A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis
2 – Extradotada por acidente.
- Alô? – eu disse no telefone da direção – Mãe... Hm... sou eu. A Claire.
- Ah, oi bebê... – ela disse, como eu mais detestava – O que foi dessa vez? – ela evitou a expressão cansada, mais falhou.
- Mãe... – eu pedi clamando – papai pode cuidar da empresa hoje?
- Claro, meu anjo. O que está havendo? – ela notou. Yuck! Que droga. – Sua voz parece tensa.
- Eu... meio que... hm... – procurei as palavras – eu meio que... tipo assim... me transformei.
- Transformou? – ela pediu, confusa – Tipo, cortou o cabelo, ou pintou? Algo assim?
- Não... bem... huh... – eu disse – como é que eu vou falar?
- Apenas fale o que houve meu bem...
- Eu me transformei em uma Extradotada – disse for fim, e um longo silencio se prolongou no telefone.
- Estou indo aí. – ela disse e desligou.
Eu respirei fundo, e deslizei mais pela cadeira da sala de detenção. Ah claro... eu estava descabelada, completamente coberta com umas correntes eletromagnéticas que eu sequer poderia entender, e a droga mais profunda, é que eu tinha me transformado numa daquelas coisas bizarras.
- Ligou pra ela? – o diretor abriu a porta e me olhou.
- Sim. Eu liguei. – todos sabiam que quando um adolescente tem a repentina transformação, ele não consegue controlar nada. Absolutamente nada. Então tudo se desencadeia e as emoções são a chave. E o contato físico é algo totalmente evitável... Quanto mais o contato físico é exercido, tanto o novo Extradotado quanto o humano aplicado, não se sentem devidamente “bem”.
- Temos algumas coisas para acertar com ela, senhorita Bennett. – o diretor falou.
- Yeah, eu sei.
- Inclusive vamos alertá-la de como bateu com o bastão de basebol na cabeça da senhorita Stewart... – ele disfarçou o riso.
- Bem, eu me orgulho disso. – analisei meus tênis Adidas, que estavam um tanto anormais, e ri um pouco.
- Minha irmã é uma Extra também... – ele disse do nada.
- Tá falando sério? – disse incrédula.
- Seriíssimo. – ele sorriu – ela é uma tutora hoje.
- Qual é o... Hm... Você sabe... O dom dela...? – pedi, me sentindo idiota.
- Ela cura. Qualquer coisa, de qualquer um.
- Hm... Legal. – disse apenas;
- Tem alguém que quer falar com você... – ele se endireitou – apenas se lembre... Sem contato...
- Físico. – completei e assenti, revirando os olhos.
- Bem... Até logo então. – ele disse abriu a porta e saiu.
Até esperei quem seria: Tyler.\t\t\t
- Oi? – ele disse entrando. E a raiva que cresceu em mim, pela lembrança daquele olhar de nojo, fulminou-o, mas o colar de pentagrama sugou toda a energia que eu pus pra fora. Bem, inferno.
- Oi. – respondi dura e fria.
- Bem... Então você mudou. – ele falou se colocando na outra poltrona. Na mais distante.
- Sim, eu sou uma Extradotada. – respondi.
- Bem... Podemos resolver isso, você sabe... – ele disse levantando os ombros.
- Sim, eu vou pra Academia Preparatória pra Extras. – respondi, sem olhar em seus olhos.
- Não. – ele falou – Quero dizer... Uma cura...
- Você é idiota ou maluco?! – arfei – isso não é uma doença!
- Não é? – ele levantou o cenho – Mas você parece doente, com essa coisa toda... Uma bizarrice...
- Uma bizarrice? – guinchei. – Acho que não vai mais querer namorar uma.
- Desculpe... – ele disse. – Eu não quis te chamar de aberração...
- Bem, você quis colocar as mãos nos peitos dessa aberração na hora do intervalo. Acho que opiniões mudam. – o fuzilei com os olhos.
- Desculpe ok? – ele disse parecendo irritado.
- Você não vai conseguir lidar com isso. Eu sei. – disse me levantando da poltrona, mesmo me sentindo fraca, dei de dedo em seu rosto – Vamos terminar isso agora, antes que me chame de monstruosidade ou coisa parecida.
DEUS! Como eu estava sendo hipócrita! Eu mesma estaria ficando com medo, e de certa forma até nojo de um Extradotado... E agora eu estava falando mal de Tyler por ele sentir isso de mim... Qual era a minha, afinal? Mas eu tinha mudado de idéia... Porque eu era aquela coisa mesmo. Eu não tinha escolha...
- O QUÊ? – ele disse incrédulo – SÓ POR QUE VIROU ESSA... COISA... ACHA QUE PODE TERMINAR COMIGO?! ESTÁ ERRADA, CLAIRE. SOU EU QUE DOU OS PONTAPÉS AQUI!
- Que seja! – disse indignada enquanto eu dei um passo em sua direção e o pentagrama tomou mais de minha energia raivosa. – Eu não o amo o suficiente para ficar escutando você me chamando de anormal e derivado, seu... GALINHA!
- EU? GALINHA? – ele berrou – EU NÃO SOU GALINHA DROGA NENHUMA!
- Sabe?! Por que não vai apertar os peitos enormes de Luce Stewart? Não é uma boa idéia?
- Eu gosto de você! – ele berrou.
- Pelo menos, gostava. – eu disse, com os dentes cerrados – Por que se gostasse mesmo de mim, não faria nada de como, por exemplo... Chamar-me de coisa, bizarrice e anormal. – exemplifiquei.
- É isso mesmo que você quer? – ele disse parando de fazer escultura em seu cabelo.
- Não... – sussurrei um pouco, e de forma quase inaudível – Mas eu vou me mudar. Tudo vai mudar. – mandei – e você sabe disso...
- Eu sei.
- Mas e agora... Eu te pergunto... VOCÊ quer continuar?
- Eu gosto muito de você, minha fantástica garota Bennett... – e aquilo que ele disse, fez total sentido pra mim.
-... mas não vale a pena continuar. – eu disse.
Ele assentiu, e eu senti o nojo nos seus olhos.
- Você vai ver Tyler, um Extradotado não é nojento e nem anormal... – fitei-o com os olhos comprimidos em linhas.
- Por que não seria?
- Ele não deixa de ser humano. – um sorriso se brotou em meus lábios – Ele evolui!
Ele tentou falar algo, mas minha mãe abriu a porta e sem dar sentido á nenhuma regra, ela me agarrou e como a mãe que ela era disse: - Estou tão orgulhosa de você!
- Bem... Então acabamos por aqui? – perguntei á Tyler que saia da sala.
Ele disse apenas: - Boa sorte. – acenou com a cabeça e um sorriso estranho, e se foi. E foi assim que Tyler McField saiu de minha vida.
- Por que estaria orgulhosa de mim, mãe? – segurei as lágrimas. Caramba! Eu não sou uma garota que se permita chorar! Mas minha voz saiu emaranhada, e eu não me permitiria chorar jamais... meu rímel e nem o delineador pretos, eram á prova d’água.
- Finalmente uma Bennett se sobressaiu! – ela guinchou alegre.
- E isso é bom?
- Maravilhosamente.
- Hm... Desculpe interromper Senhora Bennett. – o diretor falou – Mas o concerto do refeitório precisa ser pago...
- Quanto deu? – pediu minha mãe apática.
Dinheiro nunca foi problema. Meus pais têm uma empresa de arquitetos – e eles sonham que eu seja uma, bem, e com todo esse troço de Extradotada, muda um tanto meus planos de vida, se é que me entende – e com isto, eles ganham um bom dinheiro, nos dando umas características de Classe Alta - Alta.
Eles conversaram e ela assinou o cheque.
- Vamos? – minha mãe me chamou, segurando algumas papeladas assinadas pelo diretor.
- E o resto do dia de aula? – disse pasma.
- Acha mesmo que uma Extradotada como você vai ter de acabar os estudos no meio deles? – ela riu – Pois eu acho que não... Temos muito que fazer antes de você ir...
- Que tipos de coisa?
- Ir ao shopping, falar com o representante da APE – tradução: Academia Preparatória de Extradotados – do condado local de Chicago, e tanto a se preparar...
Eu simplesmente fechei os olhos desejando que se eu estivesse num pesadelo, eu acordasse logo...
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