Na hora do intervalo, Melanie se sentiu como se todos os olhares fossem direcionados ela. E quase apostou que mais do que por ser nova, era por ser a única menina na mesa que ocupava.

– Então Mel, você tem namorado? – Ray perguntou de repente e a garota engasgou com um suco de laranja que estava tomando.

Gerard ergueu seus braços e Bob deu alguns tapinhas nas suas costas.

– Não sei não Ortiz, mas acho que matar a garota no primeiro dia que ela conversa com a gente, não vai dar uma boa impressão.

– Azul do jeito que ela está, acho que vou precisar de um advogado.

– Ta melhor? – Bob perguntou assim que ela parou de tossir.

– Uhum.

– A pergunta foi pessoal demais? – Gerard perguntou analisando sua expressão.

– Não, digo, é pessoal, mas foi mais o susto, mas não, eu não tenho namorado.

– Ah, então não se preocupe. – Ray passou os braços em volta da garota num abraço apertado – Eu vou te proteger e garantir que nenhum tarado desse lugar se aproveite da sua inocência.

– Certo, como vai proteger ela de você mesmo? – Bob perguntou e recebeu um olhar feio de Ray.

– Lembra o que o Mikey falou sobre não matar a garota? – Gerard disse libertando Melanie do abraço apertado do amigo.

– Não sei por que vocês me tratam assim. – respondeu dramático – Por acaso eu não sou legal com vocês?  NÃO RESPONDAM!

Os outros quatro na mesa começaram a rir quando o sinal tocou chamando os alunos pras suas salas.

– Minha próxima aula, é. – Melanie deslizou o indicador pela grade de horários. – Educação física.

– Você conseguiu decifrar o código da secretaria? – Ray perguntou impressionado.

– Não, – ela riu – o professor Turner traduziu e anotou num outro papel pra mim, até que ele não é tão mal.

– Menos quando ele dá uma detenção pra alguém completamente inocente como eu.

– O único inocente que levou detenção aqui fui eu! – Bob reclamou.

– Você não tem como provar.

– A folha era de um teste seu Ortiz, – Mikey se intrometeu – e eu vi você jogar.

– Você usa óculos, não é uma testemunha válida.

– Olha quem fala, você usa lentes de contato que eu sei, seu cegueta!

– Vamos pra aula. – Gerard sussurrou pra Melanie – Essa discussão vai durar, então é melhor deixar eles continuarem no caminho.

Logo de cara, Melanie percebeu que o professor de Educação física não era comum. Não parecia ter muito mais que vinte anos até mesmo pela maneira desconectada com que seus cabelos louros estavam penteados e a camisa sem mangas deixava as tatuagens em seus braços de músculos definidos amostra. Além do material comum nas aulas, ele trazia um rádio portátil consigo quando entrou na quadra onde os alunos aguardavam.

– E aí galera? – disse descontraído.

– Fala professor. –a maioria dos alunos respondeu completamente à vontade.

– Ah, temos sangue novo aqui! – disse direcionando os olhos azuis para a aluna nova na fila. – Qual é seu nome?

– Melanie.

– Certo, calma ai. – ele puxou a lista de presença amassada de dentro da mochila que estava perdida entre os materiais pra aula – Certo Collins, sou o professor Thompson, mas pode me chamar de Martin. Espero que goste de boa música, eu uso muito nas minhas aulas.

– Boa música?

– Rock clássico, sabe AC/DC, Metallica?

– Por favor, me diga que você conhece o Ozzy. – para o susto de Melanie, quem tinha perguntado com um ar desesperado tinha sido Ray.

– Err... bem.

– Já chega, Ortiz, você vai ensinar isso pra aluna nova, vale metade da sua nota do bimestre.

– Que idiotice. – as atenções se voltaram para Ashley do outro lado da fila – O que isso tem haver com Educação Física pra valer algum ponto?

– O professor aqui sou eu Carter, então eu decido o que dá ponto ou não.

Melanie se segurou pra não rir da expressão ofendida da loura, trabalho que nenhum de seus novos amigos teve.

– Está rindo do que bolo fofo?! – Ashley gritou numa referência a Gerard.

– Da sua cara, espiga de milho oxigenada.

– Hey, hey! – professor gritou – Sem brigas, vamos começar a aula, ok? Hoje vamos fazer corrida, se dividam e duas equipes e a que tiver o menor tempo ganha uma vantagem de trinta segundos na próxima competição.

– Olha o sorrisinho da Carter. – Mikey disse quando os alunos começaram a se dividir. – Deve achar que já ganhou por que é boa em corrida.

– A gente pode ganhar se o Bob me ajudar. – Gerard disse.

– É só dizer.

– Quando a chegar a minha vez, me empurra e eu ganho rolando dela. – respondeu com risinho – Com sorte eu passo com o meu corpinho de bolo fofo em cima daquela jararaca.

Melanie não conseguiu conter a risada alta e pra sua surpresa foi acompanhada pelos outros no grupo.

– Foi bom professor ter falado nessas aulas de música. – Bob disse de repente – Nós vamos te ajudar nisso Ray!

– Concordo. – Gerard disse e Mikey assentiu.

– Pois é. – Ray disse passando o braço pelo ombro de Melanie mais uma vez – Você não é tão sortuda assim, agora tem nós quatro vamos te perturbar.

– Não parece tão ruim. – ela respondeu sorrindo sem querer.

– Gente, acho que fizemos uma amiguinha.

– De novo, muito gay Ortiz.

– Mas mudando de assunto em que hora o professor usa músi...– a pergunta de Melanie foi interrompida pelos riffs de guitarra que começaram a ecoar pela quadra.

– Novata, essa é Welcome to the Jungle, Guns N’ Roses. – o professor gritou se afastando do rádio – Espero que já tenham formado sua equipes, por que o show vai começar!