Isabella Pov

- Podem entrar! - a mãe de Jake disse ao passar por mim e Alice no corredor.

- Ah.. er... Pode ficar com a Nessie, Sue?

- Claro! - respondeu sorrindo.

- Mas, mãe, eu quero ver o Tio Jake. - Rennesme protestou.

- Amanhã, filha, por favor? - pedi me levantando.

- Mas, mãe... - insistiu.

Estava com pressa demais para ficar me prendendo as suas birras, então dei as costas e andei o mais depressa que pude até a porta.

Entrei antes de Alice e já fui para perto da cama.

- Quanta pressa! - a ouvi resmungar ao entrar no quarto.

Parei do lado da cama e olhei seu rosto. Parecia o mesmo de ontem, mas tive esperança de que estaria diferente. Com alguma expressão. Não aquele homem tristemente deitado ali.

Ontem, Jake havia mexido o dedo. Na verdade, Alice tinha dito que o vira mexendo, mas não era nada certo. Aquela notícia tinha criado uma nova esperança em mim.

Já tínhamos voltado de Nova Iorque a mais de uma semana, sentia meu tempo se esgotando, e ia ficando cada dia mais angustiada.

- Ele parece bem. - ela sussurrou pegando em sua mão.

Tomei consciência de que estava próxima o suficiente para ver seus pequenos traços de expressão na testa, mas ainda assim premeditadamente não me encostando em nada dele.

- Estaria bem se não estivesse aqui! - sussurrei ainda encarando apenas ele.

Suas pálpebras, as vezes, mexiam, mas o médico já havia nos contado que era normal. Como quando dormimos.

- Está melhor do que antes, isso você deve concordar. - resmungou ajeitando o lençol sobre ele.

- Deixa que eu faço isso. - peguei de sua mão e subi um pouco mais até cobrir seu peito.

Passei minha mão devagar pelo seu tórax, sentindo os movimentos muito fracos que ar causava quando entrava e saía com ajuda do respirador. Era tão triste vê-lo naquela situação.

- Quer que eu saia para vocês conversarem? - perguntou.

Pensei por uns segundos, então assenti segura.

Passei minha mão devagar pelo seu tórax, sentindo os movimentos muito fracos que ar causava quando entrava e saía com ajuda do respirador.

Era tão triste vê-lo naquela situação.

- Quer que eu saia para vocês conversarem? - perguntou.

Pensei por uns segundos, então assenti segura.

Ela sorriu e então saiu do quarto. Suspirei aliviada por poder ficar sozinha com ele.

- Jacob?! - chamei segurando sua mão.

Ela estava um pouco fria, acho que por causa da resfriação, mas ainda assim fiquei preocupada. Me inclinei sobre seu corpo e encostei o queixo em seu ombro.

- Acorda, Jake. Por favor? - choraminguei.

Fiquei alguns instantes em silêncio apenas ouvindo o barulho dos aparelhos e sentindo meus olhos queimarem, mas não me permitiria chorar mais.

- Quero ouvir sua voz de novo. Será que você pode me dar esse presente? - ninguém respondeu minha pergunta.

Ela ecoou ainda por vários segundos na minha mente.

- Sugiro um pacto: nunca mais vou embora, Jake, mas você tem que acordar para. Pelo menos para concordar comigo, certo?! - brinquei.

Não recebi nenhum sinal de que ele, realmente, me entendia. Então, desisti de conversar e só fiquei ao seu lado. Pretendia ficar ali até o último minuto do horário de visitas, mas para minha surpresa, logo no momento que eu não esperava mais nada, senti o pequeno movimento.

Me levantei depressa e olhei incrédula para nossas mãos. "Havia mesmo se mexido? Eu senti mesmo aquilo?". Meu coração vacilou uma batida, e antes que algo mais acontecesse, chamei a enfermeira pelo botão acima de sua cabeça.

Em alguns segundos, um médico, Sue, Nessie e Alice entraram pela porta com algumas feições de espanto.

- Ele se mexeu! - minha voz estava tão trêmula quanto eu.

- Como? - Sue perguntou assustada colocando Nessie no colo de Alice.

Nós duas ocupamos o espaço ao seu lado, enquanto o médico começava a examiná-lo. Ficou assim por vários minutos, até que pediu para conversar com Sue a sós no corredor. Fiquei preocupada, mas sabia que seria informada mais tarde por ela.

Alice parou do outro lado da cama com Nessie e me olhou incrédula e esperançosa.

- Jake?! - chamei tentando causar algum tipo de reação.

Mas nada aconteceu de novo. Olhei para Alice que me fitava confusa.

- Eu vou conseguir, Li. Eu sei que vou! - tentei afirmar também para mim mesma.

Edward Pov

- Espera aí... o aniversário da Glória... aquela história de "Bella" e "bela", você tava mentindo Rose? - percebi que havia gritado e eu não devia ter feito isso com ela, mas foi tão de repente.

Um impulso quase incontrolável e eu já tinha dito.

- Edward, calma! - ela pediu tentando pegar minha mõa, mas a puxei de volta.

- Fico mais calmo depois que você me explicar essa história direitinho.

- Que história? - riu nervosa.

- Rosalie, eu até posso ter cara, mas não sou idiota. Você vai me contar agora tudo sobre... bem...er...sobre tudo. - me atrapalhei.

- Você entendeu mal o que eu quis dizer, Edward. É que apenas me surpreendi com a notí...

- Chega! - me alterei ainda mais - Chega de mentira. Eu sempre soube que você estava me escondendo alguma coisa, mas preferi ignorar por causa da sua situação, mas, Rosalie, eu preciso que você me conte agora.

- O que?

- Quando conversou com Bella! - exclamei para ver se ela entendia de verdade.

- Acabou a gritaria! - Emmett resmungou ao entrar na sala - Melhor ir embora, não é Edward?! - ameaçou.

- Mas...

- Hora de ir, então. Foi muito bom receber você aqui hoje, mas Rosalie tem que descansar. - ele rosnou se aproximando e segurando meu braço.

- Me solta, Emmett! - rosnei também tirando sua mão de mim. Não me importava dele ser bem maior.

- HEY! OS DOIS PODEM PARAR JÁ, OKAY? - ela gritou mais alto nos interrompendo.

- Edward, senta. E Emmett, pega a Gloria e vai dar um passeio.

- O que? - ele perguntou indignado.

- Preciso conversar a sós com meu irmão.

- Não vou te deixar sozinha no seu estado.

- Estou bem, DROGA! Sai logo, por favor? Depois nós conversamos. - não gostei de presenciar nem de ser o causador da briga, mas fiquei feliz por vê-lo saindo do apartamento alguns minutos depois.

- Bem, estamos sozinho e vamos conversar... Você quer saber a verdade?

- Quero!

- Então vamos começar pelo começo, o que me lembra de te pedir que nunca mais confie em alguém com Tanya Denali.

Isabella Pov

- E quando a senhorita vai voltar para Nova Iorque? - eu teria que explicar mais uma vez?

- Sem previsões. Como disse antes: o coma dele talvez seja reversível, talvez...não.

- Sinto muito, senhorita Isabella, mas dessa forma a senhorita irá perder a chance de emprego. - a secretária disse com pesar.

- Er... tudo bem. - minha garganta se fechou - Tento outra vez no ano que vem.

- Claro! Com certeza a senhorita terá outras chances. - incrível como as pessoas não sabem mentir.

- Então, eu tento entrar em contato de novo com vocês para cancelar ou faço isso agora? - perguntei.

Nessie se revirou no sofá com um sono inquieto. Estava assim desde que voltara de Nova Iorque.

- Acho melhor a senhorita falar diretamente com o setor de Recusos Humanos.

- Ah, entendo! - Nessie deu mais uma revirada ao meu lado e meteu o pé diretamente no meu fígado.

- Ai! - gemi.

- A senhorita está bem? - ela perguntou.

- Claro! Er... só me machuquei aqui. - respondi sem graça.

- Tudo bem. Queira aguardar alguns minutos que já irei passá-la para o setor do RH, tudo bem?

- Claro!- minha voz estava derrotada.

Logo a ligação ficou muda e eu sabia que seria atendida pela pessoa que acabaria com minha chance de vez.

Alice apareceu na sala com cara de sono.

- Não está cansada? - ela perguntou.

Neguei com a cabeça.

- Deixou Nessie dormir antes do jantar? - estranhou.

Respondi com um dar de ombros.

- Estou te atrapalhando com minhas tagarelices? - entortou a cabeça.

Neguei de novo com um sorriso.

- Então vou acordar seu filhote. Ela precisa tomar banho. - lembrou.

"Obrigada! Já vou lá te ajudar." - sibilei.

Ela sorriu em resposta e buscou Nessie no colo com alguma dificuldade. Por Nessie estar crescendo ou por Alice estar encolhendo? - pensei.

- NÃO PERMITO! - de repente a voz do outro lado do telefone gritou.

Uma voz masculina, rouca e grossa, com um leve sotaque do Sul.

- Isabella Swan? Ainda está na linha? - gritou de novo.

Edward Pov

- Será que você entendeu agora? - debochou batendo o copo na pia.

Me apoiei no batente da porta, sentindo minhas pernas bambearem.

- Edward?! - Rosalie chamou um tempo depois.

Não respondi. Estava ofegante, sentindo uma raiva enorme. Só tinha vontade de acabar com a raça daquela vadia.

- Edward, você está bem? - ela se aproximou alguns passos.

- Você tem certeza disso? - não parecia minha voz.

Ela era ruidosa demais, raivosa, mas era como eu me sentia.

- Como está se sentindo? - perguntou pondo a mão no meu ombro.

- Rosalie, você tem certeza disso ou não? - gritei.

Ela deu um pulo com o susto.

- Er... tenho certeza, mas o que pretende fazer? - perguntou já sabendo minha reação.

- Acabar com Tanya, talvez. - brinquei, sentindo meus músculos ficando rígidos.

Fechei a mão até que o nó de cada dedo doesse como nunca.

- Edward, calma, por favor? - Rose pediu apoiando suas duas mãos nos meus ombros - Não faça nenhuma besteira.

- Já fiz uma maior ainda. - gritei alto demais.

Ela passou seus braços pela minha cintura.

- Você não vai sair desse apartamento para fazer uma besteira. Me prometa! - pediu chorosa.

Neguei com a cabeça. Eu queria mesmo fazer aquela besteira.

- Não seja estúpido. Pense em...- ela procurou em algo em que se apoiar - em MIM! - pediu com os olhos brilhando.

- Me solta, Rose. - ordenei.

Ela não obedeceu, apertando seus braços ainda mais em torno de mim.

- Prometa! - rosnou.

A afastei de mim, mas ainda tomei cuidado para não machucá-la.

- Não posso prometer não estragar a noite de quem estragou minha vida. - rosnei antes de sair em direção à porta.

Isabella Pov

- CONSEGUI! - gritei entrando no quarto.

Alice deu um pulo na cama e Nessie continuou em pé com metade da blusa na sua cabeça e parecendo uma múmia, quase dormindo em pé.

- O que? - Alice perguntou.

- Eles vão reservar a vaga pra mim! - explodi.

- Vão? - perguntou abrindo um sorriso.

- Sim... eu estava esperando falar com o Recursos humanos, quando de repente, o chefão de lá atendeu o telefone querendo falar comigo. - empolguei.

- E o que? - Alice perguntou enquanto terminava de tirar a roupa de Nessie que continuava dormindo em pé.

- E que eu o conheci na Alemanha... ele disse que meu currículo foi o mais impressionante que ele já viu e que entendia perfeitamente minha situação.

- O caso do Jake? - me interrompeu.

- Sim. Sim! - quase gritei apertando minhas mãos umas nas outras.

Percebi que estava suando.

- Volto para Nova Iorque assim que Jake acordar. - suspirei.

Alice se aproximou de mim e me deu um abraço.

- Parabéns, querida! Você merece tudo e muito mais.

A abracei de volta.

- Eu sei! - brinquei a fazendo rir.

- Convencida! - respondeu erguendo uma das sobrancelhas.

- Mamãe? - Nessie cambaleou até mim com os braços erguidos para o alto como se pedisse colo.

- Que bebê manhoso. - resmunguei a levantando - O que houve querida?

Ela apoiou a cabeça no meu ombro e fechou os olhos.

- Vamos ver Tio Jake amanhã? - sussurrou.

- Claro!

- Vamos voltar para Nova Iorque?

- Em breve! - respondi fazendo carinho nos seus braços.

- Vou ficar com papai de novo?

Congelei com a pergunta. Alice percebendo minha situação delicada, pegou Nessie do meu colo e foi na direção da suíte do meu quarto.

- Que menina perguntadeira! Achei mesmo que você estava dormindo... pelo visto me enganou de novo, né?! - brincou fazendo cócegas na afilhada que sorriu de leve, abrindo mais os olhos.

Suspirei vencida quando elas entraram no banheiro. Eu precisava de um segundo para pensar. Meu coração estava acelerado demais, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Reencontrar Edward, buscar Nessie, Jake em coma, minha chance de emprego em Nova Iorque. Meu coração apertou de novo. Deitei na cama na tentativa de descansar um pouco o corpo, mas sabia que essa noite seria uma luta para dormir, pois minha cabeça não parava no lugar. Viajava para quilômetros de distância, para uma cama de hospital, para a cidade de Nova Iorque. Meu coração vacilou uma batida.

Procuraria um cardiologista amanhã.

- Isso não pode ser normal. - resmunguei comigo mesma.

Levantei e sai do cômodo, indo na direção da cozinha. Peguei um copo d'água e o bebi devagar. Olhei no relógio que marcava seis e meia da noite. Eu precisava preparar alguma coisa para Alice e Nessie comer, já que eu mal conseguia tomar a água. Foi quando o telefone tocou baixo na sala. Caminhei depressa e me sentei no sofá antes de atender.

- Alô?!

Ouvi uma respiração irregular do outro lado da linha.

- Alô?! - perguntei de novo.

- Foi difícil achar o número do seu telefone, sabia? - a voz dele soou cansada e irritada.

Não senti minhas pernas como se o sangue tivesse todo fugido delas. Meu peito vacilou de novo e o ar escapou de mim ruidosamente.

- Edward?! - me perguntei se ele me ouviria por estar completamente sem ar.

Meu queixo tremeu em seguida, numa reação estúpida a sua voz.

- Sim, sou eu. - sussurrou.

Não respondi por vários minutos.

- Bella? Ainda tá aí? - perguntou intrigado.

Quis responder, mas minha boca não me obedecia.

- Bella? Eu... você está me ouvindo?

- O que quer comigo? - perguntei de repente.

Levei minha mão até a boca e a tapei com força. Que maldição estava acontecendo com meus sentidos?

- Desculpa.... te ligar e tudo... mas eu precisava conversar com...

- Nessie está muito bem se é o que quer saber... e se ligou para me ameaçar de novo, acho que perdeu seu tempo. - quase gritei.

- Não! Você está entendendo errado. - foi paciente - Eu quero conversar é com você. - minhas forças se perderam completamente - Eu preciso te perguntar uma coisa... e eu preciso que você seja sincera.

A frase ficou na minha cabeça. Perguntar uma coisa e reponder com sinceridade?

- Você acha que eu sou estúpida? - perguntei, mas minha garganta estava seca demais com o nervosismo e por isso ele não me ouviu.

- O que?

Tossi forçadamente, afastando o aparelho do meu rosto.

- Acha que sou estúpida? - rosnei agora voltando ao normal.

- Mas, Bel...

- Não tenho tempo para suas idiotices, sabia? - quase gritei de novo.

- Bella, me escuta, por favor? É importante!

- Importante é minha sanidade! - gritei, batendo o telefone na base.

Mal acreditei que tinha mesmo feito aquilo.

- Quem era? - Alice perguntou aparecendo na sala.

Dei um pulo no sofá, completamente atordoada.

- Que aconteceu Bella? Você tá branca! - se assustou ao sentar do meu lado - Quem era no telefone afinal?

Neguei com a cabeça.

- Quem? - perguntou de novo.

- Eu... não consigo acreditar... - resmunguei sentindo uma lágrima cair.

- Era do hospital? Aconteceu alguma coisa com o Jake? - gritou me sacudindo.

O telfone tocou de novo. Eu levantei do sofá e sussurrei:

- É o Edward... Atende você, eu não vou mais falar com ele.

- O Edward? - o telefone tocou de novo.

- Atende logo! - gritei.

Alice girou no sofá até ficar de frente para o telefone.

- Alô?! - atendeu mal-humorada - Ela não quer falar com você. - resmungou baixo - Não posso impedir, Edward. - de repente, ela ficou paralisada. - Tudo mesmo? - perguntou baixo - Você... vai..(?) - não completou a frase.

Com calma se virou de frente para mim e esticou o telefone na minha direção.

- Por favor, Bella.... você precisa ouvir o que ele tem a dizer... Confie em mim!