From Me To You escrita por Estel


Capítulo 13
Capítulo 13 - Aliança.


Notas iniciais do capítulo

Pois é, voltei à ativa. Não vou dar desculpinhas para o delay de dois anos. Enfim, muita coisa aconteceu, mas gosto muito desta história e achei que ela merecia ser finalizada. Não sei se alguém vai ler, mas, se surgir um perdido, espero que goste (:

Bem, vamos à fanfic, que é o que importa.



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- Bom dia, Syaoran!! Como você está?

            Assim eu comecei meu dia na quarta-feira da semana seguinte à festa dos Hiiragizawa. Mal sentei na minha cadeira do escritório e recebi essa animada ligação da Sakura.

            - Bom dia, Sakura. Estou bem, e você?

            - Trabalhando feito uma condenada, só tem louco nessa redação!!! – olhei por cima dos papéis que estava analisando e vi a Yamamoto-san soltar um sorrisinho de cumplicidade enquanto fechava a porta. Era óbvio que ela tinha percebido quem era do outro lado da linha, alguma coisa no meu rosto deve ter denunciado.

            - Bem, não posso falar que seja muito diferente aqui.  Tirando os roqueiros de cabelo azul – Sakura soltou uma risada gostosa do outro lado – Então, a que se deve esta ilustre chamada? – perguntei, olhando para um gráfico de produtividade razoavelmente animador.

            - Haha, nada te escapa, Syaoran Holmes. Na verdade, eu queria saber se está livre durante o sábado de manhã. Sabe, sem aqueles compromissos estranhos que você costuma ter com a high society - ergui uma sobrancelha.

            - Por acaso você está me chamando para sair? – respondi incrédulo – Seu namorado sabe disso?

            Sakura riu de novo. Ela já estava se acostumando às piadinhas que eu faço em relação ao confuso relacionamento dela com o Cabeludo.

            - Você sabe que não dá pra ter encontros normais com ele. E o Rei parece gostar muito de você – bem, se eu fosse ele, não confiaria tanto assim em mim – Mas esse encontro é mais um favor. Não consigo pensar em nenhuma outra pessoa além de você, Syaoran!

            - Que bom que você se lembra de mim para as furadas – respondi, implicando mais um pouquinho.

            - Bem, não tenho nem como negar. Tenho que entrevistar e cobrir um ensaio fotográfico de uma dessas novas bandas pré-aborrecentes no sábado e é num parque de diversões. Por favorzinho, faz isso por mim, vai comigo!!!

            - Sakura, acho que já estou um pouco velho para parques de diversões. E você não vai sozinha, provavelmente vai ter alguém da sua equipe lá também – de todos os lugares, por que um parque de diversões? Por quê?

            - É, o Sasaki vai também, mas ele é um chato e também não suporta a banda, então vai tirar as malditas fotos e se mandar, me deixando sozinha lá. E como é num parque de diversões, eu pensei que poderia me divertir um pouquinho também, né? – ela começou a usar o tom pidão, sinal de que não ia desistir tão cedo.

            - Certo, mas há outros lugares em que nós, adultos, podemos nos divertir. Lugares sem crianças chatas e gente esbarrando nos outros.

            - Por favor, Syaoran! Programas de índio também são legais de vez em quando. E eu já vou estar lá, de qualquer forma.

            - Argh. Você me liga quando acabar, então – Sakura é bem insistente quando quer, mas eu não ia ceder totalmente tão fácil assim.

            - Se você aturar comigo desde o começo eu te pago aquele sorvete de chocolate de dois andares que você sempre quis.

            - Haha, isso não funciona mais comigo – falei, me sentindo um completo adulto bem resolvido.

            - Ouvi dizer que eles têm um boneco do Chewbacca em tamanho real. Mas já que você não quer ir...

            - Que horas no sábado?

            Ridículo. Ridículo. É essa a palavra exata para me descrever. Não acredito que fui vencido pelo Chewie. Isso é traição. Mas como promessa é promessa, lá fui eu pro bendito parque de diversões, às benditas nove horas da manhã, hora em que eu normalmente estaria babando no travesseiro.

            O parque era enorme, então demorou um pouco para achar a entrada da montanha-russa principal, que era o lugar de encontro. Mas assim que encontrei pude ver a pequena multidão que se formava em frente a ela, com direito até a gritinhos animados de menina. Ia ser um longo dia.

            - Syaoran, aqui!! – Sakura agitou os braços quando me viu – Nossa, que pontualidade inglesa – ela observou quando deu uma olhada no relógio. Nove horas em ponto, nem um minuto a mais, nem a menos.

            - Oi, Sakura. Bem, eu sempre chego na hora, você é que está surpreendendo pela pontualidade – eu estava realmente surpreso, achei que teria que esperar pelo menos dez minutos.

            - Na verdade, não – comentou um rapaz às nossas costas – Era pra ela ter chegado às oito, mas apareceu vinte minutos atrasada.

            - Hahahaha, olha só quem está aí – Sakura estava meio sem graça, até um pouco vermelha de vergonha – Syaoran, este é o Sasaki, o fotógrafo. Sasaki, este é o Syaoran, um amigo que veio me acompanhar.

            - Aham. Amigo. Sei – comentou Sasaki com um ar cético, e foi embora ajeitar algumas lentes, ou sei lá o que.

            - Eeerr, não liga pra ele, não. Está sempre mal-humorado. Mas ele sabe ser legal, quando quer – Sakura me puxou pelo braço, me afastando do lugar.

            - Então, como está indo o trabalho? – comecei, tentando puxar a conversa.

            - Relativamente bem. Tá vendo aquelas pessoas lá daquele lado? – e apontou para um grupo de pessoas rodeando outras quatro, que estavam sentadas e usavam óculos escuros gigantescos – São as estrelas da vez que eu vou entrevistar. Chegaram ainda mais atrasados que eu, mas como nós já esperávamos por isso, deixamos tudo preparado antes e de fato só falta tirar umas fotos e entrevistar.

            - Que ótimo. E quando vão tirar as fotos? – perguntei tentando imaginar quanto tempo eu iria ficar parado lá.

            - Quando a maquiagem terminar, oras – Sakura respondeu num tom de que estava tudo bem óbvio.

            - Ah, sim, claro. E quando a maquiagem vai terminar? – afinal, Sakura não tinha respondido absolutamente nada com aquilo.

            - Quando eles estiverem mais femininos do que eu – ela riu. Olhei de novo pros caras e para a barba mal feita de um deles.  Soltei um suspiro – Mas relaxa, Syaoran. Estamos num parque de diversões. Eu te compro aquele sorvete de dois andares até lá!

            - Já que você insiste... – respondi com um falso ar resignado. Sakura riu e fomos arranjar o tal sorvete.

            Achamos. E vou te contar, o troço não tinha fim. Se eu tivesse 15 anos de novo, devorava em cinco minutos e ainda encarava outro, mas a minha versão 2.4 não deu conta do recado. Cheguei na metade já passando mal, e Sakura mal se aguentava de tanto rir da minha cara. Mas por questão de honra terminei o sorvete. Eu parecia até uma criança no final, com a cara toda suja de calda de chocolate, mas Sakura pegou um guardanapo e limpou meu rosto. Tive que rezar com todas as minhas forças para que Sakura pensasse que o vermelho do meu rosto fosse devido aos esfregões que ela dava, e não a um rubor juvenil idiota (que era a causa verdadeira).

            Conseguimos voltar a tempo de pegar o início da sessão fotográfica, e, como pude constatar com assombrosa surpresa, os caras da banda estavam mesmo mais femininos que Sakura. Quem olhasse para eles naquele momento nunca poderia imaginar que um dia surgiria um fio de barba no rosto deles. E eu juro que eles usavam batom cor-de-rosa, ninguém vai tirar isso da minha cabeça.

            Enfim, Sakura se pôs a postos e fez várias anotações em seu caderno de bolso enquanto Sasaki tirava as fotos, e, como Sakura previu, assim que a sessão terminou o Sasaki se mandou do lugar, foi a vez dela de pegar no batente.

            Foi muito bacana vê-la trabalhando (desconsidero totalmente a vez em que ela cobriu o show do Midnight Sun, por motivos óbvios). Mesmo sem gostar da banda, ela foi extremamente educada com os caras, era bem articulada em suas perguntas e conseguiu criar uma atmosfera de conversa informal, gravando tudo num gravador desses de mão. Sakura era realmente uma jornalista profissional. Não pude deixar de sentir uma pontada de orgulho enquanto assistia tudo de camarote. Fiquei realmente feliz por ela ter me chamado, dentre tantas outras pessoas que ela conhecia.

            Assim que terminou a entrevista, Sakura se despediu polidamente da banda e agradeceu pelo tempo cedido à revista. Depois de terminar alguns detalhes com o resto da equipe, ela veio de encontro a mim.

            - Desculpe pela demora – ela me disse meio arfante, meio contente.

            - Tudo bem, foi até meio divertido te ver trabalhar – respondi enquanto me virava para acompanhá-la.

            - Por quê? Eu disse alguma coisa errada? Eu sabia que tinha falado alguma besteira! – era engraçado vê-la se desesperar tão facilmente.

            - Não, você não falou besteira nenhuma – ri um pouco da cara amuada que ela fez – É só que eu nunca imaginei que você realmente fosse profissional, essas coisas – impliquei só de leve.

            - Syaoran, seu malvado! – e me bateu enquanto ria junto comigo.

            Como estávamos num parque de diversões, fomos nos divertir. As montanhas-russas foram nossos primeiros alvos, parecíamos dois loucos viciados em adrenalina e ansiosos para extravasá-la em berros. Mas berros de verdade foram os que Sakura soltou quando fomos à casa fantasma. Ela simplesmente não sabia se berrava e saia correndo, se agarrava no meu braço ou se desmaiava ali mesmo no meio daquelas imitações capengas de assombrações. Devo admitir que só fiquei um pouquinho assustado quando uma coisa meio gelatinosa encostou na minha nuca, mas quando me virei vi que era só uma daquelas gelatinas de alga pendurada no teto. Coisa boba, aff.

            Passamos o resto da manhã e a tarde assim, de brinquedo em brinquedo, como dois adolescentes irresponsáveis que só querem se divertir. A última coisa que vimos foi o boneco do Chewie (tinha mesmo um!!!), enquanto comíamos um biscoito de caixinha que estava vendendo numa dessas barraquinhas de comida. Mas para a minha surpresa, tinha mais que biscoitos dentro da caixa.

            - Olha só – falei enquanto puxava um pequeno embrulho lá de dentro – Parece que ainda colocam brindes dentro dos biscoitos.

            - Sério? – Sakura se curvou para ver melhor o pacote na minha mão – Que legal, também tinha pensado que não faziam mais isso! O que é?

            Quando abri, não pude deixar de sentir um pouco de raiva. Um anel. Ironia do Destino. Ele gosta desse tipo de brincadeira sem graça.

            - Nossa, que gracinha! – Sakura disse enquanto eu olhava incrédulo para o pequeno objeto na minha mão. Respirei fundo. Resolvi que o melhor troco que eu poderia dar era brincar com a desgraça. Olhei de novo pro anel. Tinha um aro fino e dourado, com uma pequena pedra de plástico presa. Se parecia bastante com uma aliança, aliás. Mais e mais ironias. Coloquei um sorriso no rosto, peguei a mão direita de Sakura e me ajoelhei à sua frente. Se era pra fazer troça da minha situação, pode deixar que isso é o que eu sei fazer de melhor, e sem nenhum empurrãozinho do Destino.

            - Milady – comecei, tentando imitar o tom cortês de um lorde inglês (basicamente imitei o Hiiragizawa) – Accept this ring as a gift from me to you¹ – e coloquei o anel em seu dedo.

            - Thank you, sir – Sakura respondeu, entrando na brincadeira. Afastou delicadamente sua mão da minha e contemplou admirada a falsa jóia em seu anelar – You surely are a gentleman².

            Ri junto com ela. Aquele era certamente o único anel que eu iria colocar em seu dedo na minha vida.

¹ Minha dama, aceite este anel como um presente meu para você.

² Obrigada, senhor. Você certamente é um cavalheiro.


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Notas finais do capítulo

E, com esse capítulo, eu dou um sentido a essa porra de título que inventei pra fanfic, hahahahahahah

Inté.