From Me To You escrita por Estel


Capítulo 3
Capítulo 3 – Encontros.


Notas iniciais do capítulo

Postando rapidinho o/
Espero que gostem (:



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A Golden Week é a alegria dos japoneses. Quase uma semana de folga. Bom, isso para os trabalhadores normais. Aqueles que mandam nos trabalhadores normais nunca têm uma folga real. Eles socializam com outros mandões, e entre uma fofoca e outra conversam sobre como ficar ainda mais ricos. E, segundo minha mãe, se eu quiser sonhar em herdar os negócios da família, eu vou ter que passar a freqüentar essas reuniõezinhas para ter contatos, já que os contatos já são meio caminho andado durante transações e outras negociações.

                Merda.

                Falar de reuniões de pessoas ricas é quase sinônimo de competição do tipo “meu cavalo é maior que o seu”. Principalmente quando suas filhinhas já estão na idade de casar. O problema nem são os pais, são as próprias filhinhas, que de “inhas” não têm nada. Quem diz que seres humanos não ficam no cio é porque nunca foi nessas reuniões. É amedrontador.

                A festa da vez era no salão de gala do Seven Stars, o Olimpo da riqueza de Tóquio. Todos que tinham alguma importância, principalmente muito dinheiro, estariam lá. Já estava tentando calcular quantos casamentos arranjados teriam arrumado até o final da festa. Dependia do número disponível de filhinhas e de panacas na pós-puberdade.

                Como se não bastasse ter que ir, o traje era smoking. Ou seja, tive que desenterrar um do fundo do armário e pedir para Wei se livrar do cheiro de mofo. Tanto trabalho para conseguir duas taças de champagne, que com certeza era a única coisa que eu conseguiria de bom até o final da noite. Paciência...

                A frente do hotel estava lotada, tanto de convidados quanto de paparazzis bajuladores, tentando conseguir a melhor foto para publicar nas colunas sociais. Pedi para o motorista me deixar um quarteirão antes, que eu seguiria sozinho entre a multidão. Me espremi entre fotógrafos e alpinistas sociais e sai pela lateral. Consegui entrar sem ser notado, graças à minha grande habilidade ninja. Brincadeira.

                Segui pela escada monumental que havia na entrada no hotel, algumas pessoas me cumprimentando com um meneio de cabeça. No segundo andar ficava o salão, e era de fazer o queixo de qualquer um cair. Mármore pra todo lado e um lustre de cristal do tamanho de um carro. Dá até pra entender porque todo mundo é tão afetado aqui. Simplesmente não dá para agir normalmente num lugar desses.

                Circulei um pouco, cumprimentei alguns grandes empresários e suas filhinhas, conversei sobre negócios... Ou seja, tudo o que é esperado de um jovem herdeiro promissor. Argh. Estava conversando com o presidente de uma rede de lojas de departamento quando ouvi alguém me chamar.

                - Li-san? É você?

                Virei-me para ver quem era. Quase me engasguei com a champagne quando vi quem era. O que era aquilo? Sessão “Relembrando os colegas de escola”? Pois quem estava bem à minha frente era Tomoyo Daidouji, a melhor amiga de Sakura, pelo menos era até a formatura de colegial.

                - Daidouji? O que você... – por um momento me esqueci que a mãe dela era a presidente de uma empresa do setor de brinquedos – Ah, é. Então, veio com a sua mãe?

                - Ah, não... Ela não pode vir, então vim no lugar dela – disse timidamente. Tinha me esquecido de como ela tinha esse jeito estranhamente refinado. Quase dava pra ver ela começar a rir daquele jeito século XVIII, meio “hohoho” – Então, está de passagem por Tóquio? Soube que estava em Londres trabalhando.

                Soube, é? As pessoas realmente não perdem tempo quando se trata da vida dos outros...

                - Na verdade, já faz dois meses que estou aqui trabalhando em uma das empresas da minha família.

                - Oh, mesmo? Que bom! – ela pareceu um pouco satisfeita com isso – Quer dizer, não que Londres não seja fantástico, mas deve ser muito ruim ficar longe da família e dos amigos por tanto tempo... – rá! Amigos? Aquilo era uma piada, certo? Eu não tinha um de verdade desde o primeiro ano colegial, e acho que ela sabia muito bem disso.

                - Bem, em partes – era hora de me utilizar um pouco da boa educação que me foi dada – Mesmo a distância dos parentes não me fez deixar de aproveitar ao máximo de minha estadia por lá.

                Foi muito estranho o que aconteceu depois daquilo, mas pude jurar ouvir a Daidouji resmungar bem baixinho um “é, eu ouvi falar...”. Quando perguntei o que ela tinha dito, ela simplesmente sorriu e fez uma cara de paisagem. Sempre me esqueço que ela é rainha em desconversar as coisas.

                - Fico feliz por sua viagem ter sido tão proveitosa – e tomou um gole de sua taça – Já se fixou aqui em Tóquio, Li-san? Ultimamente tem sido muito difícil achar bons apartamentos perto do centro administrativo.

                - Sim, minha família em um certo momento decidiu investir uma pequena parte dos lucros no mercado imobiliário, então não foi tão difícil encontrar um bom apartamento – estava imaginando porque uma moça tão refinada como a Daidouji ainda estava solteira. Quer dizer, mesmo que ela não fosse do meu tipo, era impossível não reconhecer a beleza dela. Aquele cabelo comprido e escuro e aqueles olhos de uma cor que parecia ser violeta contrastando com a pele puramente branca não eram fáceis de se encontrar por aí. Mas não ia perguntar isso abertamente, seria uma tremenda descortesia. Aliás, eu tinha uma pergunta mais importante para se fazer - Daidouji-san, tem mantido contato com alguém de nossa antiga turma?

                Claro que ela entendeu a minha pergunta. Aquele discreto aperto de olhos e o leve sorriso que surgiu nas laterais de sua boca já seriam suficientes para responder a minha pergunta. Mas ela era muito mais perspicaz para se ater apenas nisso. Ela sabia exatamente o que eu queria.

                 - Ah, claro! Muitos deles vivem em Tóquio, sabe... – e fez uma leve pausa, quase teatral – a Sakura, inclusive, está trabalhando por aqui, numa revista especializada em música. Tinha até a convidado para vir aqui hoje, mas infelizmente ela não pôde aceitar...  

                 Deve ser por isso que ainda estava encalhada. Esperta demais. Mas mesmo assim ela não facilitou para mim: sabendo que eu ia pesquisar sobre isso depois, deu a informação mais vaga o possível para eu “me divertir” com a busca. Afinal, quantas revistas especializadas em música havia em Tóquio? Cem? Claro que não era impossível de se descobrir, só daria trabalho.

                  Nem pude agradecê-la pela informação. Assim que terminou de falar seu celular tocou, e pareceu um pouco surpresa quando viu quem era do outro lado da linha. Se desculpou polidamente e foi atender a chamada.      

                  Voltei para a minha taça. Até que aquela festa teve o seu lado bom. Não que eu estivesse querendo ir atrás da Sakura ou algo do tipo, mas queria saber como ela estava. Não ia dar uma de stalker¹, quer dizer, eu nem tinha tempo pra isso. Era só uma curiosidade, nem ia me aproximar, afinal, ela que deixou de falar comigo sem nenhuma explicação.

 ¹Stalker = espreitador.


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Notas finais do capítulo

Não sei porque, mas o Syaoran acabou ficando com uma péssima personalidade >.>
Acho que tem alguma coisa a ver com a autora :x
Ah, eu sei que deve ter ficado meio estranho a parada da risada "hohoho", mas é que quando se estuda história não dá para evitar essas comparações esdrúxulas! x.x

Reviews são legais (: