A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 12
11




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11 – Coisas com seu companheiro de quarto.

Não fazia idéia de que hora era, nem se era dia ou se era noite. Só acordei-me sem meus tênis e deita na cama do Joe, com ele sentado no chão, cabeça apoiada na lateral da cama... e um pequeno detalhe, ele dormia profundamente.

Mesmo dormindo ele era adorável – ok, ele babava um pouco, mas era tão fofo... – tinha até um vinco na testa, de preocupação, e uma linha de baba no queixo. O que o fazia parecer um garotinho. Sorri sozinha, só de olhar para ele. Senti uma enxaqueca leve na cabeça e me olhei no espelho da parede lateral. Meu cabelo continuava bonito e meus olhos estavam mais verdes, minha pele bem tratada e meus gloss intocado. Levantei com um pouquinho de vertigem, e me apoiei um pouco para tomar impulso. Respirei fundo, e puxei Joe para cima de sua cama... ele não é tão leve quanto parece, devo afirmar, companheiro...

Ele ainda estava de tênis e camisa. Retirei ambos com um pouco de esforço, e logo ele parecia pronto pra dormir... sua pele era gostosa de se tocar, no calor que fazia na Califórnia... e fiquei tentada a tocar mais e mais nele. Qual era o problema afinal? Ele deveria ser hospitaleiro e ser meu ar condicionado, não é? Ok, não responda companheiro.

Talvez fosse meia noite, quando olhei pela janela do sétimo andar – onde estávamos. Empurrei Joe um pouquinho mais para o canto, e me deixei em baixo de seu braço geladinho, me deixando mais á vontade, encostei meu rosto em seu ombro – e notei que ele tinha um cheiro deliciosamente másculo... – depois me aconcheguei em seu tronco descamisado, e fechei meus olhos, e a enxaqueca sumiu de repente, me levando junto para um delicioso sono.

Meu sonho começou tranqüilo, como sempre eu sonhava: eu estava sentada em uma nuvem comendo algodão doce, e tomando sol. Mas dessa vez, eu não estava sozinha... Uma garota igual á mim – tire o fato dela nunca ter tirado a sobrancelha, e estar com o cabelo completamente despenteado, e o dente sujo de comida – estava sentada em um canto da nuvem, enquanto descascava um palito com seu canivete. Uma aparecia... selvagem. Olhei-a cética, como ela poderia ser bonita mesmo tentando ser... feia?!

E do lado oposto, uma outra eu, usava óculos fundo de garrafas e tinha um corte de cabelo feio, e parecia estar resolvendo uma equação matemática em um quadro negro.

- Que diabo é isso?! – berrei.

As garotas – minhas outras eu, feias e lindas ao mesmo tempo. Ok, é muito bizarro companheiro... – olharam para mim com indiferença,e voltaram a fazer o que faziam.

- Precisamos conversar. – concluiu a selvagem.

- É o que parece.

- Chega de sarcasmo – interveio a nerd.

- Conversar sobre o que?

- Você é uma Dot – disse a selvagem – Se ainda não se deu conta...

- Uau! Obrigada por me avisar!

  - Eu já disse, chega de sarcasmo! – grunhiu alto, a nerd. – Sou a parte profeta dentro de você. E aquela – ela olhou para a selvagem com ceticismo – é a tempestade indomável...

- Frise a parte do “indomável”. – gorgolejou a selvagem.

- Ok, como se eu fosse acreditar que meus dons, são partes bizarras e não tão bonitas de mim. – revirei os olhos, dando uma dentada em meu algodão doce.

- Acredite ou não, nós somos. – a selvagem sibilou, e colocou seu palito descascado em seu dente. – E nós não vamos ser meros objetos dentro de você.

- S. chega. – interveio a nerd, e deduzi, que “S” seria uma apelido para a selvagem... lógico, companheiro. – Claire, não somos brinquedos.

Ela me olhou com algo mais profundo do que eu gostaria.

- Então aquelas vozes... – estreitei os olhos lembrando das vozes na minha cabeça, quando eu tentei imitar Z, no refeitório.

- Estávamos falando com você, capitã obvio. – revirou os olhos, a selvagem.

- S! – brigou a nerd. – Claire, eu sou Futurum e ela Storm. – apresentou a nerd – Nomes derivados do latim e tudo mais... Mas chame-me de “F” e ela de “S”... é mais fácil. – resmungou.

- Passe logo a informação, quatro olhos, ou quer que eu o faça? – Storm agitou o palito nos dentes.

Eu estava quase tendo um aneurisma cerebral, mas retoquei o gloss de meus lábios e suspirei abocanhando meu algodão doce, com delicadeza – que me pertencia desde... SEMPRE.

- Vocês são... latinas? – ergui a sobrancelha.

- Gregas. – corrigiu Storm, sem bom humor. – Você vai aprender tudo o que precisa onde você está agora.

- ... e vai ter de aprender a ser... você e nós. – completou Futurum.

- Vocês são só fruto da minha imaginação! – gargalhei e me joguei de costas na nuvem de algodão doce, e olhei para o céu brilhando em rosa claro.

- Eu não disse que ela era lerdinha da cabeça? – Storm não estava muito animada ainda, só bufava em seu canto com o palito na boca.

- Quando precisar... vamos estar aqui. – Futurum soprou sobre meus olhos e eu só vi tudo escurecendo...

Não recordo de quanto tempo eu dormi. Só sei que quando acordei, estava com dois braços geladinhos e gostosos em meu contorno, com os dedos de suas mãos acariciando meus lados, gentilmente. Não tive a mínima vontade de me mover dali, mas um bocejo involuntário atacou-me naquele instante, e os braços me soltaram como se tivessem sido jogados em ácido.

- Joe? – esfreguei os olhos e me sentei em sua cama. – Você tá acordado?

- Sim, Claire. – ele disse quase como se tivesse estático.

- Benny... – corrigi, tentando clarear minha visão ao menos um pouco.

Joe se sentou também – como eu lembrava justamente dele... Sem camisa e o abdômen definido á mostra, os braços fortes e geladinhos caídos preguiçosamente em seus lados e o cabelo louro médio encaracolado emaranhado na cabeça. Mas sua expressão estava estranha... poderia até mesmo achar que ele estava um pouco perturbado.

- Joe? – repeti, na tentativa que ele me contasse o que tinha. Mas não soltou nem um silvo – O que você tem, cara?

- Me desculpe, ok? – ele não me olhou. Só fechou os olhos com força. – Eu não queria... abusar de você, Benny. Eu não me lembro de ter colocado você na minha cama... eu só... – ele perdeu a voz.

Não consegui evitar e explodi em risos. – Do que você está rindo?

- Eu deitei na sua cama... – balbuciei – Estava calor, e você estava no chão e tudo mais... – dei de ombros.

Mas para ele não pareceu tão simples... para ele foi muito, muito diferente do que sequer foi pra mim.

- Você deitou... comigo? – sua expressão suavizou, e um sorriso jovem e louco brotou em seu rosto.

- Claro... – respondi.

Bem companheiros, há melhor remédio para culpa do que Claire Bennett voluntariamente nos seus braços? Não, obviamente.

- Desculpe por isso. – me levantei, e me joguei em minha legítima cama.

- NÃO! – levantou-se e sentou ao lado da minha cama. – Quer dizer... você é inacreditável, Benny.

Aquela simples frase, foi como jogar a noite emaranhada á ele, no meio da lama. Ele deve ter percebido, que quando ele sibilou o resto daquelas palavras, meu rosto caiu. Tyler – aquele Tyler que me chamou de aberração e mais um monte de porcarias – sempre fazia questão de falar isso pra mim... e era algo que o marcava em mim.

- Disse algo errado? – ele me olhou surpreso.

Virei meus olhos para onde meus cabelos os esconderiam, e ele não viria o que meus olhos passavam, engoli um soluço de choro e respirei fundo.

- Esquece. – engoli em seco.

Imagine: Claire Bennett, a personificação da sedução, chorar por um cara infernal, no caso Tyler. Ele não merecia isso... além do mais: nenhum cara merece uma lágrima de uma garota, segundo o dicionário de Claire Bennett.

- Eu não quis ser mau – ele comentou e o cortei imediatamente.

- Você? Mau? – eu quase gargalhei – Já disse: Esquece.

Levantei e olhei pela janela, e os alunos começavam circular pelo campus da escola.

- Já está na hora de irmos.

- Percebi. – respondi. – Tenho que levar alguma coisa?

- Nada... fora seus poderes. – ele deu um sorriso amarelo.

Assenti, e evitei seu olhar. Eu ainda estava segurando aquele maldito soluço na minha garganta, e de qualquer forma não conseguia mais olhar para ele. Parecia que quando eu olhava pra ele... Tyler estava ali. E fazia um nó crescer dentro da minha garganta.

- Claire, estávamos bem. – ele balbuciou nas minhas costas. – Eu não sei o que eu disse de errado... mas desculpe. Eu não quis ser idiota, nem desconfortável pra você.

Fiquei com pena dele. Tyler era um idiota – sem qualquer dúvida, não é companheiro? – mas ele não poderia ser confundido com Tyler... ele tinha um olhar doce e encantador e era como eu... De repente, eu quis abraçá-lo e dizer a ele, que ele não era um idiota, e sim um mentor muito bom. E pro incrível que pareça... foi o que eu fiz... Abracei-o e enterrei meus olhos um pouco mareados no seu ombro, e ele me abraçou de volta.

Okay, nível de testosterona altamente elevaaaaado! Soltei-o, sorri um pouco e fui para  o banheiro trocar de roupa e me preparar para o primeiro dia – assustadoramente – que seria seguido por muitos outros....


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