A última Cartada escrita por daghda


Capítulo 20
Impérius


Notas iniciais do capítulo

Feliz por ter conseguido concluir mais um capítulo



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Como Dumbledore havia dito, ao entardecer abafado e nublado do mesmo domingo em que ele estivera na pequena casa de Severo Snape, a marca negra no seu braço esquerdo ardeu e latejou, sinal de que o Lord das trevas requisitava sua presença, e sabe lá de quantos e quais outros comensais.

 

Snape sabia perfeitamente o que acontecia ao comensal que não o atendia prontamente, não por ter passado por alguma situação que o fizesse sofrer conseqüências, mas por ter presenciado outros comensais pagando por esse erro. Por isso não esperou nem um segundo, nem sequer pensou em nada que precisasse fazer às pressas. Apenas girou em torno de si mesmo e aparatou do modo peculiar como os comensais sempre faziam, deixando uma fétida e infecta fumaça enegrecida no lugar onde estivera segundos antes.

 

Tão logo aparatou na presença do Lord Negro, Snape pode notar que ele estava excitado com alguma coisa. Espelhava uma felicidade doentia no rosto. Seu olhar obsessivo ultrapassava em muito qualquer conceito de insanidade que pudesse existir. E ele pode ver que algo estava acontecendo, que significava muito para os planos do Lord. E Snape já pudera constatar, como alguns outros poucos no mundo, que só existiam duas coisas que seduziam o Lord das Trevas a ponto de ele abdicar de sua sanidade em prol da mais absurda obsessão: Uma delas e o poder ilimitado, o que era bem evidente, mas a outra, mais sutil, mas bem superlativa a primeira, era superar a morte. Snape constatou, mediante a esse raciocínio sutil, habilmente ocultado por sua oclumência, que o lord descobrira algo que o auxiliaria a burlar a morte. Mas optou prudentemente por guardar silêncio diante do Lord, que devaneava sentado em seu trono materializado na cabeceira da mesa de reunião.

 

Mais alguns segundos se passaram e a mesa toda estava ocupada pelos comensais mais chegados de Voldemort, e outros tantos se encontravam no mesmo recinto de pé apertando-se e empurrando-se uns aos outros, tentando garantir uma melhor visão, mesclando ansiedade, curiosidade e medo em seus semblantes e tremeliques.

 

O Lord olhou ao redor. Deu-se por satisfeito com as presenças constantes. Seus mais chegados estavam todos ali. Lestrange, Malfoy, Dolohov, Crouch, todos estavam lá. Ele começou a falar esparvalhadamente, o que assustou e surpreendeu a todos. Diante disso Snape julgou prudente fingir o mesmo aturdimento, para não levantar suspeitas.

 

_Meus amigos. Estou a um passo de alcançar o meu maior objetivo. Isso me tornará tão poderoso que, tudo correndo perfeitamente bem, nem mesmo aquele maldito bebê potter poderá me vencer, nada me destruirá.

 

Alguns comensais se entreolharam. Belatriz olhou fixamente para Voldemort e seus olhos ficaram tão insanos quando os do mestre. Olhava-o apaixonadamente, com uma admiração senil que enjoava a todos ao redor.

 

_Mas o que quero dizer a vocês agora é que me ausentarei do pais no mínimo por uma semana. E creio que posso confiar – e disse isso bastante agressivamente – que vocês – olhou incisiva e ameaçadoramente para cada um dos comensais sentados à mesa de reunião – serão capazes de manter as coisas funcionando por aqui. Não é?

 

_Todos concordaram de imediato, com afirmativas permeadas por pânico.

 

_Pois bem. Crouch, Sabe que estou satisfeito com sua atuação junto ao ministério. Você e Lucio permanecerão em seus postos, garantindo que os bruxos dominados pela maldição impérius dentro do ministério permaneçam sobre nosso controle, e se possível, lance a maldição a tantos funcionários quantos conseguirem. Belatriz, você, Rodolfo e Rabastan continuarão as buscas pelo paradeiro dos potter. Snape, você permanecerá sempre aqui, mantendo as informações em dia. Enviarei a você minhas instruções e receberei de você relatórios diários da atuação dos comensais. Os demais deverão manter todas as atividades às quais são responsáveis em funcionamento perfeito. Ah... e Crabbe e Goyle, mantenham em dia as tramitações na Burgin e Burkes. Agora, estão todos liberados. O que estão fazendo na minha frente ainda? Eu disse, ESTÃO TODOS LIBERADOS! Portanto, SUMAM.

 

Muita fumaça preta pairou no ar por alguns minutos, mas quando Snape fez menção de realizar o rodopio necessário para partir, Voldemort o parou.

 

_Severo, espere um minuto mais.

 

Disse afetando calma, contrastando com os berros que dera aos outros. Belatriz que estava concluindo o rodopio para desaparatar, deixou surgir um semblante de decepção antes de sumir no meio da fumaça negra. E quando a sala se encontrou totalmente vazia, restando apenas Ele e Snape, ele prosseguiu.

 

_Severo, esteja preparado. Quando eu voltar, nos reuniremos só nós dois, para planejarmos uma nova tentativa de te infiltrar em Hogwarts.

 

_Mas Lord, Todos por lá sabem que sou um comensal da morte.

 

_Ousa me contradizer?

 

_Não meu Lord, mas...

 

_Fique calado e escute. Tenho pensado que está na hora de usar de ameaças para conseguir seu cargo. Se for preciso, eu vou me encontrar pessoalmente com aquele velho que dirige Hogwarts. Seja como for, agora, mais do que nunca, você sabe, preciso de você lá dentro.

 

_Sim, meu Lord.

 

_Ok. Agora pode ir.

 

Fundindo o movimento de uma sutil reverência e o movimento da desaparatação, o bruxo de nariz saliente foi substituído pela fumaça negra e em uma fração de segundo ressurgiu em sua sala de estar, pequena, abafada, mas relativamente confortável, onde se jogou desanimado no sofá mais próximo.

 

‘Não será tão fácil quanto Dumbledore imaginou’ pensou analítico. Decidiu. Iria dar seu jeito. Entendera do que Dumbledore precisava. Ele precisava que os Comensais tivessem um foco onde dedicar total atenção, de um chamariz, enquanto ele fazia algo que garantiria a proteção de Lílian. Ele o faria. Claro que utilizaria a informação que o velho bruxo deliberadamente lhe fornecera, mas isso não seria o suficiente. Poucos comensais, e diga-se de passagem que definitivamente não eram dos mais brilhantes, estavam envolvidos com os negócios escusos na Burgin e Burkes. Ele precisaria pensar em algo muito bem arquitetado para não levantar suspeitas. Mas precisaria criar bem mais problemas aos comensais do que simplesmente uma investigação na travessa do tranco.

 

Pegou um pergaminho e uma pena e começou a listar uma série de nomes. Sim, estava começando a elaborar um plano bem mais ousado do que o de Dumbledore. Sim, ele correria imensuravelmente mais riscos, mas em contrapartida ele sabia, pressentia, que Dumbledore tentara envolvê-lo o mínimo possível para tentar garantir alguma segurança a ele. Segurança esta de que, mais do que nunca, não se sentia merecedor.

 

Na verdade, se conseguisse ser esperto, ágil, rápido e sutil, poderia conseguir fazer tudo sem se envolver diretamente. Bastava lançar a maldição impérius em alguns comensais de segunda classe e eles fariam tudo para ele. Saiu imediatamente e foi ao encalço de alguns.

Desaparatou e aparatou no cabeça de Javali. Diria ao estalajadeiro que apenas desejava tomar um Wisky de fogo, e depois justificaria ao Lord que estivera ali para tentar conseguir alguma informação de Hogwarts.

 

Teve sorte. Mal chegou no Pub e encontrou um grupo de comensais de segunda classe bebendo feito loucos, todos já bem embriagados. Fácil. Enfeitiçou a todos na mesma hora. Nenhum notou nada ao redor. Apenas estatelaram os olhos por um segundo, depois voltando a agir como bêbados pediram ao homem que os atendiam para providenciar quartos para eles, pois iriam se instalar por ali no decorrer da semana. Snape os fazia se comportar como se considerassem a ausência do Lord das trevas como uma semana de férias de suas funções como comensais. Com certeza ele sabia que estava causando a esses indivíduos desprezíveis horas e mais horas de punições e torturas, mas não se importava. Estes aí bem que mereciam. Pronto. A primeira parte estava concluída. E eles permaneceriam ali, confinados em seus quartos, apenas recebendo comida até que Snape enviasse suas ordens no momento oportuno.

 

Por sua vez, também, pediu um quarto para pernoitar, esperar o amanhecer.

 

Mal o sol mostrara sua faces douradas, Snape desceu do aposento emporcalhado em que se acomodara sem pregar os olhos e sem sequer comer alguma coisa, mais uma vez desaparatou, e aparatou bem no meio de um imenso átrio, diante de uma fonte contendo um conjunto de esculturas as mais estranhas possíveis, ilustrando um bruxo e uma bruxa rodeados de vários outros seres mágicos dotados de inteligência. Tão logo desaparatou e uma quantidade inacreditável de ruídos dispararam a sua volta. Um som de sirene altíssimo, sons de sinos díspares e, mais alto do que todo o resto, uma voz esganiçada de mulher, gritando em pânico e repetidas vezes, como um disco furado ‘intruso... intruso... intruso...’.

 

Seu primeiro impulso foi fugir desaparatando, mas ao tentar percebeu que não conseguia. Provavelmente feitiços protetores anti-aparatação foram disparados. Então não teve escolha. Lançou sobre si mesmo um feitiço desilusório e, uma vez invisível, correu para a fonte, atravessou suas águas, escalou as esculturas gigantescas de pedra e se escondeu no meio delas. Um incontável de bruxos das mais variadas estirpes, com diferentes roupas e uniformes, corriam de um lado para o outro apontando a varinha e gritando ‘Homenum Revelio’, mas nenhum deles fora mirado para a fonte, errando sempre o bruxo amoitado entre as estátuas. Por fim, toda aquela confusão viera a calhar, pois terminara por revelar alguns bruxos que, mesmo diante de tanta balbúrdia, permaneceram impassíveis, inertes, com um semblantes distante, um ar levemente risonho. Snape percebeu que eram os que estavam sob efeito da maldição impérius lançada pó Bartô Crouch Jr e Lúcio Malfoy.

 

‘Então o difícil será sobrepor Impérius sobre Impérius. Minha maldição terá de ser mais forte do que a deles’. Pensou com uma certa insegurança. Se desse errado ele seria desmascarado. Ou as vítimas se veriam libertadas da primeira maldição e com isso revelariam sua localização, ou permaneceriam sob seu efeito e a sua tentativa seria percebida Por Crouch e Malfoy. Mas ele precisava conseguir. Reuniu no ventre toda vontade de controlar os dois bruxos mais próximos dele que apresentavam os sintomas de quem age sob o efeito da maldição, e a lançou silenciosamente, com os olhos fixos, primeiro em um, depois no outro. Demorou alguns segundos para ele notar que dera certo. Então tentou mais uma vez desaparatar, não funcionou e o medo começou a invadir seu peito novamente. Sem saber o que fazer tentou novamente, mais uma vez falhou. Olhou ao redor, alguns funcionários começavam a desistir da busca que começaram a empreender. Outros paravam com semblantes aturdidos e se questionavam o que fora aquilo, terceiros bradavam revoltados que era uma repreensível falha no sistema de segurança e que não havia intruso algum. Por fim a barulheira dos feitiços-alarmes foram desativados em algum lugar. O coração de Snape disparou. Era agora. Ele tentou de novo com um irascível desejo de que o feitiço anti-aparatação também tivesse sido cancelado, como os alarmes. E dessa vez ele conseguiu. E conseguiu mais. Pela primeira vez, desde que havia adquirido a marca negra no antebraço esquerdo, havia desaparatado sem deixar atrás de si aquela infernal fumaça negra e fétida. Agora ele compreendera o que causava a fumaça. Era apenas o desejo de deixar atrás de si um ameaçador resquício de sua presença opressora. Como ele queria fugir dali sem ser desmascarado, e não queria que ninguém o notasse, conseguiu evitar a fumaça que, naquele momento, seria puramente um incômodo que o denunciaria.

 

Tudo feito, voltou para sua casa e enfim se permitiu descansar um pouco até o outro dia. Dormiu um sono inquieto, mas constante até o amanhecer da terça feira, quando se levantou da cama cheio de disposição averiguou, através de feitiços dispositivos, se os bruxos que dominara sob o feitiço Impérius ainda estavam sob seu controle. Tomou várias providências e se preparou para a ação.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigado de coração a todos que estão acompanhando a essa fic (também, porque muitos já leram 'Os Marotos e os mistérios de Hogwarts).
Abração apertado
Daghda Mac Bel



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