Broken escrita por broken_heartedg


Capítulo 12
Imperfect


Notas iniciais do capítulo

outro cap ;D



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            Nem preciso falar que eu agarrei o Leonard quando vi ele  passando pela porta da sala no dia seguinte.

            - LEONARD – berrei, e já corri pra cima dele. Ele me olhou de um jeito assustado e projetou a bolsa em sua frente como proteção. Mas eu apenas peguei aquela mochila e joguei no chão, abraçando-o quando ele ia começar a protestar.

            - VOCE ESTÁ VIVO – gritei, como uma abobalhada.

            - EI – ele se desfez do meu abraço – O que? Mas é claro que eu estou vivo! Por quê? – ele me lançou um olhar confuso.

            - Por que você estava no hospital, e tudo o mais. Achei que fosse pela pancada que você deu na parede com a cabeça. MAS VOCE ESTÁ VIVO! – e comecei a pular, aparentando ser mais idiota do que acham que sou.

            Ele continuou parado lá, me encarando com as sobrancelhas arqueadas, provavelmente perguntando-se “O que essa garota tem?”.

            - Ah, esquece – revirei os olhos e voltei para o meu lugar antes que desse outro fora.

            É, eu sei que sou uma babaca por achar que podia ter matado o garoto. Dessa vez eu até entendo se vocês apontarem o dedo para mim e começarem a rir. Mas não mais que isso.

            Abri meu caderno e comecei a escrever frases, de novo, e ocupei-me a fazer aquilo mesmo.

            Minutos depois, Clark sentou-se na minha frente e virou para trás, dirigindo-se a mim.

            - E ai? – perguntou, e sorriu.

            Não dei muita atenção a ele e murmurei algo sem nexo, ainda escrevendo na folha:             - Hmm...

            Ouvi o barulho de sua mochila sendo jogada no chã0, e então ele recomeçou a falar:

            - Odeio quartas feiras. São as piores aulas. Só porque eu detesto matemática e história – e então fez uma pausa. Eu podia sentir seus olhos me perfurando, enquanto ele me observava.

            - Talvez eu esteja te atrapalhando...?

            Só então larguei o lápis e levantei a cabeça, e então arfei quando vi quão próximo seu rosto estava do meu. Ele estava inclinado sobre o recosto de sua carteira, e nossos narizes chegaram a se encostar levemente.

            Rapidamente, Clark se ajeitou e levou sua cabeça para trás, dando um sorriso sem jeito.

            - Desculpe – ele riu baixinho.

            Só que ele não sabia a reação que isso havia causado em mim. Senti meu rosto ficando quente, e eu provavelmente estava corando.

            Balancei a cabeça freneticamente, buscando palavras.
            - N-não foi nada – murmurei.

            Clark pareceu não perceber meu embaraço e desviou sua atenção para o caderno que eu estava segurando.

            - Ei, o que é isso? – perguntou, apontando para as frases escritas.

            - Palavras – respondi, e dei uma risadinha.
            - Jura? – ele riu.

            Acompanhei-o, e então expliquei:
            - São algumas frases que eu escrevo quando estou mal sobre alguma coisa, ou confusa, ou quando não tenho nada pra fazer mesmo – respondi, dando de ombros.

            - Frases? – ecoou, e eu assenti – Posso ver? – ele perguntou, já puxando o caderno para ele.

            - NÃO – assustei-me, e abracei o caderno para não deixar Clark pegar.

            - Por que? O que tem escrito aí de tão secreto? – deu uma risadinha.

            - Nada... Apenas não gosto que os outros leiam – murmurei.

            - Tem medo que eu vou te zoar? – ele perguntou, chegando bem ao ponto – Eu não vou fazer isso. Me deixe ver – seus olhos pediam, e passavam confiança. Soltei lentamente o caderno de meus braços e estendi para ele.

            Clark pegou-o e seus dedos roçaram levemente os meus. Voltei a mão abruptamente, e ele passou os olhos pela folha.

            - “A vida passa diante de meus olhos, e eu só vejo você” – ele começou a ler algumas frases escritas.

            - Leia baixo – supliquei e ele assentiu.

            - “Se dizer que te amo é um erro, então vou ser sempre imperfeita” – ele continuou, e então lançou um olhar intenso para mim, do qual eu não conseguia desviar – Você escreve isso quando não tem nada pra fazer?

            - Sim – respondi – Ou quando estou mal ou confusa sobre algo – sorri torto.

            - Confusa sobre o que, para criar frases assim? – e seu olhar se tornou mais intenso ainda, e eu não conseguia responder. Quer dizer, aquelas frases em especial tinham sido escritas por causa de um garoto que eu não via há dois anos, mas que eu nunca esqueci completamente. Nick Folks: foi meu primeiro beijo. Mas depois nunca mais nos vimos, pois eu mudei de escola, e depois mudei de novo, e depois de novo e por ai vai. E com o tempo eu acabei deixando os meus sentimentos por ele um pouco de lado.

            Mas, quando Clark perguntou o por quê daquelas frases, tudo voltou a tona, e eu não sabia como responder.

            - Sobre coisas que não vem ao caso agora – consegui dizer baixinho, e desviei o olhar.

            Ele percebeu que eu não queria falar e sorriu sem jeito.

            - Sou um pouco curioso – explicou-se, e eu levei aquilo como um pedido de desculpas.

            Peguei meu caderno de volta e fechei-o, antes que mais alguém se interessasse por ele.

            Clark apoiou a cabeça no encosto da cadeira e ficou olhando para mim, e eu fiz o mesmo. Ficamos assim por um tempo, até que eu falei:

            - Você é a primeira pessoa que eu deixei ler isso.

            Clark levantou um pouco a cabeça do encosto.

            - Wow, devo me sentir honrado, então? Entrei no mundo de Zoey Liverly!  – ele ironizou, e eu comecei a rir. Pois estava bom ali com ele.

            - Clark! – ouvi berrarem do outro lado da sala, e logo vi que era Patricia.

            E então ele levantou-se, sem nem falar nada pra mim, e saiu em direção a ela como um cachorrinho. 

            E, confesso, aquele simples gesto dele – ir até ela – me deixou desiludida pelo resto do dia.

            Por que ele era tão esnobe com ela, mas depois se tornava super gentil quando estávamos sozinhos? Eu odiava aquilo, porque eu sabia que, por mais legal que Clark fosse, ele continuava se importando muito com o que os outros pensavam, e se alguém estivesse por perto ou falasse qualquer coisa, aquela gentileza sumiria.

            Fiquei observando-o, enquanto ele abraçava Patricia e saia andando pela escola, chamando a atenção de todos que passavam.

            E o que eu fiz? Apenas escrevi mais frases no papel.

            “Quando se está amando verdadeiramente, não se vê os defeitos do outros, por mais imperfeito que ele seja.”


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Notas finais do capítulo

aeae :D espero que tenham gostado *-*