Broken escrita por broken_heartedg


Capítulo 14
Idiot...


Notas iniciais do capítulo

outro capitulo :D



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            “Eu nem devia ter ido na festa” eu estava matutando. É, eu ainda não tinha esquecido. E – pelo jeito como as coisas estão andando – não é algo que eu vá apagar da memória tão rápido assim.

            “Ele é um canalha”, eu pensava. Na verdade, era só nisso que eu pensava. Passei o fim de semana restante repassando coisas como “Por que ele me chamou, então?” ou “Por isso nem se deu ao trabalho de me procurar, já que tinha outra” pela minha cabeça.

            E enquanto eu lavava a louça para minha mãe, também, só conseguia pensar nos modos de se enfiar uma bucha em bocas com dentes de esquilo.

            E é aí que você provavelmente se pergunta: “Essa garota tem alguma doença mental?”

            E a resposta é: Não, porra.

            Ah, o que vocês querem que eu faça? O garoto pelo qual você tem uma leve paixonite – tá, não tão leve assim – te convida pra uma festa – tudo bem que, no meu caso, ele disse que foi a prima, mas isso não colou. Ai você pensa “Opa, ele me convidou, ele me quer lá” e se produz toda pra ir, esperando que ele te dê alguma atenção ou que pelo menos tenha vontade de encontrar com você na festa. Mas não, e você acaba tendo que ficar com um grupo de patricinhas falsas; e quando você pensa que pode ser que ele não tenha vindo por causa de algum imprevisto ou algo do tipo pra explicar o porquê de ele não ter te procurado, você o vê passando, rindo, de mãos dadas com uma garota que, obviamente, não é você.

            Eu não consigo ser tão “falsa” a ponto de botar um sorrisinho na cara e ir falar com ele, do tipo “Você nem liga pra mim, mas eu não to nem aí”. E se você faz isso, desculpa aí.

            Também não ia arrumar briga, porque não era motivo para isso. Eu não ia me rebaixar a esse nível.

            Decidi que não ia falar nada e ignorá-lo – a menos que ele tocasse no assunto. Ai eu ia botar tudo pra fora, e ele teria que ouvir.

            E nesse humor admirável, fui para a escola na próxima segunda, evitando pensar no lugar vazio na minha frente – que logo estaria sendo ocupado por um primata cara-de-pau.

            Minutos depois, ouvi o barulho de uma bolsa sendo jogada no chão à minha frente, e Clark se sentou na carteira.

            Éramos os únicos na sala, pois sempre chegávamos cedo. Só algumas vezes que ele se atrasava.

            - Ah, eu detesto segundas feiras! – ouvi ele dizer, sabendo que se dirigia a mim, mas não me dei ao trabalho de olhá-lo. – Acordar cedo depois de um fim de semana...

            Clark fez uma pausa, esperando uma resposta que eu me recusei a dar.

            Escutei-o pigarreando.

            - Ainda mais depois de um fim de semana agitado... Por falar nisso, por que você não foi na... festa da Claire?

            Como é que é?

            Levantei o olhar e pisquei para ele.
            - Eu fui na festa.

            Percebi, pela sua hesitação, que não fazia idéia disso. Pra você ver o interesse dele por mim.

            - Ah, é? – sorriu constrangido – Nem vi você lá...

            Claro, nem procurou.

            Fiquei encarando-o, enquanto ele balbuciava desculpas.

            - Também, aquilo lá estava lotado. Não tinha condições de andar lá dentro... Nem deu pra te achar.

            AH, POUPE-ME.

            - Claro – fixei meus olhos nos dele – Além do mais, você tinha outras preocupações.

            Clark me fitou, e eu vi a confusão em seus olhos.

            Sorri zombeteiramente, tentando esconder o fracasso que eu mesma sentia.

            - Mary Stronp – disse, refrescando sua memória.

            A confusão em seus olhos sumiu, e seu rosto foi tomado por uma expressão chocada. Sua boca se abriu e logo depois fechou, sem produzir nenhum som.

            Fiquei encarando-o, esperando uma explicação que eu sabia que não viria, já que não existia. Ele apenas havia achado outra diversão.

            Clark pigarreou outra vez.
            - É... A prima do Jason. Nós estávamos procurando ele – ele disse, mas percebi o flerte em sua voz.

            Abafei uma risada de fracasso, e balancei a cabeça.

            - Você ainda vai inventar desculpas, Clark? Eu vi vocês dois, de mãos dadas. Não tente me convencer de que não estavam com segundas intenções – falei, antes que voltasse atrás.

            Clark negou com a cabeça.
            - Zoey, não aconteceu nada...

            Mas eu nem ouvi o que ele disse.
            - Você nem se deu ao trabalho de me procurar – acusei – Nem devia ter me chamado, se ia ser assim. Eu fui mais por causa de você, e acabei tendo que te ver de gracinhas com ela.

            - EI – ele aumentou o tom de voz – Eu não fiquei de gracinhas com ela. Nós estávamos apenas procurando o Jason, como eu já disse. Se você não quer acreditar em mim, o que eu posso fazer?

            Soltei uma gargalhada baixa.

            - Você acha mesmo que eu sou tão idiota assim? – perguntei – Todos na festa estavam sabendo das intenções dela. Agora vai me dizer que não tinha percebido e nem que tinha as mesmas?

            A irritação já estava evidente nos olhos de Clark.

            - Olha, não sei o que você viu, mas não fizemos nada de mais.

            - Poupe-me das suas desculpas esfarrapadas – disparei – Por que não admite de uma vez que foi lá para ficar com a garota? Você apenas não precisava ter me chamado e insistido para eu ir se já pretendia me largar isolada. Ou queria que eu fizesse parte da platéia pra ver dois idiotas se agarrando?

            Clark adotou uma posição defensiva.
 

            - Você acha que eu seria tão cara-de-pau a ponto de fazer isso? – ele perguntou, transbordando a raiva.
            Olhei fixamente para ele.

            - Você já provou ser muito pior que isso.

            Isso o abalou. Eu via em seus olhos. Ele parou e processou minhas palavras por um segundo, mas no outro seu olhar mudou para um furioso. Clark rangeu os dentes.

            - Ah, é? – ele fez uma pausa, me fitando – E o que te faz pensar que eu tenho que passar o tempo todo com você? – Suas palavras foram como facas, e ele continuou: - E se eu fui na festa por causa dela? E se eu e ela ficamos? – ele aproximou mais seu rosto do meu – O que você tem a ver com isso? A vida é minha.

            Fiquei parada, olhando-o, sem conseguir formular algo para dizer.

            - E outra coisa: eu não te obriguei a ir à festa. Você foi porque
aceitou e quis. 

            Ele parou, e ficou me encarando.

            Abaixei a cabeça, sentindo meu lábio inferior trêmulo, evitando olhá-lo. Ele ainda continuou parado.

            - Clark... – murmurei baixinho – Seu idiota.

            Nós dois ficamos parados, daquele jeito, por alguns segundos, e então eu ouvi o movimento brusco de alguém se levantando. O som dos passos ia em direção à porta.

            Quando tive certeza de que estava sozinha, afundei a cabeça nas mãos, enquanto a humilhação me corroia. 

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Notas finais do capítulo

brigas, brigas. espero que tenham gostado :D