Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 21
Sentimental


Notas iniciais do capítulo

Esse cap não será dedicado a nova pessoa que fez o comentario, pois achei que o cap fico meio ruinzinho e não merece tanto.
Mas o proximo vai tá muito melhor, e esse sim será dedicado Ruuh XD
Bem, outra coisa. A historia tá nos ultimos caps, acho que vai ter mais uns quatro ou cinco.
Então é isso
BJs



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Pousada Sol Nascente, Luisiana.

22/01/2008

Tessa foi abrir a porta quando as batidas soaram pelo quarto interrompendo mais uma discussão que começava com Miguel, por quê? Por que ele não queria deixar que ela cuidasse dos seus ferimentos, só por isso.

- Trouxe o Kit de primeiros socorros que pediram. – A mocinha entregou a caixa, tinha um olhar preocupado. – Tem certeza que não quer que liguemos para um hospital.

- Não, não será preciso. Ele só fez um pequeno corte. – E com um sorriso agradeceu, fechando a porta.

Virou-se para Miguel, que estava com a cara fechada sentado sobre a cama do quarto. A toalha sobre a cabeça.

- Não faça essa cara, sabe que é o melhor pra você.

Revirou os olhos.

- Eu não preciso disso, estou ótimo!

- É claro que precisa! Estamos no meio do nada, sabe quanto tempo uma ambulância vai demorar para chegar aqui se seus ferimentos infeccionarem e tiver uma crise de febre?!

Miguel entendeu a posição de Thereza. Como é que ela conseguia ter sempre razão? Como conseguia dele tudo o que queria? Isso era irritante! Bufou, não querendo esconder seu desgosto, e começou a desabotoar a camisa.

- Odeio quando me trata como criança.

Tessa sentou-se de frente para as costas dele e o ajudou a tirar os braços das mangas, para ela era obvio que os machucados doíam, embora ele não quisesse admitir.

- Não tenho culpa se às vezes você age como criança. – Pegou um algodão e o molhou da água oxigenada. – Você podia ter feito um curativo descente, pelo menos, antes de sair do hospital.

Ela sentiu o corpo de Miguel estremecer quando colocou o algodão sobre um dos três ferimentos vermelhos.  Respirou fundo e tentou colocar menos força no seu toque, mas nem com isso Miguel deixou de sentir a ardência.

- Já estou acabando. – A mão dele segurava o edredom com força.

- Estou bem. – Disse entredentes.

Sorriu de lado colocando o algodão num lado, e molhando outro com iodo medicinal.

- Você é muito teimoso mesmo.

Ele deu de ombros. O liquido marrom não o machucava quando a água oxigenada.

- Você acha que ele vai voltar? – Tessa perguntou após alguns minutos de silêncio. Tirando a gaze da caixa.

Miguel não precisa perguntar para saber de quem ela estava falando.

- Não, é impossível ele ter sobrevivido àquela explosão.

Enrolou a fita por todo o tronco de Miguel, tendo o cuidado de cobrir todos os ferimentos. Deu um nó para na gaze para finalizar o curativo. Afastou-se um pouco, cruzando as pernas sobre a cama.

- Mas se nós conseguimos fugir... Por que ele não conseguiria?

Aquela... Era uma excelente pergunta. E uma parte dele tinha absoluta certeza de que Boris Ruston, o maior mau caráter que já havia conhecido, e seu pai... Ele conseguiria, de algum jeito, fugir daquilo. Não era do tipo que se entregava facilmente.

- Não sei...

Ela percebeu a mudança no tom de voz, franziu o cenho. Não deviam pensar nisso agora. Endireitou-se e pegou a toalha do pescoço de Miguel antes de esfregá-la com força nos cabelos negros...

- Ei, o que está fazendo?! – Ria enquanto tentava inutilmente tira-la de cima. Tessa usava parte de seu peso para se apoiar sobre seus ombros.

- Estou enxugando seu cabelo direito, quer ficar doente, quer? – O riso também saia dos lábios dela. Mais por vê-lo sorrir do que pela brincadeira em si.

Não se lembrava de terem tido algum momento assim antes, sem nada a perder, isolados no nada, ninguém para julgá-los. O passado era apenas uma sombra distante agora.

Miguel se virou de frente para Tessa e passou os braços pela sua cintura ao mesmo tempo em que a jogava para trás, a fim de tirar a toalha de suas mãos.

- Peguei. – Sussurrou, encarando fundos os olhos verdes de Tessa. O seu corpo sobre o dela, as bocas separadas por poucos centímetros. Passou as costas das mãos sobre o rosto dela... Era tão delicada. Tão linda. – Você não tem a menor noção do que fez comigo, Tessa.

Thereza sentia que podia se afogar naquele olhar, claro, límpido. Não havia mais sombra daquele homem frio que havia perseguido na estação de trem. Ela tinha certeza que era por esse Miguel que via agora que seu coração batia mais forte.

- Você é minha vida Thereza, tudo que há de bom em mim, é você.

Ela encostou os lábios nos dele, entrelaçando a sua nuca com os braços para eliminar qualquer distância que houvesse entre ambos. Apenas com aquilo Miguel sentiu o sangue correr mais rápido pelo seu corpo.

- Eu te amo, Miguel.

Tessa era a única pessoa que conseguiu esse efeito sobre ele. Fazer seu coração bater forte e quase parar de repente. Sua vida era simplesmente inconstante perto dela, ele mesmo era inconstante perto dela.

Havia uma aura de tanta felicidade ao seu redor que Miguel não podia deixar de sorrir quando a via sorrir, e agora, queria poder gritar para o mundo que era amado por alguém como ela, e que a amava também. Mas não era capaz disso, ainda tinha o velho orgulho fluindo dentro de si.

E apenas por isso trouxe a boca dela para a sua novamente, desta vez num beijo mais intenso do que o anterior. Não conseguindo quase conter as emoção que movia seu corpo.

Suas mãos foram para a barra da blusa que ela usava ao mesmo tempo em que seus beijos desciam para marcar a pela macia do pescoço. Sentia os dedos dela apertando seus ombros e a respiração se misturando ao seu cabelo.

 Incrível era o jeito como Tessa conseguia preencher sua tristeza com todos aqueles sentimentos que nunca havia sentido antes. Desde o amor mais intenso até o pior dos ciúmes. Os beijos dela em seu corpo pareciam querer livrá-lo das dores do seu passado... De tudo.

E no meio daquela explosão de sensações, quando encontrou os olhos dela novamente, teve certeza de que era com ela que queria passar todos os dias da sua vida. Não pensou no quão absurdo aquele desejo pareceu, ou mesmo, pareceria, para qualquer outra pessoa. Meros detalhes que não poderiam ser considerados agora...

Embora uma pequena parte sua soubesse que as coisas não seriam do jeito que ansiava.

(...)

A luz do sol entrava pela janela de vidro da varanda iluminando todo o interior do quarto com uma luz singela. Miguel estava acordado fazia já algum tempo, velando o sono de Tessa, que talvez fosse somente acordar dali a umas tantas horas.

Suspirou fundo. Passou a mão delicadamente pelas suas costas nuas, mexendo nos fios dourados esparramados. O seu coração apertou ao ouvi-la suspirar com seu toque. Afastou-se.

Não sabia onde estivera com a cabeça, não sabia o que lhe havia levado a pensar que poderia esquecer tudo o que havia feito e tentar levar uma vida normal. Como se os outros fossem esquecer, como se ela fosse esquecer.

Havia sido tão ingênuo... Chegaria ao ponto de pedir a Tessa para abandonar a tudo e a todos? Ela o faria?

As chances eram mínimas para ambas questões. Se não tinha mais futuro nesse país, a culpa era só dele, Tessa não tinha que pagar pelos seus erros também... Com certeza nunca pediria que fosse com ele, e ao mesmo tempo... Nunca seria capaz de fugir para tão longe, tão longe dela.

Deitou a cabeça no travesseiro, perto de onde a cabeça dela repousava, inspirou fundo. O cheiro que antes o acalmava, agora parecia querer rasgá-lo por dentro. Pela primeira vez teve vontade de voltar no tempo, de tentar corrigir todos os erros.

Tudo poderia ser simplesmente mais fácil, se não fosse quem era.

Segurou a mão que descansava no travesseiro e beijo-lhe a ponta dos dedos.

Devia parar com isso, afastar-se. Pelo bem dela. Sofreria no começo, o ofenderia pelas suas costas, e quem sabe, até mesmo choraria, mas então, algum dia, ela encontraria alguém que a amasse do mesmo modo como ele a amava... Embora não com a mesma intensidade.

E seria aquele homem que teria tudo o que ele não pôde ter. A família, a vida... Thereza... Pela primeira vez, Miguel se pegou odiando alguém sem ao menos conhecê-lo.

Respirou fundo e se levantou, pegou a mochila com suas armas e o que sobrava de morfina, o casaco estava pendurado na poltrona no canto do quarto.

Talvez estivesse mesmo certo, ela sempre fora mais sentimental então estava tudo bem se fosse ele quem sofresse um pouco mais.


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