A decoração estava simplesmente P-E-R-F-E-I-T-A, tudo estava perfeitamente arrumado, como aquelas festas chiques que as socialites de Nova York dão no final do ano e pelo jeito a minha roupa não estava chique demais como eu imaginei que ficaria numa festa em Forks, alias, pelo que eu percebi o estilo da vida dos ‘Cullen’ não se compara com a maioria dos moradores dessa cidade. Na verdade, eu acho que Esme e Elizabeth eram as únicas mulheres ‘poderosas’ daqui.

Edward sorria pra todo mundo, mas eu percebi que ele procurava alguém em especial, provavelmente a mãe dele, claro. Ele colocou a mão ao redor da minha cintura e me guiou entre as pessoas, logo eu avistei uma mulher muito elegante, e quando eu digo muito, é tipo, muito mesmo, a mulher aparentava uns 30 anos e Edward tinha me dito que a mãe dele ia fazer 40, porém, não dava pra negar que aquela era Elizabeth Masen Cullen, a semelhança entre a anfitriã e meu “namorado” era absurda. A cor do cabelo, que eu achava que Edward era a única pessoa que tinha, refletia igualmente, em todos os detalhes, no cabelo dela, e alguma coisa no rosto dela quando ela olhou para ele me lembrou a minha mãe, ao contrario do que eu imaginava isso não me deixou triste e sim me alegrou, sorri ao reparar isso.

Roupa de Elizabeth: http://www.polyvore.com/elizabeth_party/set?id=34413182

- Mãe, essa é Bella, minha namorada – Edward falava com um sorriso enorme no rosto. – Amor, essa é Elizabeth, minha mãe.

Elizabeth olhava pra mim com um sorriso fraternal no rosto, e ao invés de só acenar ou estender a mão, ela me puxou pra um abraço, o que me deixou bastante surpresa, eu esperava que ela fosse muito metida, tipo as sogras em filmes, sabe (sim, esse meu pensamento foi estupido). Apesar do meu jeito meio ignorante, eu não queria ser mal educada com ela, na verdade, eu não conseguia, se eu a insultasse, com toda certeza iria me arrepender muito depois e por mais estranho que isso pareça, eu realmente gostei dela, então, logo retribui o abraço sorrindo.

- Bem vinda à família, Bella. – ela falou enquanto me soltava.

- Obrigada, Sra. Cullen  - tentei ser o mais educada possível.

- Ahh, por favor, só Elizabeth – comentou fazendo pouco caso – Afinal, você conseguiu prender o meu garoto, o que cá entre nós: eu achava que era impossível, com toda certeza você merece credito por isso.  – completou e eu dei uma risadinha meio sem graça. Sim, eu estava envergonhada e não quero comentar sobre isso.

- Assim você me ofende, mãe. – Edward falou fazendo uma cara realmente ofendida e Elizabeth riu.

- Só estou falando a verdade, bebê – alguém a chamou e ela nos pediu licença – Vou receber os outros convidados, nós ainda vamos ter muito tempo pra conversar, sinta-se em casa, querida.

Assim que ela saiu, eu olhei pra Edward e perguntei debochada:

- Bebê?

- Fazer o que, né? – respondeu contente, sem se deixar abalar pelo meu deboche, acho que ele gosta quando a mãe dele o chamava assim, logo em seguida ele corou mas tratou de mudar de assunto esperando que eu não percebesse. – E ai? O que achou dela?

- Ela é linda, Ed e vocês são muito parecidos – respondi sem pensar.

- Ahhh... então, isso quer dizer que eu sou lindo também ?? – Ele começou a rir. Que garoto convencido.

- Não coloque palavras na minha boca, namorado – falei a última palavra bem ironicamente.

Ao invés de responder qualquer coisa, ele só soltou uma gargalhada e me deu um beijo, antes que eu pudesse bolar uma responda a altura, ele me fez esquecer pra que eu iria precisar da resposta. Eu esqueci onde eu estava, por que eu estava ali, era como se tudo se resumisse em nós dois numa bolha particular, mas como eu não tenho tanta sorte assim, um certo projeto de gente veio nos atrapalhar.

- O-M-G! Vocês, finalmente, são um casal? Não acredito nisso. Como vocês não me contaram nada? Edward! Quer tipo de irmão você é? E você, Bella? Que espécie de amiga é você que nem me conta sobre sua vida amorosa com o meu irmão? Se bem que eu já sabia disso, mesmo assim...  O mundo é muito injusto mesmo... – logico que essa tinha que ser a Alice né?! Eu não lembrava dela ser minha amiga, mas...

- Simplesmente por que minha vida, sendo ela amorosa ou não, não te interessa, Alice – respondi automaticamente, ela fez uma cara de choro, típico, e antes que ela pudesse falar algo eu sai dali.

Eu posso até ter sido um pouco mal educada, mas... que raiva! Não por ela ter falado algo, eu já esperava isso dela. Raiva de mim mesma, eu não podia amolecer, ainda mais perto de Edward.

Hoje ele pode estar sendo seu namorado, Isabella, mas amanhã ele pode virar um garoto qualquer, não estrague tudo se apaixonando por ele – disse pra mim mesma.

Sem nem perceber como, eu fui parar no jardim dos ‘Cullen’, e assim como o resto da casa, era lindo.  Escutei um barulho atrás de mim, mas nem me dei o trabalho de virar pra olhar, logo senti o perfume de Edward e ele me abraçou por trás, todas as minhas preocupações sumiram, num estalar de dedos. De novo ele conseguiu me deixar vulnerável, eu fiquei mais calma.

- Não precisava ser tão grossa com Alice – ele falou delicadamente, mas mesmo assim rapidamente a calma sumiu e deu lugar a raiva.

- Você veio aqui pra tentar me educar? – ele me virou, me olhou nos olhos, analisando e logo deu de ombros, como quem desiste.

- O que aconteceu?

- Nada – respondi sem pensar, mas ele fez uma cara totalmente desconfiada e eu tratei de completar com uma mentira – Só uma coisa que Alice falou que me lembrou outras coisas, nada importante.

Ele ficou me olhando por mais alguns segundos e eu como uma ótima atriz sustentei o olhar.

- Quer conversar sobre isso?

- Não, eu estou bem. Vamos voltar pra festa. – respondi já saindo do meu lugar e puxando o braço dele.

- Antes, vamos aproveitar um pouco – falou esquecendo o episodio anterio, sorriu malicioso e me encostou numa árvore que tinha ali.

Definitivamente, eu precisava rever meus conceitos, fazer uma lista de prós e contras sobre Edward; Eu me sento tão feliz quando estou com ele, e me sinto melhor ainda quando ele me beija, como agora. Eu estava me sentindo maravilhosamente bem, segura, protegida. Não sei há quanto tempo nós estávamos ali, mas cedo demais ele parou e eu percebi que ele estava com alguma coisa na mão, logo reconheci meu diário, sim, aquele que estava preso na minha coxa, por baixo do vestido. Como ele pegou e eu nem percebi?

- O que é isso? – perguntou ele e já prevendo minha ação ele ergueu o diário até eu não dar altura.

- Me devolve Edward. – falei seria, mas ele ignorou.

- Ahhh não! Deixa-me ver. – o idiota ainda estava rindo.

- Edward, sério.

- Me deixa ver! – disse já abrindo o diário e se afastando de mim. Ele começou a ler em voz alta.

                - “Aprender a pilotar uma moto”

                - Droga! – resmunguei e tentei pegar, mas ele escapou.

                - “Aprender a falar Português” “Falar umas boas verdades para o professor de Biologia”  – desisti de pegar e só cruzei os braços e fiquei encarando enquanto a desgraça acontecia. Ele leu mais algumas coisas e me olhou rindo – O que é isso ?

                - Serio, me devolve. – Ele nem se moveu e continuava rindo – é uma lista de coisas que eu quero fazer – completei.

                - Você realmente quer fazer essas coisas? – Agora ele estava rindo muito e continuou lendo – “ Perder minha virgindade”

                - Vai se fuder, Edward. Para! – Puxei o diário das mãos dele.

                - Está ficando cada vez melhor. – disse ele, tentando tirar da minha mão, ele não estava usando nenhuma força, mas eu estava usando toda a minha, mesmo assim, ele conseguiu pegar e abriu em outra parte.

                - “ Como morrer” Nossa! – virei e olhei para o outro lado com vergonha, ele estava lendo baixo agora. – “ Ser incinerada por um motor a jato” “ Ser atropelada por um carro” “Saltar do avião sem paraquedas” – parou de ler e completou debochado – Você quer fazer tudo isso também? Eu não acho que você possa fazer todas essa coisas.

                - Por favor, para – praticamente implorei e ele continuou rindo. – Para de rir de mim. É a única coisa séria na minha vida e você está rindo.

                - Bella, você quer matar alguém? Não acho isso certo. – E lá continuava ele debochando. Porra, ele não entendia.

                - Não quero matar ninguém, só eu mesma – respondi seria e muito irritada. Finalmente consegui pegar o diário e prender na minha coxa de novo. – Não se preocupe. – completei. Ele me olhou e acho que percebeu que eu não estava brincando por que o sorriso dele sumiu.

                - Você precisa parar de falar merda.

                - Não estou – falei rapidamente, ainda evitando olhar pra ele, o que foi inútil, por que ele segurou meu rosto com as duas mãos e voltou a me analisar – Eu não estou falando merda. – repeti com mais firmeza. Ele soltou o meu rosto e cruzou os braços na minha frente. O humor de repente sumiu e ele estava muito, muito serio.

                - Por que você quer se matar? – perguntou sem me olhar, mas logo depois me encarou – Essa é a coisa mais estupida que eu já ouvi.

                Respirei fundo e fiz como sempre, coloquei uma mascara para cobrir todos os meus sentimentos.

                - Você sabe o que eu acho estupido? Você ter que fingir que tem uma namorada pra sua família. Você não ter coragem pra admitir pra sua mãe que você simplesmente não consegue se prender a nenhuma mulher. Você não assumir para todos que na verdade o que você quer, é viver na farra com aqueles seus amigos do time de futebol, que o que você mais quer é não ter que assumir nenhuma responsabilidade, e que de nenhuma forma você quer cuidar do nome ‘Cullen’. Sim Edward, eu também sei analisar as pessoas. E você pode mentir para todos sobre isso, e pode negar pra mim até não aguentar mais, mas eu sei que é verdade, eu percebi isso desde a primeira vez que eu te vi, no estacionamento da escola soltando cantada pra mim junto daqueles idiotas. Você é estupido. – falei tudo de uma vez só e ele me olhou incrédulo, sem acreditar que eu tive coragem de dizer essas coisas. Na verdade, eu estava abismada comigo mesma, não acredito que eu disse isso, mas já era tarde e eu mantive a minha mascara, porém, o olhar dele me desarmou, ele abaixou os olhou e já ia sair dali, mas meu subconsciente, aquela parte que já sabia que eu sentia alguma coisa por ele, me obrigou a falar – Olha, eu tenho mais um ano de colégio, e depois o que? Ser como meu pai? Que sabe-se lá aonde está e a última vez que eu o vi, ele estava drogado? Ou como Esme? Ela tem medo da própria sombra, ela está presa no pequeno mundinho que ela construiu. – A essa altura eu já estava chorando - Você tem 16 anos e está se divertindo e depois tem 60? Fugindo da morte. Não eu. Eu não quero isso pra mim. Eu quero morrer enquanto ainda me sinto viva, e não quando estiver presente nesse mundo só em carne e osso e não no espirito.

                Eu esperava que ele dissesse algo, me chamasse de louca ou alguma coisa assim, mas ele me surpreendeu e ao invés de tudo que eu esperava ele me abraçou e depois disse.

                - Sabe? Você tem um olhar extremamente cínico sobre a vida. Mas você tem tanta sorte, e é uma pessoa tão privilegiada, sabia? Você devia apreciar o que tem de bom. – ele falava pausadamente, acho que com medo das consequências que as palavras dele poderiam causar. Depois de pensar um pouco, assenti com a cabeça me desfiz do abraço dele e o olhei nos olhos.

                - É isso que eu estou fazendo – Dei um beijo nele e completei – Estou tentando valorizar o que a gente tem de melhor agora.

                E ele sorriu, não o sorriso o debochado de antes, mas aquele sorriso torto que me fazia querer sorrir também. Fiquei aliviada por saber que ele não tinha ficado chateado com as coisas que eu disse, tudo bem que ele poderia estar colocando uma mascara, assim como eu sempre faço, mas eu não queria pensar mais naquilo, pelo menos não naquela noite, por que naquele momento eu estava curtindo o meu “namorado”.