Dont Stop Believin escrita por Nizz e Cherry


Capítulo 11
Capítulo 10




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Capítulo 10.

O Torneio Tribruxo.

 

— Vão buscar o Harry hoje? Com a permissão dos tios dele dessa vez, claro. – Ágatha brincou.

— Engraçadinha. – Fred e George retrucaram.

Eles estavam nos jardins da casa dos Weasley, aproveitando o sol daquele dia. Ágatha tinha chegado ali na noite passada para passar o resto das férias na casa deles. E também para participar da Copa Mundial de Quadribol.

 

— Alguma novidade nas Gemialidades?

— Criamos umas coisas novas. – Fred murmurou, de olho na janela. – Escondidos da mamãe, claro.

— Se ela descobrir que andamos mexendo com as nossas invenções, nem quero imaginar o que vai fazer. – George comentou.

— Então sussurrem pra mim sobre o que estão aprontando.

— Caramelo Incha-Língua é uma das invenções mais recentes. – Fred e George disseram juntos.

— E o efeito desse caramelo está no nome dele?

— Com certeza.

— Estamos procurando alguém em que testar. Seria ótimo ver o resultado ao vivo. – George espiou a entrada da casa, temeroso.

— Eu adoraria ver também!

— Se conseguirmos uma cobaia, nós te chamamos. - Fred piscou.

— Pobre coitado do escolhido... – Ágatha brincou de volta.

— ALMOÇO! – eles ouviram a senhora Weasley gritar lá de dentro. Ela estava na janela, encarando os três com bastante atenção.

— Sempre desconfiada. – Fred e George disseram juntos.

xXx

— Como foi? – Ágatha puxou Fred pelo braço assim que ele apareceu na lareira.

— Foi um pouco doloroso até eles desbloquearem a lareira eclética, sei lá como chamam isso. Trouxas...

— Elétrica. – Ágatha corrigiu.

Ouviu-se um estalo e George apareceu, trazendo a mala de Harry consigo. Ele sorriu para Fred, e Ágatha identificou aquele sorriso imediatamente.

— O que foi que vocês aprontaram? – ela colocou as mãos no quadril, esperando a explicação. Ganhou sorrisos cúmplices dos dois em resposta.

Rony apareceu na lareira, e demorou um pouco mais até que Harry o seguisse.

— Ele comeu? – Fred se animou, ajudando Harry a se levantar.

— Comeu. – o garoto assentiu. – O que era?

— Caramelo Incha-Língua. – Fred explicou, olhando de soslaio para Ágatha. – Foi George e eu que inventamos, passamos o verão todo procurando alguém para experimentar...

Todos na cozinha caíram na gargalhada. Mas logo que o senhor Weasley apareceu na lareira, os risos cessaram, dando lugar as expressões de divertimento.

— Não teve graça nenhuma, Fred! – ele gritou para o filho. – Que diabo foi que você deu aquele garoto trouxa?

— Eu não dei nada a ele. – Fred ergueu os ombros, com um sorriso malvado. – Só deixei cair um caramelo... Foi culpa dele se apanhou e comeu.

— Você deixou cair de propósito! Sabia que ele ia comer, sabia que ele estava fazendo regime...

— De que tamanho ficou a língua dele? – George perguntou ansioso.

— Já estava com mais de um metro quando os pais me deixaram encolhê-la!

Todos riram novamente, com exceção do senhor Weasley.

— Espere até eu contar para a sua mãe...

— Contar o quê? – ouviu-se uma voz às costas dele, e todos se viraram para a recém-chegada.

— Não é nada, Molly. – o senhor Weasley desconversou. – Fred e George... Mas já tive uma conversa com eles.

— Que foi que eles fizeram dessa vez? – ela esbravejou de volta. – Se foi alguma coisa relacionada com as "Gemialidades" Weasley...

Nesse momento Harry, Rony, Hermione e Gina se retiraram. Ágatha lançou um olhar de apoio para eles, sorrindo levemente. Depois subiu as escadas para fugir da gritaria da senhora Weasley. Demorou um longo tempo até que a discussão acabasse.

Ágatha desceu depois do silêncio, avistando os gêmeos nos jardins, e seguiu para a cozinha.

— Gostaria de ajuda? – ela se ofereceu, ganhando um sorriso de Molly.

— Vamos jantar lá nos jardins, querida. Não temos espaço para tanta gente aqui na cozinha. Bill e Charlie estão montando as mesas do lado de fora. – ela parou um segundo. – Ah! Jennifer, sua irmã, mandou uma carta. Chegou agora pouco.

Ágatha aceitou o pergaminho que Molly lhe estendia. Ao ler, encarou a mulher com surpresa. – A senhora sabia que ela vinha pra cá?

— Claro que sabia. Ela fez questão de arranjar lugares na Copa Mundial junto dos nossos. – Molly sorriu animada. – Agora, que tal me ajudar com os pratos?

— Claro. – Ágatha sorriu abertamente. Fazia muito tempo que não passava uns dias com a irmã mais velha, graças ao trabalho dela na França. E, agora, ela estava vindo para a Copa Mundial de Quadribol!

— E aí, sentiu nossa falta? – ela girou nos calcanhares para contemplar os gêmeos.

— Acho que vocês sentiram minha falta no meio daquela bronca toda. – ela colocou os pratos em um canto enquanto Bill e Charlie arrumavam as mesas. – Ela ficou muito zangada? – Ágatha aproveitou o instante para se sentar entre os dois.

— Nada fora do comum. – Fred deu de ombros.

— Mamãe é meio exagerada. – George acrescentou. - O tempo todo.

— E uma bronca e um pouco de sensatez não faria vocês desistirem, né? – Ela provocou, ganhando sorrisos bem-humorados. - Claro que não.

xXx

Ágatha caminhava ao lado dos gêmeos, que estavam quietos e aborrecidos. A senhora Weasley havia pegado todas as invenções deles, que os dois tentavam contrabandear para a Copa, e as jogara no lixo. Isso havia deixado Fred e George furiosos, então Ágatha preferiu se manter em silêncio.

Mais à frente, o senhor Weasley acenou para um homem parado sob uma grande árvore.

— Ah, Arthur, vocês demoraram!

— Desculpe, Amos, mas teve gente aqui que demorou pra acordar. – ele olhou acusador para Harry e Rony, que bocejavam lá atrás. – Crianças, este é Amos Diggory. – ele apontou para o senhor de óculos. E logo depois um rapaz saltou da árvore, parando ao lado de Amos. – E esse jovem forte é Cedrico, imagino?

— Sim senhor. – ele sorriu ao cumprimentar o senhor Weasley.

Hermione, Ágatha e Gina entreolharam-se com sorrisinhos interessados, enquanto Fred e George armavam uma expressão emburrada. Eles ainda não haviam superado o fato de Cedrico ter vencido o jogo contra a Grifinória no ano passado, pegando o pomo antes de Harry.

— Vamos então? – o senhor Weasley exclamou.

Mais uma longa caminhada seguiu-se, até que eles finalmente chegaram onde deveriam. Um espaço vazio onde havia uma bota velha e gasta, colocada ali para servir como chave de portal.

— Segurem firme. – o senhor Weasley avisou. Todos se ajoelharam em volta da bota, segurando em algum lugar dela. – No três... Um... Dois... Três!

A sensação era a de estar sendo puxado para um buraco negro. Quando a viagem pelo portal acabou, todos caíram no chão com força, com exceção de Cedrico, Amos e o senhor Weasley, que nem pareciam ter saído do lugar.

— Odeio viagens por portais. – Ágatha resmungou, aceitando a ajuda de Fred para se levantar.

— Realmente desconfortáveis. – George concordou.

xXx

— JENNA! – Ágatha guinchou emocionada quando a irmã apareceu na barraca dos Weasley. Mas Jenna só viera para uma visita rápida, já que estava dividindo a própria barraca com algumas garotas da Beauxbatons.

 

— Há quanto tempo, maninha. – Jennifer abraçou a caçula com força. – Olá, senhor Weasley. – ela sorriu simpaticamente ao cumprimentá-lo. – Muito prazer.

— Igualmente. – ele sorriu também, convidando-a a entrar. Jenna foi apresentada a todos os Weasley, além de Harry e Hermione também. Quando cessaram as apresentações, ela encarou a irmã.

— Animada?

— Como não ficaria? É a final!

— Eu deveria te passar um sermão sobre se comportar na escola esse ano, segundo a mamãe, mas a real é que espero que se divirta bastante.

— Nos vemos no jogo? – Ágatha a empurrou de leve quando Jenna fez menção a ir embora.

— Claro. Vou sentar pertinho de vocês. – ela riu, piscando um olho. – Nos vemos mais tarde. Até mais, pessoal! - Jenna se despediu e se foi.

— Sua irmã... – George começou, assim que Ágatha sentou-se ao lado dele.

—... É uma gata. – Fred completou.

— E tem uma namorada bem ciumenta. - Ágatha rebateu.

xXx

— Eu deveria ter apostado com vocês. – eles haviam acabado de chegar à barraca, logo após o incrível jogo da Copa. Irlanda havia vencido a Bulgária por dez pontos de diferença, mesmo quando Vítor Krum, o famoso apanhador da Bulgária, capturara o pomo de ouro.

— Apostado que a Bulgária perderia? Estava na cara. – Fred retrucou para a garota.

— Não. Que Krum pegaria o pomo. Ele é um dos melhores apanhadores do mundo, não tinha como não pegar. Foi impressionante!

— Você e sua apaixonada admiração por jogadores de quadribol, gatinha. – George debochou.

— George!

— E por falar em jogadores de quadribol, como anda o Wood? Vocês trocaram muitas correspondências apaixonadas durante as férias? – Fred indagou de repente, cruzando os braços às costas para encará-la.

— A gente conversou, sim. E ele vai bem. – ela sorriu provocadora. – Está prestes a entrar no Puddlemere United como goleiro titular.

— Meu coração sangra de emoção por ele. – Fred replicou azedo.

— É um ótimo time.

— Eu sei que é. E Wood é um ótimo jogador, blá, blá, blá. Sorte dele. - Fred deu de ombros, e deu as costas para ela em seguida.

— É... – a garota franziu o cenho, desconfiada com aquele tom.

Ela foi até o quarto que dividia com Gina e Hermione para trocar a camiseta por outra mais quente, e saiu de lá a tempo de ver os gêmeos zoando com Rony por ele também ser fã de Vítor Krum. Uma movimentação foi ouvida do lado de fora, cheia de gritos e correria.

— Os irlandeses estão comemorando.

— Não são os irlandeses. – o senhor Weasley avisou, parecendo preocupado. Saindo para fora da barraca, eles se encontraram em um caos total. Os gritos e a correria não eram comemorativos, mas de puro pavor. – Vamos ajudar o pessoal do ministério. Vão para a floresta, irei apanhá-los assim que puder. E fiquem juntos! – o senhor Weasley exaltou.

— Vem! – Fred puxou Gina pela mão enquanto todos corriam.

O tumulto foi grande, graças ao que parecia ser um ataque. Os gêmeos, Gina e Ágatha conseguiram ficar juntos, mas Harry, Rony e Hermione perderam-se em meio às pessoas. Quando finalmente alcançaram a floresta, pararam para descansar. O senhor Weasley demorou um pouco para aparecer, mas finalmente conseguiu achá-los.

Harry, Rony e Hermione estavam a salvo, por sorte. Os responsáveis pelo ataque haviam desaparecido, além do bruxo que havia conjurado uma Marca Negra sobre o céu.

xXx

— Ah, graças a Deus, graças a Deus! – a senhora Weasley vinha correndo em direção a todos. Jenna os liderava ao lado do senhor Weasley, abraçada à irmã. Foi então que a senhora Weasley se atirou no pescoço do marido, deixando cair o exemplar do Profeta Diário das mãos. – Ah, Arthur, eu estava tão preocupada!

— Vocês estão bem, vocês estão vivos... Ah, meninos! – e correu para abraçar os gêmeos. Um abraço tão apertado que fez as cabeças dos dois se chocarem.

— Mamãe, está estrangulando a gente!

— Gritei com vocês antes de irem embora... É só nisso que estive pensando! E se Você-Sabe-Quem tivesse pegado vocês? E a última coisa que eu disse a vocês foi que não obtiveram N.O.M.s suficientes? Ah, Fred... George!

— Molly, estamos todos perfeitamente bem. – o senhor Weasley garantiu, abraçando a mulher enquanto a guiava para A Toca.

Lá, Ágatha teve uma surpresa ao botar os olhos em uma figura sentada na mesa da cozinha.

— Mamãe?

— Filha! – ela correu em sua direção, abraçando-a com tanta força quanto a senhora Weasley abraçara os gêmeos.

— Mãe... Ar... Respirar... – Ágatha pediu, tentando se livrar do abraço. Respirou fundo quando Sally se afastou. – O que está fazendo aqui?

— Eu vim ver você, ora essa! Ataques na Copa Mundial e vocês duas naquele lugar... – Sally retrucou indignada. Puxou Jenna para si, abraçando-a com força também. – Fiquei tão preocupada.

— Mas agora está tudo bem. – Molly sorriu, também aliviada.

— O Ministério está uma loucura, não está? – Arthur indagou para Sally. Ela assentiu com um suspiro frustrado.

— Um caos. Foi quase impossível fugir para vir até aqui. – ela virou-se para Ágatha, checando seu rosto e apertando seus ombros carinhosamente. – Por isso devo ir antes que notem que eu saí. Deus sabe a quantidade de relatórios e de atendimentos que eu preciso...

— Tudo bem, mãe. – Ágatha sorriu para a justificativa exagerada.

— Jenna, nos vemos mais tarde. – Sally beijou a filha mais velha. – Até mais Molly, Arthur. – ela sorriu, e depois desapareceu pela rede de pó de flu.

— Eu também preciso ir, maninha. – Jenna avisou. – Mas vamos nos ver mais cedo do que imagina. – ela sorriu enigmática e piscou um olho para a irmã. Despediu-se dos Weasley e depois se foi.

A semana se passou em meio a tédio e caos, com Percy e o senhor Weasley mal parando em casa.

Numa tarde próxima do dia do retorno a Hogwarts, todos estavam ocupados com o que fazer. Ágatha lia Mil Ervas e Fungos Mágicos de Herbologia. Os gêmeos estavam sentados próximos dela, com penas nas mãos, cochichando tão baixo que tornava difícil decifrar o que diziam.

— Que é que vocês dois estão aprontando? – a senhora Weasley perguntou. Ágatha ergueu os olhos do livro num susto, para encontrar os desconfiados de Molly.

— Dever de casa. – Fred explicou com calma.

— Não seja ridículo, vocês ainda estão de férias.

— Deixamos esse para depois. – George sorriu.

— Por acaso vocês não estão preparando um novo formulário, estão? – sua mãe perguntou desconfiada. – Por acaso não estariam pensando em recomeçar as "Gemialidades Weasley"?

— Ora, mamãe... – George se fingiu insultado. – Se o Expresso de Hogwarts bater amanhã e Fred e eu morrermos, como é que você vai se sentir sabendo que a última coisa que ouvimos de você foi uma acusação sem fundamento?

Com isso, a senhora Weasley os deixou em meio aos risos.

xXx

— Pra que tanto mistério esse ano? – Fred indagou confuso. Ele, George, Ágatha, Abigail e Lino dividiam uma cabine e conversavam sobre o futuro ano letivo. A senhora Weasley havia feito suspense sobre alguma coisa, assim como Charlie e Jenna.

— Talvez seja uma pegadinha deles. – Ágatha deu de ombros. – Afinal de contas, todo ano acontece algo inesperado em Hogwarts.

— Não sei, alguma coisa tem... – George comentou pensativo.

— Oi, galera! – eles se viraram para a porta, encontrando uma Angelina sorridente. - Demorei pra achar vocês.

— E aí, Angelina? – Fred sorriu, abrindo espaço para ela se sentar. Ágatha desviou o olhar, estranhamente perturbada pela proximidade entre os dois.

— Como foram as férias? – Angelina indagou, ganhando a atenção dos outros membros da cabine.

xXx

— Isabelle Blake. – Minerva chamou, e uma garota tímida adiantou-se até o banco. Tropeçou no meio do caminho, mas, por sorte, não caiu. Fred e George encararam Ágatha quase no mesmo instante, ganhando um dar de ombros e um sorriso dela.

 

— GRIFINÓRIA! – o chapéu seletor exclamou, e a sorridente Isabelle desceu do banco, encaminhando-se até a mesa de sua casa.

xXx

— O senho está BRINCANDO! – o salão principal inteiro ouviu Fred exclamar. Quase todos riram, e Dumbledore o encarou com um sorriso divertido.

— Não estou brincando, senhor Weasley. O Torneio Tribruxo será mesmo realizado em Hogwarts este ano. Para quem não sabe o que é este torneio, darei uma breve explicação. Ele foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria. Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Um campeão representará cada escola... Mas deixemos isso para mais tarde. Agora, quero que deem as boas vindas às adoráveis moças da academia Beauxbatons e sua diretora, Madame Maxime!

A entrada das graciosas estudantes da Beauxbatons foi impressionantemente graciosa. A diretora era uma gigante muito refinada, vestida com plumas e seda. Ela entrou acompanhada de Fleur Delacour, uma veela belíssima, e, para a surpresa de Ágatha, Jenna as acompanhava.

— E também à academia Durmstrang e seu diretor, Igor Karkaroff!

Já a apresentação dos estudantes de Durmstrang foi mais enérgica. Vítor Krum entrou na companhia do carrancudo diretor.

— Atenção, por favor! – o salão ficou silencioso. – A glória eterna é o que espera o vencedor do Torneio Tribruxo. Mas, para isso, o escolhido deverá enfrentar três tarefas. Três tarefas extremamente perigosas. Por causa disso, o Ministério resolveu impor uma nova regra. Chamo então o chefe da cooperação internacional em magia, senhor Bartolomeu Crouch.

Houve então uma explosão no teto, e os alunos viraram-se assombrados. Um bruxo entrou pela porta dos fundos, direcionando um feitiço para cima, que fez o teto enfeitiçado se acalmar. Era Olho-Tonto Moody, um auror que diziam estar pirado. Após alguns instantes, Dumbledore chamou novamente Bartô Crouch para fazer o anúncio.

— Depois da devida consideração, o Ministério da Magia decretou que nenhum aluno com menos de dezessete anos poderá colocar seu nome no Cálice de Fogo.

— ISSO É RIDÍCULO, É RIDÍCULO! – Fred e George gritavam juntos e quase todo o salão começou a protestar. Ágatha franziu o cenho ao ouvi-los reclamar, até que Dumbledore mandou o salão ficar quieto. Ele foi até a frente, onde alguns homens haviam colocado uma caixa cheia de adornos. Com um movimento da varinha, a caixa desapareceu, dando lugar à uma estatueta marrom em forma de cálice. Fogo azul surgiu em cima dele.

— O Cálice de Fogo. Quem quiser se candidatar deverá colocar seu nome num pergaminho, e depositá-lo no Cálice até está hora na noite de quinta-feira. Mas não se escreva levianamente. Uma vez escolhido, não poderá desistir. A partir de agora, o Torneio Tribruxo está começando.

xXx

— Vocês não vão desistir, vão? – Lino questionou com curiosidade.

Ágatha sentou-se no sofá do salão comunal ao lado dos gêmeos, de frente para Lino. Os dois primeiros pareciam estar planejando alguma coisa.

— Claro que não!

— Aquele negócio de proibição para menores de idade é baboseira. – George reclamou.

— Vamos burlar o Cálice facilmente. Algumas gotas de Poção para Envelhecer. – Fred sorriu decidido. – Vai tentar? – ele arqueou uma sobrancelha para Ágatha.

— Não, obrigada. – ela recuou. – Vocês têm ideia do índice de mortes que tem naquele torneio? É perigoso.

— Ágatha, qualquer evento com você fica perigoso. – George brincou. – Você é um desastre.

— Engraçadinho.

xXx

— Aposto um cicle. – Ágatha provocou. Estava na biblioteca com os gêmeos. Enquanto fazia seu dever de Transfiguração e de Trato de Criaturas Mágicas, escutava os dois conversando sobre a poção que estava quase pronta.

— Aposta um cicle em quê? – Fred perguntou.

— Que não vai dar certo. – ela conteve um sorriso.

— Aposta aceita. – George estendeu a mão para a garota, aceitando o cumprimento. – E vai dar certo.

 

xXx

— Vocês têm mesmo certeza disso? Dá pra desistir. Qual é, foi Dumbledore quem fez aquele feitiço, acham mesmo que vão enganá-lo? – ela parou na frente dos gêmeos, esticando as mãos para impedi-los. E, claro, foi em vão.

— Gatinha, sossegue... – Fred sorriu.

—... Vamos nos dar bem. – George o acompanhou.

Ágatha rolou os olhos, encaminhando-se o mais rápido que pôde para assistir ao show. Sentou-se num dos bancos ocupando os cantos do salão, bem perto do Cálice. Abigail estava ali com Alicia.

— Eles vão mesmo tentar? – A corvina se entusiasmou.

— E os dragões soltam fogo? – Ágatha replicou indignada. – Claro que vão.

Fred e George finalmente pararam de falar com Hermione, que tentava contradizê-los. Os dois beberam as poções e saltaram dentro do círculo mágico. As pessoas que assistiam ficaram em silêncio, mas, como nada aconteceu, bateram palmas animadamente.

— Apostou alguma coisa com eles? – Abigail questionou Ágatha. Ela sorriu.

— Óbvio.

Os dois colocaram juntos seus nomes no Cálice, e novamente, nada aconteceu. A comemoração durou pouco tempo. Os dois foram lançados longe e, ao se levantarem, tinham barbas brancas no rosto, parecendo velhos. Eles começaram a discutir sobre a poção e então a brigar, dando mais um motivo para as gargalhadas à sua volta.

Mais tarde, os dois estavam na enfermaria. Obviamente curados, mas teriam que esperar um pouco para Madame Pomfrey ter certeza de que o efeito não reverteria. Ágatha apareceu por lá, um sorriso divertido no rosto assim que pôs os olhos neles.

— Eu vim visitar meus avôs favoritos. – ela brincou, ganhando olhares feios em resposta.

— Não tem graça.

— Não foi engraçado.

— Ah, foi sim. – ela que parou ao lado deles, estendendo as mãos abertas na direção de cada um. – Venci a aposta.

— Veio cobrar os cicles? – Fred indagou incrédulo. – Nem se importa com a saúde dos seus amigos?

— A gente podia estar gravemente ferido internamente e você nem se importa em questionar. – George dramatizou.

— Eu imagino que vocês não tenham o dinheiro agora, para essa desconversa toda. E eu me importo sim com vocês. Se não, estaria lá no salão principal comendo um belo pudim de chocolate.

— Lino já veio aqui. – George comentou. – E Dumbledore e Minerva...

— E Angelina.

— Eu sou mais importante. – a garota resmungou. – Ah, não sou?

— Claro que é.

— Merlin se curva perante você.

Ela cruzou os braços, apoiando o quadril no canto da cama. – E aí, não vão mais tentar nada pra entrar nesse torneio suicida, não é?

— É.

— Dessa vez não.

— Posso perguntar uma coisa? Vocês estavam mais interessados no prêmio do que na glória eterna, certo? – Ágatha os encarou demoradamente.

— Fiquei ofendido. – Fred levou uma mão ao peito.

— Como pode pensar isso sobre nós? – George fez o mesmo que o irmão. Ágatha arqueou uma sobrancelha para eles. – É, tudo bem. A gente queria o dinheiro.

— Por quê? Tem a ver com o correspondente que vocês tanto falam? Eu vi os dois saindo para Hogsmeade numa tarde dessas, o que vocês... – Fred tapou a boca dela assim que Madame Pomfrey entrou na enfermaria, sorrindo inocentemente para a enfermeira.

— Senhorita Lupin, precisa se retirar. Vocês dois também, estão dispensados. – ela avisou, encarando-os com o mais desconfiado dos olhares.

Já no corredor, Ágatha barrou o caminho deles, os olhos estreitados em desconfiança.

— O que estão tramando?

— Você vai descobrir em breve. - George respondeu.

— Odeio que escondem as coisas de mim.

— Vai ser a primeira a saber. – Fred rolou os olhos. – Mas, por enquanto, é segredo.

xXx

— Fecha isso! – Fred gritou. Harry havia acabado de abrir o ovo dourado, que havia pegado na tarefa contra o dragão. Harry se saíra bem, e havia passado para o segundo desafio. Ao menos, se decifrasse o que fazer nela. O ovo dourado, quando aberto, só emitia um guincho horrível.

— Era alguém sendo torturado! – Neville Longbottom exaltou. – Você vai ter que enfrentar a Maldição Cruciatus.

— Deixa de ser babaca, Neville, isso é ilegal. – George disse. – Não usariam a Cruciatus contra os campeões. Achei que lembrava um pouco o Percy cantando... Quem sabe você vai ter que atacar ele quando estiver debaixo do chuveiro, Harry.

— Quer uma tortina de geleia, Mione? – Fred ofereceu para a garota. – Pode se servir... – ele disse, assim que ela olhou para o prato meio desconfiada. – Não fiz nada com elas. É com os cremes de caramelo que você tem que se cuidar... – Neville, que havia comido o creme, se engasgou, causando gargalhadas nos gêmeos..

— Brincadeirinha, Neville. – George disse.

— Você apanhou tudo isso na cozinha, Fred? – Hermione indagou curiosa.

— Foi. – ele assentiu. – Os elfos são superprestativos. Me arranjariam um boi assado se eu dissesse que estava faminto.

— Como é que se entra lá?

— É fácil. Tem uma porta escondida atrás da pintura de uma fruteira. É só fazer cócegas na pêra, ela ri e... – Fred parou de falar. – Por quê?

— Nada...

— Vai tentar liderar uma greve de elfos domésticos, é? Vai desistir dos folhetos e incitar os caras a se revoltarem?

— Não perturbe os elfos dizendo que têm que pedir roupas e salários! – Fred resmungou. – Vai desviar os caras do preparo da comida!

Neville, de repente, transformou-se num grande canário, distraindo todos ali. Fred e George abafaram as risadas, assim como Ágatha.

— Ah... Me desculpe, Neville. – Fred exclamou.

— Me esqueci. Foram os cremes de caramelo que enfeitiçamos. – George explicou.

Quando Neville voltou ao normal, Fred fez questão de gritar para todos ali:

— Cremes de Canários! George e eu inventamos, sete sicles cada, pechincha!

Ágatha balançou a cabeça quando viu alguns alunos cercando a dupla, muitos deles novos demais para entender que aquilo lhes causaria detenções.

Fred ergueu os olhos para ela durante um momento, sorrindo entusiasmado. Ágatha retribuiu, percebendo logo depois que suas bochechas haviam esquentado. Ela baixou o rosto para o livro com os olhos arregalados, estranhando a própria reação. Fred riu sozinho, voltando a atenção para um garotinho que fazia uma encomenda de muitos Cremes de Canários.

xXx

— O Baile de Inverno é uma tradição do Torneio Tribruxo. – Minerva disse em voz alta. – Nós e nossos convidados nos reunimos no Grande Salão para uma noite de diversão bem comportada. Porque o Baile de Inverno é, antes de mais nada, para dançar. – os garotos, de um lado daquele salão, começaram a reclamar, e as garotas, a cochichar animadas. Abigail voltou-se assombrada para Ágatha, que apenas ria ao fazer mímicas para os gêmeos. – A Casa de Godric Grifinória vem sido respeitada há séculos, e eu não vou deixar que vocês em uma única noite manchem essa reputação comportando-se como babuínos bobocas balbuciando em bando! – Minerva exclamou brava.

— Tenta dizer isso cinco vezes sem errar. – George sussurrou para Fred. Os gêmeos ficaram repetindo entre si aquela frase, rindo um pouco, enquanto Minerva continuava:

— Dentro de cada garota existe um gracioso cisne esperando para desabrochar e alçar voo.

Ágatha virou-se para Abigail com um olhar de horror.

— Meu cisne está com as pernas quebradas, pelo jeito. - a morena precisou tossir para esconder o riso.

— E em cada garoto um pomposo leão esperando para se exibir. – Minerva virou-se para os rapazes. – Senhor Weasley. – apontou para Rony, que assentiu. – Dance comigo, por favor.

Harry, os gêmeos e os amigos de Rony contiveram o riso. Fred soltou um assovio alto, ganhando uma gargalhada abafada de Ágatha do outro lado.

Depois de um desastroso momento de dança, Minerva mandou os alunos se levantarem para treinar com alguns parceiros. Ágatha foi uma das últimas a sair de perto dos bancos, afastando-se do aglomerado de alunos. Abigail estava com ela.

— Baile... – Fred comentou, parando ao lado de Ágatha. – Era só o que me faltava.

— Eu nem consigo mesurar o tamanho do desastre de colocar a Ágatha sobre salto alto. - George brincou, ganhando um empurrão da garota e seu riso em seguida.

 

xXx

— Já recebeu um convite, e JÁ ACEITOU? – Ágatha exaltou para Alicia. Estavam no café-da-manhã, com uma semana para o Baile de Inverno. A corvina havia corrido até as amigas para contar a novidade.

— Ele era tão lindo. E foi tão educado. – ela sorriu sonhadora, apoiando o queixo na mão. – Da Durmstrang, um garoto negro alto e fortão. Acho que estou apaixonada... Já sabem com que vestidos vão usar?

— Minha mãe escolheu um pra mim. – Abigail sorriu sonhadora. – Agora, só falta um convite.

— Você já recebeu tantos. – Ágatha se mostrou confusa.

— É, mas não o que eu quero que me convide. – Abigail suspirou, voltando sua atenção para o bacon intocado em seu prato.

— Se ao menos você nos falasse quem é... – Alicia disse.

— Não.

— Então não adianta reclamar. – Alicia retrucou bufando de curiosidade. – Tenho que ir tomar meu café, nos vemos na aula de Poções! Acho que vou mandar uma carta anônima convidando Snape, o que acham? – exclamou enquanto corria para sua mesa.

— Vamos lá. – Ágatha bateu palmas na frente da cara de Abigail, chamando a atenção dela. – Me conta quem é.

— Por que eu contaria para você e não para Alicia?

— Porque a Alicia contaria pra escola inteira no segundo seguinte e eu não. – Ágatha resmungou de volta.

— Tá. Mas tem que me prometer que não vai intervir, e muito menos contar pra ele. Promete?

— E eu converso com ele normalmente?

— Sim. - Abigail engoliu em seco. - Promete!

— Eu prometo!

— Ok... É o G...

— George! – as duas viraram-se para uma garota animada da Lufa-Lufa. Os gêmeos estavam entrando no Salão Principal quando a garota do quinto ano os parou. – Quer ir ao baile comigo?

— Desculpe, não posso. – George fingiu uma cara de tristeza. – Já convidei uma garota.

— Ah... Tudo bem então. – decepcionada, a estudante da Lufa-Lufa seguiu para sua mesa.

— George conquistando todas os corações – Ágatha provocou assim que os dois se sentaram ao seu lado.

— Aquela garota é neurótica. Ficou me seguindo ontem o dia todo. – George resmungou.

— Ela está apaixonada. - Fred o cutucou em brincadeira.

— Você é gêmeo dele, cuidado para ela não se apaixonar por você também. – Ágatha brincou. – Abi, onde a gente estava? Ah, é! Me conta.

— Contar o quê?  - Fred se inclinou sobre a mesa, curioso.

— Nada da sua conta.

— Ah, Abigail tem um namorado? – Ele sorriu marotamente. Abigail corou em resposta, escondendo o rosto atrás da taça de suco de abóbora.

— Deixa de ser criança. – George revirou os olhos para o irmão.

— Quieto, Romeu, quero ouvir a fofoca. – Fred empurrou seu ombro.

— Deixa pra lá. – Abigail encarou George de repente, e um estalo correu pela mente de Ágatha. Ela arregalou os olhos e recuou, chocada e entusiasmada.

— Sério?! – exclamou, aproveitando que George pegava seu suco de abóbora para fazer um sinal na direção dele. Abigail não disse nada, mas a vermelhidão em seu rosto respondeu por ela. – Que gracinha, Abi.

— Garotas são malucas. – Fred sussurrou para George, e ele concordou.

xXx

— George... – Ágatha o chamou, o olhar perdido inocentemente entre os livros da estante. Ela estava sentada na mesa da biblioteca, esperando os gêmeos terminarem seu "contrabando" de Gemialidades para os alunos compradores. – Quem você convidou para o baile?

— Por que a pergunta?

— Responde.

— Ninguém.

— Mas você disse...

— Pra despistar a garota da Lufa-Lufa. – Fred explicou. – Ágatha, acorda. – ele riu quando a loira dobrou uma careta em sua direção.

— Eu estava pensando em chamar a Katie Bell, mas...

— Chame a Abigail. – Ágatha sorriu. George e Fred pararam o que estavam fazendo, o primeiro com uma expressão de surpresa.

— Chamar a...

— Abigail.

— Por que eu chamaria?

— Porque... – Ágatha parou um minuto ao ver que algumas alunas do terceiro ano assistiam a cena. Ela ergueu as sobrancelhas, convidando-as a se retirar com uma expressão severa. Elas dispararam para longe dali. – Porque ela quer que você a convide. – quando George arregalou os olhos, Ágatha o puxou pelo colarinho, usando a mesma expressão amedrontadora de segundos atrás. – Se você falar pra Abigail que eu te disse isso, arranco sua língua, me entendeu?

— Saquei. – ele se afastou, horrorizado. – Mas... Por que eu?

Ágatha revirou os olhos. Alcançou sua mochila e se afastou, balançando a cabeça em decepção para George.

xXx

— Já é o décimo garoto que você recusa convite. – Abigail sussurrou. Estavam em uma aula de Snape, no Salão Principal, e o professor rondava os alunos para castigar quem quer que estivesse conversando.

— E daí? – Ágatha deu de ombros. Havia mandado a resposta para o garoto no fim da longa mesa, e ele pareceu decepcionado. – Você demorou até finalmente ser convidada.

— E eu ainda acho que tem dedo seu na história... – Abigail se calou quando Snape passou por ali, e esperou ele se afastar para continuar: – Tá tão interessada em um cara que os outros são fantasmas pra você?

— Quieta! – Ágatha pediu. Snape havia acabado de dar uma cadernada na cabeça de Rony, e depois em Harry, porque ambos estavam conversando. E ela estava sentada bem próxima.

— Quer que alguém específico te convide? - Abigail estreitou os olhos, correndo a atenção pelo salão. - Algum cara da Durmstrang?

Ágatha engoliu em seco. Diferente da amiga, no entanto, lutou para não encarar o ruivo logo à sua frente.

Foi nesse instante que viu Fred passar um papel para o irmão mais novo.

Rony perguntou quem ele levaria ao baile e Fred sorriu. Pegou uma bola de papel e arremessou no ombro de Angelina, sentada bem ao lado de Ágatha.

— Angelina! – ele sussurrou. Ela virou-se irritada. – Você quer ir... Ao baile comigo? – ele fez algumas mímicas engraçadas, ganhando risos de George e Abigail. Ágatha, no entanto, desviou o olhar.

— Ao baile? – Angelina sorriu meio tímida. – Tá.

Fred sorriu vitorioso para Rony, voltando-se para as garotas.

Ágatha rangeu os dentes ao arrancar um pedaço de papel do caderno, tamanha força que o barulho chamou a atenção dos gêmeos.

— Que bicho te mordeu? - Fred indagou.

— Quem é Peter? - Abigail indagou, inclinando-se sobre seu ombro. Fred e George fizeram o mesmo, curiosos. - Eu conheço?

— É da Lufa-Lufa. O moreno bonitinho que me convidou ontem na aula de Transfiguração. - Ágatha dobrou a carta em forma de aviãozinho e, quando Snape deu as costas para a mesa, o enfeitiçou para voar até seu destinatário.

— Era ele que você queria que te convidasse? - Abigail baixou a voz, confusa com a reação da amiga.

Ágatha deu de ombros, ciente da atenção de Fred.

— Quem eu queria não importa.

 

Continua...


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