Encontro com os Nativos escrita por Sakuralara


Capítulo 4
Capitulo 4 – A Carta.




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Tivemos que voltar a Comodo, mais uma vez... Já decorei todos os caminhos e lugares de tanto ir lá. No dia seguinte eu decidi ir tomar mais um Deserto de Sograt, há muito tempo atrás, quando eu fui à Comodo com Chou, eu havia tomado um delicioso e estava com saudades do sabor. Me sentei no bar e enquanto conversava com um bêbado que estava por lá, dizendo besteiras, eu vi Amy passando pela janela, meu coração deu um salto de alegria, então me levantei, joguei os zenys em cima do balcão e sai atrás dela. Eu a vi junto de um homem alto, moreno e forte, meu sangue ferveu instantaneamente, não querendo perder a calma, simplesmente os segui.

Pareciam se dar muito bem, rindo pelo caminho e se olhando, muitas vezes eu quis sair do esconderijo e surpreender os dois pombinhos, mas me controlei. Em certo ponto da viagem, reparei que havia outra pessoa os seguindo, uma mulher madura, seus longos cabelos em baixo do chapéu de cowboy, tinham uma tonalidade diferente, uma mistura entre vermelho e violeta, ela segurava uma pistola na mão direita e uma bolsa na esquerda. A partir desse momento eu me tornei mais sorrateiro ainda, tendo cuidado com o mínimo ruído para não alertar nenhum deles.

Após alguns minutos depois da sua aparição, a mulher carregou a pistola com um dardo e mirou em Amy, eu me aproximei dela e a apunhalei por trás, ela errou o tiro silencioso, mas acertou no rapaz que estava com Amy. Por sorte, um Crocodilo apareceu e o rapaz avançou em cima do monstro, assim, ninguém nos viu ou nos ouviu lutando. Eu consegui a deixar inconsciente, mas Amy e seu “amigo” desmaiaram, corri imediatamente e me ajoelhei do seu lado, ela não parava de resmungar: “- A planta brilhante, meu pai, Juan, não deixe seu tio morrer! A planta! Eu preciso...  brilhante...” Isso esclareceu algumas coisas, não podendo fazer mais nada, eu corri, peguei a planta brilhante mais próxima que encontrei e a coloquei na mochila de Amy.

Eu não poderia deixar os dois no chão e ir embora, por sorte me lembrei que havia uma parte do túnel que vai para a guild dos arruaceiros que passa aqui por perto, e tem uma ligação com Comodo. Os carreguei até o mais longe que consegui. Deixei Juan bem perto da saída do túnel, tentei carregar minha namorada por mais tempo, mas não consegui, pelo menos a deixei longe daquele aproveitador de araque.  Tive que correr, eu combinei com meus amigos que sairíamos para Umbala logo após o almoço.

Cheguei exausto no ponto combinado, e por isso, nós tivemos que dormir do lado de fora da caverna do norte, no primeiro campo da aldeia. Chin, pela primeira vez, reclamou do acampamento.

- Arg! Esse lugar é horrível! A culpa é sua Kaymo, por ficar bancando o herói e depois não tendo energia para viajar!

- Desculpe, se você preferir, pode ir sozinha, eu fico por aqui mesmo e te alcanço em breve. – tentei ser o menos irônico possível, eu não sabia que minha relação com Amy a deixava tão irritada.

- Não! Todos nós ficaremos aqui, não quero separar o grupo de novo, se você ficar sozinho vai querer correr atrás da sua namoradinha! – ela disse com desprezo, se virou e fingiu que dormia.

- Tudo bem... – eu tentei dormir também, estava realmente cansado, mas não parava de pensar em como Amy estava.

Assim que amanheceu, nós acordamos, tomamos um rápido café da manhã e seguimos viagem.  Passamos por todos os campos assim como Sharon havia falado, embora não tivéssemos acreditado quando ela avisou sobre os monstros perigosos. No meio do terceiro campo, nós encontramos um Grifo, ele nos atacou e nós lutamos por um tempo, mas ele era muito forte. Já estávamos exaustos quando Sharon apareceu e com uma sequência incrível de magias, derrotou o monstro.

- Eu sabia! – Ramón disse sorrindo e tirando a poeira da roupa.

- Sharon! – eu exclamei surpreso.

- Que bom que eu cheguei, certo? – a pequena mulher disse se aproximando de nós.

- Estou tão feliz por você ter vindo! – a abracei.

- Eu também estou feliz por vir.- ela corou.

- Eu também! – o mercenário disse enquanto ia a abraçar também.

- Não por você! – ela gritou enquanto dava um chute, que o fez desistir do abraço.

- Ok... – ele foi para perto da Chin, que estava isolada em um canto, observando enquanto Nuran fazia desenhos na terra com a ponta do cajado.

- Então, por que você veio até aqui?

- Por causa da carta daquele maldito. Me pediu para encontrá-los aqui, dizendo que iriam precisar de ajuda e acima de tudo, que precisava urgentemente falar comigo. – ela lança um olhar ameaçador para Ramón, e ele deu os ombros. – Eu entendo que ele não estava passando a mão em mim, era só a carta, mas mesmo assim, isso não muda o que ele fez.

- O quê ele fez? Até hoje você não me contou. – eu a encarei.

- Ele magoou minha irmã mais nova, e nunca vou perdoá-lo por isso.- ela abaixou a cabeça, e acariciou o pingente do seu colar.

- Ah, entendo, mas você pode me contar toda a história? – eu me sentei em um tronco de árvore caído.

- Ah! Uma hora eu teria que contar a alguém mesmo. – e se sentou do meu lado. – Foi há seis anos, quando ela tinha apenas 14 anos e ele tinha uns 16 eu acho. – ela fez uma pausa, contou nos dedos e continuou. – Sim, 14 e 16, eles se conheceram no mercado de Morocc, ela era tão inocente e pura, ele era gentil e galante. Eles estavam namorando, ele jurou que nunca a abandonaria, então um dia ela o viu abraçando outra garota, e eles se encontraram várias vezes. Minha irmã não aceitou a traição e passou a sair com vários garotos, cada dia um diferente, até que ficou doente. Ele a visitou apenas uma vez, quando ela terminou tudo. Ela morreu triste e a culpa é desse ogro desgraçado! – ela arremessou uma pedra que estava próxima nele, mas errou.

- Meus pêsames, eu não sabia que isso tinha acontecido. – eu me senti mal por ela.

- Obrigada, mas já passou, foi há muito tempo atrás. – ela começou a chorar e eu a abracei.

De longe eu vi a preocupação nos olhos de Ramón, podia perceber a tristeza que ele estava sentindo, como se ele tivesse ouvido cada palavra e estivesse sentindo a mesma dor que ela. Quando Sharon se acalmou, eu me levantei, e mesmo sabendo como Ramón estava, não pude deixar de querer bater nele até minhas mãos incharem. Eu me aproximei com passos fortes e ele simplesmente se levantou, virou-se para mim e apertou os olhos.

- Vai em frente, eu sei o que você quer, e agora eu sei que mereço. – ele disse firmemente. 

- Que bom que sabe! – e dei um soco no seu rosto. Ele parou, mexeu o maxilar, cuspiu sangue e virou o outro lado do rosto.

- Você não precisa de outro. – eu me afastei, deixando o em pé, olhando para a vidente, que chorou até dormir, em cima do tronco caído.

Eu preparei uma cama no chão para ela, mas no momento que ia pega-lá no meu colo, Ramón apareceu e a pegou primeiro, se virou para mim e sussurrou: - Eu a levo, eu não sabia que ela era irmã da Sheila, e também não sabia que ela tinha morrido. Venha, preciso falar com você.

Nós nos sentamos no mesmo tronco em que ela adormeceu, ele olhou fixamente para mim por um tempo, e então finalmente falou algo.

- Não pense que eu sou esse tipo de cara, que abandona assim as mulheres. Isso foi tudo um mal entendido, agora eu sei. Essa garota que ela citou, a que eu encontrei várias vezes, era a minha nova irmã, meu pai havia se casado novamente e a minha madrasta já tinha uma filha. Eu ia contar para ela sobre minha irmã, mas no dia que vi a Sheila, saindo com outros caras, eu fiquei furioso. Tentei não perder a calma, e quando ela adoeceu, eu ia contar a verdade e tentar fazer as pazes, mas como você ouviu, ela me deu um fora.

- E por que você não voltou mais para vê-la? –eu indaguei.

- Eu fui atrás de um remédio, mas quando fui levar para ela, a sua mãe disse que ela já havia se recuperado e não queria mais me ver, então tive que encarar os fatos, ela não me amava mais.

- Então você se vingou dando em cima de todas as mulheres que encontrava? – eu mais afirmei que perguntei.

- Acho que foi isso mesmo. – ele respondeu com a cabeça baixa.

- Tarado! Eu sabia! – eu disse me levantando e rindo, ele me deu uma rasteira.

- Eu estou falando serio aqui, aja feito homem. – e me olhou nos olhos, eu me sentei novamente do seu lado.

- Preciso falar com ela, a sós. Você poderia dar um jeito nisso para mim amanha de manhã?

- Sem problemas. – eu me levantei novamente.

- Kaymo, muito obrigado. – ele se levantou e me abraçou, senti lagrimas escorrendo pelo meu ombro. Ele soltou rapidamente e virando o rosto, foi se deitar.


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Notas finais do capítulo

o próximo capitulo é o final, mas confira também "A Viagem de Amy".



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