O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 29
Capítulo XXVII - Jogo Cruel.


Notas iniciais do capítulo

O mundo estava em chamas e ninguém além de você poderia me salvar
É estranho como o desejo manipula os tolos
Nunca sonhei que encontraria alguém como você
E nunca sonhei que perderia alguém como você

Não, não quero me apaixonar (este mundo vai apenas partir seu coração)
Não, não quero me apaixonar (este mundo vai apenas partir seu coração)
Por você (por você)
(Este mundo vai apenas partir seu coração)

Que jogo cruel de se jogar
Fazer eu me sentir assim
Que coisa cruel de se fazer
Me deixar sonhar com você
Que coisa cruel de se dizer
Que você nunca se sentiu assim
Que coisa cruel de se fazer
Me fazer sonhar com você - Chris Isaak.

Alerta! Conteúdo +18

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808152/chapter/29

Ponto de vista de Sam Winchester.

Me contraio quando ela geme de dor. Estou limpando cada um dos seus ferimentos com gaze e álcool, e é difícil manter as mãos firmes. Todo o meu corpo se tenciona ao ver sua careta de dor, mas me mantenho concentrado.

—Me desculpa, eu sei que dói... – Sussurro a ela, enquanto corto um pedaço de esparadrapo para dar início aos seus curativos. Ela assente, compreensiva, as mãos apoiadas na cama. Mesmo que esteja sendo cauteloso, preciso ser rápido. Retornamos ao motel há algumas horas e não podemos ficar muito tempo.

Embora tenhamos dado nossos “depoimentos” para a polícia alegando que encontramos Dalilah nesse estado graças a uma queda que ela teve em uma caverna, as buscas por esse local irão começar em breve. No momento em que as autoridades encontrarem todas aquelas ossadas humanas, as coisas se complicarão imensamente. E pretendemos estar muito, muito longe daqui quando isso acontecer.

A garota está em choque, é claro. Noah foi até o hospital ficar com ela.

Hazel percorre os olhos exaustos por mim enquanto enfaixo o seu pulso, cortado por alguma pedra pontiaguda enquanto foi arrastada pelo Wendigo. Seu rosto está cheio de rastros de sangue seco, e isso faz a minha garganta queimar. Me contraio por um momento, e respiro fundo. Um vinco se forma em sua testa.

—Você está bem? – Ela questiona, preocupada. Sorrio para ela, embora esteja vendo tudo turvo graças a três noites sem dormir.

—Sim, só odeio saber que está com dor. – Isso é verdade, então ela aceita a minha resposta. Termino o curativo e vou até o banheiro, em busca de lenços umedecidos para limpar o rosto dela. Ergo gentilmente seu rosto delicado, e passo os lenços com cuidado, removendo todo o sangue seco da sua pele. Quando termino, acaricio suas bochechas com os dedos, ternamente. Hazel fecha os olhos por um momento, sentindo o meu carinho.

Meu peito dói. Todas as vezes que a toco, sinto como se os meus ossos fossem me oprimir até me sufocar.

—Como está se sentindo? Você se recuperou mais rápido dessa vez. – Minha voz sai carregada de preocupação. Da última vez que Hazel usou seus poderes de forma total, teve que ficar no hospital. Dessa vez, um desmaio foi tudo o que lhe aconteceu. Ela dá um longo suspiro, se encolhendo no casaco que dei a ela nas montanhas, com o olhar pensativo.

—Eu me perdi no processo, Sam. Era como se... eu não fosse eu mesma por alguns momentos. Quando torturei aquela criatura eu... – Sua voz morre, o olhar culpado dominando sua íris. Assinto e me sento ao seu lado, segurando a sua mão, acariciando-a com os dedos.

—Me escute, El. Sei que deve estar confusa, e embora eu não seja exatamente como você, talvez eu seja a pessoa que mais se aproxima do que você está sentindo nesse momento, sem ser o seu irmão, é claro. – Respiro fundo, me lembrando de todas as vezes que deixei meus poderes tomarem conta das minhas decisões – O que não contam para a gente é que o poder é perigoso e viciante. E ele nos testa, constantemente. Quando eu descobri o que eu podia fazer, eu... – Ergo as sobrancelhas e respiro fundo – Eu fui até o limite, e eu me senti bem ao causar dor em todos aqueles demônios. Eu desci por uma rua escura e foi difícil sair dela depois, linda. Não deve se culpar pelo que aconteceu naquela caverna..., mas tem que tomar cuidado de agora em diante, se não quiser perder o controle de si mesma.

Ela absorve as minhas palavras com atenção, e fica pensativa.

—Eu sei que aquilo era um monstro, mas não consigo fechar os olhos sem me lembrar dos seus grunhidos e gritos, seus músculos se contorcendo de dor... – Ela fecha os olhos por um momento, franzindo o cenho com uma expressão de arrependimento, os reabrindo em seguida – E isso está me deixando aflita, porque desde que descobri tudo isso... – Ela solta a minha mão e encara as próprias mãos com culpa, se referindo aos seus poderes – Eu tenho medo de não ser mais quem eu pensei que era.

Sacudo a cabeça de um lado para o outro em negativa, e coloco uma mecha do seu cabelo para trás.

—Você é a mesma de antes, só... com novas versões de si mesma, entende? E isso leva um tempo para se encaixar dentro da gente. – Umedeço os lábios com o olhar nostálgico, me lembrando de cada uma das vezes que precisei aceitar novas versões de mim pela minha própria sobrevivência – Não vai se perder, El.

Seus olhos se acendem em dor assim que me escuta, e ela assente, aceitando minhas palavras.

—Tenho medo, Sam. Medo de, em algum momento, ser tarde demais. Tenho medo de descer por essa rua escura que você desceu e nunca mais voltar. – Sorrio para ela, com um olhar obstinado. Seguro seu rosto em minhas mãos e a encaro bem no fundo de sua alma, para que saiba que vou cumprir o que estou prestes a dizer a ela.

—Se for o caso, não se preocupe. Eu desço nessa maldita rua e busco você a força se precisar. Não vai se perder, eu não vou deixar, linda. – Ela me disfere um sorriso triste, e seus olhos recaem em meus lábios por um momento.

Todo o meu corpo se arrepia quando ela faz isso.

—Não consegue não me chamar assim, não é? – Ela suspira, dada por vencida – Meu sangue ferve todas as vezes que faz isso comigo, mas em contrapartida, ele gela todas as vezes que não me chama assim. O que eu faço?

Ela busca em meus olhos uma resposta genuína. Dou de ombros e encaro sua boca.

—Aceite, apenas aceite. Sei que te deixo louca da vida com isso, mas não consigo me referir a você de outro jeito, não mesmo. Eu tentei, eu juro! – Digo com sinceridade na voz, tentado a beijá-la. É tão difícil ficar perto dela e não tocá-la— Mas não consigo. Pode gritar comigo todas as vezes que eu te chamar de linda ou de El, não tem problema para mim. Consigo lidar com o seu ódio, eu te disse isso, se lembra?

Ela assente, e todo o ar parece pesar por alguns segundos. Hazel se inclina para frente e me beija, me pegando desprevenido. Seguro sua cintura assim que ela monta em mim, encaixando seu quadril com o meu, sua língua roçando a minha delicadamente. Percorro as mãos por suas costas enquanto nossos lábios brigam violentamente, incendiando meu abdômen e o meu peito. Me inclino para trás e me deito na cama com ela por cima de mim, me beijando enquanto suas mãos percorrem o meu peito. Nossa respiração se torna ofegante, meu coração dispara descompassadamente e fico a mercê do que ela quiser fazer comigo.

—Preciso tanto que lide com o meu ódio, Sam... – Ela sussurra por entre o beijo, e sinto o sabor de suas palavras em minha língua. Ela respira fundo e sapara nossos lábios por um breve momento, me encarando nos olhos, ressentida, os lábios avermelhados e inchados – Ele está me matando.

Assinto, segurando sua cintura com força e a virando na cama, ficando por cima dela. Encaixo minha perna no meio das suas, e a encaro por alguns segundos. O colar dela, que está em meu pescoço desde o dia em que ela o jogou no chão, fica a mostra, pendurado. Ela passa os dedos pelo pingente, ainda me encarando.

—Divide esse maldito ódio comigo então, El. Deixa ele me consumir, me devorar, eu não ligo. – Sussurro a ela, acariciando seu rosto – Me odeie o quanto quiser, só não deixe de me amar também.

—Achei que quisesse que eu parasse de te amar, Winchester. – Ela me diz, a voz coberta de ressentimento. Faço que não com a cabeça, encostando a testa na sua.

—Nunca vou querer isso, mas vou aceitar se acontecer. Eu aceito qualquer coisa de você, linda. Qualquer coisa. – Percorro seu pescoço com beijos, sentindo seu corpo se arrepiando ao toque dos meus lábios. Traço um caminho com eles até sua orelha, minha respiração pesada como a sua – Seu amor, seu ódio, sua indiferença, sua vingança, tudo. Me dê tudo isso, El.

Ela estremece, e acaricia a minha nuca, buscando a minha boca com a sua. Torno a beijá-la com dominância, como eu sei que gosta. Meu corpo pressiona o dela, e ela move o quadril contra a minha perna, me deixando com mais tesão ainda.

—Puta que pariu... – Resmungo, parando de beijá-la, enquanto tento me controlar. Faço uma careta de raiva e dor, tomado por desejo.

—Que boca suja, Sam. – Ela diz, sorrindo para mim de maneira lasciva, as pupilas dilatadas enquanto ela puxa o meu cabelo de leve com a mão. Dou risada e respiro fundo, ainda sentindo como se fosse explodir de desejo por essa mulher.

—É, minha boca e a minha mente também. – Constato, tentando raciocinar um pouco. Com muita dificuldade— Acho melhor eu...

—O que acha melhor, Sam? Acha melhor se afastar? – Ela me provoca, colocando suas mãos por baixo da minha blusa, roçando a pele do meu peitoral com o seu toque, me enlouquecendo. Seu olhar é o de controle absoluto, e não parecer estar a fim de perder essa batalha silenciosa em nosso olhar – Acha melhor parar? Você está fazendo todas as escolhas erradas, Sam. E transar comigo não é uma delas.

Fecho os olhos por um momento, suspirando. Suas mãos se movem até as minhas costas, me arranhando de leve. Reabro os olhos, encharcado de luxuria por toda a minha pele, me sentindo provocado.

Mas então, um manto de culpa me envolve.

—Não posso fazer isso com você. Dizer que quero te proteger e por isso não ficar com você oficialmente, mas transar com você no minuto seguinte. Não é justo com você, linda. – Digo isso com dor no peito, passando por cima de todos os meus desejos carnais, tentando enxergar com a razão – Não mesmo.

Ela pondera por um momento, parece lamber cada palavra com a mente. E não gosta do sabor que elas possuem, tenho certeza disso pelo olhar que recebo.

—Não temos muito tempo sobrando, sabe? – Ela diz isso com convicção, os olhos nos meus – Como eu te disse, depois que tudo acabar, nunca mais vai me ver. – Seus olhos são levemente cruéis ao dizer isso para mim, e sinto o meu peito ardendo ao ouvir suas palavras, mas apenas escuto, sem interrompê-la - E no outro dia você me disse que comigo, nunca é só sexo. E não é mesmo. Sabe, quando transamos, não é como se você se aproveitasse de mim, Sam. Eu escolhi transar com você aquele dia, e te beijar no outro. Escolhi te beijar agora a pouco... – Ela suspira, acariciando o meu cabelo, me deixando mais excitado ainda – E se estiver disposto, bom... acho que ficou claro que quando estamos perto um do outro, nenhum dos dois tem controle o suficiente para resistir. Então pare de agir como se me comer fosse um pecado, Winchester.

Ao dizer isso, ela torna a colar os nossos lábios com voracidade. Hazel me puxa mais para perto, e enquanto nossa respiração se mescla, sinto todo o meu corpo formigando. Paro de beijá-la imediatamente e me levanto, estendendo a mão para ela, ofegante. Ela me olha curiosa, e agarra a minha mão. A puxo, levantando-a da cama, e seguro o seu rosto firmemente com as mãos quando torno a beijá-la, descendo com as mãos até a sua cintura, acariciando-a nessa região, sabendo muito bem o quão sensível ela é a isso. Sorrio por entre o beijo quando ela geme na minha boca, e a pressiono contra a parede. Ergo suas coxas com facilidade, e ela entrelaça as pernas em mim. Hazel se segura em meus ombros, arfando enquanto invisto o meu quadril no dela, chupando a sua língua e mordendo os seus lábios com vontade de mais.

Ficamos assim por um tempo, até que ela desenrosca as pernas de mim, se colocando novamente no chão, me afastando. A encaro em expectativa enquanto ela retira a blusa, sem romper nosso contato visual. A próxima peça de roupa que ela se livra é a camiseta que vestia por baixo, e então o sutiã. Mordo meu próprio lábio enquanto passo a mão pelo meu cabelo, respirando fundo ao ver seus seios delicados e pequenos na minha frente. Hazel puxa o zíper da própria calça jeans e fica só de calcinha na minha frente, segurando a minha mão e me conduzindo para o banheiro. Encaro a sua bunda durante todo o percurso, louco por ela. Hazel se senta na pia e me puxa pelo colarinho, me encaixando no meio das suas pernas, e com suas mãos tenta retirar o meu casaco.

Paro por um momento, me lembrando de algo importante. Ela me vê hesitante e para de me beijar, preocupada.

—Ei, tudo bem? – Um vinco se forma em sua testa, aflita. Assinto tristemente, sabendo que não será fácil mostrar a ela.

Me sinto vulnerável.

—Promete não ficar brava? – Questiono, envergonhado. Sua preocupação parece crescer, e ela não me responde. Assinto, mais para mim mesmo, como se aceitasse o fato de que não posso exigir isso dela. Eu mesmo retiro o meu casaco, receoso e culpado. Assim que me livro da peça de roupa, ficando com o peitoral e os braços amostra, me contraio ao ver os seus olhos percorrendo cada corte.

Não consigo descrever seu olhar. É uma mescla de dor, medo e revolta.

—Sam...- Ela sussurra o meu nome, tampando a própria boca por um momento, em choque. Respiro fundo, tentando não encarar o espelho. Ela percorre os meus braços com as mãos delicadamente, encarando cada corte com incredulidade – Você... você...

Sua voz morre, e ela volta a encarar os meus olhos. Assim que vejo as lágrimas dançando em sua retina, tenho vontade de me bater por causar tanta dor nela.

—Me desculpa... – Sussurro, sem encontrar palavras para justificar toda a loucura que estou vivendo. Ela sacode a cabeça de um lado para o outro em negativa, ainda sem acreditar no que está vendo. Hazel respira fundo, e eu limpo uma lágrima sua que escapa pelo seu rosto, com os dedos.

Ela me puxa para perto, me abraçando, colocando sua cabeça no meu peitoral, e eu a aninho com os braços, a envolvendo. Beijo o topo da sua cabeça, sentindo um arrepio me percorrer por nossas peles estarem em contato direto, seus seios macios no meu peitoral, sua barriga na minha.

—Isso é sobre suas lembranças? Elas estão fazendo isso com você? – Ela se desvencilha de mim, me encarando com o olhar, segurando o meu rosto com suas mãos, buscando em meus olhos pela resposta.

Assinto, mentindo para ela.

Instantaneamente, ela nega com a cabeça. Ela sempre sabe.

—Não é só isso, mas você não vai me contar, não é? – Ela questiona entredentes, pendendo entre a preocupação e a raiva. Assinto, contrariado. Eu gostaria de contar tudo a ela, mas estaria a colocando em perigo se o fizesse. Ela suspira com indignação – Você me deixa maluca, Sam. Maluca. Isso está me matando. Por que não pode se abrir comigo?

Seus olhos suplicam, e isso me destrói por dentro. Eu é quem seguro o seu rosto em minhas mãos agora.

—É uma daquelas coisas que precisamos passar sozinhos, El. – Digo isso com pesar, porque não sei quanto mais disso consigo aguentar. Hazel me fuzila com o olhar, enquanto mais lágrimas despencam de seus olhos.

—Você não sabe como é difícil aceitar isso, Sam. Vai fazer eu quebrar mais uma das minhas malditas promessas... – Ela diz isso com cansaço, e eu franzo o cenho.

—Que promessa, linda? – Ela suspira com tanta raiva que sinto que vai me bater a qualquer momento.

—A promessa de que aquela noite tinha sido a última. Você não dorme desde então, e está se...- Ela aponta para os meus machucados com tanta dor na voz que suas palavras se quebram no ar, como vidro se estilhaçando – Machucando. Está se isolando e se destruindo no processo, e eu não vou permitir. De agora em diante, antes de tudo acabar... enquanto estiver assim... – Ela respira fundo e limpa as próprias lágrimas, me encarando com ternura – Eu vou cuidar de você. Vou dormir com você, vou impedir isso... – Ela acaricia a pele ao redor de um dos meus cortes com o polegar, carinhosamente e se contraindo, com medo de me fazer sentir dor – Vou cuidar de você.

—El... – Começo a protestar, mas ela nega com a cabeça.

—Não estou pedindo sua permissão, Sam. Se dificultar as coisas, eu vou contar isso a Dean. E acho que aí a coisa vai ser pior, não é? – Ela ergue as sobrancelhas, obstinada. Respiro fundo, contrariado – Seja lá o que esteja acontecendo, se continuar assim, vou ser obrigada a fazer algo que não gostaria de fazer, porque te respeito demais, Sam. Então não discuta comigo.

Um vinco se forma em minha testa.

—Que tipo de coisa, El? – Ela me encara com seriedade.

—Usar meus poderes em você. – Ela ergue as mãos, me mostrando elas – Entrar na sua cabeça e descobrir tudo de uma vez por todas. Estou evitando isso, porque quero que você me conte tudo quando se sentir pronto para isso. Então me deixe estar aqui para você enquanto enfrenta os seus demônios, me deixe impedir as coisas de piorarem, mesmo que eu não saiba o que está acontecendo. Me dê ao menos isso, Sam.

Coloco minha testa na dela e acaricio a sua nuca, com ternura. Fecho meus olhos e roço seus lábios, beijando-a. Ela acaricia o meu peito, e eu aquiesço, derrotado.

—Tudo bem... – Sussurro, beijando a sua testa – Tudo bem.

Ela assente, contente por não precisar mais discutir. Sem tirar os olhos dos meus, Hazel desabotoa a minha calça, e eu termino de tirar o jeans sozinho, em seguida arranco a minha cueca e puxo a sua calcinha com cuidado, descendo a peça íntima pelas suas coxas até jogá-la no chão. Seguro as mãos de Hazel e ajudo ela a descer da pia, conduzindo-a até o box do banheiro. Ligo o chuveiro, deixando a água quente esquentá-la primeiro. Ambos estamos trêmulos pelo frio, então a abraço por trás, sentindo a água nos envolver, assim como o vapor. Ficamos abraçados por um tempo, nossos cabelos se molhando assim como a nossa pele. Ela inclina a cabeça, repousando-a em meu peitoral, respirando fundo.

Alguns minutos se passam, e Hazel se vira para mim, ficando na ponta dos pés para me beijar, me envolvendo com seus braços. Sinto o sabor da sua língua enquanto suas mãos descem pelas minhas costas, até que acariciam meu abdômen lentamente, fazendo meu corpo se esquentar ainda mais. Sou pego desprevenido quando ela interrompe o nosso beijo, descendo com a boca pelo meu pescoço, traçando beijos até o meu peitoral, se demorando por um tempo na minha tatuagem, e depois descendo mais até a minha barriga.

Em questão de segundos, Hazel me pressiona contra a parede enquanto fica de joelhos para mim. Acaricio a sua nuca firmemente com a mão, e cruzo meu olhar com o dela. Está com o rosto corado pela timidez, mas com os olhos afiados, prontos para fazer tudo o que seu corpo estiver pedindo. Sorrio para ela de maneira predadora quando ela envolve o meu pênis com a boca macia e quente, e meus lábios se entreabrem enquanto assisto ela me provar com a boca, primeiro na ponta da minha glande, depois deslizando por todo o comprimento. Inclino a cabeça para trás, ainda segurando a sua nuca, deixando um suspiro forte escapar dos meus pulmões enquanto ela me chupa por todo o comprimento, um movimento de vai e vem lento e enlouquecedor com a cabeça.

—El... – Gemo seu nome, sentindo correntes elétricas por todo meu corpo enquanto ela continua a me dar prazer com a sua boca. Estava com tanta saudade disso, meu deus. Respiro com dificuldade enquanto ela aumenta o ritmo e a força da sua sucção, indo cada vez mais fundo, sua língua deslizando por todo meu pênis, enquanto ela também geme de prazer.

Puxo o ar entredentes, mordendo meu próprio lábio. Não vou aguentar muito mais, se deixar ela continuar. Olho para baixo, e quase desejo não ter feito isso, porque a visão maravilhosa dela faz o meu ápice roçar meu abdômen, me ameaçando. Seu olhar cruza o meu, e puxo sua cabeça levemente para trás, para interrompê-la.

—Não quer gozar na minha boca, Winchester? – Ela me provoca. Sorrio de maneira predadora para ela, e faço que não com a cabeça.

—Não, nós não temos muito tempo até sermos interrompidos por alguém para cair na estrada, então quero aproveitar tudo de você. – Ela se levanta, encostando as mãos no meu peitoral, o olhar provocador na minha direção – Tudo, entendeu?

Ela aquiesce lentamente, obedientemente.

—Erga os pulsos, El. – Ordeno a ela, com o olhar sério. Ela o faz, e eu seguro seus pulsos com uma mão só, a prendendo na parede, de costas para mim. Beijo a sua nuca, minha respiração pesada contra a sua pele como sei que ela gosta, prendendo-a com uma mão apenas, e descendo a outra em direção ao seu clitóris. Começo a provocá-la, tocando-a devagar, sentindo a sua bunda na minha frente, enquanto ela geme baixinho – Implore, El.

Ela arqueia a cabeça para trás docemente, tomada por desejo.

—Preciso de você, Sam... – Ela sussurra, a voz encharcada de prazer. Sorrio, mordendo seu ombro levemente, o sabor delicioso da sua pele me enlouquecendo.

—Precisa de mim, onde? – Provoco, sussurrando em seu ouvido.

—Dentro de mim. – Ela responde, com urgência – Agora, Sam.

Aquiesço, contente pela sua demanda. Desço minhas mãos até sua cintura, me encaixo nela e começo a entrar devagar, deslizando com calma. Está definitivamente muito lubrificada, mas é preciso ser cauteloso no início. Devagar, enquanto beijo seu ombro e acaricio sua cintura ternamente, vou me afundando nela até onde consigo. Ela geme um pouco mais alto, e eu movo seu quadril contra mim, investindo contra ela no mesmo momento, sentindo uma onda elétrica de prazer por todo o meu corpo enquanto prendo seus pulsos contra os azulejos.

—Ah, Hazel... – Digo baixinho, a voz rouca se quebrando, louco por senti-la tão apertada e molhada ao redor de mim – Você me leva para a porra do paraíso todas as vezes...

Saio de dentro dela e viro o seu corpo com as minhas mãos, erguendo suas coxas, sentindo a urgência de olhar em seus olhos enquanto estou dentro dela. A penetro com força, beijando sua boca com vontade. Ela arfa e geme enquanto invisto contra ela, primeiro devagar e depois com mais intensidade. Separo as nossas bocas, minhas mãos apertando suas coxas, suas pernas molhadas enroscadas ao meu redor enquanto vou o mais fundo que consigo.

—Olhe para mim, linda. – Demando, e ela o faz sem questionar. Isso faz suas bochechas arderem todas as vezes, e isso me deixa louco, sempre. Sorrio contente pela sua entrega a mim, enquanto invisto contra ela sem nenhuma piedade, do jeitinho que ela gosta— Tem vergonha, El? De ser vista com tanto prazer no rosto?

Ela assente, a boca semiaberta. Que gostosa, meu deus.

—É uma boa garota, Laverne. – Digo a ela, saindo dela e penetrando-a novamente, com força, fazendo-a gemer. Ela gosta demais disso, de sentir o impacto de mim dentro dela o mais intenso possível. Sempre gostou, conheço o corpo dela como um mapa— Só que adora ser comida como se fosse má.

Percorro seu seio com a minha mão, sentindo o seu mamilo se enrijecer nos meus dedos, me fazendo gemer de prazer, sentindo-a tão profundamente, tão entregue para mim.

Torno a beijá-la, permitindo todo o meu desejo por ela fluir por minhas veias, pelos meus lábios. Nesse momento, sinto que nada pode nos machucar.

Nada. Porque somos um só.

XXX

Ponto de vista de Hazel Laverne.

Sinto-o profundamente dentro de mim, e pressiono minhas pernas ao seu redor, prendendo-o contra mim. Mordo seu lábio inferior durante o beijo, ofegante. Sam move o seu quadril contra o meu, subindo suas mãos das minhas coxas para o resto do meu corpo, me acariciando com seus dedos por toda parte.

Passo minhas mãos por seus cortes, acariciando-os como se pudesse curá-los. Interrompo o nosso beijo por um momento, olhando-o profundamente nos olhos verdes e revoltos. Busco seu pulso esquerdo com as mãos, e fecho os olhos ao percorrer seus ferimentos com beijos ternos.

Sam fica vulnerável por um momento, permitindo que eu faça isso. Chego com meus beijos em seu ombro, e então em seu pescoço, minha boca próxima ao seu ouvido.

—Eu te amo tanto que dói, te amo tanto que é perigoso... – Sussurro para ele, apoiando minhas mãos em seus ombros, suas mãos me segurando com força enquanto o sinto se arrepiando, a água quente nos envolvendo.

Sam fita os meus olhos, seu olhar se escurecendo com a seriedade das minhas palavras.

—Eu te amo tanto que é cruel, linda. – Ele me responde, roçando os lábios nos meus, me provocando – É um jogo cruel amar você do jeito que eu amo. Um jogo ao qual sinto que vou perder...

—Espero que perca, Sam. – O provoco, puxando seu cabelo para trás – Realmente espero.

Sam geme entredentes, mordendo o próprio lábio enquanto sente meus dedos agarrando seu cabelo, fazendo sua cabeça se inclinar para trás.

—Está brincando com fogo, El. – Ele me adverte, e eu sorrio.

—Me mostre o que acontece, então. – Sussurro para ele, sem interromper nosso contato visual. Quero enlouquecê-lo— Me mostre as consequências, Sam.

Sam dá um sorriso maldoso de lado, revelando sua covinha. Quem o vê com seu jeito fofo e cavalheiro, sempre lendo livros por aí, não imagina como ele é na cama, e honestamente... isso me deixa mais excitada ainda, sempre deixou. Seus cabelos molhados emolduram seu rosto, e eu fico maluca só de olhar para ele. Ele aquiesce, concordando com minhas palavras, sem sombra de hesitação em seus olhos lascivos. Suas mãos sobem pelo meu corpo, uma delas apertando a minha cintura, a outra em direção a minha boca. Ele insere um dedo entre os meus lábios, devagar. Passo a língua pelo dedo e o chupo em seguida, sabendo o quanto ele gosta disso, e o quanto eu também amo a sensação de fazer isso. Seu sorriso cresce com mais malícia, me avaliando.

—Acha que está lubrificado o suficiente com a sua saliva, linda? – Ele me pergunta, erguendo uma de suas sobrancelhas para mim. Assinto, enquanto ele retira o dedo da minha boca, devagar – Não quero que tire os olhos de mim, está me entendendo?

Ele usa um tom firme para falar comigo, do jeito que faz minhas pernas tremerem. Assinto, obedientemente. Ele desce com a mão pela lateral do meu corpo, e me penetra com mais força com seu pênis, me fazendo gemer. Em seguida, o sinto acariciando a minha bunda. E depois...

Sinto um frio na barriga quando entendo o que ele vai fazer e por que queria ter seu dedo lubrificado. Primeiro, ele provoca a entrada, me avaliando, percebendo se há algum tipo de relutância em mim. Quando percebe que pode ir adiante, ele insere o dedo em mim, e eu sinto uma ardência que me faz arquear as costas e morder meus lábios de prazer.

Não tiro os olhos dos dele, como ele havia mandado. A sensação de ser penetrada por todos os lugares possíveis simultaneamente é melhor do que eu podia imaginar.

—Gosta da dor, não é? – Ele me provoca, oscilando o olhar entre meus olhos e minha boca. Faço que sim, com dificuldade, sentindo uma explosão de prazer e dor dentro de mim, do jeito que eu gosto. Do jeito que sei que ele também gosta. Ele continua me encarando, enquanto mexe o quadril mais rapidamente, me comendo com força enquanto me toca por trás com seu dedo, primeiro delicadamente, e depois que vê que me acostumei e que estou gostando de tudo isso, com mais força. O prazer fica tão intenso, que não consigo me segurar. Fecho os olhos e mordo a boca, gemendo de maneira vulnerável enquanto meu orgasmo me consome. Me sinto o apertando, o contraindo. Todo o meu abdômen se inflama, todo o meu interior se contrai enquanto eu me libero nele, o percorrendo com meu gozo quente e viscoso. É um dos orgasmos mais fortes de toda a minha vida, e ele percebe isso.

Quando reabro os olhos, ele está sorrindo, satisfeito. Ele retira o dedo de dentro de mim, delicadamente, e me beija.

—Gostou disso o suficiente para querer... ir além? – Ele me questiona, especulativo. Coro, sentindo um frio na barriga me acometendo. Quero?  

Quero sim.

Com ele, eu quero tudo.

Faço que sim com a cabeça, tornando a beijá-lo. Ele sorri por entre o beijo.

—Ah, El... – Ele sussurra, separando nossos lábios – Vai me fazer perder a cabeça...

Ele desce os lábios em meus ombros, me beijando com ternura, me dando pequenas mordidas na pele, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. Ele sai de dentro de mim, e me coloca no chão. Minhas pernas tremem um pouco por ter ficado tanto tempo com elas abertas, e o vejo avaliando o tamanho do box. É bem espaçoso, então ele me olha, erguendo meu queixo para encará-lo.

—Fique de quatro no chão, El. – Assinto, fazendo o que ele me pediu, levemente nervosa. Sinto o seu corpo se ajoelhando atrás de mim, a água quente nos envolvendo gentilmente. Meu coração se acelera, e ele acaricia as minhas costas, depois os meus seios, e então o meu pescoço. Ele abre levemente as minhas pernas, ainda não fazendo mais do que isso. Sua mão então busca a minha boca, onde primeiro ele acaricia os meus lábios – Cuspa, linda.

Faço o que ele manda sem questionar. Ele é o experiente aqui, ele tem o controle de tudo e eu não preciso me preocupar com nada. E eu gosto muito disso nele.

Muito mesmo.

Após alguns segundos, ele apoia as mãos em meu quadril, com firmeza.

—Escute, não fique nervosa. Não vou machucar você, sei o que estou fazendo, ok? – Ele sussurra, e eu assinto – E sabe o que fazer, não é? Se você se sentir desconfortável, o que deve fazer, El?

—Devo pedir para parar. – Respondo, e sinto seus polegares acariciando minha cintura.

—Isso, linda. Você é quem verdadeiramente manda aqui, entendeu? – Ele me assegura. Isso me excita além de todas as coisas. Sam Winchester sabe ser dominante da maneira certa, que é dominar com respeito e cautela. Esse é o tipo de equilíbrio perfeito para mim.

Sam roça a minha entrada, lubrificado pela minha saliva. A princípio, me tenciono involuntariamente, sentindo sua glande dentro de mim. A ardência inicial me faz gemer, e ele fica parado.

—Relaxa, El... – Sua voz diz calmamente, me passando confiança – Relaxe como uma boa garota para mim, linda.

Eu não sei o motivo de palavras serem tão poderosas para mim, mas elas são, sempre foram. E ele sabe usá-las com maestria, como se lesse minha mente. É impossível fazer o oposto do que ele ordena, todas as vezes, portanto meu corpo faz o que ele pede sem questionar. Em alguns segundos, após se mover devagar, ele vai mais para dentro, me penetrando quase por inteiro. Gemo e mordo o lábio inferior, sentindo uma dor mesclada a ardência, mas o prazer que vem junto dessas duas sensações fala mais alto.

—Sam... isso é... – Gemo, a voz entrecortada e um sorriso se formando em meu rosto – Muito... bom. – Consigo terminar a frase com dificuldade.

—É? Então peça, El. Peça e eu vou até o final. – Sua voz é sexy para caralho. Eu o amo tanto e o quero tanto, de todas as formas possíveis e imagináveis.

—Quero tudo, Sam. Até o final. – Respondo, com as pernas tremendo, os joelhos contra os ladrilhos, as mãos tentando ficar firmes no chão, sua pélvis contra a minha bunda.

—Vai ter o que quer, linda. – Ele me responde, com luxúria em sua voz. E com apenas uma investida, me consome por completo, me penetrando até o final.

Gemo alto, sem discrição, me sentindo penetrada e dominada até o limite.

Ele fica parado, completamente dentro de mim, esperando eu me acostumar. A dor é tão gostosa que eu mesma separo mais as pernas e invisto a bunda contra ele.

Ele passeia com as mãos até as minhas coxas, e depois no meu clitóris.

—Está gostando demais disso, Laverne. Acho que nunca esteve tão molhada... – Ele diz isso deslizando o indicador e o anelar, simultaneamente, dentro de mim. Gemo mais, mordendo a boca de prazer. Sam percebe que pode se entregar a isso sem medo, que estou confortável, então começa a investir contra mim com mais força e intensidade, tanto por trás, com seu pênis, quanto na frente, com seus dedos. Ele encontra um ponto maravilhoso dentro de mim com os dedos, e investe nesse ponto sem quebrar o ritmo, enquanto me come por trás imitando o mesmo ritmo, me enlouquecendo.

—Sam...- Gemo o seu nome assim que gozo pela segunda vez, em seus dedos, os contraindo dentro de mim, deliciosamente, os molhando mais ainda.

—Porra... – Ele xinga baixinho, entredentes, enquanto o sinto chegando em seu ápice, se derramando dentro de mim com vontade.

Meu corpo está completamente trêmulo enquanto ele crava as mãos em meu quadril, me apertando enquanto me marca com seu orgasmo. Ele sai de dentro de mim com calma, me puxando junto dele. Sam se senta, as costas nos ladrilhos, e eu me sento em seu colo, de frente para ele, a água caindo sobre nossas cabeças. Encosto minha cabeça em seu peito, e seus braços me envolvem, me abraçando. Sam beija o topo da minha cabeça com ternura, ofegante.

Ficamos assim por um tempo, em silêncio, nossos corpos se acalmando após tanta endorfina e dopamina. O peito dele sobe e desce, assim como o meu. Nossa respiração ofegante vai se acalmando aos poucos, e eu o beijo. Sam acaricia minha nuca enquanto retribui o beijo de maneira terna, ambos roçando os lábios devagar, sem pressa.

A nossa fome foi saciada, afinal. Por enquanto.

Vai se lembrar de mim quando se sentar, Laverne... isso eu garanto a você. - Ele me diz isso de maneira provocadora, sorrindo com suas covinhas amostra, os olhos sorrindo junto como se tivesse aprontado alguma coisa e sucedido. Coro e dou um tapinha em seu ombro, rindo.

—Você é muito besta, sabia? - Provoco ele, ainda rindo. Ele me dá um selinho.

—Só estou te provocando, linda. - Sam acaricia meus cabelos molhados e me olha, travesso - E me sentindo um pouco vitorioso, também. Tudo o que tem em você... - Ele acaricia meus lábios, com o olhar de desejo percorrendo todo o meu corpo - Fui eu quem desvirginei. Sou egoísta ao ponto de amar esse fato.

Meu rosto arde, e eu disfiro a ele um sorriso.

—Amo esse fato também, seu idiota. - O provoco, acariciando seu cabelo.

—Hazel, está aí?! – Jesse bate na porta do banheiro, e nós dois arregalamos os olhos, nos sobressaltando – Preciso que se apresse, precisamos dar o fora daqui! E Dean, Jo e eu não conseguimos encontrar o Sam em lugar nenhum!

Tapo a boca de Sam, nervosa. Começo a pensar em alguma coisa para dizer, completamente desconcertada.

—E-eu estou terminando aqui e ajudo vocês a achá-lo! – Minha voz sai gaguejando e quebrando, e ouço um silêncio do outro lado da porta por alguns segundos.

—Puta merda, ele está aí dentro com você né? – Ao dizer isso de maneira desgostosa, não consigo controlar minha risada, nem Sam, cujo paro de tapar a boca – Porra, que inferno ein, Winchester? Não consegue manter sua winchester 22 dentro da calça? – Jesse faz uma piada comparando a famosa arma com as partes íntimas do Sam, e isso me faz rir mais ainda. Jesse Turner é o rei dos absurdos— Pelo ao menos terminaram a festinha? Precisamos mesmo ir!

—Estaremos no hall dentro de dez minutos! – Sam responde, com um sorriso maldoso no rosto, como se provocar Jesse tornasse seu dia melhor – E como sabia que minha winchester era calibre 22, ein Turner? – Sam diz isso de maneira provocadora, piscando para mim. Dou um tapinha em seu ombro, com os olhos arregalados por tamanha audácia.

—Ah, era só o que me faltava! – Turner responde, constrangido e arrependido de ter começado isso – Estejam na porcaria do Hall o quanto antes, seus irresponsáveis!

Ouvimos os passos de Jesse se afastando, e caímos na risada, sem conseguir parar por um tempo.

XXX

Descemos juntos pela escada, ambos devidamente agasalhados e vestidos, porém... não havia secador no banheiro do motel, então estamos os dois de cabelos molhados em pleno inverno. Nada suspeito, não é?

Jesse fica balançando a cabeça de um lado para o outro, nos recriminando com o olhar. Dean segura uma risada a muito custo, ficando vermelho. Os olhos castanhos de Jo ficam oscilando entre encarar Sam e encarar a mim.

—Hm, temos mesmo que ir. – Harvelle diz, após pigarrear. Está com os cabelos loiros soltos, uma touca beanie cinza na cabeça, devidamente agasalhada.

—Antes de irmos, Noah quer se despedir de você, Laverne. – Dean me olha – Ele ficou esperando um... tempão. – Ele diz isso de maneira maliciosa, para me provocar.

—Onde ele está? – Questiono, constrangida por todo mundo estar olhando para Sam e eu como se tivéssemos transado na frente deles.

—Lá fora. – Jesse responde, cerrando os olhos para o Sam, como se quisesse espancar ele. Olho para Sam, que está vermelho e desconcertado, assim como eu.

XXX

Noah está encostado no próprio carro, perto do Impala, trajando um sobretudo marrom e um cachecol. Caminho até ele por entre a neve, tremendo um pouco pelo cabelo molhado em contato com o ar gélido do inverno.

—Eu queria te agradecer, por tudo o que fez. – Ele começa dizendo, um sorriso fraco em seu rosto, a pele cor de oliva levemente avermelhada pelo frio – Eu nunca, nunca... vou conseguir agradecer você o suficiente, Hazel. Você salvou a vida dela.

Meus olhos se enchem de lágrimas, que eu contenho. Salvar alguém é a melhor recompensa que um caçador pode ter. Viver toda essa loucura pode valer a pena se eu puder salvar algumas pessoas no caminho.

—Não precisa agradecer Noah, de verdade. Como ela está? – Especulo. Ele troca o peso de perna, e dá um longo suspiro.

—Mal, está com estresse pós-traumático. Mas, mesmo assim, está sendo forte o suficiente para testemunhar contra o reverendo. – Franzo o cenho imediatamente, confusa sobre o que o reverendo que morreu teria alguma coisa a ver com isso. Noah respira fundo, e se apressa a explicar – O maldito, junto daqueles outros homens que morreram, levavam mulheres e garotas em estado vulnerável para as montanhas, para...

Sua voz morre por um momento, e meus olhos se arregalam.

—Ela...? – Pergunto, sem conseguir formular minha pergunta direito, o medo percorrendo meu corpo. Ele faz que não com a cabeça.

—Não, ele não conseguiu fazer nada com ela. Morreu antes disso. Mas a intenção dele era justamente essa. Sabe o que mais doeu, Hazel? Ouvi-la dizendo que preferiu tudo o que aconteceu com ela no meio daquela caverna com os Wendigos, do que os segundos em que pensou que seria abusada por aquele nojento.

Sinto o meu peito ficando pesado, e dou um longo suspiro. Por um momento, sinto um alívio tremendo por saber que foram devorados pelos Wendigos. Tiveram o que mereceram. 

—Como mulher, posso te garantir que prefiro encontrar um monstro na floresta do que um homem, e isso só mostra a merda de mundo que vivemos. – Coloco minha mão em seu ombro, e olho no fundo de seus olhos, com compaixão – Eu sinto muito por tudo isso, Noah. Vocês ficarão bem?

Ele assente, os olhos castanhos incertos.

—Vou fazer com que fique. Vou visitar meus pais e mostrar a eles o que o preconceito deles causou em Dalilah, vou lutar por ela. Aconteça o que acontecer, ela terá a mim e a Hannah. – Assinto, e o abraço com ternura.

—Elas tem muita sorte de ter você. – Me afasto dele, e sorrio – Tenha uma boa vida, Noah. Você merece, sabe disso, não sabe?

Ele assente, sorrindo também.

—Você também, Laverne. E por falar nisso... posso dar uma palavrinha com Sam Winchester? – Ele olha por cima do meu ombro, encarando Sam. Assinto, e dou um último abraço nele.

—Vou chamá-lo. Adeus, Noah. A gente se esbarra por aí. – Digo. Ele ri.

—Sem monstros da próxima vez, ok? – Ele brinca. Eu rio também.

—Combinado. – Respondo, indo em direção a Sam, meus pés afundando na neve.

XXX

Ponto de vista de Sam Winchester.

Caminho até Noah Andrews, incerto sobre o que ele pode querer me dizer a essa altura. Ficamos cara a cara, ele encostado em seu carro, e eu com as mãos dentro dos bolsos do casaco.

—Quero agradecer você, Sam. Dalilah me disse que você a tranquilizou assim que a viu. – Ele começa a dizer, seriedade explicita em seus olhos. Assinto.

—Não precisa agradecer. É o que fazemos, é nosso trabalho. – Digo, após pigarrear. Nunca sei como aceitar agradecimentos, em casos. É sempre difícil aceitar gratidão quando se é um caçador.

—Preciso sim. De qualquer forma, não é por isso que te chamei... – Noah se desencosta do carro, me encarando no fundo dos olhos, com muita seriedade e uma postura firme – Aquela garota ali? Chamou pelo seu nome em quase todas as noites que estivemos juntos, enquanto dormia. Levei muito tempo para entender, dentro de mim, que ela não era minha, e sim de outra pessoa. Hazel é a melhor pessoa que eu conheci, Winchester. – Ele diz isso dando um passo para frente, não em tom ameaçador, mas em tom preocupado – E ela é muito forte, o que faz com que ela aguente tudo, tudo mesmo, no limite e além dele. Não a machuque, Winchester. Ela me disse que não estão exatamente... juntos. – Ele dá de ombros, e suspira – O que é bobagem. Seja lá o tipo de coisa que o impede de ficar com ela, passe por cima disso. – Ele ergue o indicador no ar, não em direção a minha cara nem nada do tipo, apenas quer frisar suas palavras – Vocês são destinados. Está escrito, e isso é claro para todo mundo. Espero que para você, se torne claro também. Tenha uma boa vida, Sam Winchester... – Ele estende a mão para mim, e eu absorvo suas palavras, apertando sua mão de volta.

—Tenha uma boa vida, Andrews. E se precisar de algo... sabe quem chamar. – O asseguro, entregando a ele um cartão com um de nossos números – Não hesite em nos ligar se alguma coisa acontecer.

Ele assente, agradecido, guardando o cartão em seu bolso.

—Obrigado, Winchester. Esperançosamente... nada de monstros de agora em diante, mas caso aconteça, pode deixar que entrarei em contato. – Aquiesço e o vejo entrar no carro, acenando para Hazel uma última vez, a olhando com carinho.

Vejo seu carro indo embora meio a neve, e volto para perto do Impala. Encaro Dean, a quem quero encontrar uma oportunidade para conversar em breve, Jo, que parece incerta sobre estar conosco, Jesse, que ainda não parou de me encarar como se quisesse estourar a minha cabeça com um taco de baseball, e Hazel, que faz meu coração se acelerar.

—Para onde nós vamos? – Questiono, suspirando de exaustão. São três noites não dormidas, e temo que Lúcifer vá me atormentar mais em breve. Eu posso o sentir arranhando minha mente— Para a casa do Bobby?

Jesse faz que não com a cabeça, acendendo um maldito cigarro e passando as mãos nos cabelos pretos e bagunçados.

—Para Lawrence. – Ele diz isso de maneira certeira. Todos nós nos entreolhamos, incertos sobre isso.

—Como é? Por que para Lawrence? – Quem questiona isso, tão desconcertada quanto Dean e eu é Hazel, olhando para o irmão como se ele fosse maluco. Ele dá de ombros, traga o cigarro e respira fundo.

—Isso mesmo, Lavie. Um caso de fantasma vingativo está acontecendo por lá, e precisamos dar o início ao próximo estágio dos seus poderes. – Ele ergue as mãos no ar, e sorri para a irmã – Está na hora de controlar seus poderes da mente, irmãzinha. Vamos dar um tempo na telecinese, e trabalhar essa parte. Que gatilho melhor para isso do que voltar para onde vocês dois se conheceram, hm? – Ele aponta de mim para a irmã, jogando o cigarro no chão e o apagando com o pé – Vamos, vocês podem ficar chocados na estrada para lá. Não temos muito tempo.

Todos assentimos, ainda contrariados. Hazel e eu nos entreolhamos, com dor nos olhos. Não me sinto pronto para reviver o lugar onde tudo aconteceu.

E acho que ela também não. Sinto meu peito se comprimindo, e tenho certeza que o dela também está se sufocando em seu tórax.

Entramos todos no carro, menos Harvelle, que sobe em sua moto preta, pronta para caçar conosco.

Pelo espelho retrovisor, fico com o olhar fixo nos da garota que eu amo.

Vejo, meio a sua floresta particular que são seus olhos, a agonia que ela compartilha comigo, mesmo que não tenhamos dito uma só palavra.

Abrir portas para o passado é perigoso.

E ela sabe disso muito bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente... eu to até sem jeito, sabe? Maaaaas fazer o que, né? A história envolve muita coisa, e hot é uma dessas coisas. Mas tenho vergonha toda vez que posto : )

PS: Viu...não que eu saiba, mas uma amiga de uma amiga minha disse assim que uma tia dela falou que, caso você vá tentar brincar pela porta dos fundos, não vai achando que é igual nas fanfics não, ok? Ela disse assim que precisa um monte de burocracia, que eu não vou explicar porque não to aqui para ensinar ninguém dar a estrelinha, só estou alertando.
Enfim, disse ela.

kkkkk
Abraços, hunters. Comentem ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Homem que Perdeu a Alma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.