From Me To You escrita por Estel


Capítulo 4
Capítulo 4 – Café.


Notas iniciais do capítulo

Aêêê! Capítulo novo o/
Gente, muito obrigada pelos reviews, sério mesmo *-----*

Enfim, espero que gostem desse :3



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Certo. Eu admito: estava completamente curioso sobre a Sakura. Mas acho que foi mais pelo desafio do que nas conseqüências práticas dele. Não esperava de forma alguma vê-la de novo, mas saber se ela estava bem sem que ela soubesse disso. E mais que isso: saber por que diabos ela foi se enfiar numa revista de música. Quer dizer, eu sabia que ela gostava, mas não o suficiente para se meter no meio.

                Então, a Golden Week que deveria ser um feriado para relaxar foi totalmente ocupada com uma pesquisa árdua sobre as centenas, eu disse centenas, de revistas sobre bandas, fã-clubes e coisas do gênero. Até aquelas revistas pré-adolescentes foram meticulosamente analisadas de cabo a rabo, tentando achar apenas um nome. Obviamente, essa era a parte mais difícil do trabalho, depois era só me utilizar de certos, er, contatos que conseguiria até a ficha policial dela.

                Achei no final do terceiro dia de busca. Não tinha erro, era ela. Estava na revista Yellow Submarine, fazendo as entrevistas com quem estava por cima no cenário musical. Tentei não dar muita importância para o fato de que a última entrevista dela tinha sido com aquela banda bizarra de Trash Metal, como era mesmo o nome dela? God Haters?

                Indo um pouco mais a fundo, descobri que ela já trabalhava lá há três anos, e que já estava muito bem estabelecida no meio. Morava em Tóquio e, estranhamente, ainda estava solteira aos seus 24 anos. Formou-se na Universidade H. em jornalismo com honras. Nada mal. Mas era estranho essa vida tão focada no trabalho, não era algo que eu esperasse dela. Não que ela não tivesse capacidade ou foco, mas a vida dela parecia totalmente voltada para o trabalho, afinal, não é fácil conseguir um emprego desses, principalmente antes de se formar. Ela deve ter ralado muito para conseguir, mas o porquê não vinha à minha mente.

                Parei com a minha pesquisa. Mais que isso seria loucura. Não tinha o direito de invadir a vida de alguém, principalmente de alguém que deliberadamente se afastou de mim. Eu já tinha visto o que queria, ela obviamente estava bem, e isso já bastava. Já estava na hora de concentrar na minha vida novamente. Ia fazer o que eu quisesse.

                Que foi estupidamente passar o resto do feriado em Tomoeda. Que merda eu tinha na cabeça? “Oi, sou um masoquista!”

                Alguém, por favor, me dê um tiro?

                Certo, foi realmente a pior das idéias possíveis. Percebi no momento que pus os pés lá. Definitivamente não era o meu lugar, e encontrar as pessoas de lá não traria memórias de todo agradáveis.

                Wei também não gostou muito da idéia. Mesmo que o apartamento ainda estivesse lá, provavelmente era um poço de sujeira, e era ele quem teria que dar um jeito no lugar.

                - Syaoran-bocchama, sei que não é meu dever questioná-lo, mas o que veio fazer aqui?

                Era uma ótima pergunta. Também queria saber a resposta.

                - Não sei, Wei, não sei...

                Depois de duas horas jogado na cama, procurando alguma explicação plausível, veio a que seria a mais correta resposta. Simplesmente a minha mente de stalker obsessivo fez uma suposição de que Sakura provavelmente tinha voltado para Tomoeda no feriado para passar um tempo com a família. E eu, vergonhosamente, tinha ido atrás.

                Qual é o meu problema? Ela já deveria ter ficado naquele passado remoto, beeeem remoto. Caramba, ela só era minha amiga de colegial, até que endoidou e parou de falar comigo. Eu não precisava ficar mexendo com aquelas coisas, não era bom para ninguém. 

                Como a vergonha era grande demais para ser suportada num lugar tão pequeno, resolvi sair para respirar. Aquele ar da primavera faz bem até às mentes mais perturbadas como a minha. Caminhei por aquele antigo percurso que fazia diariamente até a escola, revi coisas já esquecidas e vi outras novas. O tempo passa assustadoramente rápido. Decidi parar naquela loja de conveniências que antes tanto salvara a minha vida para comprar algo para beber.

                Era realmente nostálgico. Quase dava para ver a bagunça que a Sakura fazia toda vez que tentava pegar alguma coisa das prateleiras, ficando toda vermelha de vergonha logo depois. Por que teve que acabar daquele jeito?

                Acabei parando na seção de revistas, me distraindo com aquelas matérias bizarras. As mais divertidas eram as de dieta, não dava pra acreditar que alguém realmente seguia aqueles atestados de suicídio. Ergui a minha mão para pegar uma delas, que anunciava um suco de luz que fazia uma pessoa enxugar 5 quilos em uma semana, muito surreal. Só que no meio do caminho esbarrei em outra mão que também se dirigia à revista.

                - Me desculpe.

                - Não é na... Ah!

                Virei-me para ver quem era. Levei um tempo para reconhecê-la. Certamente era a Miku Tokumori, mas não aquela de antigamente. Roupas mais sóbrias e cabelo curto. Perguntei-me o que teria acontecido com ela. 

                - Boa noite, Syaoran-kun – disse calmamente, voltando a pegar a revista.

                - Oi, Miku – realmente não esperava vê-la naquelas circunstâncias. Ela me olhou de soslaio.

                - Nossa, então me reconheceu? – havia um leve sorriso no canto de sua boca.

                - Por que não a reconheceria? – respondi franzindo a testa.

                - Nada... Então, o que faz o jovem herdeiro voltar a essa cidadezinha tão pacata? – mais que diferente fisicamente, ela soava como uma pessoa diferente.

                - Sinceramente, não sei – me sentia completamente derrotado. Tinha sido realmente uma idéia horrível. Mas ela riu da resposta que eu dei – Não me diga que você faz essas dietas malucas – disse para mudar o rumo da conversa.

                - Ah, não! Na verdade, é pra fazer uma pesquisa sobre a veracidade da dieta, se realmente funciona e quais são os riscos... – ao ver a minha cara de paisagem, continuou – Eu sou nutricionista.

                - Sério? Legal. Mas nunca imaginei que você fosse se interessar por isso...

                - É... Nunca se sabe o que pode acontecer – respondeu baixinho. De alguma forma, acho que ela não estava exatamente se referindo ao seu campo de trabalho – Bem, tenho que ir agora. Foi bom ter te encontrado, Syaoran-kun.

                - Certo. Foi bom te ver também.

                Ela me lançou um leve sorriso e foi em direção ao caixa sem dizer mais nada. Realmente tinha mudado, não lembrava nem um pouco aquela garota mimada que andava agarrada no meu braço. Bom para o namorado dela, se é que ela tinha um.

                Mas a verdade é que eu estava um pouco decepcionado. Não era ela quem eu queria ver. Mas era melhor dessa forma. Assim seria mais fácil esquecer essa fase estranha de nostalgia e seguir adiante. Eu iria embora no dia seguinte e tudo voltaria à normalidade, sem nada para me aborrecer a não ser a contabilidade.

                Eu já deveria saber que todos os meus planos são um completo fracasso. Claro que as coisas nunca são simples do jeito que a gente quer. Não. O destino é realmente algo poderoso. Se eu pudesse, daria uns bons chutes na bunda dele.

                Isso porque de novo eu tive uma péssima idéia. Ao invés de voltar calmamente para casa, decidi passar no parque antes, “pra sentir a aura do lugar de novo”. Muito bem, cabeção. Pois a única aura que eu senti foi de um lugar lotado, com cheiro de comida vindo de todos os lugares e aquele barulho insuportável de mil pessoas falando ao mesmo tempo. O que eu poderia querer? Era um feriado no meio da primavera, dã.

                Acho que todas as pessoas da cidade foram pra lá. Não sei de onde poderia ter brotado tanta gente. Como punição, me obriguei a andar no meio da multidão, quem sabe assim eu aprenderia a parar de ter idéias estúpidas?

                Mas aos poucos fui me acostumando com o lugar, e ele não parecia mais uma reprodução das portas do inferno. Conseguia diferenciar o cheiro da comida e ouvir alguns risos mais animados. Aquela sensação era reconfortante, algo bem próximo do que posso chamar de lar.

                Estava quase feliz com o rumo que eu tinha tomado quando esbarrei em alguém. Não bastando, esse alguém estava com um copo de café bem cheio e quente, que foi parar direto na minha jaqueta.

                - Ah, mer...

                - Ai, não! Me desculpe! Espera que eu já vou dar um jeito nisso! – respondeu aflitamente a voz feminina.

                - Não, não. Não tem problema – e ergui o meu olhar da jaqueta para ver quem era. Com certeza era o dia do revival – Sakura?

                Ela também ergueu os olhos da jaqueta. Parecia até mais assustada do que eu. Acontece que quando ela fica nervosa, faz ainda mais besteira. No caso, o que sobrou dentro do copo foi parar direto no chão, respingando no meu sapato e na minha calça.

                Delícia.


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Notas finais do capítulo

Aiai, esse Syaoran é tão babaquinha... Fazer o que, a vida é assim mesmo :P
Um dia ele aprende.
Tá, acho que não. Assim perde a graça /risada maligna


Então, gente, to criando uma nova campanha, a MNRSL :D
Movimento Nacional Reviews São Legais (:
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