Um Presente para Edward ! escrita por sisfics


Capítulo 40
Capítulo 40




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Me informei na recepção o andar do escritório e corri para pegar o elevador ainda no térreo. Assim que desci dele acompanhada de alguns homens engravatados, olhei para os lados tentando usar da minha esperteza e descobrir o caminho da sala de Edward sem passar pela recepção. Não queria ser anunciada, não queria que ele ficasse me esperando com sete pedras na mão, a surpresa evitaria aborrecimentos prévios.

Aproveitei que a recepcionista estava distraída enquanto dava informação para dois homens e comecei minha caminhada confiante pelo corredor da direita. As salas eram todas de vidro, as poucas paredes estavam cobertas de um papel de parede marrom escuro e a decoração era bonita. Mas não fiquei muito tempo admirando já que não queria parecer uma turista ou algo do tipo.

Passei por uma sala de reuniões e vi um homem alto de costas para mim. Por um instante pensei ser Edward, mas voltando um passo notei que havia me enganado, por isso continuei a caminhada. Ainda concentrada em distinguir alguém que conhecesse nas cadeiras em volta da mesa esbarrei sem querer em um homem.

- Oh, me desculpe. - pedi levantando o rosto e encontrando seus lindos olhos claros, aquele sorriso encantador e os cabelos loiros e revoltos.

Jasper segurava meu braço e seus olhos brilharam ao me reconhecer o que me fez abrir um gigantesco sorriso. A mulher ao seu lado me encarou com uma sobrancelha erguida, enquanto ele escorregava sua mão que estava quase perto do meu ombro até a minha que balançava solta.

Depois de onde estávamos, só havia mais uma pequena recepção com uma mesa e uma secretaria e a porta no final do corredor que provavelmente era a sala de Jasper de onde eles dois vieram. Ela continuava a expirar arrogância e me olhar como se eu não passasse de lixo. Enruguei o cenho, imaginando de onde a conhecia, mas outra idéia me tomou.

Afinal, o que uma mulher assim tão bonita fazia em sua sala? Sim, eu estava me corroendo de ciúmes.

Seus dedos tocaram os meus enfim, fazendo-me voltar a encará-lo e suspirar. Depois da noite que passamos juntos, da nossa primeira noite, só nos falamos por telefone. Me soquei mentalmente por perceber o quanto estava com saudades.

- Minha Alice por aqui. - sussurrou e não deixei de sorrir com o 'minha'.
- Desculpe. Não queria atrapalhar. - minha voz era quase nada quando finalmente resgatei forças para responder.
- Não está me atrapalhando. - a mulher ao seu lado mudou a bolsa de lado tão sutíl quanto um elefante, chamando a atenção de Jasper - Er, bem, essa é uma cliente. A senhora Stuart. - ergui o braço, mas ela não fez o mesmo então envergonhada e querendo pular em seu pescoço o recolhi.
- É um prazer.
- Essa é Alice Brandon. - sorriu e apertou mais seus dedos nos meus - Uma grande amiga.

- Também é um prazer conhecê-la. Mas como dizia, Jasper, quando será mesmo a próxima audiência?
- Bem, a secretaria entrará em contato para informá-la. Com licença, mas temos um compromisso importante agora.
- Temos? - murmurei.
- Sim. Obrigado por ter vindo. É bom que esteja a par da situação para tentarmos entrar num acordo no próximo encontro com o juiz e seu ex. Adeus.
- Não me levará ao elevador?
- Me desculpe. Conversamos de novo na terça-feira. - começava a me puxar para longe.

Ela revirou os olhos e seguiu pelo corredor na outra direção. Jasper parou em frente a grande mesa da secretária que ficava ao lado da sua porta e pegou uma pasta de sua mão.

- Ligue para a senhora Stuart mais tarde e diga o horário da próxima tentativa de reconciliação. Não passe nenhuma ligação e não estou para ninguém. - ela assentiu e fomos para sua sala.

Ao entrarmos, fiquei uns segundos olhando a grande janela do teto ao chão que iluminava o ambiente, os relatórios sobre a mesa e a cadeira de couro. Ouvi a porta se fechando. Era um escritório impessoal, ainda assim elegante. Nunca pensei que a empresa deles fosse assim tão grande.

Sem tempo nem para piscar, fui agarrada pela cintura e puxada diretamente para seu corpo. Jasper colou seus lábios aos meus num beijo saudoso e afoito. Seu toque causou correntes elétricas que me atravessaram por inteira e embaralharam meus pensamentos. Segundos mais tarde, mais relaxada, sorri ainda em sua boca e ele acariciou minhas bochechas.

- Você é a melhor surpresa que poderia aparecer no meu dia. - mordi o lábio sem saber o que responder - Confesso que estava muito preocupado, mas agora estou tão feliz que tenha vindo me ver que já esqueci de todo o resto.
- Er, Jasper. - fui interrompida com um novo beijo

Deus é testemunha do quanto tentei me segurar e interrompê-lo para explicar o motivo de estar ali, mas foi quase impossível deter a vontade de me entregar cada vez mais a ele. Jasper me arrastou até sua mesa e só nos separamos quando fui sentada sobre o tampo. Segurou meu queixo e encostou nossas testas. Seu sorriso era o mais bonito e inocente que já vi até hoje e estava me deixando fora de mim.

- Então, o que aconteceu ontem?
- Ontem?
- Sim, Alice. Fiquei na porta do seu prédio esperando por quase uma hora e meia. Havíamos combinado de jantar, se esqueceu? - me senti empalidecer - Seu porteiro disse que saiu as pressas com Bella no início da noite. Pensei que voltaria ao menos para nos encontrarmos, tentei ligar para o seu telefone, mas não atendeu. As flores chegaram a murchar na minha mão.
- Me esperou uma hora e meia? Espera, flores?

Droga, Isabella me faz passar cada dobrado. Ela me paga.

- Sim. Você não se esqueceu, não é mesmo?
- Er, Jasper, precisei sair com Bella porque era uma emergência. Precisava ajudá-la, era realmente importante e-
- E você me esqueceu.
- Não esqueci você. Só nosso encontro. - corei ao confessar.

Ele abaixou o olhar envergonhado, mas então abriu um novo sorriso tímido que me deixou ofegante e completamente embriagada.

- Tirei uma boa coisa disso. Pelo menos você está aqui. Eu senti sua falta.

- Também senti sua falta. - admiti abaixando o rosto corado pelo sorriso triunfante em seu rosto.

Ele se remexeu inquieto e decidiu mudar de assunto.

- Tenho uma reunião em uma hora. Estou saindo agora. Se soubesse que viria, a teria cancelado, mas assim tão em cima da hora é impossível. Só que queria muito passar um tempo com você, então venha comigo. Eu termino as coisas bem rápido por lá e depois matamos o tempo e almoçamos juntos. O que acha? - mordi o lábio verdadeiramente tentada, mas deveria voltar por aquele corredor, conversar com Edward e voltar para cuidar de Isabella, principalmente, depois do nosso susto de ontem.
- Melhor não, Jasper. Não quero  te atrapalhar.
- Mas você jamais faria isso.
- Jasper, não posso mesmo ir. Há outros motivos. Preciso visitar Edward e conver-
- Edward? - me interrompeu se afastando.
- Sim.
- Bem, seu humor pela manhã não estava dos melhores. O que deseja falar com ele?
- Er, bem, é sobre. - não queria ser rude com Jasper, mas a verdade o faria perder aquele brilhinho no olhar que eu correspondia.
- Espere. É sobre você e Bella saindo ontem a noite às pressas? - assenti - Então, é tudo sobre Edward e Bella, somente isso. Você não veio aqui para me ver.
- Também queria te encontrar. - ele notou minha mentira e sorriu.
- Sim, mas não seria hoje, nem muito em breve.
- Jasper, não fale assim. Quel mal fiz eu? Desculpe-me é muito importante. Podemos nos encontrar em outra oportunidade.
- Hoje a noite.
- Em outra oportunidade. - sussurrei envergonhada.
- O jantar de ontem a noite era algo importante par mim. Queria que fosse para você.
- Foram grandes problemas. Desculpa.
- Alice. - me cortou - Não quero inteferir no seu objetivo. Pode ir até a sala de Edward. Como o meu, seu escritório é no final do corredor, só que do lado esquerdo da recepção.
- Está me expulsando? - ele riu.
- Não teria forças para isso.
- Olha, eu-
- Não importa. Melhor ir, também tenho essa reunião e mais trabaho pela frente. - segurou minha mão, a beijando, e em seguida me puxou na direção da porta.

A cada passo me sentia tão culpada que minhas pernas pareciam querer quebrar com o peso do meu corpo. Como eu podia ser tão imbecil ao ponto de deixá-lo fazer isso e não simplesmente agarrar seu pescoço e beijá-lo até o mundo sumir? Jasper parou com uma mão na maçaneta e a outra apoiada na minha cintura.
Um pouco atrapalhada, me aproximei e selei nossos lábios. Ele não recusou, mas foi quem primeiro se afastou.

- Não faça isso. - murmurei para mim mesma.
- Há coisas pendentes na sua cabeça. Quando seus problemas estiverem em primeiro plano, volte a me procurar. Sei que vai acontecer logo. - se aproximou e beijou a ponta do meu nariz - Não se preocupe, pequena. Até lá estou te esperando. - beijou em seguida minha testa e abriu a porta para que eu fosse.

Saí de lá chocada demais, enquanto caminhava silenciosa até meu outro destino. Tudo culpa desse meu maldito jeito de querer sempre o bem de todos, mas era impossível ignorar o sofrimento de Bella, Edward, Jacob e agora até mesmo Rennesme. Chegando próxima ao final do corredor, prometi a mim mesma que acabaria com isso bem rápido, só para voltar aos seus braços, ou não me chamo Alice.

A mesa da secretária de Edward estava aparentemente vazia. Espiei na ponta dos pés e vi que na verdade a moça estava agachada no chão recolhendo folhas de papel o que só facilitaria ainda mais minha entrada sem ser anunciada. Fui até a porta e ao estar bem próxima pude ver que estava entreaberta. Segurei o batente e, colando mais os olhos que os ouvidos na fenda, entendi o que acontecia.

É claro que conhecia essa tal de Senhorita Stuart de algum lugar. Sua descrição era fiél a que Bella fizera da mulher que estava com Edward em seu escritório e a cena se repetia agora, mas um pouco diferente da outra. Ela estava de pé, se debruçando sobre a mesa, quase se deitando. Enquanto Edward, passivo e receoso, massageava a fronte e cuspia palavras duras.

- Perdoe-me, mas duvido que manter qualquer grau de amizade com a senhorita seria saudável. Pela terceira vez, eu peço que se retire do meu escritório ou serei obrigado a pedir que a segurança a acompanhe.
- Mas, Edward-
- Prefiro que se dirija a mim como doutor Cullen. Tenho muito trabalho, senhorita Stuart. Saia.
- Mudar o processo de mãos, proibir minha entrada na sua sala, o que lhe fiz de tão mal? Se foi pelo constrangimento com sua esposa naquela ocasião, me perdoe, mas a culpa pela interrupção não foi minha. - Edward riu irritado e se levantou bruscamente empurrando a cadeira.

- Quase agredi minha secretária, entra em minha sala sem convite e ainda tem o disparate de insinuar que eu permitiria que o absurdo daquele dia continuasse se minha esposa não tivesse chegado? Pode me processar se quiser depois do que eu disser agora, mas na minha frente há uma mulher louca, arrogante, medíocre, inconstante, e nem se eu fosse maluco procuraria em alguém assim algo além de desprezo. Eu amo minha esposa e graças àquele episódio tivemos uma briga feia. Não vou arriscar perdê-la porque a senhorita não aceita um não. Ainda hoje peço ao doutor Jasper que abadone o seu caso, a Cullen&Hale está fechada para a senhorita.
- Como ousa me tratar assim?
- Da mesma forma que ousou provocar a dúvida da fidelidade na mulher que amo ainda por cima na frente da minha filha. Foi um prazer ter essa conversa. - puxou o telefone do gancho - A segurança chegará em um minuto.
- Edward. - rosnou agarrando seu pulso.
- Com licença. Posso ajudá-la? - me afastei rapidamente me virando para a mulher que me encarava com uma sobrancelha erguida.
- Er, parece que a sala do doutor Jasper não é essa. - forcei uma risada - Perdoe-me. Indicaram o caminho errado na recepção ou eu que sou mesmo distraída.

Ela pareceu não acreditar, mas já era tarde demais, meus pés corriam afoitos em busca do elevador. Ao chegar, apertei o botão freneticamente chamando atenção dos que estavam em volta até poder respirar aliviada com o som de chegada. Eu e mais dois homens entramos, vasculhei minha bolsa atrás do celular, pois precisava ligar para Bella e saber se estava tudo bem. Que a conversa com Edward ficasse para mais tarde, ele precisava se acalmar mesmo.

A porta estava quase se fechando quando um dos homens a segurou e esperou que alguém entrasse. Era a insuportável. Guardei o aparelho e me colei ainda mais no fundo do elevador. Sem saber que eu a estava observando, a mulher discou um número no celular e aguardou com um meio sorriso escondido em seu lábio. Parecia desgostosa, ainda assim satisfeita e logo mudou sua expressão quando do outro lado da linha atenderam.

- Até que enfim. Onde está? Estou saindo daqui agora e pelo visto você terá que procurar outro advogado para mim. Como porquê, Tanya?

Ou era coincidência demais ou eu estava ficando louca.

- O que você esperava depois da última? Assim que chegar te conto o que aconteceu. Não saia daí, me espere. Posso pegar algum trânsito.

O elevador chegou no térreo e ela foi a primeira a descer. Precisava seguí-la. Mantive uma boa distância até estarmos fora do prédio. Havia um táxi encostado no meio-fio, uma senhora descia dele e, assim que pôde, embarcou. O carro começava a arrancar quando fiz sinal para um outro que estava na pista do meio e jogou para a direita com brutalidade antes de parar na minha frente.

Entrei e me colei ao banco do motorista.

- Siga aquele carro, por favor?
- Como, moça?
- Meu senhor, você deve ter infrigido vinte leis de trânsito para que eu embarcasse, pode seguir aquele carro ou está difícil? - começávamos a perdê-los de vista.

- Então, sem problemas. - ele disse antes de arrancar com força.


Meu corpo foi jogado para trás e acabei com as pernas na janela. Ouvi buzinas atrás de nós e até alguns chingamentos. Para não receber nenhum olhar feio dos outros motoristas, só me levantei depois que andamos vários metros. Me sentei, ajeitei a camisa e me abaixei para pegar meu celular e minha carteira que caíram da bolsa.

- Não precisava exagerar. - resmunguei segurando seu banco.
- Ah, moça, no fundo sempre quis que alguém entrasse no meu táxi e dissesse isso.
- O senhor está me deixando com medo.
- Me desculpe? - sorriu sem graças e entrou a esquerda ultrapassando um sinal vermelho - Não querendo me intrometer, mas pode dizer porque estou colocando meu carro a mercê de todos os guardas de Nova Iorque?
- Hum, pense que o senhor pode estar me ajudando a dar umas boas pancadas numa vadia invejosa.
- Tem homem no meio. - disse para si mesmo.
- Meu senhor, se concentra na estrada. E para sua informação, o homem não é meu.
- A senhora é a amante? - arregalei os olhos.
- Deve ser castigo. - observei através da janela o céu nublado - Foi porque o deixei, certo?[i] Jasper. [/i] - precisava esquecer aquele assunto, então guardei minhas coisas que caíram.

- Esse restaurante é caro. - a voz do homem chamou minha atenção um longo tempo depois e quando notei estávamos parando.

Não vi o táxi e, para evitar meu início de desespero, ele explicou:

- Ali, senhora. - apontou para o outro lado da rua.

Não estávamos tão longe do escritório. A mulher não desembarcou, ainda pagava a corrida. Verifiquei o preço no taxímetro e joguei uma nota de vinte por cima do ombro do intrometido.

- Fica com o troco.
- Não esperava terminar assim. - atravessei às pressas a rua ao mesmo tempo que entrava no restaurante.

Passei pela porta ganhando um sorriso do funcionário que ali estava. A recepção do lugar era bem decorada, havia um grande sofá vermelho na parede da esquerda e um vaso com uma espécie de palmeira onde discretamente me escondi.


- Boa tarde. Tenho uma amiga me esperando numa mesa.
- O nome da reserva, senhora.
- Denali.
- Sim. O [i]mètre[/i] a levará até sua mesa.

Assim que o homem apareceu para acompanhá-la, saí do lugar que estava e me aproximei da recepcionista.

- Boa tarde, senhora.
- Boa tarde. Er, eu gostaria de uma mesa para o almoço.
- Desculpe, mas tem reserva?
- Não.
- Então, infelizmente, não será possível. Mas ficaria muito feliz em reservar uma mesa para a senhora, talvez para depois de amanhã.
- Não há mesmo jeito?
- Infelizmente não.

- Poderia me dar uma informação? - assentiu simpática - A mulher que acaba de entrar. Ela está almoçando acompanhada?
- Não posso dar informações sobre nossos clientes, senhora.
- Não se preocupe. Eu conheço a senhora Stuart. Somos velhas amigas, só gostaria de saber se ela está almoçando com Tanya Denali. Elas vem muito aqui? - ela torceu o lábio um pouco confusa, mas depois das informações completas que dei me tornei um pouco mais confiável.
- Sim, a senhorita Denali é um cliente antiga e as duas se encontram bastante. A senhora quer que a chame para se cumprimentarem?
- Oh, não. - enrugou o cenho com minha reação - Estou desarrumada e não quero dar assunto para fofocas na próxima reunião. - não sei de onde tirei aquilo, mas parecia ter dado certo.

A recepcionista sorriu entendendo e continuou:

- Compreendo. Posso ajudá-la de mais alguma forma?
- Não, obrigada. Tenho que pegar um táxi agora.
- Nosso manobrista fará para a senhora.
- Oh, não, nem mesmo sou cliente. É Nova Iorque, há um mar de carros lá fora. Ainda assim, muito obrigado. - prendi minha bolsa no ombro e saí depressa do restaurante.

Caminhei pela calçada alguns metros até estar longe o suficiente para que não me vissem, mas podia observar o fluxo de clientes. Depois de meia hora, comecei a questionar minha sanidade, mas a situação era muito estranha e depois de tudo que Tanya já fez todos os cuidados eram poucos.

O tempo passou devagar, arrastando nos seus segundos. Muitas pessoas entraram e saíram, mas nada delas. Foi então que, duas horas depois, uma mulher alta com o cabelo loiro um pouco avermelhado veio até o meio-fio e observou o fim da rua voltando em seguida para a porta onde a tal de senhora Stuart estava tragando um cigarro.

Ela fumava com certa hostilidade enquanto Tanya falava com um enorme sorriso no rosto. Havia apenas um manobrista que parecia atrapalhado e indeciso entre chamar um táxi, atender o cliente que acabara de parar ou pegar o carro de Tanya. O homem entrou no restaurante sem esperar e o rapaz pareceu se desculpar com as duas pela demora.

A senhora Stuart embarcou no táxi e, depois que o motorista arrancou, Tanya pareceu xingá-la por cima do ombro. Arrancou a chave de seu carro da mão do pobre garoto e partiu. Era a oportunidade perfeita, pois se estava indo para o estacionamento, poderia acurralá-la e perguntar o que estava acontecendo. Que Isabella me chamasse de louca depois.

A segui. Havia apenas um segurança que se assustou com minha pressa.

- Estou com ela. - apontei para Tanya a metros de mim e fingi que mexia em minha bolsa.

O homem não me interrompeu. Logo saímos do seu campo de visão, ela mexia em algo na sua mão e olhou para os lados. Levantou a mão e apertou o botão do alarme do carro que em algum lugar na nossa frente destravou as portas. Ela levou o aparelho até o ouvido e continuou caminhando. Me aproximei mais para ouvir a conversa.

- Não reconhece minha voz. Estou ofendida por isso. - abriu a porta do motorista - Ah, Bella querida, sou eu. Tanya. Aposto que sentiu minha falta.

Tomada de raiva saí das sombras, a agarrei pelo cabelo tirando o celular de sua mão e desliguei.

- Ah, me solta. - gritou me empurrando - É uma louca. Socorro. - tapei sua boca e ela se debatou.

O número no identificador de chamadas era mesmo do celular de Bella. Eu precisava dar um jeito naquela mulher.

- Você é louca.- rebati - Louca, invejosa e vadia. Você estava ligando para a Bella. Qual a armação da vez? Será que não pode nos deixar em paz?

Seus olhos claros se arregalaram assustados, parecia me reconhecer. Também lembrava dela de uma visita ao antigo apartamento de Edward sete anos atrás e o quanto era perceptível o ódio que ela nutria por Bella e ele estarem felizes e namorando. O mesmo ódio que senti em sua voz ao falar com minha amiga ao telefone.

- Se lembrando, Tanya? Eu também. Tenho uma ótima memória e um espírito vingativo, pelo visto, tão aguçado quanto o seu. - lhe dei um tapa que a fez cair.

Ela se apoiou no descanso de braço da porta e ergueu o rosto.

- Como se atreve a me bater, vagabunda?

Avancei em sua boca, quase amassando seu rosto, e com um empurrão a fiz cair sobre os bancos. Entrei, fechando a porta, e lhe dei mais um tapa. Ela gritou, mas estávamos isoladas e ninguém ouviria. Agarrou desesperada o trinco, mas travei o do motorista ao meu lado fazendo com que todos os outros descessem. Com a mão fechada em punho, bateu na janela e gritou pedindo ajuda, mas logo a calei de novo.

- Estava ligando para Bella para provocá-la. Você não presta, sua vadia. Será que não vê que nunca terá Edward? Eles se amam, os deixe em paz. - tentou arranhar meu rosto o que me deixou com mais raiva e por isso empurrei seu rosto na direção do painel.

Seu grito agudo de dor não me deu pena. Tinha tanta raiva dessa mulher pela quantidade de mentiras que inventara estragando a vida de tantas pessoas que amo que seria capaz de fazer até uma besteira maior se me desconcentrasse.

- É amiga dessa tal de Stuart, não é? Você pediu que ela provocasse Edward, que fizesse Bella assistir para que os dois brigassem e então seu plano estaria completo com uma ligação cheia de provocações e mentiras. Achou que acabria assim? - seus braços tentavam me alcançar, mas me ajoelhara no banco e continuei com os tapas.

- Me solta.
- Você é uma cadela, cretina e burra. Que eu saiba, ganhou um corretivo meses atrás e parece que não aprendeu. - a puxei pelo cabelo batendo seu rosto no vidro ouvindo seu choramingar. Prendi suas mãos que já estavam quase moles atrás das costas e sussurrei em seu ouvido - Vai descobrir da maneira mais amarga o quanto sou melhor professora que Bella, vagabunda.

Joguei Taya entre os bancos, prendendos seus braços, e lhe dei um novo tapa antes de passar uma perna de cada lado do seu corpo.

- Isabella quase perdeu Nessie anos atrás pelo trauma que suas mentiras causaram, não vou deixar que se aproxime dela de novo, muito menos agora. - fechei o punho e acertei dois socos - Abra bem os ouvidos, Tanya. Eles serão pais novamente e antes de planejar mais uma armação lembre-se que isso aqui é pouco perto do que posso e quero fazer com você.

Distribuí unhadas em suas bochechas, mais socos e bofetadas. Rasguei sua blusa e arranquei tufos de cabelos. Queria deixá-la toda marcada e quanto mais profundas mais duradouras seriam as feridas e também lembranças. Quando meus dedos e unhas já latejavam parei e lhe dei o último tapa. Tanya chorava, de alguma forma eu sabia que não era por estar sendo agredida, mas pela notícia que ouvira.

- Seu único problema é você mesma. Não aceita perder e quer destruir a felicidade dos outros como prêmio de compensação. Acredite: teve muita sorte hoje. Se tentar atrapalhar a harmonia daquela família de novo, não haverá mais nada em minha mente a não ser a vontade de acabar com sua raça. É o primeiro e último aviso.

Calmamente me sentei no banco do motorista e desci do carro. Dei um jeito em minha blusa amarrotada, passei a mão pelos cabelos domesticando os cachos e peguei minha bolsa no chão. Olhei uma última vez para ela que começava a se sentar com seu rosto extremamente vermelho, sujo de sangue em alguns lugares e com lágrimas salgadas descendo pelos vales de machucados.

- Adeus, Tanya.

Edward Pov

O porteiro me conhecia, por isso permitiu meu ingresso no prédio sem o aviso pelo interfone. Quando as portas do elevador se fecharam, pude desmoronar por um segundo. Estava nervoso com toda a confusão que acontecera no escritório com aquela mulher insuportável, mas acima de tudo estava com um aperto desesperador no peito, algo como um sinal que me mandava ficar perto de Bella e a necessidade de uma conversa e do nosso entendimento era imediata.

O andar chegou e fui até sua porta. Toquei a campainha e esperei ansioso para que fosse ela a me entender. Uns segundos depois, ouvi sua voz do outro lado da porta:

- Esqueceu a chave? - estava linda.

Sua boca se entreabriu em choque ao me ver, por dentro também me sentia daquela maneira, e ao mesmo tempo sentia-me tranquilo. Era estranha a necessidade repentina de simplesmente não suportar esperar algumas horas até o dia acabar e encontrá-la. Uma de suas mãos se prendeu na borda da camisa larga que vestia e mordeu o lábio.

- Oi. - susurrei.
- Oi.
- Er, o porteiro me deixou subir. Posso entrar para conversarmos? - suas bochechas coraram e ela assentiu dando espaço para a passagem.

Assim que entrei, Bella fechou a porta e ficamos nos encarando próximos por algum tempo. Havia algo de diferente nela, um brilho diferente que me iluminou como da primeira vez que nos vimos. Corando, abaixou o rosto e perguntou:

- Como sabia que eu estava aqui?
- Liguei para seu trabalho. A secretária informou que estava doente. Sente-se mal? - com um sorriso negou.
- Não mais agora. Eu... - levantou seus olhos encontrando os meus e neles havia tanta esperança - Edward, me abrace. - não pude compreender o pedido.
- O que disse?
- Me abrace. Por favor?
- Bella,eu-

Deu um passo para frente colando nossos corpos. Por instinto, meus braços rodearam sua cintura fina e abaixei meu rosto até o seu. Ela fechou os olhos, envolveu meu pescoço e suspirou. Havia mais sentido naquele abraço do que eu sabia e me deixei entregar.

Deitou sua cabeça no meu peito, o perfume subia até meu rosto de forma arrebatadora, e seu corpo estava tão confortavelmente quente que a apertei mais contra mim e beijei seu ombro. Precisávamos conversar, não que aquele abraço e o carinho resolvessem tudo, mas já sentia como se metade do peso das minhas costas tivessem sumido. Suas pernas se entrelaçaram as minhas, seus dedos se afundaram em meu cabelo e eu encaixei meu rosto em seu pescoço, respirando fundo.

- Obrigado. - murmurou no meu ouvido.
- Mas, porque? - seu lábio roçou meu maxilar.
- Por tudo. Por isso.

Tive a impressão de que não estava falando sobre o abraço, mas me esqueci de todo o resto quando seus lábios tocaram os meus. Foi apenas um leve acariciar que me fez arfar. Afundei mais minhas mãos em seu corpo e aprofundei o beijo. Me sentia aquele adolescente idiota se escondendo de sua irmã mais velha para beijar uma garota no corredor do estádio dos Yankees de Nova Iorque.

Ela deslizou suas unhas pelas minhas costas, depois os ombros, até chegar ao peito e se afastou encarando minha gravata. Facilmente a afrouxou, puxou pela cabeça e colou seus lábios em meu pescoço enquanto soltava os dois primeiros botões da minha camisa social. Agora seus beijos estavam em meu peito. Pelo cabelo, voltei à puxar para cima, colei nossas bocas e a empurrei de encontro a outra parede. Um pequeno alerta em minha cabeça mandou que eu parasse e assim o fiz me afastando ofegante.

- Bella, não queria te atacar desse jeito, desculpa.
- Tudo bem. - respondeu meio absorta demais no seu próprio pensamento.

Então se virou e foi para a sala. Peguei minha gravata no chão e a segui.

- Er, já, er. - bagunçou o cabelo corando apreensiva - Já almoçou?
- Não.
- Estou almoçando. Quer que eu-
- Não, estou sem fome.
- Tudo bem. Você veio aqui porque...
- Achei que precisávamos conversar. - mordeu o lábio reprimindo um sorriso - Mas não há pressa. Não mais. Eu te faço companhia na mesa.

Estiquei minha mão na sua direção e, me observando por debaixo de seus longos cílios, ela a segurou e deixou que a puxasse para dentro da cozinha. Havia um prato já feito apoiado na mesa com uma quantidade enorme de legumes e verduras e um frango. Ri de sua alimentação. Bella não era assim. Só podia ser coisa de Alice.

Se sentou e me trouxe para ficar ao seu lado. Ficamos em silêncio toda a refeição. Eu mexia insistentemente no cabelo enquanto a admirava sentar de pernas cruzadas para comer. Havia aquela sensação de que não precisávamos nos apressar, por isso comeu tudo sem exceção e depois limpou a louça que usou. Me levantei quando já estava guardando o prato dentro do armário, me aproximei por trás e toquei sua cintura.

- Vamos para a sala?
- Só mais um minuto. - pediu saindo da cozinha.

Fui me sentar no sofá, mas não demorou muito para sair do banheiro com seus cabelos presos no seu usual coque desalinhado. Bella veio se sentar ao meu lado, fazendo a tensão que senti na porta ressugir com um pouco mais de força por não saber uma forma de começar. Ela abraçou as pernas e me encarou um pouco mais pálida do que minutos atrás, imaginei sofrendo do mesmo anseio que eu.

- Bem, não sei o que dizer. Sobre ontem, o que aconteceu, o que provoquei. Primeiro quero dizer que... precisamos muito conversar com nossa filha hoje. Ela ficou bem nervosa quando viu que não foi dormir em casa e também não consegui esconder meu estado.
- Eu converso com Nessie. Não se preocupe. Explico que nós só-

As palavras morreram antes de sair.

- Nós só? - abaixou o rosto e suspirou - Sei que perdi a cabeça, mas estou tão magoado pelo que aconteceu, pelo que vi, ouvi e pensei. Por ter sido tirado da sua vida, Bella.
- Não te tirei da minha vida.
- Não na sua cabeça. Foi como eu me senti. Precisei descobrir pelo meu cliente que você recebeu uma proposta de trabalho. Precisei assistir chocado você e aquele homem na portaria para saber da visita dele.

- O que exatamente viu?
- Ah, isso não importa. - respondi um pouco mais seco pois não gostava de me lembrar da cena que presenciei dos dois tão próximos.
- Se não confiar em mim, não posso fazer nada por você.
- Devo dizer o mesmo então. Você confiou em mim? Pensei que fossemos um casal agora, vivendo juntos e construindo nossa família.
- Mas somos.
- Não aparenta, Bella. Você não se entrega à mim.
- Como? - perguntou confusa.

A encarei mostrando que estava mesmo falando a verdade e ela cobriu a boca e se afastou um pouco ficando ainda mais pálida.

- Se confiasse em mim, teria contado sobre a proposta e não ter se escondido por medo do que eu falaria. Não é uma decisão que precisa ser tomada sozinha, havia muita coisa em jogo, e eu poderia ter partilhado o peso da decisão com você. As vezes, Bella, até mesmo com nossa filha, você prefere tomar a frente da situação do que me deixar agir. Confesso que sou mesmo muito imaturo, nem pareço ter mudado tanto assim nos últimos anos, mas levamos vidas diferentes. Sua carga de responsabilidade desde que partiu foi muito grande e a minha quase nula, então eu preciso cometer erros também para ganhar experiência. Eu-eu- ontem foi um desses erros.

- Edward, sabe que nunca te pedi que fosse o pai perfeito. Quando as vezes tomo as rédeas da situação é porque quero aliviar sua carga. Meu emprego é cansativo, mas você tem seu escritório em maioria nas costas, só quero que sinta bem, não faço porque tenho medo de que erre. Não estou te chamando de incompetente ou coisa parecida.
- Mas é como me sinto.
- Olha, não íamos falar sobre ontem? - uma linha de suor apareceu na sua testa.
- Isso também é sobre ontem. É sobre nós dois.
- Sim, se é sobre nós dois, então porque não me contou que está pensando em vender a empresa? Também é uma decisão que poderíamos ter partilhado o peso da decisão.
- Como sabe dessa história?
- Vai me contar o que viu entre eu e Jacob? São tantas perguntas, não acha?


- Isabella, sem ironia. - não queria perder a paciência.
- Jasper contou à Alice. Foi dessa forma. - cruzou os braços, apertando com força o estômago e soltou um gemido - Acho que não estou me sentindo muito bem.

Acabei com a distância que ela criara enquanto conversávamos, encostei minha mão em sua testa e me espantei.

- Bells, você está fria. O que está sentindo?

- Não estou te culpando, sei que foi uma seqüência de enganos e omissões, mas só quero que entenda que o que aconteceu entre Jacob e eu está no passado. O motivo de ter vindo a Nova Iorque essa semana foi porque queria acabar com o laço que ainda tínhamos. Sabe Edward, quando comecei a planejar meu casamento com ele, a primeira medida que tomamos foi comprar um apartamento no nosso nome e depois que tudo acabou havia me esquecido completamente disso. Ele veio até aqui trazer papéis para venda do apartamento. Seu objetivo era acabar com qualquer compromisso material ou emocional que ainda tivéssemos. E na minha última oportunidade de me despedir do meu amigo, do homem que cuidou de mim por tanto tempo, que passou grande parte da minha vida ao meu lado, você fez aquela cena no corredor. Eu sei que estava com ciúmes. O mesmo ciúme que senti quando te vi com aquela cliente no escritório, mas você precisa saber que te amo. Somente você, sempre foi e sempre vai ser. Não contei porque não queria interferências na minha despedida. Jacob sempre foi meu melhor amigo. - secou uma lágrima que escorria por seu rosto - Não sabia se entenderia, por isso escondi.

Abaixei o rosto envergonhado, lembrando das coisas que ele me dissera ontem e as peças se encaixavam devagar.

- Estou me sentindo muito mal. - se levantou num pulo.

Ela passou por mim na direção do corredor.

- Bella, o que está sentindo? O que houve? - fez um sinal com o dedo para que eu esperasse e entrou no banheiro trancando a porta.

Voltei a me sentar confuso e preocupado com sua saúde. O que estava acontecendo a ela?

Esperei por quase vinte minutos, mas nenhum sinal. Então, me levantei e bati duas vezes na porta.

- Bella, está se sentindo melhor?
- Sim. - sua voz estava rouca - Eu já vou. - o telefone tocou na sala - Atende para mim, Edward. Pode ser Alice.

Corri até a sala, o tirei da base e assisti Bella sair do banheiro e caminhar cambaleante até a última porta do corredor. Muito distraído, atendi, mas não prestei atenção na voz feminina quase robótica que estava do outro lado.

- Alô? Alguém na linha?
- Ah, me desculpe, quem fala?
- Boa tarde, senhor. Meu nome é Stephany, eu poderia falar com a senhorita Swan por um minuto?
- No momento está indisposta, mas sou o companheiro dela, então pode deixar um recado comigo.
- Bem, agradeceria se informasse que apesar da queda no nosso sistema a compra das passagens foram efetuadas. Ela poderá tirar os tiquetes na estação central ou ligar para nós novamente e pedir que a entrega seja feita em casa. A menor de idade poderá acompanhá-la, mas deverá levar os documentos de identificação.
- A menor de idade? Passagem? Do que está falando?
- As passagens de trem para Washington que a senhorita Swan comprou mais cedo, senhor.
- Ah, sim. - fingi saber, mas foi como se uma facada estivesse atingindo meu peito em cheio - Darei o recado. Era só isso?
- Sim, senhor.
- Então, muito obrigado.
- Obrigado o senhor. Tenha uma boa tarde. - desligou e com raiva joguei o aparelho no sofá.

Como assim ela comprou uma passagem de trem para Washington? Ainda por cima queria levar Rennesme e ao menos me avisara. Bella estava fugindo de novo como fez anos atrás? Agarrei o braço do sofá, enfiando as unhas no estofado, tentando aliviar a raiva. O som da porta no final do corredor chamou minha atenção e quase senti um rosnado sair pelo meu peito.

Ela veio ainda cambaleando e apertava a barriga com força.

- Edward. Aconteceu...
- Porque você vai para Washington?
- O que?


- Acabaram de ligar confirmando sua compra. Duas passagens para Washington, uma delas para uma menor de idade. Você vai viajar com nossa filha sem me avisar?
- Edward, não. Você está entendendo errado.
- Porque tem que ir para lá? O que vai fazer nesse lugar? - estava começando a me alterar de novo, assim como ontem.

Mas nem com todo o alívio que senti ao chegar, nem com a pouco conversa que tivemos, consegui impedir o turbilhão de pensamentos que me torturavam. Eram lembranças e raiva misturados. Levei as mãos a cabeça e puxei os cabelos.

- O que está acontecendo? - percebi que ela estava chorando.
- Me diz você. Acabei de chegar no quarto e meu celular estava tocando. Era Tanya.
- Como assim?
- Ela acaba de me ligar e...
- Não, não, isso é impossível. Porque essa mulher te ligaria? Ela sumiu faz muito tempo. Não vamos mudar de assunto. Porque comprou essas passagens? Nós brigamos e por isso estava tentando se afastar de novo?

- Não. - gritou desesperada, então fechou os olhos com força e se apoiou na parede - Eu não posso brigar com você. Não agora, vamos nos acalmar.
- Bella, eu não posso me acalmar. O que acha que está passando pela minha cabeça com essa nova notícia?
- Isso é porque você não ouviu o que aquela vadia acabou de falar para mim ao telefone. - berrou, mas depois pareceu se arrepender - Não, por favor. - apertou a barriga com mais força - Não podemos brigar, não agora. Você não entende. Eu-

- Bella, você está se sentindo bem?

Levantou seus olhos marejados e vermelhos. Parecia estar sentindo dor, mas sabia pela sua expressão que não gostaria que eu me aproximasse. Não agora. Havia tantas coisas sendo escondidas, o sentimento por trás de como me olhava era uma delas, mas então me surpreendendo com a força que resgatou, Bella se ergueu e apontou para a porta.

- Saia daqui imediatamente. Eu preciso que vá embora agora.
- Mas-
- Pelo amor de Deus. Se você me ama, vai. - pensei algum tempo, mas depois parti.

Isabella Pov

- Bella? - a voz de Alice me fez despertar da tentativa quase frustrada de me acalmar.

Sorrindo decepcionada com alguma coisa deixou sua bolsa sobre a poltrona e se sentou ao meu lado no sofá.

- Vim em casa comer alguma coisa. Virá comigo buscar Nessie na escola, não é mesmo? - neguei - Aconteceu alguma coisa? Você está se sentindo bem?
- Agora um pouco melhor. - minha voz transpareceu meu estado o que a fez me abraçar.
- Conte o que aconteceu. - não parecia surpresa por um problema ter aparecido, também parecia estar escondendo algo.
- Edward veio aqui.
- Ele veio aqui? Que hora?

- Saiu tem uns trinta minutos. Eu estava me preparando para almoçar quando a campainha tocou e imaginei que fosse você sem chave. Corri para atender e tomei um baita susto quando o vi. Ai, Alice, por um instante era como se eu estivesse em outro mundo e fiquei o imaginando me abraçar, beijar e dizer que nunca esteve tão feliz por saber que teríamos um filho. Ele entrou, pedi um beijo e ficamos abraçados. Mas então ele me lembrou que vieo aqui para conversar sobre a discussão que tivemos ontem e eu finquei os pés no chão. Ele me esperou almoçar e por esse tempo fiquei pensando que esclareceria tudo sobre a proposta, Jacob e então contaria do bebê, mas no decorrer da conversa comecei a me sentir mal, enjoada de verdade. Tudo que comi no café-da-manhã e no almoço, então levantei e fui correndo para o banheiro. Quando saí, passei antes no quarto para trocar a camisa e meu celular estava tocando. Quando atendi era Tanya.

- O que ela queria?
- Ah, adivinha. Me envenar ainda mais se é possível. Ela veio com uma história de Madison Stuart. A mulher que te falei com Edward no escritório.
- O que ela disse exatamente?
- Disse: 'Boa tarde, queridinha. Preparada para saber da verdade sobre as petições do seu maridinho com senhorita Stuart?' Então, perguntei quem era, e Tanya se identificou. Alice, minhas pernas tremeram, e senti aquela pontada forte no peito.

- Bella, acho que eu preciso te contar o que vi, ouvi e principalmente fiz essa tarde, mas você deve me prometer que não ficará nervosa. - disse a última palavra olhando para o copo de água que ainda estava na minha mão desde que tomei o calmante.
- Falando assim até me deu um certo medo. - passou os dedos de maneira ansiosa sobre os cachos.
- Tomou o remédio que o médico passou, certo?
- Sim, senti que minha pressão estava subindo. Ainda mais depois do que aconteceu quando voltei para a sala. - me interrompi, começaria a contar da discussão com Edward e não o faria antes que Alice explicasse o que acabara de dizer.
- Continue. - pediu.
- Não, antes você vai contar o que tem que contar. - suspirou e esperou por longos segundos de continuar.
- Se lembra quando você e Edward voltaram ano passado e, escondida de mim, você foi atrás de Tanya?
- Aquela briga. Sim, infelizmente, me lembro. Mas porque isso agora?

- Me desculpe por ter te julgado naquela época, dizendo que era errado tê-la procurado, que era loucura. Me arrependi do que disse e isso aconteceu porque fiz o mesmo hoje.
- Você o quê?
- Se acalme, por favor. Se lembre do seu filho. Sua pressão não pode subir de novo.

Deixei o copo sobre a mesa de centro e me joguei contra o sofá rosnando. O que a vadia da Tanya havia feito para Alice agir daquela maneira?

- Conte-me o que aconteceu.

Alice explicou que assim que saíra de manhã do apartamento recebeu uma ligação de Nessie. Meu coração se fechou em punho ao ouvir o que causei em minha filha. Ela disse que então foi até a empresa, que encontrara Jasper, mas apesar do olhar fosco não comentou mais nada sobre esses momentos. Falou que foi até a sala de Edward, que o viu colocando aquela mulher para fora e que então depois de ver o estado dele desistiu da conversa que teria.

Precisei de alguns segundos para voltar do transe quando ouvi que a tal de Madison conversou com Tanya ao celular e então Alice decidiu a seguir.

- Você é louca? Está por um acaso se imaginando num filme de espionagem? - ralhei.
- Oh, Bella, por favor. Você faria o mesmo no meu lugar.
- Eu seria a única vítima de Tanya, você não.
- É como dizer a uma leoa que o problema é dos filhotes e não dela. - ri de sua comparação e pedi com um gesto de mão que continuasse.

A parte do restaurante passou bem rapidamente até o estacionamento.

- Quando a ouvi falando seu nome, saí de onde estava e avancei. Arranquei o celular, desliguei e depois acabei com ela.
- Acabou com ela?
- Sim, ela me reconheceu, me chamou de louca e eu a empurrei para dentro do carro onde ninguém pudesse ouvir seus gritos.
- Gritos?
- Não faça essa cara. - pediu levantando uma mão - No fundo sei que se sente mais leve por ter se livrado de vez daquela vadia.
- E o que te garante que é o fim de Tanya?
- Meus punhos. - revirei os olhos.
- Os seguranças poderiam ter visto e chamado a polícia. Ou pior, ela poderia ter te agredido também. Tem noção do quanto me sentiria culpada? E se ela vier atrás de você?
- Se ela conseguir de novo enxergar com os próprios olhos nas próximas semanas já será um milagre. Contenha-se. - rosnou para minha mão trêmula.

Devo admitir que uma grande parte de mim estava feliz por saber que aquilo tudo que vi no escritório de Edward era só mais uma armação, que ele a expulsara de seu escritório mais cedo e viera me procurar. Então, me lembrei das passagens, da briga e amuei novamente.

- Nunca mais vai se preocupar com ela. É uma boa notícia, Bella. Porque ainda está com essa cara?
- Depois que tomei o café, voltei para a cama e fiquei pensando no meu filho. - acariciei minha barriga - Liguei para a antiga pediatra de Nessie e consegui o telefone do obstetra que cuidou de mim, marquei uma consulta e providenciei logo passagens de trem para Washington. Quando fui até o quarto para trocar de camisa e atendi Tanya, Edward estava aqui na sala e atendeu o telefonema que confirmava a compra.

- Meu Deus.
- Já estava irritada só de ter escutado a voz daquela mulher, quando cheguei na sala e encontrei mais questionamentos e até mesmo acusações de que iria embora de novo para Washington com nossa filha sem dizer nada não pude me controlar. Foi mais forte do que eu. O mais importante era preservar meu filho, então o expulsei daqui.
- Expulsou?
- Sim, o desafiei, se ele me amasse me deixaria em paz e foi o que fez. Estou numa bola-de-neve. Mal conseguimos resolver nossos problemas de ontem e agora ele acha que estava tentando fugir de novo como fiz no passado. Que mal cometi na outra vida para ganhar esse carma, Alice? Porque as coisas não podem ser mais simples para mim? Devo admitir que eu erro, muitas vezes, mas o castigo tem sido muito pesado, não acha?
- Sem desespero, Bella. - apoiou a mão em meu ombro e me puxou para um abraço.

Funcionava mais que qualquer tranquilizante, era uma conversa sem palavras e minha irmã estava dizendo que ficaria tudo bem.

- Quando é a viagem?
- Depois de amanhã. Liguei para minha mãe. Phill nos buscará na estação e vamos ficar na casa deles pelo final de semana.
- Sua mãe perguntou o porquê da visita?
- Sim, mas disse que só revelaria quando chegasse lá.
- Queria ver a cara da Tia Renne sabendo que será vovó de novo. - dei uma risada fraca e me levantei.
- Eles perguntaram se Edward viria conosco?
- E o que disse?
- Que tentaria levá-lo, mas havia muito trabalho na empresa.
- Boa resposta. Assim se preparam para a vinda dele. - se levantou também e foi até a poltrona pegar sua bolsa.
- Duvido muito que as coisas voltem aos seus lugares em dois dias, Alice.
- Não deveria duvidar do destino. - resmungou por cima do ombro do jeito misterioso que só ela tinha - Vou buscar Nessie na escola. Ela passará a noite conosco. Vá se preparando para contar as boas novas a pequena. Tenho certeza que teremos uma festa essa noite. - sorri imaginando sua reação e Alice saiu.

Voltei para o quarto, um pouco mais lenta pelo efeito rápido do remédio, e me deitei na cama de Alice. Quis muito esperá-las acordada, mas com tantos acontecimentos e aquela cansaço que a gravidez causava era inevitável o sono. Sorri com aqueles sintomas, as vezes incovenientes, mas recompensadores. Me aconcheguei ainda mais entre os travesseiros e caí na inconsciência.

Acordei com uma pequena mãozinha macia acariciando meu rosto. Nessie estava sentada de frente para mim com os cabelos úmidos e vestindo uma camisola azul. Ergui o tronco e olhei a noite pela janela.

- Que horas são? Quanto tempo fiquei aqui?
- O suficiente para tirar meu posto de dorminhoca, mamãe. - segurei sua mão sempre tão quentinha e beijei a palma.
- Onde está meu abraço? - com um sorriso gigantesco ela pulou sobre mim enlaçando meu pescoço e me beijando repetidas vezes.
- Estava com saudade.
- Eu também estava, meu anjinho. - passei a mão por sua camisola - Tia Alice cuidou de você?
- Sim, banho, trabalho de casa e jantar. E ela me deu uma missão.
- Uma missão?
- Sim. Disse que eu precisava te abraçar e dar muitos beijos. Missão cumprida, mas se a senhora quiser mais estou a disposição sempre, tá?

Apertei sua barriga a fazendo gargalhar e abracei mais forte.

- Sempre sapeca. - sua risada foi diminuindo aos poucos até uma ruguinha de preocupação idêntica a do pai se formar entre seus olhos.
- Tia Alice também disse que a senhora queria conversar comigo. - abaixou os olhos tristes - É sobre o que aconteceu ontem com o papai?
- Sim. Soube que você chorou hoje na escola. - corou envergonhada.
- Me desculpa?
- Meu amor, não precisa se sentir culpada por ter chorado. Você estava preocupada com seus pais e pediu ajuda. Não há nada de errado nisso.
- Não queria te trazer mais problemas, mamãe.
- Ver que a minha filhinha linda se importa comigo não é um problema. - ergueu o rosto curiosa - Eu te amo, bebê.

A enchi novamente de cócegas e ela deitou sua cabeça em meu colo.

- O que a mamãe tem para dizer é algo muito importante. - ela se aconchegou mais no meu colo e se abraçou com força.
- Você e o papai vão se separar, é isso? - com um aperto no peito, segurei seu queixo e a encarei.
- Não, meu amor. Sei que o aconteceu parece estranho para você, mas eu e seu pai nos amamos e vamos ficar juntos. A novidade é que você vai precisar aprender a como segurar um bebêzinho em breve.

- Um bebêzinho? Porque? O neném da tia Rose nasceu?
- Não, mas um outro está chegando na família. Quer sentí-lo?
- Sentir?
- Sim. - segurei sua mãozinha e a apoiei em minha barriga - Sabe porque sua preocupação é completamente ultrapassada? Bem, porque o que houve entre seu pai e eu foi algo de momento e já estamos resolvendo. Em breve, tudo voltará ao normal. Não vamos nos separar por besteiras como a que aconteceu ontem. Nós nos amamos e vocês são as maiores provas disso.
- Vocês? - enrugou o cenho inclinando acabeça.
- Se me prometer que cuidará do seu irmãozinho e irá ensiná-lo a ser tão fofo quanto você, eu prometo que será a primeira pessoa a segurá-lo no colo.
- Um irmãozinho? - perguntou assustada olhando para nossas mãos.
- Ou irmãzinha. Agora é só torcer para o que quiser mais.
- Mamãe. - se jogou em meus braços e me abraçou.

Rennesme sempre pediu um irmão, sempre quis ter uma família maior que a tive quando criança e agora estávamos compartilhando aquela alegria tão inocente.

- Eu vou ter um irmãozinho para brincar comigo? Isso é incrível.
- Sim, meu amor. Isso é maravilhoso.
- Posso fazer carinho nele? - pediu com seu grande bico e eu deixei.

Sua mão acariciou devagar minha barriga, fazendo algumas lágrimas de felicidade escorrerem pelo meu rosto. Alice nos espiava pela porta satisfeita. E seria Edwaard o próximo.

[...]

Acordei com uma luz forte batendo no meu rosto, então a sombra cruzou a janela e começou a tagalerar.

- São quase três da tarde. Vocês duas são impossíveis. Acordei, vim chamá-las, saí para fazer compras, voltei, já fiz o almoço e ainda não levantaram dessa cama. Estão coladas no travesseiro por um acaso? - puxei o edredom para cima de mim e Nessie que ria com o rosto escondido em meu pescoço.
- Vamos ignorá-la, mamãe?
- Quietinha, Nessie. Ou o monstro volta. - Alice puxou o cobertor com força e nós gritamos.
- Tão engraçadinhas.

Minha filha se sentou com os cabelos bagunçados e pediu colo a madrinha que se rendeu tamanha fofura.

- Garota, você sempre me pega nesse golpe baixo. Isso é muita injustiça.
- É só um ponto de vista. - me intrometi.
- Ah, Tia Alice, eu também te amo.
- Acha que só por ter dito isso vai se livrar da bronca? Aliás, vocês duas. Uma com a desculpa mais velha que o mundo que gravidez dá sono e a outra, bem, nunca precisou de desculpas para ser molenga. Rennesme, você faltou a escola. Acha isso bonito?
- Foi por uma boa causa. Eu estava cuidando do meu irmãozinho.
- As duas dormem tarde porque ficaram na farra e quer me convencer que estava cuidando dele. Devo ter mesmo cara de idiota.
- Não. A senhora tem a cara mais linda de todas.
- Hey. - me ofendi.
- A segunda.

- Hey. - ela olhou para minha barriga e torceu o nariz.
- Tia Alice, você está no top dez, eu juro bem jurado. - minha amiga caiu na gargalhada e colocou a pequena no chão.
- Acho então que posso me contentar. Seu almoço já está no prato em cima da mesa da cozinha. Agora, xispa daqui, pestinha.
- Sim, comandante. - bateu continência.
- Ah, e você está no top cinco.
- Hum, o primeiro lugar deve ser do Tio Jasper. - cantarolou antes de sair correndo.
- Se continuar nesse ritmo, essa menina vai te deixar com muitos cabelos brancos.
- Os primeiros já apontaram, e a culpa foi sua. - Alice procurou algo no bolso da calça e me entregou.
- Aqui está.

- O que tem aqui? - segurei o envelope dobrado.
- Fui fazer compras. Aproveitei a oportunidade para buscar suas passagens para amanhã. - abri com cuidado e de dentro tirei três tiquetes com destino a Washington.
- Você-
- Tomei essa liberdade. Claro que a parte mais difícil agora é sua de ligar para Edward e dizer que tem um bilhete o esperando aqui. Não se preocupe com nada além disso, você poderá me recompensar depois. - levantei para abraçá-la.
- Obrigado, meu anjinho-da-guarda.
- Não há de quê. Cobro esses e outros favores mais tarde. Vamos almoçar?
- Vamos. Então, a mais bonita é mesmo a de Jasper? - perguntei enquanto saíamos do quarto.
- Você se acha uma gracinha, não é mesmo?

Aparecemos na cozinha, Nessie já estava sentada de forma comportada e comia. Ela nos olhou com suas duas esmeraldas lindas e brilhantes então me aproximei beijando a pontinha de seu nariz.

- A mamãe precisa te contar uma coisa.
- São dois?
- O que?
- São dois nenéns?
- Não. - expliquei rindo - Não é sobre um outro bebê. É sobre algo que faremos amanhã.
- Passear? Se for, eu aceito. A gente pode sair daqui a pouco para comprar algumas coisas para ele. - apoiou a mão na minha barriga - Sapatinhos, blusinhas, macacões e os móveis do quartinho. A gente podia chamar a Tia Rosalie. Quando vim morar com o papai, ela que o ajudou a comprar os armários do meu quarto. Tem uma loja legal, mas não lembro onde é, naquele dia eu estava com muito sono e o papai me carregou no colo o tempo todo, mesmo ele ainda não gostando de mim.
- Ele já gostava de você, só não sabia. - ela corou e assentiu.
- Podemos ir? - ponderei a idéia, mas então me lembrei de um detalhe.
- Mas e se sua avó Esme quiser fazer o enxoval do bebê com aquela costureira que falamos quando passamos o final de semana lá?
- Aquela que a vovó disse que vai fazer um vestido para mim?
- Sim.
- Ah, então a gente só olha as modas. - deu de ombros.
- Alice, essa filha é sua.

Ela reproduziu uma espécie de rosnado, enquanto retorcia os lábios numa careta, colocava o meu prato na minha frente e se sentava com o seu. Sorri, puxei o garfo e a faca, mas antes abaixei um pouco o rosto para cheirar a comida. O perfume era delicioso, parecia uma bela macarronada, mas havia um enjôo chato no fundo da minha garganta como quando se fica gripado. Aquela sensação acabava com qualquer prazer de comer.

- Isabella, está tudo em perfeito estado. Não faça essa careta.
- Estou um pouco enjoada.
- Mas vai comer.
- Isso mesmo. Tem que comer porque quero meu neném forte. - Nessie reclamou e sem outra escolha levei a primeira garfada a boca.

O gosto estava maravilhoso, mas meu estômago ainda dava voltas, por isso resolvi tentar me distrair com outra coisas e voltei ao assunto.

- Mas como eu tinha falado antes. O que eu tenho para te contar é muito bom.
- Nunca mais vou para a escola.
- Melhor ainda.
- Hum, interessante.
- Prepare-se. Nós vamos passar o final de semana com a vovó Renne. - ela quicou na cadeira com a notícia e bateu palmas.
- A vovó Renne vem visitar a gente? O vovô Phill também vem? Vamos fazer biscoitos de chocolate. - olhei para Alice que encarava o teto e tinha quase escrito na testa o mesmo pensamento de Nessie.
- Eu sou a grávida e vocês só pensam em comida. - de repente o gosto do biscoito de chocolate da minha mãe veio claramente na minha boca e salivei - A cara de vocês está até me deixando com desejo.
- Estou morrendo de saudade da vovó. Quando ela chega?
- Na verdade, nós é que vamos até Forks vê-la.
- Vamos? - perguntou desconfiada.
- Sim, vamos de trem até Washington e lá o Tio Phill nos leva de carro para casa.
- Mas a gente não vai nem passar antes no nosso antigo apartamento? Nem vai visitar o Tio Jacob?
- Er, a gente faz isso outra hora. - disse a primeira resposta que me veio a cabeça.
- Tudo bem. - deu de ombros - Que horas o papai vem buscar a gente para pegar o trem?


- Sabe, filhota, não sei se o papai poderá passear conosco. - seus olhinhos caíram triste.
- Porque?
- Bem, a passagem dele está com a gente, já te expliquei que estamos resolvendo nossos problemas, mas nem tudo está como antes. Então, a mamãe vai ligar para ele hoje e dizer que se ele puder e quiser, se o trabalho deixar, o estaremos esperando amanhã na estação. Basta que ele apareça.
- Vamos esperar até o último minuto.
- Vamos, meu amor.
- E que horas vai ligar para ele?
- Assim que terminarmos o almoço. Você vai se vestir para sairmos e eu pego o telefone.
- Vamos comprar alguns sapatinhos bem bonitinhos, está bem?
- Claro.
- Ah, mamãe, o papai já sabe?
- Não, nem desconfia. Vamos contar logo.
- Ele vai tomar um susto. - cobriu a boca rindo - Se fizer para você a mesma cara espantada que fez para mim quando soube que era meu pai, acho que a senhora vai rir muito.
- Vamos rir muito. - consertei e ela sorriu.

Terminamos o almoço, e ela correu para seu antigo quarto arrastando a tia consigo para que se arrumassem. Lavei a louça, guardei a comida e fui para a suíte. Fechei a porta, tirei a camisa que usava de camisola e fui procurar uma roupa de Alice para usar. Assim que estava pronta, peguei meu celular e liguei para Edward, mas a ligação caiu na caixa postal. Fiz o mesmo umas três ou quatro vezes, então as duas bateram na porta para me apressar.

Decidi por uma última tentativa e quando ouvi a voz da secretária eletrônica esperei para deixar uma mensagem. O sinal soou.

- Oi, Edward. Sou eu. - engoli em seco - Bem, liguei porque queria muito conversar sobre o que aconteceu ontem. Na verdade, acho que me entendeu mal quando pedi que saísse do apartamento. Por um motivo que não posso falar agora eu não poderia ficar nervosa e era o que estava acontecendo, então pedi que fosse, mas me arrependi. Estou precisando muito de você aqui comigo porque... te amo demais. Então, não pense mais besteiras quanto a essa viagem.

- Vamos, mamãe.

- Há uma passagem para você comigo. Passaremos o final de semana na casa da minha mãe em Forks e o motivo só posso lhe contar pessoalmente. Se não conseguir entrar em contato comigo ainda hoje então queria muito que viesse nos encontrar, Estação Central, às oito amanhã. Sei que está sendo avisado de última hora, que precisa trabalhar, mas é importante para nós dois. - Nessie abriu a porta e me olhou curiosa - Sinto sua falta. Eu te amo. Adeus.

Desliguei a ligação e abri os braços para que ela se aproximasse.

- Falou com o papai? Ele virá com a gente, não é mesmo?
- Infelizmente eu não sei. A ligação caiu na caixa postal. Mas ele sempre olha os recados. Logo vai fazer contato. - o celular fez o sinal de que estava ficando sem bateria, então me levantei e o prendi na parede com o carregador de Alice.
- Não se preocupe, mamãe. Ele vai ligar. Vamos logo? - pediu esticando a mão para mim.
- Sim.

Me puxou animada para o corredor. Fomos para uma loja que Alice conhecia e lá minha pequena se esbaldou com os detalhes tão miúdos e delicados das coisas para bebês. Compramos três pares de sapatos, dois macacões e mais um conjunto de mantas. Era ótimo saber que meu filho seria bem recebido pela irmãzinha.

Edward Pov

- Achou meu celular? - perguntei passando rapidamente pela mesa da minha secretária.
- Não, doutor.
- Merda. - murmurei bagunçando o cabelo - Onde está o oficial de justiça?
- Com o doutor Jasper. - me entregou uma pasta.
- Me faça um favor? Um dos empresários canadenses tem o número do meu telefone particular, se ele tentar entrar em contato por causa da reunião de amanhã vai receber um belo banho de água fria, então ligue para a minha operadora e peça para acessar os meus recados, por favor?
- Sim, doutor. Farei isso agora mesmo. - abri a pasta que tinha todos os dados de Madison Stuart.
- Cadela.
- O que disse, doutor? - Mel perguntou assustada.
- A verdade. Deixa para lá. Ligue para o escritório do doutor Jasper e peça que ele venha com o oficial até o meu.
- Sim, senhor. - pegou o telefone e discou o ramal, então apressado fui para minha cadeira.

Guardei minhas coisas na primeira gaveta, tirei os relatórios e processos que estava lendo de cima da mesa. Alguns minutos depois, Mel ligou para avisar que eles já estavam entrando. Me levantei, fechei o botão do paletó e esperei. Jasper entrou na frente e fez uma careta sem que o oficial percebe-se.

- Aproxime-se. - pediu ao homem.

Ele veio na sua arrogância até mim e apertou minha mão.

- Boa tarde, doutor Cullen. Poderia assinar aqui, por favor? - me entregou a prancheta e apontou para a linha que me aguardava.
- Já leu, Jasper? Está tudo de acordo?
- Sim. - com a confirmação do meu amigo assinei o papel e o entreguei.
- A intimação? - pedi e ela foi entregue em minhas mãos - Obrigado. Minha secretária o acompanhará até o elevador. - o homem saiu e assim que bateu a porta meu amigo começou a se descabelar na minha frente.
- Puta que paril, você é impossível, sabia? Maldita hora que fui aceitar essa sociedade com você. Eu devia ter ouvido os nossos professores na faculdade. Você é um monstro.
- Jasper, menos por favor?


- Menos? Os canadenses vem amanhã de manhã aqui para tratar da venda do escritório e a gente recebesse uma intimação dessa cadela pedindo danos morais porque abandonarmos o processo. Quero dizer, você abandonou. Eu disse que resolveria para você, mas como sempre se preciptou, Edward.
- Depois que saiu da sua sala ontem, ela veio até aqui ficar me provocando. Essa mulher é uma vagabunda. Estou pouco ligando para estar nos processando ou não.
- O preço da proposta dos canadenses vai despencar. Acha isso pouco?
- Acho ridículo é esse seu papel. Nem sei se vamos vender mesmo a empresa e está enchendo meus ouvidos com essa baboseira.
- Como assim não sabe se vamos vender? Edward, estamos falando sobre isso faz quase um ano.
- Muita coisa mudou para mim no último ano.
- É, mas e o compromisso que tem comigo?
- O compromisso que tenho com você continua porque não se trata de uma sociedade, mas de uma amizade. Agora senta o rabo nessa porra de cadeira e vamos falar sobre essa intimação. - fez o que mandei e tirou o paletó com raiva.

Li o papel várias vezes, todas as linhas com bastante atenção, até que o joguei na mesa e suspirei cansado.

- Ela não tem testemunhas de que a agredi verbalmente.
- Nessas horas brotam testemunhas até do inferno. Não duvide muito.
- Ela quase agrediu minha secretária ontem. Jogou tudo que estava na mesa dela no chão. Desequilíbrio. Vamos usar contra ela.
- Vou usar um taco de beisebol contra ela, talve só isso resolva. - encarei Jasper seriamente por alguns segundos, mas depois caí na risada.
- Você é louco.
- Por isso que ainda te suporto.
- Sobre amanhã, Jas. - me debrucei na mesa, ele levantou os olhos para mim, mas não parecia que o que fosse dizer mudaria alguma coisa - Sei que as cifras e os zeros são bem atraentes, mas pense bem. Quer mesmo parar de trabalhar agora. Ainda somos tão jovem. Podemos crescer juntos com essa empresa. Mais do que já fizemos nesses últimos cinco anos.

- Edward.
- Não, deixe-me terminar. Pense desde a assessoria voluntária da faculdade até agora. Estamos muito tempo juntos nessa, só não queria que acabasse. - ele sorriu - Não quer se aposentar com 29 anos, quer?
- Preciso responder?
- Não. - rimos um pouco - Bem, se for pelo dinheiro, quero que saiba que estou disposto a comprar sua parte. Não posso oferecer o mesmo que os canadenses, mas gostaria que levasse em conta o quanto dei de mim para alcançarmos o que temos hoje. Ainda teremos nossa reunião amanhã com eles, mas pense no que lhe disse, tudo bem?
- Tudo bem. - deu de ombros um pouco desconfortável.

Me sentei na cadeira, reclinando até onde podia e suspirei.

- Não vai imaginar a merda que fiz ontem.
- O que?
- Depois que aquela doida saiu daqui, fui procurar Bella. Ficamos um tempo juntos, depois começamos a conversar sobre nossas brigas e acabamos por discutir ainda mais.
- Ela explicou porque o ex-noivo está aqui?
- Explicou. Já estávamos prestes a fazer as pazes, deixar tudo acertado, mas ela passou mal e saiu de perto. Depois atendi o telefone e era uma funcionária da estação central falando sobre a compra de passagens para Washignton, acredita? Pensei que ia embora. Então, começou a passar mais mal e me pediu para ir embora.
- Vai procurá-la de novo?
- Vou esperar que ela o faça. - o telefone tocou e atendi.

- Doutor Cullen, há aqui fora um homem que disse que precisa urgentemente falar com o senhor.
- Não me lembro de nenhuma reunião.
- Ele se chama Jacob.
- Mande entrar. - falei chocado.
- Quem é? - Jasper perguntou, mas antes que eu me levantasse ele já entrara na sala como um vendaval.
- O que faz aqui? - rosnei.
- Eu vim aqui porque quero que você entregue isso a Bella. - Jacob jogou alguns papéis em minha mesa - Vocês dois estão livres.
- O que é isso?
- O apartamento foi vendido. Achei que precisava desse choque de realidade.
- Choque de realidade?
- Sim. Antes que Bella vá embora, mas não tenha motivos para voltar.


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Notas finais do capítulo

Só faltam mais dois capítulos *-*