Melanie esfregou as mãos freneticamente quando se encontrou diante da porta do apartamento dele. Estava suando frio, sentia o coração disparado dentro do peito e nem ao menos tinha tocado a campainha. Respirou fundo e comparou o número anotado no papel amassado em suas mãos com os gravados sobre uma placa dourada e reluzente na porta a sua frente, mas já tinha feito isso tantas vezes que já tinha decorado, era apenas uma maneira de protelar sua decisão.

“Ah, o que eu estou fazendo? Já estou aqui mesmo!”

Reprimindo a vontade de virar as costas e correr pra fora dali, Melanie apertou a campainha do apartamento, sentindo a ansiedade aumentar a cada segundo que a porta não se abria. Encontrar os olhos verdes dele quando abriu a porta lhe causou uma sensação inexplicável, uma mistura de euforia com o mais profundo e inconfessado medo.

– Bom..eu...ahn, estou aqui.

– Entra. – pediu apressado, parecendo surpreso por vê-la ali.

– Agora pode dizer, por que me chamou aqui Gerard?

Ele a observou e Melanie esperou pacientemente, se esforçando para que seus olhos não descessem pelo peito nu já que ele vestia apenas calças cumpridas pretas. Sem que pudesse evitar, lembrou de cada vez em que esteve ao lado dele e o fez corar com algum comentário malicioso e mordeu o lábio para não sorrir sem querer. De alguma forma parecia errado.

– Eu preciso de você, Melanie. – respondeu por fim.

Ela sorriu triste, afastando a franja lateral do cabelo escuro e comprido de cima dos olhos.

– Já ouvi isso antes.

– Por que é verdade.

Melanie baixou os olhos tentando se controlar, ele sempre conseguia abalar todas as suas estruturas com apenas uma frase. Era estranho gostar disso. Quando se deu conta, estava sendo envolvida pelos braços confortáveis de Gerard e sua única reação foi recostar a cabeça sobre seu peito em busca de algum conforto. Quase chorou, sentia tanta falta daquilo.

– Por que você está fazendo isso?

– Volta pra mim. – ele se afastou mirando os olhos escuros que pra ele sempre pareciam transparentes – Me deixa fazer as coisas do jeito certo.

Gerard sentiu as mãos de Melanie sobre o peito, empurrando-o levemente até o sofá branco próximo e se deixou levar com um leve sorriso. Ela se sentou sobre seu colo e ele quase pode ouvir o conflito dentro de sua cabeça.

– Acho que eu nunca vou amar tanto alguém quanto eu te amo. – ela inspirou completando – E nunca vou odiar tanto também.

Ele baixou os olhos, pegando a mão direita da morena e enroscando seus dedos, sentindo a pele macia estremecer sob a sua.

– Me desculpa, eu não devia ter te deixado sozinha aqui, devia ter te levado comigo pros shows.

– E não podia ter dito isso quando me ligou? – perguntou com o mesmo sorriso triste.

– Não. – a morena sentiu uma fina corrente elétrica atravessar sua pele quando ele tocou seu rosto – Eu queria dizer isso olhando nos seus olhos, pra você ver que é verdade.

Seus olhos se encontraram, havia algo nos dele, algo que ela conhecia e que a excitava tanto quanto aterrorizava.

– Eu vou te beijar. – disse sério.

Melanie fechou os olhos, aproveitando a sensação da mão quente dele acariciando seu rosto e respondeu no mesmo tom.

– Não vai.

Encostou a cabeça sobre seu peito murmurando, adorava o cheiro da pele dele e sentiu seus dedos entre o cabelo, fazendo-a se arrepiar quando descia pela extensão das costas.

– Confia em mim?

– Claro. – respondeu como se aquilo fosse algo óbvio.

– Então fecha os olhos.

Continua...