Nessie bateu no meu ombro com impaciência, me afastando dela.

— Merda... - falei, enquanto soltava ela e corria para a porta.

— Pai?

— Jake, tem alguém com você? - eu olhei para as escadas, buscando alguma resposta. Senti Nessie me envolver com um abraço e beijar minhas costas.

— Tchau amor. - sussurrou ela, e quando virei para impedi-la, só vi a cortina se movimentando um pouco.

— Não pai. Ninguém está aqui. - respondi alto, mexendo nos cabelos e puxando-os.

— Droga! - exclamei, socando a porta a minha frente.

Eu lembrei no dia seguinte de agradecer meu querido pai pela interrupção, quando desinstalei o canal de jogos esportivos da TV. Ele quase teve um infarto, sem brincadeiras.          

Desci mais tarde e o encontrei com a nossa pequena televisão no colo, observando os fios com uma cara que dizia que ele não sabia nem o que estava fazendo.

— Ei pai, muito trabalho aí? - perguntei, me dirigindo à cozinha.

— Hunf, acho que vou chamar o Sam para consertar isso aqui.

Eu rosnei, em resposta. Ele apenas riu, satisfeito.

— Será que posso ser perdoado, Jacob? - ele perguntou, enquanto deixava a televisão na mesinha de centro para dirigir a cadeira de rodas até onde eu estava.

— Claro, claro. Não foi tão péssimo assim, até. Posso ouvir o Cullen rosnando de raiva daqui. - disse, tremendo de medo por brincadeira.

— Você só precisa tomar mais cuidado, filho. Lembre-se que ela é protegida literalmente por todos os vampiros.

— Sim, é isso que me dá medo. Hm, eu vou ver se acho o Paul ou o Seth, ok?

— Tudo bem. Só quer fazer o favor de consertar a TV? - ele disse, quando eu estava praticamente já na porta.

— É só colocar os fios nos lugares certos, pai. - respondi e sai rapidamente, aproveitando que ele andava sob rodas. De onde eu havia puxado meus dons mecânicos se ele destruirá a televisão quando eu havia apenas desinstalado um canal? Deus do céu.

Desci as escadinha rindo e fui até a garagem. Abri o portão e contemplei meu novo Rabbit dentro dela.

— Está muito bonito.

— Ne-nessie? - perguntei, girando meu corpo e encontrando uma figura pequena e branca sentada em alguns troncos.

— Oi amor. - nisso, ela chegou até mim e suspirou no meu pescoço, fazendo meus olhos se fecharem.

— Desculpe por ontem. - falei, pegando sua mão e virando-a para mim. - Oh, tudo bem. Já sei como você vai se redimir, Jake.

Seu olhar era divertido e ao mesmo tempo malicioso. Fiquei vagando por meus pensamentos pecaminosos um pouco, imaginando qual seria a minha rendição. Por fim, dei um selinho em sua boca, desistindo de pensar.         - Como?

— Passando a noite comigo. - ela sabia mesmo como me enlouquecer. Mas por alguma razão, lembrei das palavras de meu pai, dizendo sobre tomar cuidado porque ela era altamente protegida por um bando de sanguessugas pronto para dar um fim no cachorrão aqui.

— Ness, na sua casa? Hm, não é uma boa, sabe...

— Shh... - seu dedo tampou minha boca - Só esteja lá, ok?

— Tá. - eu tinha outra opção? Aquela vampira era mesmo cativante, não se podia dizer não para ela.

Ness me deu mais um beijo e olhou para mim, com algum segredo tocando seu olhar. Depois ela partiu para Forks. Era mais ou menos a mesma sensação toda a vez que eu a tinha nos meus braços. Uma sensação de nunca ser o suficiente para ambos, em todos os aspectos. Não que ela não fosse o suficiente para mim, até acredito que ela seja muito mais do que eu realmente mereço, muito além do que eu poderia sonhar para mim. Mas o amor que eu sentia por ela nunca era totalmente demonstrado ou vivenciado. Todos os beijos eram poucos para ela, todas as declarações era superficiais perto do amor que nunca caberia perfeitamente em palavras. Eu amava a idéia de tê-la para mim, e nessas horas, ser lobo e poder ter a visão da sua alma gêmea era maravilhoso.

Ela precisa saber que tem escolha, apesar de tudo.— era o que martelava em minha mente no momento. E o que quer que ela decida, seria o melhor para nós dois, apesar da ideia de perdê-la doer mais do que qualquer outra coisa. Eu era um lobo, ela, uma vampira-humana. Nossos mundos não poderiam existir juntos, mas o nosso amor unia esses laços quebrados outrora. O que acontecesse, seria apenas uma conseqüência.