Meu Vampiro Desencantado. escrita por Arizinha


Capítulo 5
Capítulo 4 - 15 páginas de drama.


Notas iniciais do capítulo

Ameeeeei os comentários *---*



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Eu estava muito carrancuda, sentada em uma maca no hospital mixuruca de Forks. Esperando. Eu havia quebrado o meu pulso. Aliás, Edward havia quebrado meu pulso. Violentamente.

Eu choraminguei outra vez olhando o inchaço horroroso que se formava ali. Estava roxo e feio. E gordo. Absurdamente inchado.

Chateada, esperei o médico chegar. Ele era loiro e deslumbrante... Pêra aí. Horrorizada, encarei ele mais uma vez. Olhos âmbar, caminhar elegante e pele pálida. Terrivelmente pálida.

Ele veio até mim com um sorriso simpático. “Isabella Swan, certo?” Eu não falei nada, ainda retraída. Ele prosseguiu: “Hm... Vejamos o que aconteceu com você?”

Eu não falei nada outra vez. Ele riu. “Não fique com vergonha, pode falar.”

“Eu quebrei meu pulso na cara de seu filho.” Ele arregalou os olhos, quase pasmo. “Depois de ele me beijar a força.” Acrescentei, e mais maldosa ainda prossegui: “Isso, é claro, antes dele me ofender inquestionavelmente me chamando de vendida interesseira.”

Eu quase sorri depois disso. Edward estava ferrado – eu espero.

“Que filho? O Edward?” ele quase gritou.

“Esse mesmo.” Disse ressentida. “Vai ter que engessar?”

“Han... Claro!” ele disse perdido. “Só um instante.” Ele saiu. Cinco minutos depois, uma enfermeira veio me atender em seu lugar.

Ela me disse que seu nome era Jack, mas não prestei atenção em nada.

Meus pensamentos estavam distantes. Eu estava confusa e quando a enfermeira disse que eu deveria tomar cuidado e voltar em um mês pra ver se a beleza daquela droga de pulso havia voltado pro lugar, eu saí dali, meio chocada.

Eu não havia dirigido até o hospital, é claro. Minha avó havia me trazido e me esperava na recepção do hospital.  Ela havia tido um piti quando soube da história, é claro que eu jamais diria que a pele daquele idiota era quase pedra e nem que eu quebrei por causa dele.

Eu disse que caí de minha caminhonete. Ela disse que eu não ia dirigi-la nunca mais.

Eu odeio Edward como nunca odiei ninguém na minha vida! Nem James, aquele corno bandido, foi tão ruim pra mim, mesmo tendo me seqüestrado! Edward Cullen era um imbecil!

Minha raiva atingia níveis descomunais agora, como se nada no mundo pudesse me acalmar e minha avó não ajudava. Ela não calava a boca, dizendo que era absurdo eu me quebrar num carro! Então, ela disse que amanhã alguém me levaria pra aula. E eu disse que não ia à aula amanhã. E ela disse que tudo bem, que eu poderia descansar.

Eu não estava cansada. Eu estava irada!

Eu entrei no meu quarto e observei o fim-de-tarde sombrio e frio de Forks. Estava frio, mas não estava chovendo. Menos mal.

Eu sentia falta da Califórnia, eu pensava enquanto colocava um moletom grosso e uma legging, mas o que mais fazia falta era correr. Eu sempre corria todas as manhãs antes das aulas. Eu amava correr, amava a sensação do vento em meu rosto e do cansaço extremo nos meus membros.

Eu peguei meu MP3 e saí do quarto, colocando ele com a mão boa. Eu nem disse aonde ia pra minha avó, só saí pela rua. Caminhando uma quadra e correndo em seguida.

Era maravilhoso. Eu suspirei sentindo o vento contra minha pele e me concentrei na música de fossa que tocava em minha cabeça. Eu estava irritada com Edward, ele não tinha o direito de me beijar! Não tinha!

E essa confusão e massa de raiva me deixavam realmente puta! Porque de um jeito estranho, bem, bem estranho... Talvez eu tivesse gostado do gosto dos seus lábios nos meus e da sensação estranha da sua pele fria na minha.

Só que isso era não-permitido. Proibido. Ele era um... Vampiro. 

Esses pensamentos rodaram minha cabeça por dias. Semanas. Eu acabei esquecendo isso, quando minha avó me proibiu de andar na minha caminhonete e nem ligar pro Charlie a convenceu.

Aysla passou a me levar pro colégio todos os dias, sua pele já não estava mais laranja. Eu acabei acrescentando tantos minutos de corrida quanto era preciso em meus dias e eu passei a evitar o máximo possível Edward e todos os Cullen’s.

Quer dizer, até hoje... Depois de quinze dias de exílio.

Caminhei tranqüilamente até a sala da detestável sala do senhor Banner. O cara era um palhaço e aquela aula parecia o mais lindo picadeiro... E eu via Edward.

Eu não havia mexido no diário ainda, e, depois do beijo, a única coisa que eu queria era que ele ficasse com ele. Estava pensando em entregar o livro pra ele, de mão beijada.

Nunca abri mão de nada tão facilmente, mas eu cheguei à conclusão de que era perigoso. De que ele era perigoso.

Perigosamente imortal, perigosamente sanguinário, perigosamente assassino, perigosamente insensível, perigosamente... Apaixonante.

Edward e  eu sentávamos juntos, mas eu havia mudado de lugar e me sentado na outra ponta da sala. Evitando qualquer contato possível. O Sr. Banner não insistiu pra ficarmos juntos, parece que algum aluno lhe contou que estávamos com o “Relacionamento em Crise”.

Quer dizer... Não insistiu... Até hoje.

“Sr. Cullen, poderia fazer o favor de sentar com a Srt. Swan? Preciso do trabalho em duplas e os únicos sozinhos são vocês.” Explicou.

“Eu acredito ser perfeitamente capaz de fazer sozinha.” Imediatamente interferi.

“Srt. Swan, por favor, não há possibilidade de você espetar o próprio dedo.” Eu arregalei meus olhos.

“Me desculpe... O que? Ele vai espetar meu dedo?” eu quase berrei.

Olhei pro fundo da sala e Edward estava quase mais pálido que o costume. Oh, claro, o Msr. Perfeição não sabia disso, né?

“Sim, pra saber seu grupo sanguíneo.” Disse ele.

“Eu já sei meu grupo sanguíneo. Sou O negativo, posso sair?” pedi.

Ele me olhou, enfezado. “Qualquer um que mentir seu grupo poderá sair também. Isso não é uma aula vaga. Sente-se aí. Não vai doer.”

Eu rosnei e me obedeci. Eu andava calma demais pra sair por aí batendo boca. Edward sentou do meu lado.

“Qualquer gracinha e eu furo seu olho.” Ameacei, apontando a agulha pra ele.

“Estou tão feliz quanto você em estar aqui.” Ele respondeu. “Me dê sua mão.” Ordenou.

“Me dê você a sua, deixe que eu furo o seu dedo primeiro.”

Ele me examinou um instante e então estendeu sua palma pra mim. Eu demorei pra mover minha mão boa até a dele, eu segurei ele um instante a mais do que era preciso, sentindo a maciez rígida de sua pele. Eu passei meus dedos pela superfície lisa e me dei conta que estava acariciando inconscientemente sua mão.

Eu encarei os olhos de Edward, eles me estudavam com curiosidade.

“Cansou de me sentir?” perguntou, rindo um pouco.

Eu corei com seu comentário. “Não torra, Cullen, me passa a agulha.” Desconversei.

Ele não esboçou nenhuma reação quando eu peguei a agulha, coloquei sua mão sobre a mesa e delicadamente espetei a ponta de seu dedo.  Eu quase arfei quando a agulha quebrou em minhas mãos e seu dedo nem vermelho ou marcado pela pressão ficou.

Eu procurei seus olhos outra vez. “Tem coisas, Bella, que você jamais vai entender.” Ele disse apenas. “Imagine como deve ser o resto do meu corpo, se só a minha pele de meu dedo é imune aos seus instrumentos.” Ele não estava sendo exibido ou esnobe como eu pensei em chamá-lo. Só... Sincero. “Eu sou a criatura mais perigosa do mundo, Bella, você não deveria encrencar tanto comigo.”

Eu não havia percebido que minha respiração estava cortada, até ele levantar com o sinal. “Você tem até o fim do dia pra me entregar o diário. Depois disso, eu mesmo virei buscá-lo.” E saiu.

Eu enruguei o cenho e levantei também, disposta a entregar o diário e o fazer sair da minha vida. Eu estava na fossa e nem sabia por que, minha mente rodava e eu estava puta!

Edward Cullen está me matando! – Sem nem ao menos tentar.

(...)

“Daí ele disse que eu era linda!” sorriu Ays emocionada. “Acho que estou apaixonada.”

Eu sorri e mordi o lábio inferior. Aysla era minha melhor amiga inquestionavelmente. Ela não era doida feito a Zafrina também, o que era ainda mais legal.

Eu queria distancia de loucuras.

“Tanya vai ficar louca quando souber que Seth está a fim de você.”

“É!” disse, animada. “Isso não é demais?”

“Hm. Sim, com certeza é.” Eu acabei sorrindo.

Continuamos andando pelo corredor, com ela tagarelando coisas sobre como o Seth era lindo e maravilhoso até eu quase congelar no lugar. Edward estava quase comendo Tânya no meio do corredor!

“Ays, o que é aquilo ali?” eu perguntei, em choque.

“Ah, eles estão saindo.”

“O que?” eu quase berrei. “Ele tá saindo com aquele saco de carne?”

“É...” ela me olhou, meio desconfiada. “Achei que você não gosta dele.”

Eu semicerrei os olhos

“Eu não gosto. Só acho que Tanya merecia algo menos... Asqueroso.” falei.

“Ah, Edward não é tão ruim assim...” ela defendeu. “Ele foi bem gentil comigo esses dias.”

“Quando?” perguntei.

“Hm. Sexta, na Educação física. Ele ficou comigo.”

“Ficou?” eu estava mesmo confusa.

“Sim! Todo tempo, conversamos muitas coisas.” Respondeu, enquanto caminhávamos.

“Tipo o que, Ays?” rosnei, praticamente. Estávamos quase passando pelos dois idiotas grudados.

Eu sabia que ele me escutava, eu sentia sua atenção em mim... Por mais ridículo que isso pareça!  Puta que pariu, até onde a língua dela pode entra na boca dele?

“Ah, nada de mais... Meus amigos, meus interesses... Você.” Ela riu de canto.

”Eu?” eu estava em alerta agora.

“É... engraçado isso, ele perguntou se você costumava escrever em algum diário ou coisa assim.” Respondeu.

“Ele perguntou isso?” eu estava pasma. Onde mora a discrição?

“Sim,” ela revirou os olhos. “Mas não se sinta especial, ok? É que ele achou um e pensou que fosse seu.”

Eu ri um pouco. “Que babaca.” E não pude deixar de sussurrar. “Aposto que ele nunca vai achar diário algum.”

Eu estava decidida agora. O diário era de Débora e ele ficaria comigo ou eu não me chamava Isabella Swan.

(...)

Eu ajeitei minha colinha no topo de minha cabeça e me olhei no espelho. Eu detestava vorazmente a roupa de educação física do FHS. Era feia e... Feia. O short azul era curto e folgado e fazia par com uma baby look ligeiramente cinza.

Eu estava muito irritada hoje. Agora, exatamente. Essa aula eu tinha com a Cullen anã e com Edward. E Edward queria o diário e provavelmente viria pegar. E pra isso ele teria que falar comigo.

Eu revirei os olhos, saindo do vestuário.

Ele beijou mesmo a Tânya Denali? Isso era tão... Insuportável! Ele me beijou há uma semana também, com que direito ele beija outra na minha frente? Quer dizer, não que eu ligue pra isso... Mas o colégio achava que tínhamos um caso!

E agora eu era a corna do FHS!

Eu estava inconformada! Irritada! Chateada e muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito a fim de uma vingança! Eu sinceramente queria saber onde a Bella Vadia Destruidora de lares estava! Eu sempre, em toda minha vida escolar, fui um demônio vestido de gente.

Mentia, fingia, fugia. Batia, devolvia e nunca aprendia!

Eu já havia explodido uma bomba fedorenta na sala dos professores, colado chiclete – o meu tão inseparável chiclete – nos cabelos de uma garota, deixado um menino pelado no meio do corredor, expulsado três professores e batido em três veteranas de médio – quando eu estava na oitava.

Eu nunca fui de arregar, eu nunca fui de sair fora de porra nenhuma! Eu nunca respeitei ninguém, por mais perigoso que fosse. James nunca me assustou e ele queria muito mais minha cabeça do que Edward Cullen.

O diário era meu. Ponto.

Ninguém o tiraria de mim, eu o achei primeiro e eu estava pouco me fodendo pra o risco de Edward e todos os seus irmãos sanguinários serem expostos. Problema deles! Que se ferrem! Eu não ligo!

Eu mesma poderia colocar a foto dos cinco idiotas em um mural na escola, eu gostaria de ver como aqueles sanguessugas reagiriam e explicariam a foto de 100 anos atrás com sua aparência intacta. Eu aposto que ninguém acreditaria em antepassados.

Eu já estava quase no meio da quadra quando senti os pelos do meu corpo eriçarem. Aquela sensação de formigamento em minhas costas. O pressentimento de um predador. Eu não pude deixar de sorrir debochada e me virar pra encarar seus olhinhos castanhos. Hipócrita, nojento... Assassino!

“Bella.” Cumprimentou.

“Edward Cullen.” Eu sorri.

Ele me examinou pela segunda vez no dia.  Demorou bem mais que o necessário pra responder.

“Perdeu a língua?” provoquei.

Ele sorriu. “Hm, não. Mas você pode perder a sua se continuar com joguinhos.”

Eu quase gargalhei irônica. “Não tenho medo.” Disse o mais firme que pude minha respiração não estava irregular e meu coração calmo.

“Deveria.” Ameaçou.

“Pra que?” ri amarga. “Estamos cercados de gente, vocês é vegetariano, não gosta do meu sangue, e eu sou uma pessoa muito querida.”

“Quem disse que eu não gosto do seu sangue?” ele se aproximou. Meu coração deu um pulo. “E melhor: Onde está escrito que pra morrer você precisa sangrar?”

“No mesmo lugar onde diz que o diário da Debby no fim do dia será seu.” Devolvi.

Eu havia percebido que estávamos inclinados, um pro outro. Ele bufou baixo.

“Você não quer brincar comigo, Isabell... E quem brinca, não brinca com mais ninguém. Nunca mais.” Era uma ameaça.

Eu rosnei, irritada. “Cara, meu nome é ISABELLA!” soletrei. “Porra, ninguém acerta.”

Ele arregalou os olhos com meu palavreado. Despreocupado, largado... Nada incomodado.

“Desculpe?”

“Não.” E girei meus calcanhares, sorrindo pra ir embora. Ele me deixou ir, mas algo em sua expressão perplexa me disse que o fim do dia ia até a meia noite e que ele estava disposto a ir me catar no inferno por aquele diário.

(...)

Paf, paf, paf, paf.

Era só o que eu ouvia. Eu nunca fui boa em onomatopéias, mas daquela eu sabia bem. Eu estava correndo, ainda com meu braço quebrado, mas correndo.

Era errado e o médico iria querer me estrangular por eu sacudi-lo tão loucamente como eu estava fazendo, mas eu não ligava.  

Correr me deixava tão mais calma...

Eu já estava correndo de volta pra casa, quase chegando. Minha cabeça latejava e eu olhei pra noite. Nove horas, eu sabia. Havia visto no relógio, eu havia me passado.

Vovó já deveria ter jantado e devia estar irritada comigo.

Eu não ligava. Entrei despreocupadamente em minha nova casa. Diana estava na sala, conversando com alguém no telefone e me mandou um olhar irritado. Eu acenei suavemente e subi.

Fui direto pro banho, ligando uma música alta. Barulhenta. Rock.

Meus músculos estavam tensos, algo em meu cérebro me avisava constantemente de perigo e eu nem ligava. Estava muito irritada pra notar. Eu não acreditava que Edward havia beijado Tânya!

Era tão surreal, até agora!

E depois, ele veio todo cheio de marra pra cima de mim! Vou comer seu cérebro... Mimimi! Grande coisa! Quem precisa de cérebro? Eu conheço uma galinha que viveu anos só com a metade do dela – e bem, o dela é bem menor que o meu!

Eu saí despreocupada do meu banheiro, levando um susto enorme ao ver meu quarto completamente bagunçado. Meu colchão fora do lugar, minhas roupas jogadas, minhas escrivaninha fora do lugar, minha mochila desbuchada. Um sentimento gelado e um arrepio percorreram meu corpo.

O quarto estava quase em cacos. A minha janela havia sido quebrada.

Edward Cullen.

Só que não era nada parecido com o que Alice havia feito aquele dia. Minha respiração foi um resfolego quando eu corri pra fora do quarto, em pânico.  A minha avó! Não era Edward, era... Outra pessoa. Coisa. Não sei!

O corredor estava com os quadros caídos e eu me perguntava o porquê de não ter ouvido nada, lágrimas de medo percorriam minha face de cima abaixo. E se tivessem feito alguma coisa com a minha avó? E se eu não tivesse ouvido porque estava no banho com música alta?

Eu tremia tanto quando cheguei ao andar inferior, que eu mal conseguia segurar minha toalha contra meu corpo.

A sala estava vazia e eu ouvia gritos da sala de visitas. Oh, Deus! Por que eu tenho que ser tão impulsiva?

Eu sempre aprendi que eu nunca deveria reagir que eu deveria ligar para a policia antes de qualquer coisa. Sempre. Charlie jamais me deixou agir inconseqüentemente, m mandou sempre ser racional, só que puta merda! Imagina a sua avó trancada com um bando de marginais?

Eu entrei na sala pronta pra me jogar em alguém e levei um choque tremendo ao enxergar a minha avó presa em uma cadeira e Garret, inclinado sobre ela. Garret, só pra constar, é o cara denunciado por pedofilia e estupro e ele deveria estar preso.

“O que...” eu comecei. Mas ele sorriu. Os olhos da minha avó era uma mistura de horror e pânico.

“Isabella!” ele sorriu. “James pediu pra eu te fazer uma visita.”

“Você deveria estar preso, não deveria?” fui irônica. O medo em minhas veias era mais do que eu poderia suportar.

“Ah, sim. Mas o delegado da costa-oeste é um bundão.” Eu rosnei. Nunca. Xingue.Charlie.Swan. Na.Minha. Frente!

“É!” eu concordei, cuspindo as palavras. “É um bundão que enfiou em uma jaula, cheio de homens que odeiam pedofilia. E seu eu sei bem – e eu sei – o que eles fazem com os pedófilos, eu sei por que você não está sentado.”

Ok, eu irritei o homem. Ele veio até mim furioso e me deu um tapa tão forte no rosto que eu acabei rolando e caindo no chão.

“Isso!” eu continuei provocando, o sadismo dentro de mim era maior sempre. Mas ele não estava mais perto de minha avó agora, ele me dava atenção total.  “Bata-me com mais força! Faça o que você sabe fazer, seu psicótico! Doente! Monstro!”

Ele me levantou só pra seu soco pegar melhor meu maxilar. Minha avó soltava gemidos e chorava presa na cadeira, tentando se soltar.

“Cala a boca, cadela! Cala a porra da boca!” ele estava muito bravo. Eu ouvi barulho na sala. “Eu vou te ensinar a nunca mais me provocar-“ ele iria falar mais alguma coisa e eu estava em pânico real agora.

Que ele pretendia fazer comigo? Eu estava quase nua aqui.

Eu vi um sorrisinho se formar no rosto dele. “Bella, você tem um namorado.” E acenou pra Edward parado a porta. “Aposto que ele vai adorar ver o que eu vou fazer com você.” Seu sorriso cresceu malvado. “Ele vai aprender umas coisinhas novas, se tiver sorte.”

Eu rugido alto surgiu do peito de Edward e o estupor onde ele parecia ter estado preso o fez soltar um rugido. Era baixo e terrivelmente perigoso.

Edward saltou no cara com graça – acreditem em mim, não posso descrever diferente – e o agarrou pelo colarinho, o tirando de cima de mim e o levantando como se não pesasse nada. O cara estava se debatendo, mas ele deu um soco forte no rosto do homem. E outro, e mais outro e outros.

Eles estavam quase como um borrão no meio da sala e eu corri pra minha avó, ainda presa. Eu soltei as amarras de suas mãos e tornozelos e tirei-lhe a mordaça. Ela caiu soluçando contra mim. “Bella...”

“Vamos, vovó, vamos tirar você daqui.”

Então eu deixei Edward para trás e a levei pra porta. Ela estava em estado de choque e mal notou que o garoto havia ficado lá sozinho. Eu mordi o lábio inferior, preocupada, então eu vi Alice, Jasper, Rose, Emmett, Carliesle e mais uma que eu não conhecia virem da casa, apressados.

Carlisle parou em minha avó e em mim, os outros, com exceção da mulher seguiram pra casa. Eu fui atrás.

Um grandão me parou. “Não vai ser bonito, Bella, vá embora.” Ele aconselhou, eu nunca havia falado com ele.

“Não!” eu forcei, tentando passar por ele. Ele me impediu como se eu fosse um palito de dentes.

“Não.” Ele foi firme.

“Não façam nada... Hm... Nada além de bater muito na cara dele. Por favor, ele tem que ir de volta pra Califórnia.”

“Seu ex-namorado?” brincou.

Eu cai chorando sobre ele. O meu estado controlada morreu. Cara, ele podia – e ele iria – me estuprar. Emmett se assustou e me carregou pro sofá.

“Eu achei que fosse brincadeira e-.”

“Não. Ele não é meu namorado.” Eu corrigi, rindo dele. O choro suavizando calmamente.

Alice e Rose vieram da sala... Elas correram pra perto de mim, Rose trancou a respiração e Allie arfou.

“Seu rosto...”

Eu toquei minha boca, preocupada com o resto. Eu não havia visto meus machucados. Minha boca estava inchada. Muito inchada, assim como eu tinha certeza que o local onde ele me bateu no rosto. Sangrava uma listinha fina.

Eu suspirei. “Não foi nada.” Notei que falar ela difícil e dolorido. “Incrível...” rosnei. Então eu me toquei. “Oh, droga! Sangue  saiam! Saiam!”

Eu ouvi-os rirem. “Calma, garota.” Sorriu Rose. “Nós somos vegetarianos.” E piscou.

Eu sorri e coloquei o rosto entre minhas mãos outra vez. Eu ainda estava de toalha, toda embrulhada de qualquer jeito. Minha avó veio até mim, seu rosto lívido, apavorado.

“Isabella.” Ela berrou, me abraçando. “Graças a Deus! Você - louca?” ela acabou comendo o é de tão rápido que falou.

Eu sorri. “Você acertou o meu nome.” Brinquei.

“E o cara acertou você.” Edward rosnou, vindo da sala. Esse sim, ele estava MUITO, mas MUITO bravo mesmo. “Por favor, chamem a policia.” Ele disse.

Ele parecia estar se controlando. Eu funguei, tocando meu nariz. Tudo doía. Tudo doía mesmo!

Minha avó me soltou e cada um foi pra um lado resolver alguma coisa. Eu continuei ali, sentada no sofá. Não havia notado que Edward havia ficado também. Ele se agachou em minha frente, segurando minhas mãos e as afastando de seu rosto.

“Eu sinto muito não ter chego antes.” Ele disse, e ele estava tão não idiota e tão não Edward que eu quase gritei de surpresa. Era quase como ter levado um susto enorme. “Eu sinto muito mesmo.” Confessou.

Ele estava sendo sincero.

“Obrigada.” Eu disse, depois de calada por um instante. Era muito difícil pra eu agradecer. Principalmente ele. “Por você ter chegado.” Eu falei, olhando em seus olhos.

“Eu podia ter evitado isso.” Ele suspirou, acariciando suavemente meu machucado.

“Poderia ter sido muito pior, Edward.” Eu ri um pouco. “Ele...” eu fechei meus olhos, com nojo da idéia.

“Eu sei.” Sua voz saiu resfolegada. Ele havia sentido raiva mesmo. “Eu sei.” Disse, firmemente.

“Obrigada.” Repeti. Foi mais fácil.

Ele me olhou por um instante, olhou pro meu machucado e pro meu rosto. Seus olhos sentidos. Então eu fiz o que eu sabia que tinha que fazer com o herói! Dei um tapão na cara dele!

MENTIRA! CALMA! MEEEENTIRA!

Eu impulsionei meu corpo pra frente, segurando os dois lados de seu rosto e o beijei. Não foi um beijo, foi um selinho. Exatamente a mesma coisa que ele havia feito comigo há um tempo. Ele estava tão rígido que eu não sabia se era ele – por ser um vampiro – ou por ele não querer aquilo.

Então ele me afastou, quase severamente.

“O que...” eu falei definitivamente envergonhada. “Desculpe.”

“Não se desculpe, Bella.” Ele disse ainda na minha frente. “Isso é minha culpa...” ele disse. Eu ia me desculpar outra vez por ter beijado ele e ser tão impulsiva, mas ele me cortou. “Não pense que eu não queria seu beijo... é só que-.” Ele pausou. “Um alcoólatra resiste entrar em uma adega.” Explicou. “Mas se colocam o melhor vinho do mundo em sua língua, bem, daí é outra história.”

Eu toquei distraidamente o meu sangue do rosto e ele sorriu. “Mi cantante.”

Eu sorri com suas palavras, apesar de eu ter certeza que deveria sentir medo. Mas elas me fizeram rir e eu beijei sua bochecha antes de levantar e ir por uma roupa.

Engraçado como depois de um quase-estupro conceitos mudam.

Capítulo 4

Eu estava muito carrancuda, sentada em uma maca no hospital mixuruca de Forks. Esperando. Eu havia quebrado o meu pulso. Aliás, Edward havia quebrado meu pulso. Violentamente.

Eu choraminguei outra vez olhando o inchaço horroroso que se formava ali. Estava roxo e feio. E gordo. Absurdamente inchado.

Chateada, esperei o médico chegar. Ele era loiro e deslumbrante... Pêra aí. Horrorizada, encarei ele mais uma vez. Olhos âmbar, caminhar elegante e pele pálida. Terrivelmente pálida.

Ele veio até mim com um sorriso simpático. “Isabella Swan, certo?” Eu não falei nada, ainda retraída. Ele prosseguiu: “Hm... Vejamos o que aconteceu com você?”

Eu não falei nada outra vez. Ele riu. “Não fique com vergonha, pode falar.”

“Eu quebrei meu pulso na cara de seu filho.” Ele arregalou os olhos, quase pasmo. “Depois de ele me beijar a força.” Acrescentei, e mais maldosa ainda prossegui: “Isso, é claro, antes dele me ofender inquestionavelmente me chamando de vendida interesseira.”

Eu quase sorri depois disso. Edward estava ferrado – eu espero.

“Que filho? O Edward?” ele quase gritou.

“Esse mesmo.” Disse ressentida. “Vai ter que engessar?”

“Han... Claro!” ele disse perdido. “Só um instante.” Ele saiu. Cinco minutos depois, uma enfermeira veio me atender em seu lugar.

Ela me disse que seu nome era Jack, mas não prestei atenção em nada.

Meus pensamentos estavam distantes. Eu estava confusa e quando a enfermeira disse que eu deveria tomar cuidado e voltar em um mês pra ver se a beleza daquela droga de pulso havia voltado pro lugar, eu saí dali, meio chocada.

Eu não havia dirigido até o hospital, é claro. Minha avó havia me trazido e me esperava na recepção do hospital.  Ela havia tido um piti quando soube da história, é claro que eu jamais diria que a pele daquele idiota era quase pedra e nem que eu quebrei por causa dele.

Eu disse que caí de minha caminhonete. Ela disse que eu não ia dirigi-la nunca mais.

Eu odeio Edward como nunca odiei ninguém na minha vida! Nem James, aquele corno bandido, foi tão ruim pra mim, mesmo tendo me seqüestrado! Edward Cullen era um imbecil!

Minha raiva atingia níveis descomunais agora, como se nada no mundo pudesse me acalmar e minha avó não ajudava. Ela não calava a boca, dizendo que era absurdo eu me quebrar num carro! Então, ela disse que amanhã alguém me levaria pra aula. E eu disse que não ia à aula amanhã. E ela disse que tudo bem, que eu poderia descansar.

Eu não estava cansada. Eu estava irada!

Eu entrei no meu quarto e observei o fim-de-tarde sombrio e frio de Forks. Estava frio, mas não estava chovendo. Menos mal.

Eu sentia falta da Califórnia, eu pensava enquanto colocava um moletom grosso e uma legging, mas o que mais fazia falta era correr. Eu sempre corria todas as manhãs antes das aulas. Eu amava correr, amava a sensação do vento em meu rosto e do cansaço extremo nos meus membros.

Eu peguei meu MP3 e saí do quarto, colocando ele com a mão boa. Eu nem disse aonde ia pra minha avó, só saí pela rua. Caminhando uma quadra e correndo em seguida.

Era maravilhoso. Eu suspirei sentindo o vento contra minha pele e me concentrei na música de fossa que tocava em minha cabeça. Eu estava irritada com Edward, ele não tinha o direito de me beijar! Não tinha!

E essa confusão e massa de raiva me deixavam realmente puta! Porque de um jeito estranho, bem, bem estranho... Talvez eu tivesse gostado do gosto dos seus lábios nos meus e da sensação estranha da sua pele fria na minha.

Só que isso era não-permitido. Proibido. Ele era um... Vampiro. 

Esses pensamentos rodaram minha cabeça por dias. Semanas. Eu acabei esquecendo isso, quando minha avó me proibiu de andar na minha caminhonete e nem ligar pro Charlie a convenceu.

Aysla passou a me levar pro colégio todos os dias, sua pele já não estava mais laranja. Eu acabei acrescentando tantos minutos de corrida quanto era preciso em meus dias e eu passei a evitar o máximo possível Edward e todos os Cullen’s.

Quer dizer, até hoje... Depois de quinze dias de exílio.

Caminhei tranqüilamente até a sala da detestável sala do senhor Banner. O cara era um palhaço e aquela aula parecia o mais lindo picadeiro... E eu via Edward.

Eu não havia mexido no diário ainda, e, depois do beijo, a única coisa que eu queria era que ele ficasse com ele. Estava pensando em entregar o livro pra ele, de mão beijada.

Nunca abri mão de nada tão facilmente, mas eu cheguei à conclusão de que era perigoso. De que ele era perigoso.

Perigosamente imortal, perigosamente sanguinário, perigosamente assassino, perigosamente insensível, perigosamente... Apaixonante.

Edward e  eu sentávamos juntos, mas eu havia mudado de lugar e me sentado na outra ponta da sala. Evitando qualquer contato possível. O Sr. Banner não insistiu pra ficarmos juntos, parece que algum aluno lhe contou que estávamos com o “Relacionamento em Crise”.

Quer dizer... Não insistiu... Até hoje.

“Sr. Cullen, poderia fazer o favor de sentar com a Srt. Swan? Preciso do trabalho em duplas e os únicos sozinhos são vocês.” Explicou.

“Eu acredito ser perfeitamente capaz de fazer sozinha.” Imediatamente interferi.

“Srt. Swan, por favor, não há possibilidade de você espetar o próprio dedo.” Eu arregalei meus olhos.

“Me desculpe... O que? Ele vai espetar meu dedo?” eu quase berrei.

Olhei pro fundo da sala e Edward estava quase mais pálido que o costume. Oh, claro, o Msr. Perfeição não sabia disso, né?

“Sim, pra saber seu grupo sanguíneo.” Disse ele.

“Eu já sei meu grupo sanguíneo. Sou O negativo, posso sair?” pedi.

Ele me olhou, enfezado. “Qualquer um que mentir seu grupo poderá sair também. Isso não é uma aula vaga. Sente-se aí. Não vai doer.”

Eu rosnei e me obedeci. Eu andava calma demais pra sair por aí batendo boca. Edward sentou do meu lado.

“Qualquer gracinha e eu furo seu olho.” Ameacei, apontando a agulha pra ele.

“Estou tão feliz quanto você em estar aqui.” Ele respondeu. “Me dê sua mão.” Ordenou.

“Me dê você a sua, deixe que eu furo o seu dedo primeiro.”

Ele me examinou um instante e então estendeu sua palma pra mim. Eu demorei pra mover minha mão boa até a dele, eu segurei ele um instante a mais do que era preciso, sentindo a maciez rígida de sua pele. Eu passei meus dedos pela superfície lisa e me dei conta que estava acariciando inconscientemente sua mão.

Eu encarei os olhos de Edward, eles me estudavam com curiosidade.

“Cansou de me sentir?” perguntou, rindo um pouco.

Eu corei com seu comentário. “Não torra, Cullen, me passa a agulha.” Desconversei.

Ele não esboçou nenhuma reação quando eu peguei a agulha, coloquei sua mão sobre a mesa e delicadamente espetei a ponta de seu dedo.  Eu quase arfei quando a agulha quebrou em minhas mãos e seu dedo nem vermelho ou marcado pela pressão ficou.

Eu procurei seus olhos outra vez. “Tem coisas, Bella, que você jamais vai entender.” Ele disse apenas. “Imagine como deve ser o resto do meu corpo, se só a minha pele de meu dedo é imune aos seus instrumentos.” Ele não estava sendo exibido ou esnobe como eu pensei em chamá-lo. Só... Sincero. “Eu sou a criatura mais perigosa do mundo, Bella, você não deveria encrencar tanto comigo.”

Eu não havia percebido que minha respiração estava cortada, até ele levantar com o sinal. “Você tem até o fim do dia pra me entregar o diário. Depois disso, eu mesmo virei buscá-lo.” E saiu.

Eu enruguei o cenho e levantei também, disposta a entregar o diário e o fazer sair da minha vida. Eu estava na fossa e nem sabia por que, minha mente rodava e eu estava puta!

Edward Cullen está me matando! – Sem nem ao menos tentar.

(...)

“Daí ele disse que eu era linda!” sorriu Ays emocionada. “Acho que estou apaixonada.”

Eu sorri e mordi o lábio inferior. Aysla era minha melhor amiga inquestionavelmente. Ela não era doida feito a Zafrina também, o que era ainda mais legal.

Eu queria distancia de loucuras.

“Tanya vai ficar louca quando souber que Seth está a fim de você.”

“É!” disse, animada. “Isso não é demais?”

“Hm. Sim, com certeza é.” Eu acabei sorrindo.

Continuamos andando pelo corredor, com ela tagarelando coisas sobre como o Seth era lindo e maravilhoso até eu quase congelar no lugar. Edward estava quase comendo Tânya no meio do corredor!

“Ays, o que é aquilo ali?” eu perguntei, em choque.

“Ah, eles estão saindo.”

“O que?” eu quase berrei. “Ele tá saindo com aquele saco de carne?”

“É...” ela me olhou, meio desconfiada. “Achei que você não gosta dele.”

Eu semicerrei os olhos

“Eu não gosto. Só acho que Tanya merecia algo menos... Asqueroso.” falei.

“Ah, Edward não é tão ruim assim...” ela defendeu. “Ele foi bem gentil comigo esses dias.”

“Quando?” perguntei.

“Hm. Sexta, na Educação física. Ele ficou comigo.”

“Ficou?” eu estava mesmo confusa.

“Sim! Todo tempo, conversamos muitas coisas.” Respondeu, enquanto caminhávamos.

“Tipo o que, Ays?” rosnei, praticamente. Estávamos quase passando pelos dois idiotas grudados.

Eu sabia que ele me escutava, eu sentia sua atenção em mim... Por mais ridículo que isso pareça!  Puta que pariu, até onde a língua dela pode entra na boca dele?

“Ah, nada de mais... Meus amigos, meus interesses... Você.” Ela riu de canto.

”Eu?” eu estava em alerta agora.

“É... engraçado isso, ele perguntou se você costumava escrever em algum diário ou coisa assim.” Respondeu.

“Ele perguntou isso?” eu estava pasma. Onde mora a discrição?

“Sim,” ela revirou os olhos. “Mas não se sinta especial, ok? É que ele achou um e pensou que fosse seu.”

Eu ri um pouco. “Que babaca.” E não pude deixar de sussurrar. “Aposto que ele nunca vai achar diário algum.”

Eu estava decidida agora. O diário era de Débora e ele ficaria comigo ou eu não me chamava Isabella Swan.

(...)

Eu ajeitei minha colinha no topo de minha cabeça e me olhei no espelho. Eu detestava vorazmente a roupa de educação física do FHS. Era feia e... Feia. O short azul era curto e folgado e fazia par com uma baby look ligeiramente cinza.

Eu estava muito irritada hoje. Agora, exatamente. Essa aula eu tinha com a Cullen anã e com Edward. E Edward queria o diário e provavelmente viria pegar. E pra isso ele teria que falar comigo.

Eu revirei os olhos, saindo do vestuário.

Ele beijou mesmo a Tânya Denali? Isso era tão... Insuportável! Ele me beijou há uma semana também, com que direito ele beija outra na minha frente? Quer dizer, não que eu ligue pra isso... Mas o colégio achava que tínhamos um caso!

E agora eu era a corna do FHS!

Eu estava inconformada! Irritada! Chateada e muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito a fim de uma vingança! Eu sinceramente queria saber onde a Bella Vadia Destruidora de lares estava! Eu sempre, em toda minha vida escolar, fui um demônio vestido de gente.

Mentia, fingia, fugia. Batia, devolvia e nunca aprendia!

Eu já havia explodido uma bomba fedorenta na sala dos professores, colado chiclete – o meu tão inseparável chiclete – nos cabelos de uma garota, deixado um menino pelado no meio do corredor, expulsado três professores e batido em três veteranas de médio – quando eu estava na oitava.

Eu nunca fui de arregar, eu nunca fui de sair fora de porra nenhuma! Eu nunca respeitei ninguém, por mais perigoso que fosse. James nunca me assustou e ele queria muito mais minha cabeça do que Edward Cullen.

O diário era meu. Ponto.

Ninguém o tiraria de mim, eu o achei primeiro e eu estava pouco me fodendo pra o risco de Edward e todos os seus irmãos sanguinários serem expostos. Problema deles! Que se ferrem! Eu não ligo!

Eu mesma poderia colocar a foto dos cinco idiotas em um mural na escola, eu gostaria de ver como aqueles sanguessugas reagiriam e explicariam a foto de 100 anos atrás com sua aparência intacta. Eu aposto que ninguém acreditaria em antepassados.

Eu já estava quase no meio da quadra quando senti os pelos do meu corpo eriçarem. Aquela sensação de formigamento em minhas costas. O pressentimento de um predador. Eu não pude deixar de sorrir debochada e me virar pra encarar seus olhinhos castanhos. Hipócrita, nojento... Assassino!

“Bella.” Cumprimentou.

“Edward Cullen.” Eu sorri.

Ele me examinou pela segunda vez no dia.  Demorou bem mais que o necessário pra responder.

“Perdeu a língua?” provoquei.

Ele sorriu. “Hm, não. Mas você pode perder a sua se continuar com joguinhos.”

Eu quase gargalhei irônica. “Não tenho medo.” Disse o mais firme que pude minha respiração não estava irregular e meu coração calmo.

“Deveria.” Ameaçou.

“Pra que?” ri amarga. “Estamos cercados de gente, vocês é vegetariano, não gosta do meu sangue, e eu sou uma pessoa muito querida.”

“Quem disse que eu não gosto do seu sangue?” ele se aproximou. Meu coração deu um pulo. “E melhor: Onde está escrito que pra morrer você precisa sangrar?”

“No mesmo lugar onde diz que o diário da Debby no fim do dia será seu.” Devolvi.

Eu havia percebido que estávamos inclinados, um pro outro. Ele bufou baixo.

“Você não quer brincar comigo, Isabell... E quem brinca, não brinca com mais ninguém. Nunca mais.” Era uma ameaça.

Eu rosnei, irritada. “Cara, meu nome é ISABELLA!” soletrei. “Porra, ninguém acerta.”

Ele arregalou os olhos com meu palavreado. Despreocupado, largado... Nada incomodado.

“Desculpe?”

“Não.” E girei meus calcanhares, sorrindo pra ir embora. Ele me deixou ir, mas algo em sua expressão perplexa me disse que o fim do dia ia até a meia noite e que ele estava disposto a ir me catar no inferno por aquele diário.

(...)

Paf, paf, paf, paf.

Era só o que eu ouvia. Eu nunca fui boa em onomatopéias, mas daquela eu sabia bem. Eu estava correndo, ainda com meu braço quebrado, mas correndo.

Era errado e o médico iria querer me estrangular por eu sacudi-lo tão loucamente como eu estava fazendo, mas eu não ligava.  

Correr me deixava tão mais calma...

Eu já estava correndo de volta pra casa, quase chegando. Minha cabeça latejava e eu olhei pra noite. Nove horas, eu sabia. Havia visto no relógio, eu havia me passado.

Vovó já deveria ter jantado e devia estar irritada comigo.

Eu não ligava. Entrei despreocupadamente em minha nova casa. Diana estava na sala, conversando com alguém no telefone e me mandou um olhar irritado. Eu acenei suavemente e subi.

Fui direto pro banho, ligando uma música alta. Barulhenta. Rock.

Meus músculos estavam tensos, algo em meu cérebro me avisava constantemente de perigo e eu nem ligava. Estava muito irritada pra notar. Eu não acreditava que Edward havia beijado Tânya!

Era tão surreal, até agora!

E depois, ele veio todo cheio de marra pra cima de mim! Vou comer seu cérebro... Mimimi! Grande coisa! Quem precisa de cérebro? Eu conheço uma galinha que viveu anos só com a metade do dela – e bem, o dela é bem menor que o meu!

Eu saí despreocupada do meu banheiro, levando um susto enorme ao ver meu quarto completamente bagunçado. Meu colchão fora do lugar, minhas roupas jogadas, minhas escrivaninha fora do lugar, minha mochila desbuchada. Um sentimento gelado e um arrepio percorreram meu corpo.

O quarto estava quase em cacos. A minha janela havia sido quebrada.

Edward Cullen.

Só que não era nada parecido com o que Alice havia feito aquele dia. Minha respiração foi um resfolego quando eu corri pra fora do quarto, em pânico.  A minha avó! Não era Edward, era... Outra pessoa. Coisa. Não sei!

O corredor estava com os quadros caídos e eu me perguntava o porquê de não ter ouvido nada, lágrimas de medo percorriam minha face de cima abaixo. E se tivessem feito alguma coisa com a minha avó? E se eu não tivesse ouvido porque estava no banho com música alta?

Eu tremia tanto quando cheguei ao andar inferior, que eu mal conseguia segurar minha toalha contra meu corpo.

A sala estava vazia e eu ouvia gritos da sala de visitas. Oh, Deus! Por que eu tenho que ser tão impulsiva?

Eu sempre aprendi que eu nunca deveria reagir que eu deveria ligar para a policia antes de qualquer coisa. Sempre. Charlie jamais me deixou agir inconseqüentemente, m mandou sempre ser racional, só que puta merda! Imagina a sua avó trancada com um bando de marginais?

Eu entrei na sala pronta pra me jogar em alguém e levei um choque tremendo ao enxergar a minha avó presa em uma cadeira e Garret, inclinado sobre ela. Garret, só pra constar, é o cara denunciado por pedofilia e estupro e ele deveria estar preso.

“O que...” eu comecei. Mas ele sorriu. Os olhos da minha avó era uma mistura de horror e pânico.

“Isabella!” ele sorriu. “James pediu pra eu te fazer uma visita.”

“Você deveria estar preso, não deveria?” fui irônica. O medo em minhas veias era mais do que eu poderia suportar.

“Ah, sim. Mas o delegado da costa-oeste é um bundão.” Eu rosnei. Nunca. Xingue.Charlie.Swan. Na.Minha. Frente!

“É!” eu concordei, cuspindo as palavras. “É um bundão que enfiou em uma jaula, cheio de homens que odeiam pedofilia. E seu eu sei bem – e eu sei – o que eles fazem com os pedófilos, eu sei por que você não está sentado.”

Ok, eu irritei o homem. Ele veio até mim furioso e me deu um tapa tão forte no rosto que eu acabei rolando e caindo no chão.

“Isso!” eu continuei provocando, o sadismo dentro de mim era maior sempre. Mas ele não estava mais perto de minha avó agora, ele me dava atenção total.  “Bata-me com mais força! Faça o que você sabe fazer, seu psicótico! Doente! Monstro!”

Ele me levantou só pra seu soco pegar melhor meu maxilar. Minha avó soltava gemidos e chorava presa na cadeira, tentando se soltar.

“Cala a boca, cadela! Cala a porra da boca!” ele estava muito bravo. Eu ouvi barulho na sala. “Eu vou te ensinar a nunca mais me provocar-“ ele iria falar mais alguma coisa e eu estava em pânico real agora.

Que ele pretendia fazer comigo? Eu estava quase nua aqui.

Eu vi um sorrisinho se formar no rosto dele. “Bella, você tem um namorado.” E acenou pra Edward parado a porta. “Aposto que ele vai adorar ver o que eu vou fazer com você.” Seu sorriso cresceu malvado. “Ele vai aprender umas coisinhas novas, se tiver sorte.”

Eu rugido alto surgiu do peito de Edward e o estupor onde ele parecia ter estado preso o fez soltar um rugido. Era baixo e terrivelmente perigoso.

Edward saltou no cara com graça – acreditem em mim, não posso descrever diferente – e o agarrou pelo colarinho, o tirando de cima de mim e o levantando como se não pesasse nada. O cara estava se debatendo, mas ele deu um soco forte no rosto do homem. E outro, e mais outro e outros.

Eles estavam quase como um borrão no meio da sala e eu corri pra minha avó, ainda presa. Eu soltei as amarras de suas mãos e tornozelos e tirei-lhe a mordaça. Ela caiu soluçando contra mim. “Bella...”

“Vamos, vovó, vamos tirar você daqui.”

Então eu deixei Edward para trás e a levei pra porta. Ela estava em estado de choque e mal notou que o garoto havia ficado lá sozinho. Eu mordi o lábio inferior, preocupada, então eu vi Alice, Jasper, Rose, Emmett, Carliesle e mais uma que eu não conhecia virem da casa, apressados.

Carlisle parou em minha avó e em mim, os outros, com exceção da mulher seguiram pra casa. Eu fui atrás.

Um grandão me parou. “Não vai ser bonito, Bella, vá embora.” Ele aconselhou, eu nunca havia falado com ele.

“Não!” eu forcei, tentando passar por ele. Ele me impediu como se eu fosse um palito de dentes.

“Não.” Ele foi firme.

“Não façam nada... Hm... Nada além de bater muito na cara dele. Por favor, ele tem que ir de volta pra Califórnia.”

“Seu ex-namorado?” brincou.

Eu cai chorando sobre ele. O meu estado controlada morreu. Cara, ele podia – e ele iria – me estuprar. Emmett se assustou e me carregou pro sofá.

“Eu achei que fosse brincadeira e-.”

“Não. Ele não é meu namorado.” Eu corrigi, rindo dele. O choro suavizando calmamente.

Alice e Rose vieram da sala... Elas correram pra perto de mim, Rose trancou a respiração e Allie arfou.

“Seu rosto...”

Eu toquei minha boca, preocupada com o resto. Eu não havia visto meus machucados. Minha boca estava inchada. Muito inchada, assim como eu tinha certeza que o local onde ele me bateu no rosto. Sangrava uma listinha fina.

Eu suspirei. “Não foi nada.” Notei que falar ela difícil e dolorido. “Incrível...” rosnei. Então eu me toquei. “Oh, droga! Sangue  saiam! Saiam!”

Eu ouvi-os rirem. “Calma, garota.” Sorriu Rose. “Nós somos vegetarianos.” E piscou.

Eu sorri e coloquei o rosto entre minhas mãos outra vez. Eu ainda estava de toalha, toda embrulhada de qualquer jeito. Minha avó veio até mim, seu rosto lívido, apavorado.

“Isabella.” Ela berrou, me abraçando. “Graças a Deus! Você - louca?” ela acabou comendo o é de tão rápido que falou.

Eu sorri. “Você acertou o meu nome.” Brinquei.

“E o cara acertou você.” Edward rosnou, vindo da sala. Esse sim, ele estava MUITO, mas MUITO bravo mesmo. “Por favor, chamem a policia.” Ele disse.

Ele parecia estar se controlando. Eu funguei, tocando meu nariz. Tudo doía. Tudo doía mesmo!

Minha avó me soltou e cada um foi pra um lado resolver alguma coisa. Eu continuei ali, sentada no sofá. Não havia notado que Edward havia ficado também. Ele se agachou em minha frente, segurando minhas mãos e as afastando de seu rosto.

“Eu sinto muito não ter chego antes.” Ele disse, e ele estava tão não idiota e tão não Edward que eu quase gritei de surpresa. Era quase como ter levado um susto enorme. “Eu sinto muito mesmo.” Confessou.

Ele estava sendo sincero.

“Obrigada.” Eu disse, depois de calada por um instante. Era muito difícil pra eu agradecer. Principalmente ele. “Por você ter chegado.” Eu falei, olhando em seus olhos.

“Eu podia ter evitado isso.” Ele suspirou, acariciando suavemente meu machucado.

“Poderia ter sido muito pior, Edward.” Eu ri um pouco. “Ele...” eu fechei meus olhos, com nojo da idéia.

“Eu sei.” Sua voz saiu resfolegada. Ele havia sentido raiva mesmo. “Eu sei.” Disse, firmemente.

“Obrigada.” Repeti. Foi mais fácil.

Ele me olhou por um instante, olhou pro meu machucado e pro meu rosto. Seus olhos sentidos. Então eu fiz o que eu sabia que tinha que fazer com o herói! Dei um tapão na cara dele!

MENTIRA! CALMA! MEEEENTIRA!

Eu impulsionei meu corpo pra frente, segurando os dois lados de seu rosto e o beijei. Não foi um beijo, foi um selinho. Exatamente a mesma coisa que ele havia feito comigo há um tempo. Ele estava tão rígido que eu não sabia se era ele – por ser um vampiro – ou por ele não querer aquilo.

Então ele me afastou, quase severamente.

“O que...” eu falei definitivamente envergonhada. “Desculpe.”

“Não se desculpe, Bella.” Ele disse ainda na minha frente. “Isso é minha culpa...” ele disse. Eu ia me desculpar outra vez por ter beijado ele e ser tão impulsiva, mas ele me cortou. “Não pense que eu não queria seu beijo... é só que-.” Ele pausou. “Um alcoólatra resiste entrar em uma adega.” Explicou. “Mas se colocam o melhor vinho do mundo em sua língua, bem, daí é outra história.”

Eu toquei distraidamente o meu sangue do rosto e ele sorriu. “Mi cantante.”

Eu sorri com suas palavras, apesar de eu ter certeza que deveria sentir medo. Mas elas me fizeram rir e eu beijei sua bochecha antes de levantar e ir por uma roupa.

Engraçado como depois de um quase-estupro conceitos mudam.


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Notas finais do capítulo

Genete, eu sei, sumi. sinto muiito mesmo! :( Mas eu ando mt cheias de coisa pra fazer e tá complicado, mas enfim, por favor, não deixem de me apoiar e ler.

Eu amei os comentários e eu amei as primeiras recomendações! Sééério, Gabi e Vsiil! Amei muito, beijão pras duas!

Acessem meu blog, todas vocês, me faz feliz receber comentários e saber que acompanham. Mesmo.

Beeijos! ♥