O que a senhora quer...

- Cheguei! – a porta da frente foi aberta e por ela passaram Edward, o padrasto de Ágatha, e também os avós da garota: Vivian e Charles.

Edward era excepcionalmente simpático e adorava ter uma família de bruxas, apesar de ser o único trouxa. Considerava Ágatha como sua própria filha e a amava da mesma maneira que amava suas filhas. Era alto e magro, o cabelo castanho claro mesclando um pouco com os fios brancos que começavam a aparecer. Tinha um bigode perfeitamente alinhado cortado rente ao rosto. Os olhos eram azuis escuro.

Vivian era uma senhora aparentemente simpática, mas incrivelmente ranzinza, ao contrário do marido – que era uma simpatia em pessoa. Ela tinha todo aquele problema com bruxos, apesar de respeitar que sua filha e netas, além do irmão, eram assim.

Tinha olhos verdes e o cabelo grisalho misturado com o castanho claro era curto, na altura dos ombros. Tinha uma estatura mediana e vestia-se de maneira elegante – um vestido azul marinho de veludo, com corte reto e mangas compridas, além dos sapatos de salto pequeno feitos de camurça. Seus óculos tinham os aros quadrados de uma cor escura – aparentemente azul, mas que ficava muito próxima do preto.

Por fim, Charles, o simpático avô trouxa de Ágatha. Ele era alto, tinha cabelos grisalhos curtos arrumados com gel. Os olhos eram escuros e, incrivelmente, o sorriso das netas era muito parecido com o dele. Ao contrário da esposa, vestia-se de maneira simples – calças cáqui, camiseta de mangas compridas e um casaco marrom escuro de camurça por cima.

- Sally, querida! – Vivian abraçou a filha com força. Abigail parou, juntamente com Isabelle, ao lado de Fred e George. Isabelle escondia-se discretamente atrás de George, parecendo fugir da avó. – E onde é que está minha netinha favorita?

Jenna rolou os olhos para a avó, enquanto corria para abraçar o avô. Isabelle suspirou, aparecendo para que Vivian a visse.

- Oh, querida, que saudades que tive de você! – Vivian praticamente esmagou a garota no abraço, fazendo-a gemer. – Não a vejo desde a Páscoa passada. Como está? E a escola? Está se saindo bem nas... Provas, ou o que quer que tenha naquele lugar?

- É, ta tudo bem. – a garota deu de ombros.

- E você, Jenna, como vai no trabalho?

- Ah... Normal, vovó. – ela deu de ombros, resignando-se a não falar muito sobre o Ministério da Magia para a avó, que particularmente não entenderia nada.

- Então... Vai me apresentar às visitas, Selene, ou preciso fazer isso sozinha? – Vivian disse brincalhona, mas levemente ranzinza. Era a primeira vez que Fred, George e Abigail ouviam o nome completo de Sally, já que todos a chamavam pelo apelido. A mulher assentiu, franzindo o nariz de leve para a mãe. Aquele gesto lembrou incrivelmente à Ágatha, o que fez Abigail sorrir.

- Esta é Abigail Wood, melhor amiga da Ágatha. Estes são Fred e George Weasley. Fred é o namorado dela. – Vivian franziu o cenho ao encarar Fred, olhando-o de cima abaixo. O ruivo engoliu em seco.

- Namorado, é? Não noivaram ainda? Na minha época primeiro se noivava para depois pensar em namorar. – Vivian comentou.

- Sua época foi na era dos dinossauros, Vivian querida. – Charles comentou divertidamente, fazendo todos os presentes na sala rirem – exceto a velha. - Muito prazer em conhecê-los. Sou Charles Blake, mas podem me chamar de Chuck.

- Esse apelido é coisa dos seus amigos do pôquer, por Deus, Charles! – Vivian exclamou ultrajada.

- É um bom apelido. – Charles replicou rolando os olhos para a mulher. – Fiquei sabendo por minha neta que vocês são empresários, é verdade?

- Pode-se dizer que sim. – Fred assentiu pensativo.

- Temos um comércio no Beco Diagonal. – George explicou, tentando ser mais específico por tratar-se de trouxas.

- Comerciantes de que? – Vivian indagou desconfiada.

- Eles têm uma loja de logros, vovó. É muito divertido! – Isabelle exclamou animada. – Lá tem todo tipo de coisa. Como as Vomitilhas, ou as...

- Vomi-o que?

- Coisa bruxa, mamãe, deixe pra lá. – Sally interrompeu a explicação de Isabelle lançando um olhar do tipo "quer mesmo explicar sobre tudo para sua avó?".

- Que tal irmos almoçar? – Edward propôs. – Estou morto de fome, foi uma longa espera.

- Teríamos vindo mais rápido se não tivéssemos que esperar por aquela atrasada. – Charles comentou divertidamente. Sally encarou-o levemente assombrada, mas não deixou mais ninguém notar.

- Macarrão, Sally? Eu preferia bem mais comer costeletas. – Vivian resmungou, fazendo Isabelle e Abigail rirem entre si. - Vamos lá, Abigail, conte-me... Você está estudando para que?

- Ahm... É um curso de Auror. – ao ver que a mulher não entendera nada, ela tratou de explicar, mas Sally foi mais rápida.

- É o mesmo curso que eu fiz, mamãe.

- Ah, caçadora de bruxos das trevas? – Vivian disse simplesmente. – Você tem mais cara de bailarina, se quer saber minha opinião.

- Bailarina? – George indagou confuso. – Tipo... Dançarina?

- Ágatha fez balé, não fez? – Fred perguntou curioso.

- Fez sim. – Sally sorriu orgulhosa. – Durante dois anos, começou aos cinco. Era um talento nato, apesar de ser levemente inclinada aos desastres. – ela apontou para uma foto pendurada na parede atrás de si. Havia uma garotinha loira, com as madeixas presas num coque alto, vestindo tutu rosa. Ela acenava para a câmera, os dois dentes da frente estavam faltando.

- Uma foto da Ágatha banguela. Ta ai uma coisa difícil de ver. – George comentou divertidamente.

- É mais comum se ver as pessoas banguelas graças a ela. – Fred brincou. Abigail e Jenna começaram a rir.

- Não acho que seja tão fácil assim... Ela é meio molenga. – Jenna replicou ainda rindo.

- Só quando ela quer. No quadribol, se ela fosse uma batedora, com certeza teria arrancado alguém da vassoura. – Abigail comentou pensativa.

- Ficamos agradecidos então por ela ter sido uma Artilheira. Era mais seguro. – Fred brincou.

- Sabe... Não é muito educado falar de uma pessoa quando ela não está presente para se defender. – todos na mesa se viraram para a dona daquela voz, parada na entrada da sala de jantar com os braços cruzados.

- ÁGATHA? – Fred, George e Abigail exclamaram, deixando os talheres caírem no prato.

A loira sorriu marotamente para eles.

Estava vestindo-se elegantemente para aquela tarde. O vestido era curto – ficava um pouco abaixo da metade das coxas – e justo. A parte de cima era tomara que caia, num tecido um pouco franzido de tom acinzentado. Uma faixa preta separava essa parte da saia, esta de tom preto, enfeitada por babados. O vestido marcava perfeitamente a silhueta curvilínea da garota, além de deixar as pernas longas expostas. Os sapatos eram pretos e de salto alto.

O cabelo dourado estava preso num coque atrás da cabeça, com alguns fios soltos. Usava um colar preto todo enfeitado com contas e nós, este caindo até o decote arredondado do vestido. A maquiagem era simples – apenas brilho labial na boca e delineador nos olhos.

- Mas o que? – Abigail exclamou, erguendo-se da mesa. – Você está aqui! – gritou, correndo para abraçar a amiga.

- Pois é!

- Tampem os ouvidos agora, senhoras e senhores. – Edward anunciou divertidamente. Ágatha e Abigail abraçaram-se e gritaram estridentemente ao se encararam novamente, rindo logo depois.

- Mas você, viu... – George resmungou franzindo o cenho para ela. Ágatha riu, abrindo os braços para recebê-lo num abraço. – Me pegou totalmente de surpresa.

- Era a intenção. – ela disse enquanto o abraçava.

- Ágatha Blake Lupin... – ela sorriu timidamente assim que Fred parou à sua frente com os braços cruzados.

- Ah, eu senti tanto sua falta, Fred! – ignorando completamente a situação de estar numa sala cheia de familiares, Ágatha jogou-se nos braços do ruivo, beijando-o antes que ele resmungasse alguma coisa. Fred sorriu entre o beijo, assim como ela. Um simples toque de lábios foi suficiente para fazer o beijo se tornar mais intenso, até que um pigarreio interrompeu o momento caloroso entre os dois.

Vivian e Sally os encaravam de maneira levemente zangada, enquanto os outros fingiam estar interessados em outra coisa.

- Comporte-se, Ágatha! – Vivian reclamou. – Que falta de decência.

- Vovó, menos vai. Bem menos. – Ágatha retrucou, abraçando o namorado pela cintura. – Não estamos mais na era dos dinossauros. – Charles começou a rir do comentário, fazendo sua esposa resmungar alguma coisa. – Ah, cara, eu estou morta de fome! Mas macarrão? Qual é, não podia ter rolado uma costeleta ou algo do tipo?

Ágatha encarou todos confusa quando eles começaram a rir.

Enquanto encaminhava-se para seu lugar na mesa, ela ouviu um sussurro feito a si por Fred.

- Nos falamos direito mais tarde, ok? – ela lançou a ele um sorriso de lado, recebendo de volta uma piscadela.

Continua...


Visual da Ágatha inspirado no usado pela Blake Lively (que é a Ágatha, logicamente u_u) no episódio 22 da 3ª temporada de Gossip Girl – Last Tango, Then Paris. Link: 

http://blakelively.com.br/galeria/displayimage.php?album=190&pos=1

*CARA, o cachorro da Ágatha foi baseado naquela FOFURA do Boo. É um Spitz Alemão. Estou perdidamente apaixonada pelo Boo, sério.

* Ragazza irresponsabile – Garota Irresponsável.

* i mio dolce – Meu doce

* mio Dio – Meu Deus.


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Notas finais do capítulo

N/A: HOHO (esconde-se das pedradas e tijoladas) CALMA, CALMA, CAAALMA! Tenho motivos ótimos para a demora em atualizar essa fanfic aqueee... Ok, não tenho lá os melhores motivos do mundo, ENTRETANTO, preciso que entendam minha situação: Inspiração. É, foi braba... Foi foda. Foi triste D: Levei um tempo do demônio pra conseguir escrever esse capítulo gigante tamanho BIG BIG titânico a lá Cronos. Então, apesar da ausência eterna, O CAPÍTULO ESTÁ ENORME! Compensa, vá? Digam que não compensa e eu me retiro do recinto u___u
UMA PESQUISA BÁSICA: Galera que sabe o que rola com o Fred na batalha final... Eu vou escrever DSB até depois da batalha, OU SEJA, something vai acontecer com ele D:
Eu to fazendo uma pesquisa com as leitoras e perguntando o seguinte:
Devo manter a fidelidade ao fim que a tia J.K. deu ao Fred ou renovar e mudar? Porque eu tenho o que vai rolar com DSB dos dois jeitos, ou seja, só preciso decidir e escrever... Então queria uma opinião das minhas leitoras *-*
Ok, vamos ás reviews porque se eu for enrolar muito não consigo responder todas vocês xD
Raquel_s, Ah, você meio que já sabe o que rola nesse capítulo né nega... O bom de estudar com a escritora AHSUHUASUHSAUHSAUHSAUHSA'
Mas vai ler e comentar mesmo assim, tô nem ai u__u
Beeeijos e até o próximo =D
KaguraLari, XUXUZINHO minha demora foi compensada. Curtiste esse capítulo, né? Você meio que já sabe dele também, mas comenta mesmo assim, ouviu? u__u
Beeijos e até mais!
fernandasc, OWN xuxu, fico muito contente por você estar gostando tanto, sério *-*
Ágatha e Fred são uns fofuchos à parte, não? Meu xodó esse casal, assim como o George e a Abi *o* AH, NÃO DÁ PRA ESCOLHER #crise USAUHSAUHSAUHSAUHSAUHSAUHSA'
Eu sei, eu DEMOREI muito pra postar, pode xingar, eu deixo... O próximo capítulo já está sendo escrito, então não vai demorar tanto quanto esse G__G I promise.
Espero que tenha gostado :D
Beeijos!
Sarah, Claro que vai ter mais, neném! Muito mais! Vou com os gêmeos até um pouco depois da Batalha de Hogwarts (CRISEPORCAUSADABATALHA) - aliás... Eu tenho que perguntar uma coisa ás leitoras (vai lá em cima e arruma o comentário) pronto, agora você já pode dizer-me o que acha. É uma pesquisa, vamos ver o que me dizem...
Espero que tenha gostado do capítulo,
Beijos!
Karools, AAh menina, eu vi teu comentário lá no blog. Eu vou fazer um post novo e muito mais glamuroso logo, logicamente esculachando a 'coisa' MUAHAHAHA AHUSAUHSAUHSAUHUHASUHSA'
Realmente, a cara da Molly ao saber da notícia do namoro dos gêmeos foi uma coisa impagável, em? ASUHASHUSAUHUHSA' eu rachei enquanto escrevia.
Fico muito feliz por você ter gostado tanto da fanfic, mesmo *--* Valeu por comentar!
Espero também que tenha gostado muito desse capítulo :D
Beeeijos e até o próximo!
Heloisa Cullen, eu sei, POSTAR MAIS RÁPIDO D: Não me mate, poooor favor CRISE*
Eu JAMAIS desistirei de qualquer fanfic, neném, fique sossegada. E principalmente DSB, que é o maior xodó da minha vida. AHH gostaste dos trailers? Que bom que bom que bom *oo*
Espero que tenha gostado desse capítulo, mesmo, e desculpa mesmo pela demora D:
Beeeijões!
ThaisMedeiros, ah, Abigail e George são incrivelmente cutes, não? A história do Tigrão foi pra lá de criativa por parte da Abi, AHUUHSAUHSAUHASUHASHUAS' vingança, né MUAHAHAHA!
Realmente, provas são muito estressantes... Mas a Ágatha tinha o Fred pra deixar ela mais relaxada (A)...
Eu demorei demais com esse capítulo também, mas ele é bem grandão pra compensar :B
Ter clones da Umbridge vagando por ai em colégios do nosso Brasil é um infortúnio, não acha? Eu também tenho - e ela usa rosa na maioria das vezes, tipo, SOCORROODIN. Umbridges infortúnias G_G
Então é isso, espero que tenha gostado do capitulo e até o próximo *-*
Beeijos!
Julia_Fernanda, KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' adorei sua comemoração, desculpa pela demora - dessa vez eu acho que você joga um tijolo em mim e.e
Fred safadinho É POUCO, espere só para ver o capítulo depois desse aqui (A). O George é mais romântico, realmente, todo criativo com o pedido de namoro e o Fred lá mó: Ah, a gente ta namorando, pra que pedir? --' Sinceramente, viu, ruivo u_u
Prometo-lhe solenemente que o próximo capítulo vai vir recheado e coberto de fofuras, believe me *-* O tempo todo em que escrevo ele eu fico: ÓH, OWN, AAAH QUE NINDO! ASASHUSAHUUSHAUHSAUHSA' coisas da vida xD
Até o próximo capítulo xuxu,
Beeeijos!
IsabellaWatson, Eu também queria um George pra mim, viu. Um pedido de namoro daqueles conquista eternamente, na boa... ASHUASUHSAUHUSAHUHSAUHSA'
OWN, os shippers da fanfic já viraram reais, que realização *--* UASUHSAUHSAUHSAUHSAUHSAUH' também apoio esses casais, viu u_u são lindos e divos - não é só pq eu eu inventei... Já inventei muito personagem que eu tinha vontade de matar (e matava, né AUHAUSHUHSAUHASUHSAUHAS)
Eu com ciúmes pareço o demônio - É NÓIS ENTÃO. Demônio é pouco, eu viro um leviatã a la Supernatural, faço até a carinha maníaca que o Misha fez xD
Desculpa a demora pela atualização D: Espero q tenha gostado do capítulo!
Beeeijos :D
Paranimrod, own, xuxu, obrigada *-* Fico muito happy por você ter gostado, na seriedade.
Abi e George arrasam nas fofuras, fala ai ASHUASUHSAUHASUHAUSH' Ágatha e Fred também, mas eles são um pouco menos fofos e mais manda-ver, né? G.G O Lino nem perde tempo, acha o que? Viu, apesar de eu não gostar da Angelina, nem deixei ela pra titia u__u ASHUSAUHASUHAUSHUHSAUHAS'
Até o próximo capítulo - que não vai demorar tanto, prometo D: - Beeeijos!
Leeh_GSRH, Aqui está mais, xuxu xD
Desculpe pela demora O_O espero que tenha gostado :DD
Beeeijos!
Xoxo.
Nizz :P