From Me To You escrita por Estel


Capítulo 11
Capítulo 11 - Romance.


Notas iniciais do capítulo

Êêêê! Não morri!!!
Capítulo novo saindo DJÁ!
Também vou dar satisfações sobre o meu sumiço u.u



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Só tive que esperar meia hora até ele chegar. Enquanto isso, fiquei sentado na beirada da cama, observando Sakura dormir profundamente. Ela parecia estar totalmente à vontade, tinha até feito um casulo com a minha coberta, só a cabeça pra fora. Quando está realmente cansada ela dorme assim. Os dias mais difíceis de acordá-la eram os que eu a encontrava assim na cama. Me permiti um afago em sua cabeça.

                Não demorou muito e recebi um toque através do celular dela, era assim que nós combinamos que ele avisaria quando chegasse.  Fui até a porta da sala e abri. Lá estava ele, com o seu cabelo castanho claro e comprido e óculos escuros na cara. Não sei por que, já que era plena madrugada. Não escondia porra nenhuma, só chamava mais atenção.

                - Ela está bem? – perguntou, mas não parecia muito preocupado. Na verdade, eu diria que ele estava achando a situação bem engraçada.

                - Tá sim. Só caiu no sono - respondi no mesmo tom - Mesmo assim, preferi ligar para não criar problemas. Desculpe se interrompi alguma coisa.

                - Sem problemas – respondeu realmente rindo desta vez – Na verdade, eu não acharia ruim se ela dormisse aqui. Ela fala muito de você, sabe – e tirou aqueles óculos chamativos – Mas é bom saber que você realmente é esse tipo de pessoa.

                - Esse tipo de pessoa? – franzi a testa enquanto chegávamos ao meu quarto.

                - É, sabe. Que realmente se preocupa com as coisas.

                Preferi não responder, até porque lá estava a causa da situação: Sakura embrulhada feito presente na coberta e babando na minha fronha. Sério, não sei o que o astro do rock viu numa pessoa assim. Provavelmente, o mesmo que eu.

                - Eh, Nikaidou-san...

                - Pode me chamar de Rei – ele me cortou.

                - Ah, certo. Rei-san, pode levá-la assim mesmo. Ela só vai largar a coberta quando acordar, se tentar tirar agora vai ser uma batalha perdida.

                Ele ria enquanto tentava puxá-la para perto de si. Quando finalmente conseguiu segurá-la em seus braços, ele se dirigiu a mim.

                - Você realmente é entendido do assunto, Li-san. Sakura disse que você era o despertador não-oficial dela nos tempos de escola.

                - Não-oficial, é? Mas que ingrata... – fiquei imaginando o quanto ela não teria dito sobre mim a ele. Fiquei um pouco desconfortável com esse pensamento.

                - Mesmo assim, muito obrigado por ter cuidado dela até agora. Pode deixar que agora eu cuido do resto.

                - Obrigado, Rei-san.

                Levei-o até a porta em silêncio. Quando eles finalmente foram embora, voltei para a minha cama e desabei. Foi a situação mais surreal dos últimos tempos, e olha que eu já tinha passado por um bocado delas. Eu estava exausto, e agora tinha que lidar com mais um fato: Nikaidou Rei era realmente um cara legal. Merda.

                No domingo seguinte Sakura me ligou para pedir desculpas pelo trabalho todo que ela tinha causado. Respondi para ela parar de ser boba, que não tinha problema nenhum. E não tinha mesmo. Depois que passa a gente vê que as coisas não são tão grandes quanto a gente imaginava.

                Passei o domingo inteiro pensando nisso. E cheguei à conclusão de que eu deveria estar feliz por Sakura. Ela arranjou um cara legal como o Cabeludo, e estava feliz. Se eles iam dar certo ou não era outro problema, e ficar tentando adivinhar o futuro não leva a nada, só a uma enxaqueca. Como amigo dela, só competia a mim desejar a felicidade dela e ajudá-la quando preciso, ficar do lado dela e ver no que dava, essas coisas. Aliás, ela já estava bem grandinha pra aprender a se virar sozinha.

                Segunda seguinte e o trabalho estava à minha espera. Sério, essa vida de treinamento até a sucessão era de enlouquecer qualquer um. Eventualmente tudo dava errado, desde a produção dos malditos celulares (o ramo que eu cuidava era o de telecomunicações) até os negócios com os sócios frescos e egocêntricos, e quem é que tinha que cuidar de tudo? É, eu. E não tinha nem como recorrer ao calor materno, na última e única vez que eu liguei para ela no desespero ela me despachou em menos de dez segundos e me mandou crescer, que ela não tinha mais tempo pra ficar amamentando os filhos.

                O problema é que o sócio fresco da vez eu já conhecia de longa data. Mal pus os pés na minha sala e a Yamamoto-san me ligou, falando que tinha alguém em frente a ela querendo falar comigo urgentemente. Droga, eu nem ao menos tive tempo de tomar o meu sagrado café. Quer dizer, eu não existo antes do meu café, então dá pra imaginar o mau humor com que eu recebi o desgraçado da vez.

                Mal coloquei o telefone no gancho e o ser praticamente arrombou a minha porta, no que ele chamaria de “entrada triunfal”. Argh, típico do Eriol Hiiragizawa.

                - Syaoran, meu amigo, há quanto tempo! – amigo? Desde quando eu era amigo dele? Eu diria que nós somos conhecidos que têm que se aturar, e por motivo de força maior (negócios).

                - Não me pareceu tanto tempo assim – resmunguei – Yamamoto-san, pode me trazer um café, por favor? – percebi que ela estava atrás do Hiiragizawa, e parecia bem atordoada, coitada. Com o tempo a gente se acostuma com o jeito afetado dele. Quer dizer, com muuuuito tempo. Mas o quê são catorze anos, né?

                - Dois cafés, um pra mim também – maldito espaçoso – Syaoran, fiquei extremamente desapontado com você, já faz quase um ano desde que nos vimos em Londres e desde então você nem sequer entrou em contato! Parece que está fugindo de mim...

                - É mesmo? – nesse momento eu quis ter outra profissão. Mágico. É isso aí. Aí eu poderia, PUF!, fazer ele sumir num instante. Infelizmente eu nasci herdeiro, não tive muito opção nessa vida.

                Yamamoto-san entrou com o café e os biscoitos – oh, os biscoitos! -, o que me deu uma boa desculpa para não responder os comentários idiotas dele. Mas tem um segredinho sobre o Hiiragizawa: esse cara é maligno, sempre foi, mas os óculos de nerd escondem essa característica dele. Mal ouviu a porta fechar atrás de si e despejou todo o seu veneno de serpente faminta.

                - Né, Syaoran... – e se assegurou que eu estava ouvindo. Na verdade, ele sabe muito bem que geralmente eu não ouço nem metade do que ele diz, os sentidos de cobra dele são poderosos – Um passarinho me contou que uma certa flor finalmente resolveu desabrochar para que o lobo pudesse sentir o seu cheiro novamente.

                Já não tem mais graça. Por que as pessoas esperam eu beber alguma coisa para falar coisas comprometedoras? Eu tive que me engasgar. E que raio de comparação foi essa? Coisa mais cafona.

                - O que quer dizer com isso, Hiiragizawa? – usei o meu tom mais ameaçador para intimidá-lo. Geralmente funciona, mas ele é cobra velha, apenas deu uma risadinha desdenhosa.

                - Que estou feliz por Sakura-chan finalmente ter te perdoado – deu os ombros, pagando de inocente. Haha, quem não te conhece que te compre.

                - Me perdoado? Sem essa, vai.

                - Tanto faz. Mas você deveria me pedir desculpas.

                - E por que eu faria uma idiotice dessas? – e ainda querem que eu leve esse cara a sério...

                -Porque, meu amigo, se tivesse me ouvido, ao invés de ter tirado conclusões precipitadas, você é que estaria com a Sakura-chan, e não o Cabeludo – droga, pensei que “Cabeludo” era um codinome só meu. Aparentemente, não é tão original assim.

                Mesmo assim, não ia dar o braço a torcer. Não pra ele. Se ele fosse uma loura de vestido curto eu pensaria no caso, mas como era somente o insuportável do Hiiragizawa eu nem ia perder o meu tempo considerando a (im)provável razão dele na história toda. Logo, a saída mais segura era mudar bruscamente de assunto.

                - Tanto faz. Mas você não veio aqui só pra me provocar, certo? – respondi desinteressadamente.

                Adoro ver a cara de contrariado do Hiiragizawa. Ele odeia quando eu não pego a pilha dele. Mané.

                - É, de fato, não vim aqui para lhe trazer algumas verdades – filho da puta – Vim mais como garoto de recados – ele certamente não estava feliz com a nova ocupação. Ele simplesmente detesta estar numa posição em que não possa jogar com um considerável número de pessoas.

                - Te pagam bem nesse novo trabalho? – brincar um pouquinho não faz mal. Mas ele, com sua postura de lorde inglês, simplesmente ignorou o que eu disse. Bem, nesse aspecto eu tenho que admitir: mesmo sendo um ser do lado negro da Força, o cara sabia se portar. Não que fizesse isso para diminuir os outros, ele simplesmente a personificação de todos aqueles valores corteses que eu supostamente deveria ter aprendido em algum momento da minha vida. Ele não agia como um nobre, ele era o próprio nobre. O pior de tudo é que ele conseguia arranjar umas garotas mesmo sendo desse jeito. Mas quem vai entender as mulheres, certo?

                - Eu vim aqui, Syaoran, porque tive o pressentimento de que você tinha se esquecido completamente do baile de caridade anual que o meu pai promove no Seven Stars.

                Fui pego desprevenido. Eu sempre faço questão de esquecer essas porcarias.

                - Merda.

                - Foi o que eu pensei. De qualquer forma, como sócio da família, você está intimado a comparecer, sob pena de perder o seu futuro reinado. Palavras da sua mãe – xinguei todos os nomes que eu lembrei baixinho – Vai ser na quinta, como sempre. Ah, e jogue fora aquele paletó embolorado e compre outro. Não é como se você não tivesse dinheiro.

                - Cale a boca.

                - Te vejo na quinta, então – e finalmente foi embora.

                Festas de ricaços em geral são um saco, mas a festa beneficente da família Hiiragizawa era especial. De alguma forma, o verão afetava de uma maneira anormal a cabeça dos membros da high society. Eles ficam mais excêntricos. Como da vez em que a esposa do dono da metade de Ikebukuro apareceu com um visual daquela atriz portuguesa que fez sucesso em Hollywood há muitas décadas atrás, a Carmem Miranda. É, com frutas, milhares de frutas, na cabeça. As bananas eram particularmente espetaculares.

                Pelo menos eu tive tempo de me preparar para aquele que era o maior evento da temporada. Resolvi seguir o conselho do Hiiragizawa e joguei o meu antigo paletó fora. Pude ouvir um suspiro de satisfação vindo de Wei quando finalmente me livrei dele, mas eu realmente não acho que ele estava tão ruim assim. Tive que comprar outro para ir, e dessa vez eu comprei aquele terno branco que parece roupa de garçom, mas é o que se usa em festas de verão.

                Tentei não ficar pensando nos aspectos ruins de ir numa festa assim. O que só me deixou duas coisas para pensar: bebida de graça e situações engraçadas. E foi mentalizando essas duas coisas que eu subi de novo as escadas do Seven Stars na quinta à noite.

                O ritual era o mesmo de sempre: pegar uma taça de champagne, circular pelo salão (evitando o centro dele, sempre acho que aquele lustre enorme vai cair quando eu passo), cumprimentar os chefões do país, dizer como as filhinhas deles estão bonitas e elogiar os vestidos estranhos de suas mulheres, e falar de alto sobre negócios, fazendo alguma piada sobre a situação econômica do Japão. Essas coisas.

                Enquanto eu exercia a minha função de herdeiro eu conseguia encontrar várias faces conhecidas, algumas agradáveis, outras nem tanto. A mais conhecida de todas foi, obviamente, a minha própria mãe.

                - Xiao Lang, que bom que você não se esqueceu de vir! – minha mãe é mesmo um doce. Ignorei a alfinetada e dei um beijo em seu rosto, fazia eras que eu não a via.

                - Oi, mãe. Só assim mesmo para nós nos encontrarmos – respondi com um sorriso. Logo recebi um olhar de “conversamos mais tarde”, mas eu não tinha com o que me preocupar. Apesar de ela ser bem, digamos, seca, eu conseguia manter um bom relacionamento com a minha mãe. Ela implicava bastante, mas não era por maldade. Era a forma dela de mostrar que estava prestando atenção em mim.

                Mas quando ela falou sobre eu não me esquecer da festa, lembrei que até o momento eu não tinha visto o anfitrião dela. O que era muito estranho, aliás, porque eu entendi muito bem que o Hiiragizawa queria falar alguma coisa importante comigo, ou ele não teria se dado o luxo de ir até a minha empresa para me lembrar da festa. Saí, então, para procurá-lo, mas ninguém parecia tê-lo visto por um bom tempo.

                Foi então que me lembrei que um antigo esconderijo nós descobrimos nos tempos de escola, quando situações como esta eram infinitamente mais insuportáveis e deprimentes (afinal, nem direito a beber nós tínhamos). Era um almoxarifado do terceiro andar, meio apertado e escondido, mas era o suficiente para dois adolescentes viciados em Game Boy entediados. Não pensei duas vezes e fui até lá. A porta estava fechada, mas a luz estava acesa, dava pra ver pela fresta de baixo dela. Abri a porta.

                E o encontrei aos amassos com uma garota. O que já era de se esperar, o Hiiragizawa já estava velho demais para Game Boy. Mas o que me deixou chocado de verdade foi ver que a garota não era ninguém mais, ninguém menos que Tomoyo Daidouji.

                Isso mesmo. A encalhada.

                Bem, ela não me parecia mais tão encalhada assim.


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Notas finais do capítulo

Bem, devo antes de tudo um pedido de desculpas a vocês. De fato, eu demorei MUITO a postar, mas a rotina é louca e o tempo é curto. E, de todas as minhas prioridades agora, esta fanfic não está no meu Top 10, mesmo que me doa dizer isso.

Acontece que dessa vez o Destino resolveu me pregar uma peça, e não no Syaoran. A Lei de Murphy da vez? Meu computador deu pau. E com todos os capítulos que eu tinha escrito até então nele. Ou seja, até o capítulo 14. Eu não postava, mas não deixei de escrever.

Pirei o cabeção. Sério mesmo. Porque se não tivesse como recuperar os arquivos, eu teria que deixar essa fanfic, que tanto amo, em hiato (coisa que odeio com todas as minhas forças), porque eu não teria tempo para reescrever todos os capítulos, e muito menos lembraria do que tinha escrito. Isso mesmo, memória de marmota.

Foi irresponsabilidade minha não fazer back-up de tudo, eu sei. Mas eu fazia, sério mesmo, mas eu, com toda a minha preguiça, achava um saco e acabei parando.De qualquer forma, a novela acabou, estou com meu netbook e, obviamente, os arquivos foram salvos, YEY!!!! From Me To You está salva!!!! VIVAS!!!!!
A vida é boa (:


Sooooo, reviews?