O Juramento Quebrado escrita por vivaopato


Capítulo 8
Sonhos, lembranças, previsões. Tudo a mesma coisa


Notas iniciais do capítulo

gente, tá aí o capitulozinho novo em folha e muito bonitinho pra vocês! A GENTE SE VÊ LÁ EM BAIXO!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/100169/chapter/8

Meu sonho começou com a visão de uma clareira em uma floresta. Era de noite. Nessa clareira, havia dois sacos de dormir vazios, um ao lado do outro, e duas pessoas ao redor de uma fogueira claramente improvisada com gravetos. Então eu reconheci a cena. As pessoas éramos eu e Luke, quando estávamos fugindo, e ainda não havíamos encontrado Annabeth ou Grover.

Eu me vi mais de perto. Tinha uns doze anos. Luke ainda tinha treze, me lembrei de quando a cena havia acontecido. Luke faria aniversário em uma semana. Era verão, e a noite estava quente, mas tinha uma brisa suave que soprava em nossa direção. Então eu parei de observar a cena, e a vivi outra vez pelos meus olhos de doze anos.

Eu olhei para Luke e me aconcheguei para perto dele. Ele passou um dos braços pelo meu ombro, protetoramente. Suspirei. Ficamos os dois olhando o fogo. Até eu sentir que ele estava me olhando. Olhei para ele também.

- O que é? – perguntei. Minha voz era fina, fofa. Mas madura ao mesmo tempo.

- Nada. Só estou te olhando. – Luke respondeu sorrindo.

Eu sorri também.

- Ah, é? E o que tem de tão interessante para se olhar em mim? – desafiei o garoto.

Ele só riu, como sempre costumava fazer quando eu falava besteiras ou o desafiava.

- Seus olhos. – ele respondeu.

Eu o olhei curiosa, com uma sobrancelha erguida.

- O que tem meus olhos? – perguntei.

- São bonitos. Elétricos. E ficam maravilhosos com o fogo refletido neles. – Luke respondeu.

Eu sorri para ele. E o olhei bobamente. Eu era apaixonada por ele naquela época.

- Tipo agora? – perguntei.

- É. Tipo agora, Thalis. – ele respondeu, me fazendo sorrir mais ainda.

Voltamos a olhar o fogo. Luke me envolveu com os dois braços e eu recostei minha cabeça em seu peito.

- Luke? – chamei após alguns instantes.

- Sim?

- Você nunca vai deixar que nada nos separe, não é? – perguntei.

Ele puxou meu rosto para mais perto do seu, fazendo com que eu ruborizasse e engolisse em seco. Olhei fundo em seus olhos azuis.

- Thalia, eu nunca, nunca, em hipótese alguma vou deixar que nos separem. Nem que nada de ruim aconteça com você. Entendeu? – ele perguntou.

Eu assenti.

- Você promete? – perguntei desconfiada.

- Prometo. Quantas vezes você quiser. – ele falou sorrindo.

Sorri também. Voltei a olhar o fogo. De repente senti Luke respirar fundo. No meu cabelo! Ele cheirou meu cabelo! É, morri! Suspirei involuntariamente. E me voltei para ele.

- O que você está fazendo, Luke? – perguntei com uma sobrancelha erguida.

Ele corou.

- E-eu... eu estava só... – ah, ele estava mesmo gaguejando? – eu estava só cheirando seu cabelo.

Eu ri.

- Ah, é? E a quê ele cheira, hein? – perguntei sorrindo.

- A chiclete. De menta. – ele respondeu, com um sorriso de lado que me fazia derreter.

- Que bom, não?

- É. Delicioso. – ele respondeu com olhar sonhador. Então me olhou de novo.

 E eu reparei que nossos rostos estavam muito próximos. Meu coração estava acelerado. Luke foi aproximando seu rosto do meu. Ele olhou para meus lábios e passou a língua pelos seus lábios de um jeito que me fez derreter. Olhei para seus lábios e depois para seus olhos azuis. Minha respiração descompassada. Eu fechei os olhos. Senti a respiração de Luke contra minha boca. Cada vez mais perto. Quase se tocando, eu podia sentir. Até que... Crac!

Nós ouvimos um barulho que fez com que nos assustássemos e nos afastássemos rapidamente. Nos levantamos de um salto e olhamos na direção do som. Tinha sido um barulho de galho quebrando. Rouco, seco. Luke sacou sua faca rapidamente. A faca que mais tarde pertenceria a Annabeth. Eu bati em meu bracelete e Aegis se abriu. Quase do meu tamanho de tão grande.

Eu e Luke assumimos postura de batalha. Mas após alguns minutos, nada aconteceu. Então eu fechei Aegis e Luke guardou sua faca. Ele suspirou e se sentou de novo ao fogo. Eu o acompanhei. Mas não pude deixar de pensar no nosso quase-beijo. Ele tentou me aninhar em seus braços outra vez, mas eu me esquivei, me levantando. Ele me olhou esquisito, mas suspirou e voltou a encarar o fogo.

Eu murmurei um ‘boa noite’ e Luke fez o mesmo, sem me olhar. Fui até meu saco de dormir e me deitei, me encolhendo de lado e fechando os olhos, mas sem dormir. Talvez tivessem se passado apenas alguns segundos, mas para mim o tempo se arrastou infinitamente até a hora em que Luke me chamou.

- Thalia? – ele chamou, provavelmente sem saber se eu estava acordada.

Não respondi. Fingi que estava dormindo, e ouvi Luke suspirar pesadamente. Ele veio até mim e se deitou ao meu lado, no chão, mas perto o suficiente para que eu sentisse o calor emanar de seu corpo. Senti ele passar um braço pela minha cintura e me puxar para perto, até encostar minhas costas em seu tórax. Eu soltei um suspiro involuntário que o fez rir de leve.

Luke encostou a cabeça em meu ombro. E aspirou longamente em meus cabelos.

- É. Chiclete de menta, Thalia. Eu gosto. – ele murmurou.

Senti seu braço me segurar mais forte, como se temesse que eu saísse andando no meio da noite. Eu me senti muito mais relaxada e sonolenta com o peso da cabeça de Luke sobre meu ombro, seu braço me envolvendo num aperto delicioso. E dormi.

Então meu sonho mudou. Agora, havia monstros. Muitos monstros. O minotauro, as três fúrias, algumas Queres, a mantícore e um bicho que eu nunca havia visto, com duas cabeças de dragão, asas pretas e um corpo avermelhado, alongado como o de um furão. Mas ele parecia ter uns três metros. Havia ainda duas empousai.

E fugindo deles, estavam quatro figuras. Eu, com doze anos, Luke, com catorze, Annabeth com sete e a figura baixinha de um sátiro. Grover. Infelizmente, reconheci a cena. E mais uma vez, eu a estava vivendo diante dos olhos da Thalia de doze anos, que tinha Aegis aberto e mancava de uma perna.

Eu estava tentando subir a Colina à minha frente. Luke estava puxando Annabeth pela mão, tentando fazê-la ir mais rápido. Grover corria desesperadamente, escorregando repetidamente. Eu mancava enquanto tentava correr, minha ferida na perna ardendo a cada passo. Até eu perceber. Não daria tempo. Não daria para irmos todos. E eu ficaria.

Corri até alcançar Luke, ignorando os protestos da minha perna.

- Luke! – chamei arfante.

Ele me olhou.

- Luke, não vai dar para irmos todos juntos! – falei. – Vão vocês, e eu fico para detê-los!

Ele me olhou como se eu estivesse louca.

- O quê? Do que você está falando, Thalia? Nós vamos juntos! Eu não vou te abandonar! – ele falou.

Engoli em seco.

- Luke, vá! Leve Grover e Annabeth! Eu já estarei indo! Estarei bem atrás de vocês! – menti. Eu sabia que não estaria ali. Mas eu não ligava.

- Não, Thalis! – Luke protestou.

Eu sorri fracamente. E o beijei. Não passou de um toque de lábios, mas eu soube que havia lhe passado confiança.

- Promessa, Luke. Vamos ficar sempre juntos! Eu estarei com você! Promessa! – falei.

Luke engoliu em seco e assentiu. Ele puxou Annabeth para suas costas e subiu correndo, com Grover logo atrás. Eu parei de correr. Observei-os sumindo pela Colina. Em segurança. E suspirei, voltando a encarar a legião de monstros à minha frente.

Pai, rezei, sei que não tenho sido uma boa filha. Mas se você estiver aí, e se estiver me ouvindo... me ajude. Só me ajude. Eu imploro. Faça com que não doa, ok?

Senti uma lágrima escorrer por minha bochecha. Olhei para o minotauro que corria em minha direção, e tirei do bolso minha lança, ativando-a e fazendo eletricidade correr por ela. Espetei-a logo de cara no minotauro, que se desfez em pó. O mesmo aconteceu com duas Queres e com uma empousa.

Então eu vi a Quere que vinha em minha direção. E não consegui me mexer. Se você nunca morreu, reze para ser imortal. Eu vi o mundo passar em câmera lenta por mim. A Quere cravou a espada enferrujada em minha barriga. Eu caí para trás, sabendo que estava morrendo, mas não pude evitar sorrir fracamente. Não havia doído. Nadinha. Eu nem havia sentido. Suspirei com a sensação de frio e fraqueza que me dominava, e olhei o sangue escorrendo por minha barriga.

É. Não doeu, pai. Obrigada. , pensei.

Desativei Aegis e minha lança, pondo-a de volta em meu bolso como a lata de spray. Senti mais lágrimas escorrerem por meu rosto. Dizem que quando você está morrendo, sua vida inteira passa por sua cabeça. A única coisa em que eu pensava era em Luke. Promessa. Nós dois havíamos quebrado promessas. E estávamos quites. Acho que era um bom modo de morrer.

Eu fechei os olhos, perdendo a noção dos sons ao meu redor. Morrendo. Mas então, senti alguns dos meus sentidos serem recuperados. Me senti flutuar até um pinheiro no topo da Colina. Fui em alta velocidade em direção ao pinheiro pensando: ‘vou bater na árvore’. Mas eu entrei nela. Parei de sentir o frio. E tudo. Eu tinha sensações confusas como água correndo por meus pés. Os pensamentos sumiram. E eu me senti ser o pinheiro. Simples assim.

Então meu sonho mudou outra vez. Agora, graças a Morfeu, não era uma lembrança. No meu sonho, havia um acampamento das Caçadoras, com a barraca de Lady Ártemis inclusa. Mas não estávamos numa floresta, montanha ou qualquer outra coisa assim. Estávamos sobre um chão de pedra. As paredes e o teto eram do mesmo material. Eu me senti claustrofóbica.

Até que eu me vi. Sentada ao redor de um braseiro no chão, onde o fogo estava quase apagado, estávamos eu e mais alguém. Eu tinha os joelhos encostados ao peito. E a outra pessoa estava deitada no chão, ao meu lado. Então eu vi quem era ao meu lado. Era Sophia. Agora, o que ela estava fazendo comigo e as Caçadoras, eu não sabia. À certa distância do “acampamento”, estavam dois garotos, sentados, um ao lado do outro. Eu não sabia o que estava acontecendo.

E, sinceramente, tinha medo de descobrir.

E aí eu acordei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

deixem reviews, por favor
sempre se lembrem do pato, que pode morrer a qualquer segundo
gente, eu vou viajar, e por isso vou passar dez dias sem escrever nem postar, entao aproveitem bem esse capitulo!

p.s.: gente, o que vocês acharam da reforma no site? Gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Juramento Quebrado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.