Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 22
Sentimental II


Notas iniciais do capítulo

Depois de anos enrolando...
Capitulo finalmente dedicado a Ruuh, pela sexta recomendação!!! Obrigadaaaaaaaaaaaa....!!!!!!!!
Sem palavras para expressar a emoçao ( chora baldes)
Espero que gostem do cap, especialmente Ruuh pq o cap é dedicado a ela ^^
"Gary Thompson jogou num canto da mesa o jornal daquela manhã, estava especialmente cansado, ontem havia sido um dia cheio de surpresas, havia visto e ouvido coisas em que jamais pensara, e tudo começara com aquele garoto entrando na sua casa "Eu sou Miguel Owen." "



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Pousada Sol Nascente, Luisiana.

23/01/2008

Quando ela acordou o sol estava alto no céu. Os olhos verdes se abriram tão repentinamente que qualquer um acharia que seu sonho era apenas um fingimento, mas não era. Era aquela estranha sensação de que algo estava errado que fez com que Tessa acorda-se daquele jeito.

Ela sentou-se, enrolando o lençol no corpo, passou os olhos pelo quarto... Não havia ninguém ali, fechou os dedos com força num punho “Aquele idiota!” a havia deixado de novo, por que ele sempre inventava de fugir dela?

Saiu da cama em um pulo e vestiu-se rapidamente, as roupas estavam devidamente dobradas sobre a poltrona no canto do aposento, e esse foi o primeiro sinal de que algo realmente estava errado.

Estava para sair do quarto quando viu um pequeno papel sobre o criado mudo, mais um sinal. Caminhou devagar até o móvel, como se o bilhete fosse explodir a qualquer momento e o abriu. Seus olhos se arregalaram, seu coração perdeu uma batida, e talvez tivesse ficado mais pálida que o próprio papel em suas mãos.

- Não... – Murmurrou. – Não!

E saiu em disparada pelas escadas, aquelas palavras preenchiam cada canto de sua mente “... alguém melhor que do que eu...” Como ele podia ter feito aquilo com ela? “... eu não mereço você...” Será que realmente acreditava em tudo aquilo? “... seja feliz e viva...” Tessa não queria acreditar que ele havia fugido desse jeito, por causa disso, era tão... Tão... “Adeus.”  Ela quase podia ouvi-lo dizendo aquelas palavras... Adeus, adeus, adeus...

Bateu as mãos com força na mesa da recepção fazendo com que a mocinha do outro lado desse um pulo de susto.

- No-no que posso ajuda - lá?

Tessa respirou fundo.

- Você se lembra de ter visto alguém saindo hoje mais cedo? – Seu tom de voz ainda era exigente.

- Bem... Muitas pessoas saíram hoje de manhã.

- Um homem jovem de cabelo escuro e olhos claros, devia estar levando uma mochila, tem certeza que não se lembra dele?

A moça parou por um momento para pensar. Seu rosto se iluminou, de repente, como se estivesse lembrando-se de algo muito importante.

- Ah! Claro, como poderia esquecer?! – Ela se voltou para um estante atrás da mesa, buscando alguma coisa. – Ele passou aqui hoje bem cedo e pagou a conta do seu quarto. – E depois se voltou para Tessa. – Perguntou o numero do aeroporto e saiu, deixou isto pra você. – Era o celular dele, Tessa arregalou os olhos em pura surpresa, como ele havia descoberto? Agora nunca poderia encontrá-lo!

Grunhiu baixo e tirou o celular das mãos da moça subindo rápido para o quarto, a mulher se assustou e pensou até em subir para ver se podia ajudar com algo, mas havia outro cliente exigindo atenção.

Tessa pegou o casaco e as chaves do carro, fechou a porta. Agora só lhe restava ir atrás de Miguel de novo.

(...)

Central do FBI, Chicago

24/01/2008

Gary Thompson jogou num canto da mesa o jornal daquela manhã, estava especialmente cansado, ontem havia sido um dia cheio de surpresas, havia visto e ouvido coisas em que jamais pensara, e tudo começara com aquele garoto entrando na sua casa “Eu sou Miguel Owen.”  

Depois de tantos anos de trabalho podia dizer que ele não estava mentindo só de olhar nos olhos dele. Mas havia algo mais, sempre havia algo mais, especialmente quando se trata de confissões.

Jogou a cabeça pra trás, praticamente deitando na cadeira da sua sala, sua perna estava latejando, infelizmente havia esquecido seus remédios. Tanta coisa para pensar... Fechou os olhos, por sorte havia conseguido despistar a mídia do caso, algo que foi realmente difícil.

A porta do seu escritório foi aberta e fechada com tal força que fez com que ele pulasse na cadeira.

- Você enlouqueceu, Tessa! Não sabe que já não tenho mais idade para essas coisas?!

Tessa aproximou-se da mesa, apoiando as mãos na mesa, estava séria, mas de um jeito que não combinava com ela. Aquilo fez Gary franzir o cenho.

- Gary... Preciso dizer... Eu não tenho sido totalmente sincera com você.

- Sim?

- O caso do Bolevuc, bem, eu não o resolvi sozinha... – Ela parecia ter uma certa dificuldade em escolher as palavras. – Você se lembra de Miguel Owen, certo? Pois bem, ele me ajudou com o caso e agora eu... – Suas mãos se fecharam em punhos sobre a mesa. Soltou o ar preso em seus pulmões. – Ele fugiu, é isso! Preciso que me ajude a capturá-lo de uma vez!

Gary suspirou fundo e levantou-se, com seu passo lento e manco aproximou-se de Tessa que deu alguns passos para trás, estranhando o silêncio do amigo.

- Sente-se, Tessa.

- O que? Só isso, você não vai falar mais nada, eu sei que o que eu fiz é contra as regras e...

- Apenas sente-se, tem algo que você precisa saber.

Tão sério. Aquela sensação ruim voltara com força. Ela automaticamente se deixou sentar na cadeira de frente a mesa. Thompson parou na frente dela, apoiando-se contra a mesa para dividir o peso do corpo que levava ondas de dor para a perna.

- Tessa escute, eu já estava ciente de tudo.

Ela apenas arqueou a sobrancelha.

- Eu posso perguntar como?

Gary tomou ar antes de começar seu relato, não sabia ao certo em como dizer aquilo.

- Miguel Owen apareceu na minha casa ontem à tarde... – Apenas aquelas palavras e ele pôde ver a sombra do pânico do rosto de Thereza. – Ele confessou os crimes, nos levou para o apartamento, mostrou os cadernos com desenhos das vítimas, as datas também batem com as da morte... Sem dúvida era ele.

- Mas... Mas...

- Tessa, ele foi julgado ontem à noite. – Gary abaixou o tom de voz. – O juiz levou em consideração a ajuda no caso Bolevuc, apenas por isso escapou do corredor da morte.

Tessa sentiu os olhos se encherem de lágrimas, embora tentasse com todas as forças detê-las, era impossível.

- Prisão perpétua? – Sua voz era tão baixa que Gary quase não a ouviu.

- Sim.

- Onde?

- Não posso dizer, Tessa. Ele pediu que não fosse revelado, nem a mídia sabe. E acredito que já tenha sido transferido a uma hora dessas.

Ela levantou-se de repente segurando o agente pelo colarinho, mas sem força o bastante, sua mão tremia.

- Está mentindo! Eu quero vê-lo Thompson! – Gritou. Gary abaixou o olhar, sabia que seria assim, ele havia visto a mesma dor nos olhos de Miguel quando colocou as algemas em seus pulsos. – Você... Você não pode fazer isso! – Apenas não queria acreditar.

Ele a abraçou com força enquanto sentia as lágrimas de Tessa molharem seu paletó. O choro era a única coisa que ouvia no escritório e não duvidava que os outros agentes do lado de fora também ouvissem e se perguntassem o porquê daquilo, ela nunca havia chorado na frente de ninguém.

- Não podiam ter feito isso... – Murmurou aceitando o abraço. – Eu devia tê-lo prendido, não deviam tê-lo tirado de mim assim...

E então ele afagou os cabelos loiros com uma das mãos.

- Não se preocupe, Tessa. Tudo vai ficar bem, eu prometo.

(...)

Penitenciária Saint Dominic Kai, Texas.

24/01/2008

O flash da câmera cegou-o por alguns instantes, tempo suficiente para que o par de guardas o segurasse pelos braços e o levasse para perto de um balcão onde um homem baixinho de meia idade se espreguiçava numa cadeira.

- Precisamos de roupas para o novato.

O homem levantou-se reclamando de algo e direcionou o olhar para Miguel. Passou pouco tempo procurando algo na estante enferrujada atrás do balcão antes de voltar com um conjunto de camiseta e calça azuis claras dobradas.

- Aqui está, acho que vai servir. – Jogou-as sobre os braços de Miguel.

E mais uma vez estava sendo arrastado por corredores que desconhecia, aquele lugar despertava o pior em si, sentia que voltava a se guardar sob sua fiel muralha de gelo. Ali dentro não hesitaria em atirar caso fosse ameaçado. Ali voltava a ser o mesmo assassino de antes, se é que havia deixado de ser algum dia.

Os portões altos se abriram, dando espaço para uma enorme construção escura e úmida de corredores que subiam e desciam em escadas estreitas, as paredes eram repletas por portas de ferro com alguns pequenos buracos, para que o ar entrasse, e um maior perto do chão, retangular, grande o bastante para deixar passar a bandeja de comida.

Evitou engolir em seco quando ouviu gritos e batidas contra algumas portas. Nunca admitiria a si mesmo que aquilo era tudo o que mais teve medo. Era aquilo que acontecia às pessoas sem liberdade

Subiu um, dois, três lances de escadas, era no terceiro andar. Seus pés pararam automaticamente ao ver a única cela aberta, ao final do corredor.

- Vamos, andando! – Um dos guardas bateu a ponta do fusível contra suas costas, Miguel obrigou os pés a continuarem o caminho. Seu coração batia mais forte à medida que se aproximava mais.

E então, de repente, a porta de aço se fechou atrás de si, num baque profundo que pareceu ecoar dentro de sua mente. Respirou fundo, estava sozinho agora. A luz da lua entrava pela janela minúscula no canto mais distante da cela quadrangular.

Sentou-se sobre a cama improvisada presa a parede trazendo os joelhos para perto do corpo, segurou os cabelos com força... Aquelas paredes queriam cair sobre ele, estavam sufocando-o, apenas esperando o menor momento de distração para sucumbir...

Fechou os olhos... Não queria ver isso.

Pôde ouvir alguns gritos sem sentido que vinham do corredor, brados de guardas, o som da arma de choque elétrico... Silêncio.

Não queria abrir os olhos, nem ver o que tinha acontecido.

Por um momento, perguntou-se mentalmente quanto tempo agüentaria até ficar igualmente louco.


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