Arco 1 - Vale da Lua de Prata

Janeiro, sede da Organização das Nações Shinobi Unidas, País da Tecnologia…

— O ser Nexus. Então é isso que o Kamui está buscando naquela região? – questiona uma mulher de pele clara, longos cabelos loiros amarrados em um rabo de cavalo alto, dotada de duas marcas vermelhas ovais em sua testa e sem sobrancelhas.

Seu nome é Yuzuriha Kaguya, Jonin Especial da Aldeia da Névoa.

— Não há como confirmar a veracidade do que ele disse sem corrermos riscos – opina um homem relativamente musculoso de cabelos brancos lisos um pouco ondulados até o pescoço, olhos de um castanho que parece reluzir como dourado e pele parda bem exposta por estar usando somente uma placa circular de ouro com jóias anexadas na parte superior do corpo.

Seu nome é Vale Kahn, Jonin Especial da Aldeia da Areia.

— Concordo. Seria imprudente mobilizar quaisquer ninjas para verificar o que pode ser uma mentira ou, no pior dos casos, uma emboscada – articula um sujeito de corpo esguio, pele clara, cabelos castanhos cheios e bagunçados, olhos de mesma coloração e uma barba rala mal feita ao redor do rosto.

Seu nome é Toshio Ozaki, Jonin Especial da Aldeia da Pedra. Assim como os outros dois, o ninja associado à Organização das Nações Shinobi Unidas está sentado ao redor de uma grande mesa branca circular com várias outras cadeiras vazias no momento. Além do trio, há uma quarta figura sentada em reunião com eles há 10 minutos.

— Não é esse o ponto, companheiros – alerta Luna Shihoin, apoiando os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos de suas mãos à frente do rosto. – O ser Nexus é muito mais uma lenda do que um fato constatado. A questão é: por que alguém como Kamui estaria interessado no que pode ser meramente e nada mais do que uma lenda?

— Isso apenas reforça o que estamos dizendo – comenta Vale, atraindo para si os olhares de todos – Não temos nada de concreto para temer o que soa como blefe.

A Jonin Especial da Aldeia da Nuvem suspira profundamente. Instantes depois, se manifesta mais uma vez:

— Seria coincidência aquele homem procurar o ser Nexus logo após vestígios da reaparição de Bestiamorfos?

Yuzuriha, Vale e Toshio se entreolham. A verdade é que compreendem a preocupação da colega, visto que seria extremamente preocupante se os dois fatos estivessem conectados. Será que estão?

— A lenda diz que a realidade que conhecemos é uma segunda versão do mundo. Muitos acreditam que todo o universo foi reescrito após um cataclisma no espaço-tempo. O ser Nexus seria alguém que recebe em seu nascimento o código genético do próprio universo. Logo, o indivíduo que obtivesse os segredos da existência do ser Nexus teria controle sobre as regras da realidade – a integrante do clã Shihoin busca sintetizar a lenda em questão. – E se os Bestiamorfos estiverem relacionados com tudo isso?

— Você está querendo dizer que o ser Nexus é o responsável pelo retorno das criaturas? – pergunta Yuzuriha.

— Eu não sei. Mas talvez outras pessoas estejam interessadas nesse poder. Talvez os fatos possuam relações entre si. Talvez… – ela pausa por alguns instantes, tremendo a possível veracidade em suas palavras. – Os Bestiamorfos sejam um caminho para alguma força desconhecida encontrar o ser Nexus.

— As possibilidades são vastas, Luna – alega Vale, mais tranquilo do que sua aliada da Nuvem. – Ainda temos poucas informações. Não há nada que possa ser feito por ora.

— Discordo. Existe algo.

— E o que seria? – indaga Toshio.

— Uma força-tarefa para a captura de Kamui Yato Uzumaki – pontua a irmã mais jovem da Terceira Raikage.

— Será que é prudente fazer isso nesse momento? – questiona Yuzuriha.

— Proponho que pequenas missões de reconhecimento e coleta de informações sejam destinadas às equipes de Gennins – sugere a mulher que, horas atrás, enfrentou Kamui Yato Uzumaki ao lado de Caius Lao Bistail. – Se todas as forças da Aliança Shinobi moverem seus ninjas mais jovens para tal, os ninjas de elite terão um suporte maior para iniciarem as missões de alta periculosidade.

— Faz sentido. Será mais sensato do que focar imediatamente as maiores forças na busca pelo renegado – Vale comenta, aparentemente concordando com a sugestão de Luna.

— Ao mesmo tempo, estaremos preparando-os para o que pode estar por vir – acrescenta Yuzuriha.

— Imagino que os demais associados concordarão. Seja o que estiver para acontecer, devemos fazer valer a Aliança Shinobi – alega a integrante do clã Shihoin. – Sejam quais ligações existam entre esses eventos, a verdade prevalecerá.

…/–/–/…

Algum tempo depois, em algum local no País da Geada…

Caius Lao Bistail, Sakuya Shihoin, Aruhana Yotsuki e Romoku Mutou seguem viagem na carruagem da ONSU destinada a levá-los para o Vale da Lua de Prata. O grupo saiu há poucos minutos do local no qual se hospedaram e a ausência de Luna Shihoin não foi grande surpresa. Afinal de contas, na noite anterior, as duas garotas do trio de Gennins assistiram boa parte do confronto de Caius e Luna contra o Nukenin da Aldeia da Chuva.

Quando os três se reuniram e perguntaram a ele, o tutor explicou brevemente o histórico de Kamui Yato Uzumaki. Embora a grande maioria das pessoas tenham aprovado o sucesso da Aliança Shinobi, alguns como Kamui desaprovam o modelo com base em uma visão antigovernamental. O Uzumaki exilado da Aldeia da Chuva, segundo Caius, sempre acreditou que os Kages de todas as aldeias abusam do seu poder enquanto os clãs e ninjas mais pobres se arriscam em missões que remuneram pouco. Acreditando que uma revolução era necessária, anos atrás o ruivo atacou o líder da Aldeia da Chuva e a líder da Aldeia da Nuvem com a intenção de matá-los e inspirar outros que se sentem insatisfeitos com a soberania dos Kages e da Aliança Shinobi.

O ataque mal-sucedido o tornou um foragido do mais alto escalão para todas as aldeias ligadas à Aliança. Posteriormente, os investigadores descobriram que Kamui estava motivando pequenos grupos rebeldes na Aldeia da Chuva. Temendo que esse ideal anárquico se espalhasse, a ONSU decidiu que os rebeldes deveriam ser presos por crimes políticos. Desde então, relatos em várias regiões do mundo ninja indicaram que o ruivo seguia com suas atividades criminosas no intuito de inflamar as insatisfações do povo.

Após a contextualização, Caius disse que Luna Shihoin precisou se afastar do grupo para informar a ONSU sobre a batalha observada por Sakuya e Aruhana. Os Gennins dormiram bem graças à recomendação do Jonin, mas ele permaneceu alerta durante toda a noite para evitar um possível ataque inesperado de Kamui. Evidentemente, o líder do clã Bistail não adicionou à sua explicação o termo “ser Nexus”, nem pretende fazê-lo. Quando esta manhã chegou, todos se organizaram para retomar a viagem rumo ao Vale da Lua de Prata.

As horas avançam e a manhã se torna tarde. O cenário domado pela neve, pouco a pouco, vai se transformando. O clima frio é sutilmente substituído por um clima de temperatura mais elevada conforme a carruagem se aproxima das fronteiras entre o País da Geada e o País das Fontes Termais. Os Gennins logo se desvencilham dos casacos dados a eles pela Jonin Especial da Aldeia da Nuvem, deixando-os sobre o acolchoado dos bancos da carruagem. Pouco tempo mais e os três já podem avistar, ao longe, o belíssimo cenário que caracteriza o destino final desta viagem.

— Nossa… Que lugar lindo – articula Sakuya, apoiada em uma janela da carruagem enquanto Aruhana faz o mesmo na janela do outro lado.

— Sim. Eu nunca vi nada igual – complementa a Gennin do clã Yotsuki, tão impressionada quanto sua colega.

Elas estão fascinadas com o extenso vale de árvores com cascos prateados e folhas de um verde extremamente reluzente. A região é imensa, cercada por duas grandes montanhas e acolchoada por um belíssimo gramado constantemente molhado pela umidade presente no ar. As Flores Lunares, dotadas de pétalas de um belíssimo prata, já podem ser vistas em algumas árvores e em canteiros espalhados pelo local. Em um ponto mais ao centro do vale, há um grande círculo de pedras distribuídas de forma horizontal. Ali, Sakuya e Aruhana são capazes de enxergar várias pessoas, entre elas muitos indivíduos com o uniforme tradicional da Organização das Nações Shinobi Unidas. Uma delas é a Jonin Especial Luna Shihoin.

— Olá, queridos! – declama Luna em alto e bom tom, tendo à sua direita a loira Yuzuriha Kaguya e ao seu lado esquerdo o belo Vale Kahn.

Com um sorriso sincero e um aceno de sua mão direita, a Jonin Especial da Nuvem cumprimenta o primeiro grupo de Gennins a chegar ao local. Cada vez mais próxima, a carruagem começa a reduzir a velocidade até parar por completo a poucos metros de Luna. Ela caminha em direção ao veículo enquanto Caius, no interior, se levanta e abre as portas do mesmo.

— Bom dia. Dormiram bem? – questiona a irmã mais jovem da atual Raikage, alterando seu olhar entre cada um dos quatro integrantes desta equipe.

— Sim, obrigada – garante Sakuya, descendo do veículo logo após Caius.

— Muito bem e espero que você também – se manifesta Aruhana, sendo a terceira a descer.

— Bom dia também, senhorita Shihoin – Romoku se pronuncia como o último a sair do interior da carruagem.

— Venham se juntar aos demais. Vocês são a primeira equipe a chegar, mas logo mais todas estarão por aqui. E explicaremos as dinâmicas que teremos nos dois dias de estadia no Vale da Lua de Prata – garante a mulher mascarada, dando as costas para o grupo enquanto caminha para retornar ao grande centro marcado por enormes pedras.

Após alguns minutos, as outras três equipes da Aldeia da Nuvem também chegam ao local, acompanhadas dos seus respectivos Jonins. Logo em seguida, cada uma das quatro equipes da Aldeia da Folha dão o ar da graça no Vale da Lua de Prata. Luna Shihoin, Yuzuriha Kaguya e Vale Kahn guiam todos os jovens, com o auxílio de outros funcionários da ONSU, para se acomodarem nas pedras ao redor do centro do cenário junto dos seus tutores. Em pouco tempo, todos estão bem distribuídos pelo ambiente.

— É um prazer recebê-los aqui nesta tarde – articula Luna, devidamente posicionada no centro de uma maneira que todos ao seu redor são capazes de vê-la e ouvi-la muito bem. – Como todos já devem saber, teremos dois dias de atividades. O primeiro dia, no caso hoje, será direcionado para a coleta de Flores Lunares. Cada equipe será guiada por um Jonin Especial em todo o vasto território do Vale da Lua de Prata. A missão consiste em colher as flores sem agredir o meio ambiente. Solicitamos que não colham os botões, nem retirem flores de outras espécies sem necessidade. É importante que este local, protegido como uma reserva ecológica internacional pela ONSU, permaneça são e salvo para os próximos anos.

— Vocês terão algumas horas para a missão e, quando concluírem, terão uma hora livre. O toque de recolher será quando alcançarmos a meia-noite – Vale Kahn, ao lado esquerdo de Luna, começa a explicar a sua parte. – No dia de amanhã, acordaremos às 07:30 e explicaremos as atividades que serão realizadas até o anoitecer. É importante que durmam bem porque as tarefas de amanhã podem exigir um pouco mais de cada um de vocês.

— Agora, pedimos que se preparem – articula a loira Yuzuriha, ao lado direito de Luna Shihoin. – Novas equipes de três integrantes serão formadas entre ninjas da Aldeia da Folha, da Aldeia da Nuvem e dos Apátridas. 

Diferente das duas aldeias mencionadas, os Apátridas não são vinculados a nenhum vilarejo ninja específico. Trata-se de um programa especial da Aliança Shinobi gerenciado pela ONSU. Ao longo dos meses, a Organização recolhe jovens em situação de vulnerabilidade social e os incorpora ao programa quando concordam. Uma vez parte dos Apátridas, um jovem recebe uma educação similar às das Academias Ninjas, mas orientados por funcionários da ONSU de nível Chuunin.

Quando aprovados como Gennins, eles são preparados por Jonins Especiais para o Exame Chuunin. Um Apátrida que se gradua como Chuunin tem o seu perfil analisado por aldeias oficiais e escolhe uma das três propostas de inserção que recebe. Desse modo, se torna um ninja legítimo do vilarejo que escolheu para integrar.

— Nós, Jonins Especiais, como já explicado, estaremos encarregados de guiá-los e ajudá-los em quaisquer dúvidas que surjam. Os seus tutores, por outro lado, serão meramente observadores. Eles estarão atentos às suas atividades para que possam avaliar o desempenho individual de cada um e a capacidade de cooperação com aliados novos – e assim Yuzuriha da Aldeia da Névoa encerra a sua explicação.

— Aguardem por alguns minutos e informaremos as formações escolhidas para as equipes – anuncia Luna, alterando o seu olhar entre cada um dos vários jovens ao seu redor.

Os tutores de cada uma das equipes se reúnem no centro junto com Luna, Vale, Yuzuriha e outros Jonins Especiais aqui presentes. Conversando entre si, os adultos manuseiam e trocam algumas pranchetas, anotando informações conforme discutem suas ideias.

— Estou ansiosa. E desejo sorte para que vocês peguem bons colegas – diz Sakuya, assentada bem no centro de uma das pedras, tendo ao seu lado direito Aruhana e ao seu lado esquerdo Romoku.

— Que assim seja. Imagina ter que aturar algum chato logo em nossa primeira missão? – a outra garota do time se pronuncia, suspirando profundamente como quem tenta espantar essa possibilidade com todas as forças.

— Pois é. Mas acho que será interessante interagir com alguém da Aldeia da Folha e um Apátrida pela primeira vez – pontua o garoto, recebendo o olhar das outras duas simultaneamente.

— Verdade. Será legal, com certeza – concorda a jovem Gennin do clã Shihoin.

A reunião dura por pouco mais de três minutos. Logo, os Jonins se afastam do centro e se aproximam dos seus Gennins. Os Jonins Especiais da ONSU, por sua vez, aguardam o fim do burburinho entre os ninjas em formação para que possam retomar a palavra.

— Já temos uma decisão – afirma Luna Shihoin, carregando uma prancheta com uma folha cheia de anotações em suas mãos. – Escutem bem para que não percam os seus nomes quando forem anunciados. Se alguém não escutar o próprio nome, venha diretamente até nós que informaremos outra vez.

— Aliás, o que são os Jonins Especiais mesmo? – questiona Sakuya para os seus dois colegas enquanto a Shihoin mais velha começa a pronunciar alguns nomes.

— Pelo que sei, são ninjas que se graduaram como Jonins, mas se especializaram muito em uma área ao invés de desenvolver-se em diversos setores como costuma acontecer com os Jonins comuns. Por isso, eles são alinhados para missões específicas que façam melhor proveito de suas especialidades – explica Romoku, tentando se lembrar do que já ouviu falar sobre o assunto.

— Zaku Mikazuchi da Aldeia da Folha. Sakuya Shihoin da Aldeia da Nuvem. Rupa Dores dos Apátridas – Luna Shihoin articula em determinado momento, atraindo toda a atenção de Sakuya para si. – Vocês são, temporariamente, a Equipe C. Aproximem-se do Jonin Especial Vale Kahn, escolhido para orientá-los.

— Boa sorte, Sakuya – dizem Aruhana e Romoku ao mesmo tempo.

— Obrigada, gente. O mesmo pra vocês – articula a garota do meio, se levantando e acenando com a mão direita e um sorriso estampado em seu rosto.

Redirecionando o seu olhar para o relativamente distante Vale Kahn, de pé a poucos metros de Luna, Sakuya começa a caminhar para se aproximar do mesmo. Logo, ela percebe a aproximação de outros dois jovens que supõe serem os seus colegas de equipe temporários.

O garoto, do clã Mikazuchi, possui uma aparência intimidadora. Apenas os olhos, profundamente azuis, são visíveis porque o sujeito está utilizando uma espécie de touca branca. Ela cobre sua cabeça quase que completamente, combinando com suas luvas brancas e roupas longas brancas com padrões vermelhos e dourados. Por também pertencer a um clã tradicional e por estar usando uma calça preta e camisa roxa com padrões dos Shihoin, Sakuya compreende que aqueles são os símbolos do emblema dos Mikazuchi da Aldeia da Folha.

A garota Apátrida, por sua vez, é mais alta que ambos e parece ser a mais velha do trio. Ela possui cabelos roxos lisos que alcançam a metade das costas, olhos empolgados de mesma coloração e pele clara. À primeira vista, Sakuya sente que Rupa Dores destoa muito da estética do outro membro da equipe. Afinal de contas, a Apátrida está saltitando enquanto se aproxima e utilizando um vestido cheio de cores que vai até os joelhos e um par de tamancas com salto plataforma igualmente coloridas.

— Zaku. Sakuya. Rupa – Vale os nomeia após se aproximarem dele o suficiente, olhando para cada um conforme menciona seus nomes. – Como foi explicado anteriormente, estarei acompanhando a realização da atividade de hoje por vocês três. Espero que se conheçam um pouco durante a colheita das flores porque amanhã essa interação pode ser útil. Alguma dúvida?

— Sim! – exclama Rupa, levantando sua mão direita bem alto, atraindo a atenção do adulto e dos dois jovens próximos. – Por que você não usa camisa? Por acaso está tentando conquistar alguém exibindo o seu tanquinho?

Sakuya, ao ouvir isso, fica extremamente desconcertada. De maneira automática, olha em direção à barriga de Vale e se sente ainda mais desconfortável por constatar a “boa definição muscular” exibida pelo abdômen do mais velho. Já Zaku, por sua vez, ignora completamente o comentário de Rupa. A mais velha dos Gennins abaixa o seu braço, mas aguarda com expectativas pela resposta do ninja filiado à ONSU.

— Haha, não – diz o Jonin Especial, fechando seus olhos enquanto sorri genuinamente. – Na verdade, já tenho alguém a quem meu coração pertence.

— Anw, que fofo! – opina a Gennin dos Apátridas, fazendo um biquinho como se fosse necessário um “brinde” para completar a sua fala.

Com isso, Vale passa algumas orientações e entrega uma grande cesta para cada um dos três. Explica que eles podem escolher quaisquer localizações no Vale da Lua de Prata, um território vasto, para colher as Flores Lunares. As outras equipes também estão começando suas tarefas e, sem demora, os três escolhem um lugar para começar – mais especificamente, Rupa sugere e os outros dois concordam sem mais. Vale, por sua vez, os segue em total silêncio até um canteiro de flores bem afastado do centro do Vale da Lua de Prata.

Enquanto os jovens começam a colher as plantas, muito longe dali, um grupo de doze pessoas trajando túnicas com capuz completamente prateadas observam o aglomerado de Gennins. Cada um , utilizando luvas brancas, faz uso de um binóculo. Isso é o que lhes permite observar com riqueza de detalhes à distância sem uma aproximação indevida. Os indivíduos sorriem, aparentemente ansiosos pelo que estão dispostos a fazer na noite que se aproxima.

— Interessante. Não estávamos contando com a participação de Apátridas – articula um dos homens que observa o grupo de Sakuya e os demais Gennins espalhados pelo Vale da Lua de Prata.

— Isso apenas significa que a nossa busca será ainda mais divertida – afirma um segundo homem encapuzado, ao lado direito do primeiro.

— Não sejam levianos! – exclama um terceiro, o último à extrema direita no grupo. – Nossa missão é sagrada e conectada ao grandioso Deus da Luz. Não encham os seus corações com interesses pessoais mundanos. O que fazemos pela luz são atos santos em prol da salvação da humanidade.

— Perdão, irmão – pede o primeiro homem que havia se manifestado. – Você tem razão. Devemos encontrar a escolhida para o sacrifício. Uma vida por toda a humanidade e pelo novo mundo. Abençoado seja o Deus da Luz por nos cobrar um custo tão pequeno.

— Louvado seja o Deus da Luz – dizem todos os homens, em coro, dispostos a tudo para cumprir a sua “sagrada”, e “incorruptível”, missão.