Eu estava em Forks, em uma parte da floresta linda, era um dia de inverno. A neve estava branca por toda a parte. Eu estava sozinho? Não, definitivamente havia alguém comigo. Era como as brincadeiras antigas de infância, estávamos brincando agora de esconde-esconde, e eu estava procurando.

As árvores passavam rápidas por mim, rápidas demais, mas eu gosto da sensação. Parece que estou voando. O vento bate em meus cabelos, jogando-os para trás, em grandes ondas negras. Eu nunca tinha experimentado essa sensação de um quase voar, tudo o que eu conhecia eram as histórias que a Wanda me contava sobre o planeta dos morcegos, e não era nem de longe parecido com isso. Meus músculos se aquecendo e se alongando, minha respiração regular, as batidas altas do meu coração em meus ouvidos, e meus olhos focados em busca de cabelos negros e curtos.

-Lee Lee, nem adianta se esconder, já te vi.

- Então tente me pegar. – Disse a voz de Lee Lee vinda do leste. Mudei rapidamente a direção para seguir a voz, apressando ainda mais o passo.

Corremos em direção a uma clareira que parecia um campo de beisebol enorme. Diminuí o passo, desistindo.

-Ok, parei, você venceu.

-Então diga o que prometeu, caso perdesse.

-Com muito prazer – disse me aproximando para falar em seu ouvido, para que ela pudesse sentir a minha respiração ofegante em sua pele – Eu, Jamie Stryder, declaro que Leah Clearwater é a garota mais rápida, mais linda e mais maravilhosa de todo o universo conhecido, e que eu não consigo mais passar um dia sequer sem ver o seu sorriso lindo.

Leah sorriu, corando com minhas palavras e me beijando no rosto docemente. Há quanto tempo eu a conheço? Uma semana e meia? Parecia mais. Dávamos-nos tão bem que era como se tivéssemos crescido juntos, sem nos separar um dia desde que nascemos. Estar com ela era a parte mais incrível do dia, e eu ficava agitado só em pensar estar com ela, a cada pôr-do-sol em La Push.

Deslizei meu rosto até meus lábios encontrarem os dela, e beijá-los suavemente. Ela me empurrou e saímos correndo outra vez como duas crianças felizes e apaixonadas. De repente Leah sumiu, e eu continuei correndo a sua procura, ela devia ter arranjado um esconderijo melhor, ou não iria mais falar nada, só para ver até que ponto eu chegaria. Ela era uma garota bem esperta, mas eu a acharia logo.

Eu corria sempre olhando pra trás, para ver se não a tinha deixado escapar. Eu só via a neve, o negro dos meus cabelos e a forma embaçada das árvores que eram deixadas. Não havia chance alguma dela ter ficado escondida ali, eu estava procurando direito.

Senti a terra deslizar embaixo dos meus pés e fui engolido pelo vazio.O medo em minhas veias, amargando e queimando minha língua. Eu havia caído em um precipício, e a última coisa que eu vi foi a forma de um lobo enorme e cinza, uivando desesperadamente. O lobo gigante se jogou do precipício para morrer também.

Acabou para nós dois.

-Jamie, Jamie – Disse uma voz familiar me acordando. Eu estava tremendo. Ou... alguém estava me balançando?

-Mel?- Perguntei ainda desorientado

-Sou eu. Quem é Lee Lee?

-Hmm? – Não entendi o motivo da pergunta. E como ela sabia o apelido da Leah?

- Lee Lee, Jamie. Quem é? – Insistiu ainda me chacoalhando.

-A Leah, irmã do Seth. Acho melhor você parar de me balançar, meu cérebro tá virando um purê.

-Ah, desculpa - Mel finalmente parou.

-Qual é o motivo da pergunta a essa hora? Já amanheceu?

-Ainda são duas e meia da madrugada. Você ficou chamando essa garota à noite toda, e o mais estranho é que é a primeira vez que eu vejo isso, –Senti meu rosto enrubescer, ainda bem que estava escuro – em você, eu quero dizer. Jared faz o tempo todo. Você dorme feito uma pedra.

-Alguém mais acordou? – Senti meu corpo enrijecer. Se alguém mais ouvisse isso seria um perigo pra minha paz pelo resto da vida. Já é difícil ter que lidar com a dupla O´Shea achando que você é um garotinho, ainda mais com um Howe de brinde.

-Não, e eu tenho que dizer que você está com sorte hoje. Todos dormem feito uma pedra, ou pelo menos era pra ser assim. Não consigo pregar o olho com você falando desse jeito. – Consegui relaxar mais com as palavras de Mel, a ponto de me deitar de novo. – E... eu não vou contar a ninguém sobre hoje.

-Obrigado. Não vai ser assim pra sempre, só preciso de um tempo pra pensar.

-Eu sei, e entendo isso. Não contou sobre eu amar o Jared, mesmo sabendo que eu o amava, o mínimo que eu posso fazer é retribuir. É difícil de lidar com tudo isso ao mesmo tempo.

- Eu te amo, Mel.

-Eu também – Respondeu, me abraçando. Era bom saber que ela não contaria nada pra ninguém, nem pra minha própria família, o que eu estava, ou o que eu pensava estar começando a sentir por Leah.

Mel voltou pra cama e dormiu após uns minutos, pelo menos parecia estar dormindo. Não consegui dormir por algumas horas. Enquanto isso sentei na cama e fiquei pensando sozinho. Meditei sobre o meu segundo dia aqui, sobre as experiências novas, sobre os sentimentos novos, sobre as coisas que eu ainda não entendia e sobre esse sonho, em partes um pesadelo.

Aquele lobo se matou por mim no sonho, e isso era mais que estranho. Não havia nenhuma conexão com a realidade, é claro, não havia lobos daquele tamanho. Mas ao mesmo tempo parecia muito real. Eu amava Leah lá como descobri que amava aqui, e éramos felizes. Fomos feitos um para o outro, como se antes que nascêssemos o destino já tivesse feito esse amor.

Eu nunca acreditei realmente nesse tipo de amor à primeira vista, arrebatador, mas havia acontecido comigo. Ele era além da vida, e eu faria de tudo para estar junto a ela, como eu disse no sonho, eu não conseguiria passar um único dia sem ver o seu sorriso lindo, o brilho nos seus olhos. Quando ela estava comigo, algo me fazia pensar que ela sentia o mesmo por mim.

Meu coração se agitava somente ao som da sua voz, e tudo o que eu quero dizer a ela, mas que o medo da rejeição não deixa é o famoso “eu te amo”.