Gerard a encarou sem entender.

– Pra quê? .

– Só faz o que eu pedi e não abra, não importa o que eu fizer. Lembre-se que disse que confiava em mim.

Ele obedeceu, fechando os olhos lentamente e Melanie hesitou, inspirando antes de dar um beijo demorado do lado do pescoço dele, sentido o arrepiar da pele antes de seguir até o queixo onde encostou os lábios e deu uma leve mordida, logo foi para bochecha bem barbeada dando um beijo demorado, resistindo a tentação dos lábios entreabertos tão próximos dos seus para aproximar a boca de ouvido.

– Nós não podemos – sussurrou – você sabe.

– Por quê? – ele fechou as mãos sobre a cintura com a mesma ansiedade que ela tentava conter.

– Você vai me fazer sofrer.

Ele apertou as mãos sobre as costas da morena involuntariamente, não conseguia deixá-la ir, mas sabia que ela estava certa. Quando estavam juntos se machucavam, não era o que ele queria, mas sempre acontecia assim.

– Me dá um beijo? Só um.

Ela suspirou, sabia que não deveria estar ali, que deveria dizer não e nunca mais atender a uma ligação dele, mesmo que fosse por puro respeito ao seu noivo. Eric esteve do seu lado quando Gerard não estava e por isso merecia no mínimo seu respeito, mesmo que não tivesse seu amor.

Mas vê-lo ali, tão próximo, depois de tanto tempo. Era tortura demais ter aqueles lábios tão próximos e não poder prová-los e ela acabou assentindo. Gerard puxou seu rosto com delicadeza e seus lábios roçaram um sobre o outro e logo se uniram num beijo quente, excitante.

Melanie encostou a testa a dele arfando, a pele fervendo e desejando mais um beijo tanto quanto desejava correr para longe dali e esquecer do que tinha acabado de fazer.

– Eu tenho que ir. – disse se afastando sem encará-lo.

Gerard permaneceu de olhos fechados tentando memorizar cada detalhe daquele beijo que era só dela. Demorou tempo demais pra perceber que  só podia ser ela, que sempre foi.

Mas não ia fazer isso de novo.

Assim que ouviu os passos suaves sobre o carpete, se levantou e fechou os dedos sobre o braço delicado impedindo-a de abrir a porta.

– Não vai, eu estou te pedindo.

– E seu eu ficar? – perguntou sem se virar para ele – O que acontece?

– Nós dois, é isso que acontece.

– Isso parece uma brincadeira do destino. – ela suspirou e se virou para ele com os olhos brilhantes de lágrimas. – Toda vez que eu penso que vou seguir em frente você volta e me vira do avesso.

– Fica comigo.

– Eu tenho que ir. – ela mordeu o lábio – Ele está me esperando.

Gerard sabia que ela sempre fazia aquilo quando estava indecisa, mordia o lábio e baixava o tom de voz. E isso geralmente acontecia por que uma escolha acabaria deixando alguém magoado.

– Você gosta mais dele que de mim? – perguntou sério, olhando dentro dos olhos dela.

Saberia se ela mentisse.

– Não poderia mesmo que eu tentasse.

– Então por que está com ele?

– Por que ele não precisa ficar repetindo pra eu saber que ele me ama.

Ele não falou nada, o que poderia dizer? Como num sonho, a viu ir embora e a cascata negra de seu cabelo sumir pela porta que logo se fechou.

Frank calculou que aquela seria a melhor ou a pior hora possível para ligar, fosse qual fosse a resposta, estava ansioso demais para esperar muito tempo então apertou a última tecla de seu celular. Não teve que esperar muito para que a ligação fosse atendida e adivinhou que era a pior hora.

– Fala.

– Você é quem tem que falar. Como foi com a Mel?

– Ela não quer voltar. – respondeu seco.

– O que você esperava? Achou que bastaria uma ligação e ela daria pulinhos de alegria depois de tudo?

– Se você sabia que ela não aceitaria por que me falou pra fazer isso?!

– Por que no meu planeta isso se chama de “um começo”, agora se você quiser ela de verdade vai ter que correr atrás, que nem cachorro atrás lingüiça sabe?

– Ok, essa foi uma comparação tosca.

– Mas bem explicativa. – se justificou rindo – A questão é: Você está disposto a correr atrás?

Continua...