Atena POV

Eu estava quieta e pensativa na minha biblioteca. Meu lugar favorito em todo o mundo. Eu estava pensando nos problemas aqui. De repente, surge uma imagem na minha frente. Reconheci a garota punk com a tiara prateada. Thalia. Eu gostava dela. Muito esperta.

-Thalia. – cumprimentei.

- Atena – ela retribuiu calma, mas eu podia sentir a tensão em sua voz e seus olhos.

- Do que precisa, querida? – perguntei.

- Ártemis pediu que eu lhe chamasse. É sobre o meu... nosso pai.

- Ah, sim. Pode falar. – aquele assunto era delicado, e provavelmente ela estava sendo a mais afetada, por ser tanto uma Caçadora quanto uma filha de Zeus.

- Minha senhora teve uma idéia. Envolve Dédalo... e seu labirinto. Ela pensou em reconstruí-lo.

- Pode ser uma boa idéia, Thalia. – falei, já maquinando modos de fazê-lo e de quem iria precisar. – Precisarei de minha bisneta. Ela está no acampamento. Peça a Quíron para apresentar vocês. Mais alguma coisa?

- Sim... – ela hesitou. – O que está acontecendo?

Eu suspirei.

- Estamos com problemas, Thalia. Sérios problemas. A revolta espalha-se cada vez mais. Os deuses menores estão... abandonando suas funções, com a decisão de nosso pai. Eu estarei feliz em ajudá-la. No que for preciso. Algo mais?

Ela pensou por um momento. Então negou com a cabeça. Ela parecia muito abalada.

- Não, senhora. Obrigada. Adeus. – então pude vê-la passar a mão pela imagem e desfazê-la.

Ah, Zeus, o que você fez?

Thalia POV

Por mais estranho que pareça, eu estava com saudades do Acampamento. Fazia 114 anos que eu não ia lá. Desde a grande batalha. O tempo passa despercebido quando se é imortal. Eu estava presa em pensamentos do tipo ‘como será que está o acampamento?’ e ‘é bom não terem tocado no chalé de Zeus’ quando a conhecida luz forte brilhou e me acordou. Todas nós viramos os rostos e quando a luz diminuiu eu olhei. Meu deus favorito estava lá, sorrindo como sempre, encostado na sua Maseratti.

Ah, meus deuses, ele é quente! Ele é muito gostoso! Ah, vai ser gostoso assim lá no Tártaro, Apolo! Fiquei paralisada olhando pra ele e só acordei quando Louise me chamou. Despedimo-nos de Ártemis e eu esperei todas entrarem no carro, que tinha mudado para o conhecido furgão. Eu ia passando pela porta ainda com pensamentos obscenos quando meu deus riu e me olhou falando:

- Obrigado, Thalia. Mas tenha mais cuidado com o que pensa.

Eu corei feito louca e ele riu ainda mais. Ah, vagabundo, quem manda ver o que não deve? Entrei no carro e me sentei mais à frente, perto dele, para conversar.

Pela janela pude vê-lo falar algo com Ártemis e dar a volta, entrando depois no carro.

- Ei, Thalia! – ele falou.

- Ei, Apolo! – eu entrei no jogo e ele riu.

- Novidades, Thalia?

- Não. Você?

- Não. Obrigado, mais uma vez. – ele falou rindo

Ah, céus, que merda, eu estava com pensamentos obscenos de novo. Que criança bisbilhoteira.

- Ah, que isso? Eu só estava tentando desvendar seus pensamentos, doçura. – ele se defendeu.

Eu ri.

- Thalia... sobre... sobre o seu problema... saiba que... eu tentarei ajudar no que puder, está bem? – ele continuou. Eu assenti agradecida.

- Obrigada, Apolo.

Olhei pela janela. E quase vomitei. Estávamos muito, muito alto. Ah, meus deuses, me protejam. Senti o sangue se esvair de meu rosto. Apolo riu. Ah, agora ele me irritou.

- Dá pra sair da minha cabeça, merda?

- Claro, senhorita Eu-sou-filha-do-senhor-dos-céus-e-vomito-quando-tô-voando.

- Rá, rá. – dei uma risada falsa. Olhei pela janela outra vez. Estávamos descendo. Eu já podia ver o litoral.

Alguns minutos depois, Apolo aterrissou. Eu abri desesperada a porta do carro e saí, ofegante, e me apoiando numa árvore. Eu estava me recuperando da viagem com as meninas ao meu lado quando o cara-de-cavalo apareceu. Ah, como era bom ver Quíron. Ele se aproximou de mim e sorriu.

- Thalia. Caçadoras. – cumprimentou. Eu olhei pra ele e depois para trás, Apolo ainda sorria e seu carro tinha voltado a ser uma Maserati. Ele me olhou e disse:

- Tchau, doçuras. – e desapareceu com seu carro.

- Oi, Quíron. – eu o abracei. Voltei-me para as Caçadoras e disse:

- Garotas, chalé 8. – elas foram e eu olhei para o cara-de-cavalo. – Ei, Quíron. Vou estar no chalé de Zeus, está bem?

- Pode ir, Thalia.

Eu fui até o maior dos chalés e olhei tudo em volta. As coisas não haviam mudado, exceto pelo fato de haver mais chalés e mais campistas. Entrei no meu chalé e fechei a porta, suspirando.

Eu me virei e ia jogar minha mochila na cama. Mas tinha um garoto lá, me olhando de olhos arregalados. Eu fiz a única coisa que conseguia. Gritei.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!!! – ele gritou também. Logo havia dois loucos gritando a plenos pulmões no chalé 1. Ele estava deitado na cama e se levantou de um pulo, parando de gritar e vindo até mim. Eu não parei de gritar. Ele segurou meus ombros e começou a falar coisas como ‘calma’ e ‘para’. Eu não ouvia direito, mas não parei de gritar. Eu não sei porque, mas não é muito interessante encontrar um garoto de aparência de 19 anos deitado na sua cama, no seu chalé, principalmente quando se é uma caçadora.

Ele pôs a mão na minha boca, a outra ainda no meu ombro. Ah, safado! Atrevido! Eu nunca saberei explicar, mas o toque dele foi me acalmando lentamente até eu parar de gritar por completo e ele me sentar na cama. Minha cama.

- Calma, calma. – ele repetia. Quando teve certeza de que eu não iria mais gritar, tirou lentamente a mão da minha boca e se sentou ao meu lado.

- Quem é você? – eu perguntei.

- Bom, eu que pergunto, você está no meu chalé!

- Seu chalé? – ele assentiu e eu ri ironicamente. – Esse chalé é meu!

- Eu sou filho de Zeus! – ele falou.

- Ah, bom, eu também! – retruquei.

Ele me olhou curioso. Então respirou fundo e falou:

- Bem, então somos irmãos.

Então eu me toquei. Ah, meus deuses. Eu tenho um irmão! Eu comecei a rir histericamente. Ele se afastou e me olhou assustado.

- Eu tenho um irmão! – gritei, ainda rindo.

EU TENHO UM IRMÃO! SOCORRO!