Broken escrita por broken_heartedg


Capítulo 11
Killer


Notas iniciais do capítulo

mais um capitulo (: espero que gostem ;D



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           - Leonard? – o professor fazia a chamada – O Leonard faltou?

            Faltou.

            - Sim, professor – respondeu Jack.

            - Por quê? Alguém sabe? – perguntou o professor.

            - Não sei – respondeu James – A mãe dele disse que ele estava com dor de cabeça.

            Dor de cabeça. De cabeça.

            Talvez seja porque sua cabeça tenha sido atacada por um fichário-manipulador. Um fichário que estava em minhas mãos, certo, mas com vida própria. Porque não fui eu que fiz aquilo. Foi um fichário que provavelmente tinha sido um serial-killer na vida passada, e tornou-se essa coisa com folhas que espera praticar seu esporte preferido nas mãos de sua dona. Ou ele queria mesmo se vingar de mim, já que estava todo esfolado e rabiscado de caneta.

            Não me surpreenderei agora se meu celular me acordar no meio da madrugada e me ameaçar de morte. Já estava até esperando por isso.

            - A mãe dele até disse que tava pensando em levar ele pro hospital, pra ver o que é.

            HOSPITAL?

            - Provavelmente é alguma gripe. Tá dando – alguém comentou.

            É, Zoey. Uma gripe. Só isso...

            - Zoey?

            - O QUE? – sobressaltei-me, e vi que era Ashley.

            - O que foi? – ela assustou – E por quê está pressionando a ponta do lápis na carteira?

            - O que... – e aí vi o estrago que fiz no meu lápis sem nem perceber. Bosta. Bom, eu tinha que descontar minhas mágoas em alguma coisa mesmo, já que meu celular estava fora de cogitação.

            Comecei a imaginar a cena do aparelho me ameaçando. “Isso é pelas vezes que você me tacou na parede!

            - Zoey, acorda! – Ashley chamou de novo.

            - Ah, desculpe – voltei minha atenção para ela – O que você falou mesmo?

            - Perguntei por que você está mais esquisita do que já é normalmente – ela aproveitou pra zombar.

            - Tipo... – comecei, nem me importando de retrucar. A verdade – de que eu sou uma assassina – pousava em mim naquela hora.

            - O que? – ela incentivou.

            - Ontem, quando vocês já tinham ido embora, Leonard ameaçou contar o negócio da biblioteca pro Drake e pro Carter, e eu bati nele com meu fichário. E aí a cabeça dele ainda acabou batendo com muita força e ele saiu tonto. E agora ele tá internado e tá pra morrer! – soltei tudo rapidamente, me embaralhando com minhas próprias palavras.

            Ashley continuou me encarando com seus olhos castanhos. A sua franja cobria – ainda que pouco – o direito.

            - Tá pra morrer? – ela apenas disse, e eu confirmei com a cabeça, esperando que ela se inclinasse e me consolasse, dizendo coisas como “calma, não foi sua culpa” ou “ele mereceu, e deve estar tudo bem”. Mas ela apenas riu.

            Isso mesmo. Riu.

            E foi uma longa gargalhada.

            Fiquei encarando-a com uma cara de merda, esperando que ela entendesse a gravidade da situação.

            - Matou ele? – e começou a rir de novo – É, você matou ele.

            - Quer parar? – pedi, irritada, e dei-lhe um peteleco.

            A risada dela cessou, e ela tornou a falar:

            - Claro, Zoey. Você matou ele. Cuidado, o fantasma dele também pode voltar pra te assombrar – ela levantou as mãos e balançou-as na frente do meu rosto, dizendo “buuuu”.

            - Pára! – reclamei, e afastei as mãos dela.

            Ela riu de novo e depois falou:

            - Zoey, é obvio que você não matou ele. Fique calma! Se fosse assim, a maioria dos garotos já estariam mortos pelas surras que a Jenna dava.

            Pelo menos isso estava mais próximo de um consolo.

            - Nem dá pra matar alguém com algumas pancadas de fichário. Ele deve ter pegado gripe mesmo, só foi coincidência – ela falou, e então se encostou na cadeira. Fiquei olhando-a por um tempo ainda, quando ela voltou a olhar pra mim, e uma expressão confusa tomava conta de seu rosto.

            - Espera aí... – começou – Que negócio da biblioteca ele ameaçou contar pro Drake e pro Carter?

            Ferrou. Minha boca deve ter se aberto em um pequeno “O”. Eu havia esquecido que ela não sabia!

            Ashley continuava me encarando, esperando a resposta que eu tentava inventar freneticamente.

            - É... O tombo que eu levei – soltei.

            Ela juntou as sobrancelhas.

            - O tombo? O que tem de mal em um tombo?

            - Nada. Só não quero que saiam falando por aí – e desviei meu olhar dela, fingindo prestar atenção no professor e dando o assunto por encerrado, antes que eu desse outro fora. Mas, pelo jeito, Ashley não era de se deixar abater.

            - “Matou” o garoto – ela fez aspas no ar – porque não queria que ele contasse que você levou um tombo? Isso não faz sentido – ela me lançou um olhar intenso, quando continuou – Por que não bateu no Clark também, então?
            Filha da mãe, me deixa em paz!

            - Porque ele ainda não ameaçou contar... – inventei.

            Ela sorriu de lado.

            - Ah tá – ironizou, ficando evidente que não havia acreditado.

            - O que você quer que eu faça? Mande ele pro hospital também? – perguntei, irritada.

            - Zoey, já disse que não é por sua causa que ele está no hospital... – ela insistiu.

            - Ok Ashley, esquece – e finalizei a conversa.
            Ela bufou e se deu por vencida.

-           
                                                             

            - Matou ele, Zoey. É claro que matou – Lindsay debochava de mim.

            - Lindsay, cale a boca – eu mandava, enquanto me segurava pra não meter a mão naquele rosto redondo. Gigante e redondo, com aquelas duas bolas de ping-pong que ela chamava de olhos. O caralho que são olhos.

            - Desculpe, não recebo ordens de assassinas – e soltou sua risada de p0rco.

            - Calem a boca – Livie suplicou.

            - É! – Ashley apoiou – Vocês estão parecendo idiotas. As duas sabem que a Zoey não tem nada a ver com o que aconteceu ao Marcinho e que isso é um absurdo. Então fiquem quietas por pela menos 60 segundos, porque já devem estar se provocando a mais de dez minutos – ela implorou, suspirando.

            Também, ouvir tanto a voz da Lindsay já devia ter irritado ela. Eu entendo. Qualquer um teria a mesma reação.

            Sofre com uma Lindsay na sua vida? Dica: leve sempre uma sacola com vários – mas vários – churros e enfie sempre um em sua boca pra ela fechar a matraca. Isso será um favor para a humanidade, acredite. Mas um aviso: cada churros tem apenas 5 segundos de vida antes de ir parar no estomago grotesco dela – por isso tem que ter muitos churros.

            Foda-se o mundo, foda-se a Lindsay.

            Por falta deles na hora, optei por ameaçá-la usando a preciosidade do seu mundo.

            A Coca-Cola.

            Enquanto ela ainda ria descontroladamente, fechei meus dedos em torno da latinha de refrigerante e puxei-a para junto de mim.

            As outras meninas da mesa congelaram quando viram no que eu estava tocando e cravaram seus olhares em mim. Fitei Ashley, e sua expressão deixava claro que estava temendo por mim. Sua boca movimentou-se silenciosamente, formando a palavra “não”. Até Livie, que era tão nova na escola quanto eu, me olhava assustada, sabendo que eu estava fazendo uma besteira.

            Mas eu não estava nem aí para elas na hora. Só queria mostrar para Lindsay que ninguém mexia comigo. Muito menos ela.

            E então a risada de porco parou, e eu sabia que ela já tinha percebido a latinha dela em minha posse.

            Sorri para mim mesma, e desviei o olhar das outras garotas para encarar ela. Só não sabia que me depararia com uma imagem que me atormentaria pelo resto de minha vida.

            Parei o movimento quando tive um vislumbre do que estava para enfrentar e travei.

            Na cadeira onde antes estava Lindsay, havia uma criatura possuída, envolta por uma aura maligna. Sua cabeça estava inclinada para baixo e suas mãos apertavam firmemente a borda da mesa, deixando os nós de seus dedos brancos. Seu rosto tinha uma expressão séria e sua boca estava apertada em uma linha reta. E seus olhos – ah, seus olhos – estavam mais esbugalhados e ameaçadores que nunca. Eu podia ler as palavras “Ela tocou. É meu, e ela tocou” que passavam por seu olhar, e eu não conseguia desviar-me deles.

            O medo e o choque tomavam conta de mim, e Lindsay projetou-se para frente, colocando seu rosto bem em frente ao meu. Instintivamente, levantei-me e dei dois passos para trás, assustada.

            - Você... devolva a Coca – ela rosnou, e a cada palavra que ela pronunciava, dois cuspes eram disparados em minha direção.

            As outras garotas haviam se afastado, e observavam apreensivas.

            - A COCA – rugiu Lindsay, e eu rapidamente coloquei a latinha na mesa, dando mais quatro passos para trás logo depois.

            Lindsay pegou a Coca e pressionou-a contra o peito, olhando de rabo de olho para mim, para depois enfiar um canudinho e tomar o restante em 8 segundos.

            Sem brincadeira. Foram 8 segundos mesmo.

            Mas eu não estava em condições de pronunciar alguma coisa. Só conseguia observar, chocada, enquanto a atmosfera em torno de Lindsay voltava ao normal.

            O sinal tocou, e ela e seu bebê se levantaram e foram em direção a sala, enquanto eu ainda estava parada lá, tentando processar o que tinha acontecido.

            Eu, definitivamente, não gostava daquela garota. 


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Notas finais do capítulo

reviews :D