From Me To You escrita por Estel


Capítulo 12
Capítulo 12 - Relações.




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- Ora, ora, ora. Então era sobre isso que você queria falar comigo, Hiiragizawa? – falei, pra quebrar o gelo. Não preciso dizer que os dois ficaram vermelhos dos pés à cabeça com o meu flagra. Mas ao passe que Hiiragizawa parecia totalmente desconcertado, a Daidouji estava completamente em pânico. Ela não deveria imaginar nem em seu pior pesadelo uma situação dessas.

                - Syaoran! O que você faz aqui? – Hiiragizawa perguntou, recolocando os óculos na cara apressadamente.

                - Te procurando, claro, já que você queria falar comigo. Você sumiu. Quer dizer, vocês sumiram. Mas você deveria tê-la levado para um lugar menos óbvio, é claro que eu te acharia aqui.

                - Ai, que vergonha! – a Daidouji finalmente falou, escondendo o rosto nas mãos. Ela parecia querer morrer, e eu estou falando sério.

                - Daidouji, relaxa! Eu não vou falar nada!

                - É, o Li não faria isso. Ele é tapado, mas não é fofoqueiro – ei! – Não se preocupe querida, não é como se estivéssemos fazendo algo errado – “querida”? Então eles têm esse tipo de relacionamento?

                - De qualquer forma, vamos conversar fora daqui – falei, começando a andar em direção ao salão, sendo seguido pelos dois. Percebi que enquanto andavam estavam de mãos dadas, mas logo as soltaram quando entramos no salão. Cruzamos toda a sua extensão e seguimos para uma mesa afastada, onde ninguém nos importunaria.

                Sentamos numa mesa redonda, eu de um lado e os dois de frente para mim, do outro. Pude perceber que deram as mãos de novo embaixo da mesa, bem longe das vistas de outras pessoas. Ficamos assim um bom tempo, eles olhando para a minha cara e eu os encarando, sem saber o que falar. Até que eu pigarreei para quebrar o silêncio desagradável, começando a conversa pelo óbvio.

                - Então, parece que vocês já estão há algum tempo nesse, er, relacionamento... – puxei o assunto, mas como os dois continuaram a apenas me encarar, continuei, sendo mais direto – Há quanto tempo vocês dois estão nessa?

                Eles se entreolharam, como se conversassem em silêncio, até que Daidouji simplesmente deu de ombros, concordando em esclarecer logo as coisas. De qualquer forma, não havia nenhum motivo para me esconder a situação toda, e eles sabiam que eu não comentaria nada com ninguém. Eu podia ser chamado de muitas coisas, menos de fofoqueiro.

                - Bem, - começou Hiiragizawa, parecendo meio sem graça – desde o último ano do ensino médio.

                Cacete. C-A-C-E-T-E. Isso basicamente significa que o filho da mãe deixou a coitada da Daidouji em banho-maria por uns seis anos. Depois o cafajeste sou eu. Fiquei imaginando se ela sabia dos casinhos que o Hiiragizawa já teve, e pode acreditar, não eram poucos, já que eu mesmo fui responsável por alguns, digamos, encontros às escuras dele com certas modelos famosas que eu prefiro não citar. Isso sem contar os que ele arranjou lá em Londres, já que estava longe das vistas da tradicional família Hiiragizawa.

                Será que Sakura já sabia desse romancezinho acobertado dos dois? Pois se sabia, devo dizer, ela é uma péssima amiga, por deixar a Daidouji entrar numa fria dessas. Quer dizer, eu não falei nada porque o meu negócio era com o Hiiragizawa, a Sakura que era amiga da Daidouji.

                Mas mesmo não falando nada, não pude evitar de ficar encarando aquela cobra humana. E ele com certeza entendeu que teria que me esclarecer certas coisinhas nessa história toda.

                Sério, a Daidouji é uma boa garota, não merece um cara desses. Mas eu meio que me dei conta de que o Hiiragizawa é mesmo o tipo de cara que cairia nas graças dela. O cara é tão refinado, agrada tanto as pessoas, que mesmo sendo um cafajeste, consegue sair por cima em qualquer situação, mesmo quando terminava com algum casinho. Eu sei porque já vi uma modelo soluçar chorando por ele, enquanto concordava com a cabeça quando ele dizia que era o melhor para os dois a distância.

                Puta que pariu, e eu só me fodo nessa vida.

                - Bem – continuei, tentando manter a conversa após o choque inicial – é bastante tempo. Nesse caso, não seria simplesmente mais fácil vocês assumirem logo a coisa toda?

                Dessa vez foi a Daidouji que respondeu, soltando um risinho nervoso.

                - Seria perfeito, mas não dá – e olhou rapidamente para o Hiiragizawa, que sorriu suavemente para ela – Eu já estou prometida para alguém.

                Fala sério. Tá certo, as pessoas se casam mesmo por interesse nesse meio, mas isso já é um pouco demais. Alianças são feitas e desfeitas num piscar de olhos nesse mundo, e aliança por matrimônio é uma das formas mais obsoletas e ineficazes. O divórcio tá aí pra isso, gente!

                - Tá brincando, né? – perguntei incrédulo. Acabei arrancando um olhar ameaçador do Hiiragizawa, mas nem liguei, já sou imune ao veneno dele há muito tempo.

                - Também queria que fosse brincadeira, mas a minha mãe já arranjou tudo com os pais dele. Parece que é muito importante para a empresa da minha família – respondeu resignada. Lembro que a Daidouji tinha adoração pela mãe, e duvido que faria alguma coisa que pudesse desapontá-la.

                - E quem é o sujeito? – tinha que ser alguém realmente importante para a mãe da Daidouji sacrificá-la assim. Mas o que eu consegui em resposta dela foi o rosto de alguém que se esforça para não chorar. Ao invés disso, foi o Hiiragizawa que me respondeu.

                - Shun Katsumoto – falou com uma expressão de nojo que eu tive que compartilhar. Porque apesar de o Hiiragizawa ter lá seus defeitos, ainda era perfeitamente decente perto desse cara. A podridão de Shun Katsumoto era diretamente proporcional à sua riqueza, e a partir daí já dá para se tirar umas boas conclusões. A primeira é que o cara é um almofadinha profundamente arrogante. A segunda é que tem um péssimo jeito com as mulheres, e estou falando do tipo que bate nelas.

                Fiquei com tanta pena da Daidouji que até tive vontade de abraçá-la.

                - Mas não tem como anular o acordo? – perguntei, ainda horrorizado.

                - Não dá, a Piffle Princess* tem tido uma queda de vendas, e só o caixa dos Katsumoto pode salvá-la – a Daidouji respondeu segurando o choro – e eles fizeram a oferta de manter o nome da empresa, mesmo depois de englobá-la à Katsumoto Co., e minha mãe vai continuar sendo a CEO da Piffle Princess. É uma oferta irrecusável, e se eu me casar com aquele cara, os meus filhos ainda serão os herdeiros da Piffle Princess. É o único jeito - e começou a chorar de verdade. E eu pude perceber que esse papo de “é o único jeito” é mais uma forma de ela se conformar com a situação, mesmo estando completamente infeliz. E vi que o Hiiragizawa também estava sofrendo com a situação, enquanto olhava para ela de mãos atadas. Então eu entendi o quanto ele gostava da Daidouji.

                Eu deveria agradecer por estar numa situação tão infinitamente melhor que a deles. Mesmo tendo perdido para sempre a mulher que eu amo, ter que aturar a posição de melhor amigo dela e saber que a perdi para um rockstar de cabelo comprido que, aliás, é um cara realmente bacana.

                - A Sakura sabe de tudo isso? – indaguei baixinho, constrangido.

                - Não, eu não falei nada pra ela, nem sobre o Eriol, então, por favor, Li-san, não fale nada para ela! – ela pediu, enquanto lançava um olhar suplicante para mim em meio às lágrimas.

                - T-tudo bem, eu não falo. Mas, Daidouji, ela é a sua melhor amiga, deveria confiar nela – arrisquei, mas ela só balançou negativamente a cabeça.

                - Não é uma questão de confiar, mas a Sakura é muito emotiva, ia se preocupar demais e fazer alguma besteira. E não é justo acabar com toda a felicidade dela com um problema meu.

                Não disse nada, apesar de não concordar com o que ela disse. Mas a vida é dela e ela sabe o que faz, eu não tinha o direito de me intrometer.

                Estava claro que a festa tinha acabado para a Daidouji, então lhe chamamos um táxi para levá-la pra casa. Desviei discretamente o olhar enquanto o Hiiragizawa a abraçava antes de deixá-la ir embora, já que era um momento íntimo deles.

                Mesmo assim, não deixei barato enquanto víamos o táxi se distanciar. Apesar de me solidarizar com a situação da Daidouji, o Hiiragizawa ainda tinha que me esclarecer umas coisinhas.

                - A Daidouji sabe de todos os casinhos que você teve durante todo esse tempo? – perguntei, ainda observando o táxi à distância. Ouvi um suspiro ao meu lado.

                - Sabia que você ia acabar me perguntando isso – olhei para o Hiiragizawa, erguendo uma sobrancelha – sim, ela sabe – ergui as duas sobrancelhas – nós preferimos não esconder nada um do outro.

                - Entendo. Mas, mesmo assim, é estranho ela aceitar isso.

                - Eu não a traí, se é isso que está pensando – respondeu rindo – todos os meus, como você disse, casinhos, foram durante as nossas tentativas fracassadas de terminar. Eu sei o que está pensando, e não me julgue por isso, já que é exatamente o mesmo que você tem feito todos esses anos em relação a Sakura, mesmo que inconscientemente.

                - Feito o quê? - como eu odeio essa postura de sabichão dele.

                - Tentado esquecê-la, claro – e virou as costas e foi embora, sem nem me dar uma chance de lhe dar uma boa resposta.


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Notas finais do capítulo

Início de mês e a vida mais louca do que nunca. Mas, como prometido, aqui está o capítulo (:
Como escrevi faz tempo, não lembro direito o que acontece nele, então não dá pra comentar, RS.
Deve estar cheio de erros de português. Minha irmã meio que betava pra mim, quando eu a obrigava a ler pra ver se tava decente, mas como eu moro fora e ela sempre enrola pra ler, esse tá só com a minha revisão. Peço desculpas por qualquer coisa ):
Falando de betas, preciso de um. Alguém QUE SAIBA PORTUGUÊS se habilita?

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