A última Cartada escrita por daghda


Capítulo 19
Mais uma vez invisível


Notas iniciais do capítulo

Dumbledore mais uma vez terá de fazer uma arriscada visita. Mais uma vez não poderá ser visto. Uma última medidta a ser tomada para garantir o exito e a segurança de todas as ações planejadas para a próxima semana.



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A reunião de sábado ainda se demorara bastante. Muitos pormenores sobre as transferências dos bruxos ameaçados foram abordadas e milimetricamente arquitectadas. Julivan pode demonstrar todo o seu brilhantismo em cada uma de suas eficientes intervenções, corrigindo, enriquecendo, alterando, corroborando cada detalhe que julgou necessário aos planos de Dumbledore, mas o fez permeando elogios quase desnecessários ao brilhantismo e clareza de mente com que Dumbledore elaborou toda a estratégia. Mas a manhã de domingo surgiu por entre os galhos das árvores da Floresta Proibida pesada e nublada e, talvez, mais rapidamente do que o velho diretor de Hogwarts gostaria. E com ela vieram leves batidas na grandiosa porta de seu escritório. Eram McGonaghal e Hagrid. Traziam para Dumbledore uma verdadeira enxurrada de ansiedade e inseguranças quanto aos planos e estratégias, onde esses dois magníficos bruxos teriam tantas participações vitais. Mas também traziam o seu assombro diante de tanta genialidade do diretor e líder em quem confiavam tanto. Dumbledore deu-lhes uma carinhosa atenção, mas não muito prolongada, pois precisava sair para cuidar de um último detalhe concernente as ações dos próximos dias. Contentou-se, e fez com que os amigos se contentassem, mesmo a contragosto, a dividirem o desjejum em seu gabinete. Depois, com sua túnica turquesa, talvez a única que possuía que poderia, talvez, classificar de discreta, seguiu pelos corredores do castelo com os amigos em seus calcanhares, insistindo para que revelasse aonde ia e o que iria fazer. Minerva e Rubeo foram com Dumbledore até os portões dos terrenos nesse intento, mas Dumbledore foi irredutível, se resumindo a afirmar que em breve teria uma grande surpresa para anunciar aos dois amigos. E pela estrada tortuosa que se direcionava a estação de Hogsmead ele seguiu alguns metros, depois, girando ao redor de si mesmo, simplesmente desapareceu no ar, indo aparatar em uma certa rua do subúrbio trouxa em Londres, próxima a um rio que começava a perder para a poluição. Tão logo desaparatou moveu habilmente a varinha sobre a própria cabeça e, ao sutil movimento, desapareceu novamente, mas dessa vez sob um poderoso feitiço de invisibilidade. Caminhou calmamente sem poder ser visto por ninguém. Alguns trouxas, os poucos que se mantiveram habitando as pobres e poluídas ruas que margeavam por um lado o rio poluído e por outro uma grande fábrica, com uma enorme chaminé que exalava uma fumaça nociva dia e noite, saiam espreguiçando pelas portas de suas casas. Alguns em mangas de camisas se dirigiam a uma mercearia emporcalhada, talvez, para comprar alguma coisa para o café da manhã. Rumou para a rua da fiação e a cada paço emitia feitiços silenciosos e eficientes com o intuito de revelar alguma coisa, algum obstáculo em seu caminho, principalmente que pudesse por em risco a pessoa a quem ia visitar. Averiguou cada janela, cada esquina, cada porta com a qual cruzava mas, por sorte, não encontrou vestígio de comensal da morte, nem de feitiços rastreadores. O caminho estava livre, e agora ele se encontrava diante da porta de uma casa simples, na qual não bateu. Preferiu, como da primeira vez em que o visitou, enviar um recado através do fogo branco ao morador. No interior da casa o homem magro, pálido, de cabelos bastos e negros escorridos e escorregadios pairando sobre os olhos, sentiu um leve formigamento nas palmas das mãos e ao erguê-las diante dos olhos para observar, chamas brancas surgiram das palmas avermelhadas. Um pequeno pergaminho enrolado surgiu do meio das chamas. Seu coração disparou. Já estava à espera do homem que, sabia, acabara de lhe enviar o bilhete. Deveria constar a hora e as instruções para o encontro. Mas ao desenrolar apenas quatro pequenas palavras, como da primeira vez, se encontravam estampadas na superfície amarelada: “Estou à sua porta”. Trêmulo de excitação, ansiedade e medo ele correu à porta e a abriu, não vendo ninguém. Lembrou-se em uma fração de segundos, que já recebera Dumbledore em sua casa, ainda na mesma semana e sob as mesmas circunstâncias, e nessa ocasião também não pode vê-lo. _Bom dia, professor. _Bom dia Severo, posso entrar? Então poderei reaparecer. _Claro, por favor. E dando um passo discreto para o lado, fingindo a lentidão matutina, tão peculiar quando se faz as coisas ainda sonolento, quando se acaba de levantar, sentiu o movimento do bruxo diante de si e depois fechou a porta, lembrando-se de trancá-la e proferir um feitiço de imperturbabilidade. _Já estava esperando pelo senhor, professor. _Pude supor que estivesse. Por isso quis vir o quanto antes, para lhe poupar mais ansiedade, Severo. _Então. Já se estipulou como poderei contribuir mais para a segurança de Lily... e sua família? _Sim, Snape, mas peço que não faça muitas perguntas por hora. Se apenas seguir minhas instruções, dentro em breve estaremos em uma situação mais segura para eu participar a você os últimos movimentos da Ordem da Fênix e das providências que estamos tomando em prol da segurança dos Potter e também dos Longbotton. Com um certo ar de impaciência, outro tanto de petulância, o homem todo vestido de negro apenas alteou a cabeça em sinal de relutante aceitação. _Pois bem, Severo, melhor assim. Vamos ao que você terá de fazer. Na manhã de quarta feira estaremos deslocando um pequeno esquadrão da ordem da Fênix para realizar uma investigação na Borgin & Burkes. Temos uma séria desconfiança que esta loja tem fornecido aos comensais da morte objetos amaldiçoados e envenenados com os quais vários trouxas e outros tantos bruxos nascidos trouxas tem sido atacados. _Suas desconfianças procedem, professor. Realmente está acontecendo, mas não posso dar mais detalhes. Já não mais participo diretamente nessa transação. _Ótimo. Severo, o que você tem de fazer é muito simples, e por isso mesmo, muito arriscado. Precisa convencer aos outros comensais de que é necessário intervir junto à travessa do tranco e impedir nossos bruxos de descobrir qualquer detalhe sobre a transação com a Borgin e Burkes. Lord Voldemort não estará no país, mas quando chegar você precisará estar mais do que nunca muito firme em sua oclumência. Mas precisará ser sutil. Poderá dizer que me ouviu falar do plano dentro da Floreios e Borrões, quando olhava livros de poções. _Desculpe interromper, professor, mas como pode supor que o Lord das Trevas estará fora do país? Ele não mencionou viagens nem uma única vez desde sua última visita. _Tenha calma, Severo. Ainda hoje ele convocará a todos vocês para anunciar sua ausência durante o decorrer da semana. Eu garanto a você. E ele provavelmente elegerá alguns de vocês para liderarem alguns grupos entre os comensais, e creio que você será um deles. _Se eu não estiver me equivocando, poderia supor que isso será um chamariz? Para desviar a atenção dos comensais de alguma outra atividade. _Muito sagaz, Severo, mas peço que não pense nisso por enquanto. Seria apenas mais uma coisa para esconder da legilimancia de Voldemort. Os bruxos da Ordem da Fênix realmente estarão na travessa do tranco na manhã de quarta feira. Portanto apenas fixe na memória e no pensamento que realmente a investigação estará acontecendo. _Farei o que o senhor está me pedindo, professor, mas... _Mas, severo? Um tanto vexado pela forma como Dumbledore passou a encará-lo a partir de sua última fala, quase perdeu a coragem de dizer o que pretendia, mas tinha de fazê-lo, então, inundou o peito com o pouco ar que conseguiu inspirar e falou mais rápido e baixo do que pretendia: _Mas depois quero saber tudo o que aconteceu. _Na primeira segunda feira depois de tudo feito, proponha a Voldemort tentar novamente um cargo em Hogwarts. Ele muito provavelmente concordará, pois verá nisso uma possibilidade de você investigar e descobrir o esconderijo dos Potter e dos Longbotton e então... _Desculpe interromper novamente, mas já lhe disse que o Lord não tem interesse nos Longbotton. Ele pretende matar apenas os Potter.< _Mas poderia usar os Longbotton para forçar os Potter a se revelar, não acha, Severo? Mas voltando ao que eu dizia, vá a Hogwarts na segunda feira e eu lhe darei um cargo. Ocupará a cadeira de Poções. _Poções, professor? Não seria melhor eu ocupar a cadeira de defesa contra... Mas Dumbledore o interrompeu objetivamente. _O Professor Slughorn finalmente decidiu se aposentar, e a vaga estará disponível e, por outro lado, tenho um candidato à vaga de defesa contra as artes das trevas tão brilhante nessa disciplina quanto você, mas não tenho ninguém tão bom quanto Slughorn, ou você, para oferecer a cadeira de Poções. _Está bem. Eu farei como o senhor está dizendo. – Disse isso exsudando toda a insatisfação e impaciência na voz – Mas volto a pedir, professor. Se a vaga de defesa... _Se a vaga de defesa contra as artes das trevas ficar novamente em aberto, e se encontrarmos outro candidato a Poções que preencha os requisitos tanto quanto você, poderemos pensar. Por hora posso afirmar que não vejo expectativas para isso... Decididamente contrariado, o bruxo de cabelos pretos e escorridos decide mudar o rumo da conversa. _Há um outro assunto que preciso falar, professor. O Lord das trevas andou pedindo a alguns comensais da morte de sua confiança para guardarem em segurança alguns objetos. São objetos que, a primeira vista não parecem ser nada de mais. Ele nos reuniu e questionou qual de nós teria esconderijos suficientemente seguros e nobres para eles. Aos que responderam afirmativamente ele ordenou que escrevesse em um pedaço de pergaminho e entregasse a ele, prometendo jamais revelar a ninguém que lugar seria. Então confiou a Malfoy um diário. Creio que Malfoy prometeu esconder na mansão onde vive. É uma mansão milenar, que já abrigou inúmeras gerações de bruxos sangues-puros, todos da família de Malfoy. Seria fácil o Lord considerar a mansão algo soberbo na sociedade bruxa. Entre os outros comensais apenas Belatriz Lestrange ofereceu um lugar convincente aos olhos do Lord. Não sei que lugar é, mas o Lord se mostrou quase eufórico ao ler o pergaminho que ela o entregou, e ele então entregou a ela uma taça. Não pude vê-la claramente porque tão logo ele a retirou de um bolso interno da capa e já a embalou em veludo negro e a entregou. Apenas a vi de relance, professor, mas por um instante me pareceu ser a taça de Helga Hufflepuff, mas depois comecei a achar que talvez fosse loucura da minha cabeça. Como poderia ser a relíquia? Há tanto tempo ninguém sabe seu paradeiro... _Ah, sim! – Respondeu Dumbledore com o olhar tão vago quanto o tom de voz, como se não pudesse conter os pensamentos que iam engatilhando em seu raciocínio, mas poupou comentários. – Essa informação é realmente importante. Pode mudar o rumo de todas as... Nossa! Está ficando muito tarde. Preciso ir. Muitas providências. Até mais Snape. Por favor, se cuide. Muito cuidado e... fique bem... até mais. Atordoado Snape não conseguiu coordenar as atitudes. Preferiu não tentar falar nada. Em silêncio apenas, ergueu-se, retirou os feitiços que protegiam a porta de entrada, abriu-a e ficou olhando Dumbledore desaparecer diante de suas vistas ainda dentro da sala. Sentiu o farfalhar da capa invisível roçar suas pernas e ouviu um último sussurro de Dumbledore, recomendando-lhe novamente muito cuidado.

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Notas finais do capítulo

Eu tenho sido o primeiro a lamentar a demora com que tenho atualizado essa fic. Não só essa como todas as outras. Sim, por mais trivial que seja sou obrigado a admitir. Meu tempo tem brincado de esconde-esconde comigo. Mas não a abandonei, nem a nenhuma das outras, nem aos projetos que tenho e que ainda não começaram a caminhar.
Estou muito feliz por ter conseguido concluir esse capítulo, e o próximo está quase no ponto já também.
Obrigado a todos que estão lendo e por favor, não desistam desta fic, eu não desisti.
Abraços
Daghda Mac Bel