Capitulo 5

Anne POV

Não sei quanto tempo fiquei deitada naquele chão, mas nem liguei. Ouvi passos, mas não me mexi. As lágrimas já tinham parado á muito tempo e eu apenas sentia um vazio grande. Senti umas mãos nos meus braços que me forçaram a levantar.

- Anda Russel. Os teus amigos estão preocupados.

- Deixa-me em paz Malfoy. Não quero estar com ninguém.

- Estás a sangrar. – os seus dedos estenderam-se até o meu rosto e eu soltei um silvo quando contacto me provocou ardência.

- Larga-me! – afastei-me e protegi o meu corpo com os meus braços. Ela suspirou e fez um gesto com a varinha. Ficamos em silêncio, uma de cada lado da estrada deserta.

- Ele não merece. – olhei confusa. – Nenhum rapaz merece as nossas lágrimas.

- Ele é meu amigo. – disse-lhe. Ela revirou os olhos.

- Ele pode ser apenas teu amigo, mas não é dessa maneira que o vês e por isso é que as atitudes dele te afectam tanto. – abri a boca para lhe responder, mas ouvi vozes a vir na nossa direcção e fechei-a novamente.

- Anne! – Jackson correu na minha direcção e tentou abraçar-me, mas eu fugi do seu toque. Ele ficou confuso, mas não comentou.

- Estás bem? – perguntou Roxanne, analisando-me.

- Sim, apenas quero ir para o castelo. – respondi, seca. Eles entoalharam-se e após revirar os olhos, a Malfoy segurou-me pelo braço e começou a puxar-me em direcção a Hogwarts. Apesar do seu silêncio e da brutalidade, tanto dos seus gestos como das suas palavras, ela não revelara os meus sentimentos. Por mais estranho que parecesse, eu gostava dela. Melhor que isso: eu confiava nela.

Lily POV

Eu estava na biblioteca supostamente a fazer o meu trabalho de poções. Mas digo supostamente porque o pergaminho na minha frente estava em branco. Ouvi barulhos da entrada e levantei o olhar intrigada. Ninguém se atrevia a fazer barulho com aquela bibliotecária. Não contive um sorriso ao reparar que os autores do barulho eram Roxanne e Albus.

Ele sentaram-se á minha frente e eu fiz bastante esforço para conter uma risada. Roxie estava bastante amuada, enquanto Albus tinha um sorriso de orelha a orelha.

- Porque é que vocês vieram juntos? – perguntei, divertida.

- Ele encontrou-me pelo caminho e eu disse-lhe que andava á tua procura e ele disse que também precisava de falar contigo. Resolvemos procurar-te juntos. – olhei assustada para o meu irmão.

- O que aconteceu? – ele deu de ombros e sorriu. Percebi imediatamente que não tinha acontecido nada. Ele apenas viu naquilo uma oportunidade para estar junto da minha melhor amiga. Abanei a cabeça e sorri novamente.

- Precisas de alguma coisa Roxie? – ela aproximou-se e falou baixo, de maneira a Albus não ouvir.

- Pensaste naquele assunto? – suspirei. Já faziam duas semanas desde a visita e a Hogsmeade e a Anne continuava deprimida. Agora ela e James evitavam-se totalmente, mas era visível a tristeza na cara de ambos. Apesar de isso, James continuava a sair com uma rapariga diferente cada noite, o que só deixava nossa amiga mais abatida. Por isso eu, Roxie e Rose estávamos a tentar arranjar maneira de a animar.

- Pensei, mas não tive nenhuma ideia.

- Eu tive. – ela disse, sorrindo orgulhosa. Ergui a sobrancelha duvidosa. As ideias de Roxanne nunca acabavam bem. Fiquei á espera que ela se explicasse, mas ela não o fez.

- Então? – ela apontou discretamente para Albus, que revirou os olhos e se levantou.

- Já percebi que estou a mais. Vou procurar o Andrew e o Scorpius.

- O Andrew disse que eles iam até ao campo treinar um pouco mais. – corei após dizer estas palavras. Eles olharam-me curiosos.

- Não estavas com pressa? - perguntou Roxanne, sem tirar os olhos de mim, com um sorriso nos lábios. Albus não respondeu, mas eu ouvi os seus passos a afastarem-se. Olhei para a minha melhor amiga que me encarava divertida. – Tu e o Jones…

- Ele e o Scorpius almoçaram comigo e Rose e comentaram isso. – ela conteve uma risada, mas não fez intenções de continuar o assunto. – E a tua ideia?

- Pensei em raptarmos a Anne... – abri a boca chocada e ela sorriu ainda mais. - … para uma girl’s night! – fiz uma careta.

- Isso é muito cliché. – ela revirou os olhos.

- Tem tu uma ideia melhor. – Roxanne cruzou os braços e olhou-me desafiadoramente. Suspirei derrotada.

- Não tenho. – ela riu.

- Então, Lily? Que vamos fazer agora? – mordi o lábio. Sabia muito bem aonde queria estar naquele momento e ela também. Levantou-se e começou a arrumar o meu material da mochila.

- Anda lá, ruivinha. Vamos ver o teu amado. – levantei-me rapidamente e coloquei a minha mochila ás costas deixando a biblioteca com a Roxanne a rir-se ao meu lado.

Roxanne POV

Música: The time is now da Marta e do Lorenço

Link: http://www.youtube.com/watch?v=fWCJ-oRdDhE&feature=related

Lily saltitava ao meu lado enquanto caminhávamos em direcção ao campo de Quidditch. Ao longe conseguia ver os três amigos a voarem de um lado para o outro do campo.

Quando nos sentamos nas bancadas, Andrew, que estava parado á espera da Quaffle, acenou-nos com um sorriso, que Lily retribuiu.

- Não percebo qual é o vosso problema. É obvio que vocês gostam um do outro. Porque é que ainda não estão juntos? – ela mordeu o lábio.

- Albus não iria gostar.

- Ele ainda não disse nada! – Lily olhou para mim com uma sobrancelha erguida.

- É o Albus, Roxie. Eu poderia ter isso escrito na minha testa que ele não daria conta. – suspirei.

- Tens razão. – encarei o irmã dela. Albus estava acima dos amigos e observava o campo com uma concentração invejável. Procurava a snitch e sabia que não descansaria enquanto não a encontrasse.

Observei-o com atenção. Ele era bonito, muito bonito. Os seus traços eram fortes e eu sabia que os seus olhos eram de um intenso tom de verde. Os cabelos negros nunca ficavam no lugar e eu adorava aqueles óculos de aro redondo. Como ele estava com uma t-shirt de manga curta pude observar os músculos dos seus braços contraídos. Sabia que ele praticava e exercitava o seu corpo desde pequeno com o seu pai e o seu irmão James. Já Lily tinha a delicadeza de uma bailarina que enganava qualquer seeker que ela enfrentasse.

Mas não era apenas isto que me encantava em Albus. Apesar da sua aparência de durão, ele era simpático e educado. Sempre lutou para sobressair na sua família enorme, mesmo amando-os a todos. As suas únicas fraquezas eram as mulheres. Poderia ter-lhe dito um sim muitas vezes se não soubesse que ele me trocaria pela próxima que se oferecesse a ele.

Acordei dos meus devaneios quando o vi disparar a grande velocidade em direcção ao chão. Levantei-me assustada apenas para o ver voltar a subir com o braço erguido e um sorriso vencedor.

Suspirei de alívio e encarei Lily que me olhava divertida.

- O que foi?

- Preocupada com o idiota do Potter? – ela perguntou com deboche.

- Ele podia-se ter aleijado. – respondi-lhe, dando de ombros. Lily abanou a cabeça em desaprovação e pôs a mochila nos ombros. Segui-a até aos balneários aonde nos encostamos á espera dos rapazes.

Scorpius foi o primeiro a sair, de cabelo molhado e sorriso divertido. Ou tinha feito, ou estava para fazer*.

- Olá jeitosas! – e assobiou para nós. Eu e Lily não contivemos uma gargalhada.

- Seu idiota! Deixa a minha deusa! – cerrei os punhos.

- Eu não sou a tua deusa, Potter! – ele fez-me uma careta.

- Eu estava a falar da Lily. O mundo não gira á tua volta. – virei-lhe costas e comecei a andar em direcção ao castelo. Idiota, imbecil, parvo…

- Roxie!

- Deixa-me em paz, Potter!

- Vá lá! Eu estava apenas a brincar! – não parei, mas ele segurou o meu braço, forçando-me a olha-lo.

- Larga-me! – tentei soltar-me, mas Albus não o fez. Olhou á sua volta e começou a puxar-me em direcção á floresta. OMG! Era agora! Ele ia-me matar!

Após ter a certeza que ninguém nos conseguia ver, ele soltou-me e encarou-me perigosamente.

- Por favor, Albus… - ele ergueu a sobrancelha. Não devia estar á espera que eu implorasse.

- Por favor, o quê? – o moreno aproximou-se de mim e eu andei para trás até ir contra uma árvore que me impedia de continuar a fugir. Ele estava cada vez mais perto e eu já não sentia nada que não fosse o meu coração a bater descompassado. – Por favor, o quê? – ele repetiu a pergunta, mas eu só tinha olhos para o movimentos dos seus lábios. – Por favor, o quê, Roxanne? – hipnotizada, respondi sem pensar duas vezes.

- Beija-me. – e depois só senti os seus lábios pressionarem violentamente os meus e a sua língua pedir passagem, que eu concedi com agrado. Fechei os olhos e as minhas mãos voaram para os seus cabelos enquanto as suas estavam no meu rosto.

O beijo de Albus era selvagem, quase urgente, como se temesse que a qualquer momento eu pudesse fugir. Mas eu não ia fugir, estar ali, nos seus braços era bom de mais. Lentamente, ele deslizou as mãos pelo meu corpo até chegar á minha cintura, provocando-me arrepios. Pouco a pouco foi diminuindo a força do beijo, até nos separarmos totalmente.

Abri os olhos, temerosa, apenas para encontrar o seu sorriso brilhante.

- Meu Merlin… - ele murmurou.

- Que foi? Já fartaste? – atirei, sentido uma raiva de mim por me ter deixado levar. Albus riu, o que só aumentou a minha raiva. Tentei afastá-lo, mas ele era demasiado forte.

- Nunca me vou farta de ti, Roxanne. – ele aproximou-se de mim e eu sentia o movimento da sua boca. Os meus lábios entreabriram-se, mas Albus voltou-se a afastar. – Mas vamos devagar, Roxie. Quero que fiques comigo, por mim, não pelos meus atributos. – não me contive e revirei os olhos. Ele era tão convencido! – Promete-me que vais ao jogo amanhã á tarde e que vais torcer por mim. – abri e fechei a boca várias vezes. Era um Slytherin vs Hulflepuff, não tinha mal nenhum.

- Prometo. – ele beijou os meus lábios rapidamente e afastou-se. Pegou no saco e deu de costas. Olhei para o chão e vi que a sua t-shirt de treino, verde e prata, com o seu nome e o famoso número 7 permanecia no chão. Peguei nela e corri atrás do moreno.

- Albus! A tua camisola! – a equipa da Hulflepuff, que passava eu direcção ao campo, olhou para mim. Eu corei e segui logo a linha de pensamento deles. – Não é o que vocês estão a pensar! – gritei e alguns deles riram. Albus estava parado mais á frente com um sorriso matreiro. Olhei para ele que me piscou o olho.

- Fica com ela para amanhã! – e entrou na escola. Inconscientemente levei a camisola ao nariz e cheirei o perfume de Albus, reconhecendo a sua fragrância masculina. Olhei para a porta á espera que ele voltasse, mas após algum tempo resolvi entrar e procurar Lily. Ainda tínhamos de preparar as coisas para a nossa noite de raparigas.

Continua…