– Ótimo! Já estamos na frente da sala Gerard, agora você vai sair do meu pé?

Gerard desviou os olhos do corredor onde os alunos já entravam nas salas para o irmão que o olhava aborrecido.

– Você não...

– Não deu pra entender em nenhuma das outras trezentas vezes eu que eu disse que eu não contei porcaria nenhuma pra ninguém ontem? – perguntou impaciente.

– Sério Mikey se você falar pra alguém o que viu no corredor ontem...

– Gerard, você ficou tão grudado em mim naquela festa ontem que eu quase achei que você estava querendo começar um relacionamento incestuoso e você me perseguiu no caminho pra escola, já deu pra entender que você não quer que ninguém saiba.

– Hm... Ok. – ele concordou ainda desconfiado.

Gerard tinha vigiado Mikey de perto desde o fim da festa, não podia deixar aquilo escapar, até por que nem ele mesmo saberia explicar se alguém perguntasse. Ao seguir o irmão pra dentro da sala viu que Ray e Bob já estavam lá sentados na mesa do professor enquanto ele não chegava, só faltava ela.

– Cara, o Martin disse que a gente tocou muito ontem! – Bob disse animado ao ver os amigos.

– Isso aí, – Ray disse – ele até disse que poderia dar uma força se a gente quisesse formar a banda de novo.

– Como? – Mikey perguntou.

– Ele disse que conhece um guitarrista que manda bem, vizinho dele.

– O que você diz Gerard? – Bob perguntou.

– Admito que eu gostei de estar no palco de novo ontem, mas a gente pode resolver isso depois? Tô com a cabeça meio cheia.

– OK, o Martin deu o telefone dele se a gente se interessasse. – Ray respondeu – E é compreensível que você esteja meio confuso depois do que o Mikey me contou que viu no corredor ontem.

Gerard tomou um susto e arregalou os olhos a ponto deles parecerem bolas de tênis.

– Mas, eu vigiei. – disse mais para si mesmo.

– Da próxima vez que quiser calar a boca de alguém, lembre-se de confiscar todos os meios de comunicação. – Mikey disse balançando o celular na mão.

– Você disse que não ia contar!

– Eu disse que tinha entendido que você não queria que ninguém soubesse, não quer dizer que eu não ia falar.

– Não se preocupa Gee. – Ray tranquilizou o amigo colocando a mão sobre seu ombro. – Eu só queria que você me tirasse uma dúvida sobre isso.

– Bem... Qual?

– Eu queria saber, QUAIS SÃO SUAS INTENÇÕES COM A MINHA DONZELA EM PERIGO?!!!

– QUER PARAR DE BERRAR, SEU DOIDO?!!

– VOCÊ TAMBÉM TÁ GRITANDO!!!

– PAREM OS DOIS!!

Gerard achava que o susto que Ray havia lhe dado tinha sido grande, mas descobriu que não era nada comparado a perceber que quem tinha gritado era Melanie. A garota ignorou a atenção que estavam chamando e se aproximou do grupo.

– Mel, você vai me trocar por esse aí do cabelo escorrido? – Ray disse com um biquinho.

– Ray, admita que tudo que você queria de mim era o nome do meu condicionador. – ela respondeu dramática, acostumada com as loucuras de Ray.

Ele abriu a boca se fingindo de ofendido.

– Já chega, não vou ficar aqui ouvindo esse tipo de coisa. Vou embora!

– O professor está chegando. – Bob avisou.

– Exatamente por isso que eu disse que vou ficar!

– Ele deve ter perdido um dos parafusos enquanto penteava essa juba. – Mikey comentou para Bob que concordou.

– Tá, falando sério agora. Não é legal ser o último a saber das coisas, principalmente quando é sobre amigos com que a gente se importa, mas até achei que estava demorando pra algo assim acontecer. – ele ignorou as expressões de surpresa dos dois e continuou – Se ainda não sabem, deviam definir o que está havendo e quando fizerem isso, falem pra gente, ok? – ele não esperou a resposta para ir até sua carteira e foi seguido por Mikey e Bob.

Melanie ainda tentava digerir as palavras do amigo, quando Ray resolvia falar sério, nem parecia a mesma pessoa.

– Ele tem razão, – Gerard tocou seu braço – a gente tem que conversar.

Um pouco perturbada pela sensação quente dos dedos dele sobre a pele, ela concordou com a cabeça.

– Bom dia, – o professor Turner disse entrando na sala – por favor tomem seus lugares.