One Of The Boys escrita por Anna C


Capítulo 2
Girlfriend


Notas iniciais do capítulo

Eu corri aqui com o segundo pra não demorar muito o intervalo entre os posts :) Espero que gostem!



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Ao chegarmos a Hogwarts, não me dirijo àqueles traidores nenhuma vez. Antes de me sentar à mesa da Grifinória, vejo que Scorpius acena para mim, me chamando, mas finjo que não vi. Que presunção... Ele acha mesmo que depois de praticamente me chamar de brutamonte tudo pode ficar às mil maravilhas? Idiota, ou melhor, idiotas. Todos os que riram inclusive o Albus. Ai Albus, eu esperava bem mais de você, mas tudo bem... Homens são todos iguais.


Após assistir a seleção dos novatos, dentre eles a mais nova da família a Lucy, filha do tio Percy, que caiu na Corvinal, vou direto pro dormitório. Mas não antes de mandar um gesto bastante obsceno com a mão para os meus dois supostos melhores amigos, que ficam chocados. Chocados com o quê? Hunf, até parece que nunca me viram mostrando o dedo durante os jogos de Quadribol ou quando alguém esbarra em mim no corredor...



Na manhã seguinte, eu continuo com a carranca. Scorpius e Albus se sentam cada um de um lado meu na mesa da Grifinória enquanto eu tento comer meu café-da-manhã em paz.



– Saiam daqui – inicio. – Essa mesa não é a de vocês...



– Estranho, porque sempre sentamos aqui e ninguém reclamou antes – Albus finge-se de bobo.



– É porque antes vocês não eram dois filhos da mãe, mas agora que são dêem o fora! – me zango, cortando um pedaço de bolo com tanta força que quebro o prato ao meio.



Os dois engolem a seco, assustados.



– Pensando bem, talvez seja a coisa mais sensata a fazer – Hugo, sentado a minha frente, se intromete, baixando o livro que lia. – Voltem depois que a TPM dela passar.



– E você não dê palpite! – berro para meu precioso irmão mais novo. TPM! Até parece...



– Foi mal, Rose – Scorpius pousa a mão no meu ombro e eu sinto um frio na barriga familiar, que me irrita profundamente. Por que um toque tão banal como esse já me faz perder a linha de raciocínio? Volto a me concentrar no que ele diz assim que consigo. – A gente não quis dizer aquelas coisas...



– É! Você também pode ser muito, hã... – Albus encara o prato partido em dois. – Delicada.



Eu olho para meu primo com uma sobrancelha erguida.



– Está tirando com a minha cara de novo.



– NÃO! – ele nega imediatamente, aumentando o tom de voz. – Eu e o Scorpius te achamos a fragilidade em pessoa!



– Menos quando está arremessando no Quadribol – Scorpius diz, me fazendo rir.



Sorrio para eles. Eu sei que não adianta nada ficar brava com eles, pois gostam de implicar comigo sempre que podem, mas apenas como brincadeira. Se passam dos limites, sempre pedem desculpas.



– Ok, estão perdoados.



O sonserino e o corvinal começam a fazer uma dancinha estranha da vitória. Cubro o rosto com uma das mãos, envergonhada.



– Parem já com essa palhaçada! Vão perder pontos das suas casas por bancarem os idiotas em público.



– Isso eles estão sempre fazendo – Lorcan Scamander, que estava ao lado de Hugo, diz em tom brincalhão. Sendo filho da Tia Luna, ele herdou os mesmos cabelos loiros, porém não o ar isso meio desligado dela. Lysander, o seu irmão gêmeo idêntico, é completamente fora do ar. Lorcan é da Grifinória e Lysander, da Corvinal. Mas voltando a história... – Nada que o colégio inteiro ainda não tenha se acostumado.



Eu rio, me levantando.



– E então? Que tal a gente ir pra primeira aula?



–x--x--x--x-



Só Albus e eu seguimos para a aula de poções, pois o horário de Scorpius é diferente e ele só terá aula com a Lufa-Lufa nos dois primeiros períodos. A Professora Zeller de poções é um tanto entediante, ou seja, a aula está sendo chata. Ainda mais sem o Scor... Ops! Lá vou eu viajar em devaneios. Droga, por quê? Eu ainda pego esse cupido e faço churrasquinho dele, ah se faço...



A aula seguinte é de Estudo dos Trouxas. Após ouvirmos quinze minutos de falatório sobre o funcionamento do aspirador de pó e mais outros dez sobre cortadores de pelos nasais, temos que escrever quarentas centímetros de pergaminho sobre trouxas e seus utensílios. Quando saímos de lá, Albus parece que descobriu uma civilização perdida com a empolgação que tem.



– Sério mesmo que aquela coisa limpa o chão?! Tipo, clica um botão e zupt! A poeira some?



– Hã... Eu ainda não entendi o que tem demais nisso – ergo uma sobrancelha para ele pela segunda vez no dia.



– Como não? É impressionante o que esses trouxas são capazes de fazer... – Albus coça o queixo, pensativo. – O vovô me disse que eles têm um armário enorme e gelado onde guardam a comida, acredita? Eu não acreditei até ver uma gemadeira de verdade.



– É geladeira, Al – afinal, eu tenho a obrigação de saber tendo a mãe que tenho, não é?



Já ia falar mais alguma coisa sobre o assunto, mas algo faz com que eu simplesmente paralise, parando de andar de supetão.



– Scorpitcho, você é mesmo incorrigível! – ouço a voz aguda e irritante que perfura meus tímpanos.



Certo, eu não sei se é isso que eu deveria sentir nesta situação, mas a questão é a seguinte: um aperto no peito origina uma insuportável dor, tanto física quanto mental. Um turbilhão de pensamentos desagradáveis me importuna de uma vez só e eu não consigo fechar meus olhos para ao menos me poupar de mais uma série de idéias indesejáveis. Meu cérebro tenta processar a cena ao mesmo tempo que tenta não aceitá-la. Não pode ser! Mas tão cedo?!



– Ih, o Scorp já arranjou namorada... – Albus me dá uma cotovelada, piscando e eu mal me movo.



O pescoço do corvinal é envolvido pelos longos e pegajosos braços de uma garota. Ou melhor, dela.



– Marshall... – sibilo, não me agüentando de fúria e morrendo de vontade de arrancar os fios de cabelos loiros da sonserina um a um.



Artemis Marshall é a sonserina mais metida e arrogante do nosso ano. E sabe o pior? Todos a acham a última bolacha do pacote, como se aqueles olhos verdes fossem lá essas coisas... Ou os cabelos mais sedosos que cetim... Ou o rosto angelical sem nenhuma espinhazinha... Ou a cinturinha fina de dar inveja... Ou... AHHH! Mas que porcaria. E logo o Scorpius? Por que ela não podia ir atrás de alguém que não fosse do meu interesse, tipo... O Elliot Davies! Assim resolveríamos dois problemas: o dela de arranjar um cara e o meu de me livrar daquele puxa-saco incômodo. Então, todo mundo ficaria feliz!



Mas como essa é a vida real e a minha tem a tendência de fazer tudo dar errado, é óbvio que não acontecerá.



– Vamos deixá-los aí – diz meu primo, querendo não atrapalhar o casalzinho ternura. – Vem, Rose.



Sorrio zombeteiramente.



– Acho que não.



– Quê?



Antes que Albus me impeça, eu já estou andando em direção aos dois, pisando forte. Quase posso sentir as paredes do castelo tremerem.



– Scorpius... – tento incorporar um tom de voz três vezes mais fino e suave que o meu habitual, querendo ser gentil e feminina. Pisco os olhos repetidas vezes, como se fosse uma garotinha inocente e frágil.



O loiro sorri descaradamente para aquela baranga, como se eu não estivesse aqui; como se eu fosse feita de vidro, totalmente transparente...



Isso me irrita. E muito.



– SCORPIUS!! – berro em seu ouvido. Ele larga a garota e dá um pulo para trás, batendo a cabeça num pilar qualquer. – Vê se me escuta quando eu falo com você! – cruzo os braços, batendo o pé.



– Pirou, é?! – Scorpius levanta-se, massageando a nuca dolorida.



– Foi mal, mas parecia que estava com um sério problema de audição – falo, secamente.



– Se eu não estava, com certeza estou agora... Você é cega ou não reparou que eu estava ocupado? – ele acena com a cabeça para Artemis e eu a encaro com desdém.



– É, não reparei.



Artemis joga seu peso em uma das pernas, apoiando uma das mãos na cintura. A loira parece estar me desafiando. Como ela se atreve?!



– Weasley, por que você não volta pra o quartel militar donde saiu? Vá fazer uma de suas atividades brutas e sudoríferas que você ganha mais.



Fico boquiaberta e olho para Scorpius, esperando por sua reação.



– Não fale assim da Rose, Mih... – ele diz, lançando um olhar levemente irritado a ela.



– Ah, qual é! Ela é mais macho que metade dos garotos da escola, ganha até de você.



Eu baterei nela, e acreditem, nada me dará mais prazer nesta hora.



– VACA! – voo em seu pescoço e começo a atingir o que posso.



Arranhões, tapas, puxões de cabelo... Uma baixaria só! E o pior é que ela está ganhando a briga. Já há uma rodinha a nossa volta e Scorpius não consegue nos separar de maneira alguma.



De repente, um estrondo como o de uma bala de canhão se chocando contra o concreto é ouvido e nós paramos imediatamente com as agressões.



– Ok, agora fodeu – eu digo mais para mim do que para aquele projeto malfeito de Barbie.



–x--x--x--x-



– Inadmissível – a diretora Minerva balança a cabeça negativamente, nos censurando ao máximo.



Estamos na sala da diretora, sentadas de frente para McGonagall. Ela está atrás de sua grande mesa lotada de parafernálias.



– Duas moças como vocês... – ela vai dizendo, mas é interrompida por Artemis.



– Só uma moça – a sonserina ergue o braço, exibindo um sorrisinho repulsivo.



– Calada, Srta. Marshall – Profª McGonagall lança um olhar severo a ela. – Duas moças como vocês, que receberam educação de como se portar e agir, brigando feito um par de cães vadios por um pedaço de carne? Inadmissível – repete ela. – Detenção para as duas e menos dez pontos de suas casas. Saibam que o comportamento de vocês foi repugnante e eu espero que isso jamais se repita. Garotos brigam às vezes, mas duas jovens bonitas como vocês se engalfinhando no meio do corredor? Não, não...



– Ela que estava implicando comigo! – me defendo.



– Você quem começou, interrompendo a mim e Scorpius! E você é um verdadeiro moleque, Weasley, isso a gente vê a um quilometro de distância. Eu só estava afirmando o óbvio – Artemis me olha da cabeça aos pés com nojo.



– Essa atitude agressiva não é digna de nenhuma garota – Minerva corta nossa nova discussão. – As duas estão erradas. Agora podem sair, o que tinha de ser dito eu já disse.



Saio bufando dali. Essa Artemis... Ela realmente acha que sabe algo sobre mim! E daí que eu não exalo todo o charme que os cabelos loiros platinados esvoaçantes junto daquela carinha de santa do pau-oco dela exalam? Tenho toda a capacidade de ser uma "garota", só basta eu me esforçar um pouquinho... Quer dizer, eu acho. Primeiro eu tenho saber como se faz isso e... Droga! Como eu vou descobrir isso? A maioria das meninas já nasce sabendo, mas eu sempre estivesse cercada de garotos e do universo deles, não faço a menor idéia de como... AHÁ! Já sei!



Scorpius que me aguarde.



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Notas finais do capítulo

Reviews são super bem-vindos :D