O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 26
Capítulo XXIV - Desapareço em você.


Notas iniciais do capítulo

Você vive sua vida
Você anda nas sombras
Você se despedaçará e você ficará cego
Em alguma espécie de noite na sua escuridão
Que tinge seu olhar com algo que não está ali

Desapareço em você
Acho estranho que você nunca tenha percebido - Mazzy Star.

Mazzy. Fucking. Star.

Capítulo grande, né? Sabe o que mais é grande?

E é com esse comentário extremamente inapropriado que eu me retiro.

Em silêncio.

Boa leitura ♥
Alerta - conteúdo +18



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Ponto de vista de Hazel Laverne.

Ficamos em silêncio, Dean, Jess e eu.

O vento frio castiga as nossas peles, e as lágrimas em meu rosto se tornam geladas. Os olhos verde esmeralda de Dean fitam os meus, com dor e culpa. Caminho até ele, e o abraço. Dean coloca os braços ao meu redor, e eu afundo o rosto em seu peito.

Não dizemos nada por um tempo. Não há um manual sobre como lidar com essa quantidade absurda de corações partidos.

—Ele vai te perdoar, sabe? – Digo, sentindo meu coração pesado – Eu sinto muito, por tudo isso, Dean.

Me desvencilho dele, e limpo um pouco do seu sangue com o polegar, esfregando a manga da blusa em seu lábio superior. Ele respira fundo, os ombros pesados por toda a carga emocional.

—Eu não acho que vá, não tão cedo. Mas eu já sabia disso, não é? – Ele dá de ombros, e passa as mãos em seus cabelos loiro-escuros – Ele está confuso, os muros estão ruindo. E está bêbado, não é uma boa combinação.

—Não, não é. Por isso fiquei tão irritada... – Digo, olhando para o chão, contrariada e confusa por tudo o que aconteceu – Posso estar com muita raiva dele, Dean. Mas...não consigo não me importar.

—Sei como se sente. Também estou com muita raiva dele... – Dean começa a andar em direção ao motel, e eu e Jesse fazemos o mesmo, o acompanhando. Os flocos de neve caem do céu tão devagar que parecem até mesmo estar em slow motion, como se nossas vidas fossem uma cena em um filme, um pedaço de ficção. Para mim, a vida só vale a pena nesses pequenos momentos.

Curtos espaços de tempo onde nos sentimos fictícios o suficiente para sermos admirados. Para fazermos alguém sentir alguma coisa. Para sermos importantes.

Entramos no hall, e eu paro na base da escada, inquieta.

Meu cérebro e a minha razão me mandam ir dormir. Mas minhas veias pulsam outra coisa. Outra decisão.

—Você vai ir cuidar dele, não vai? – A voz de Jesse me desperta dos meus pensamentos. Estou com a mão no corrimão, com um ar incerto. Dean olha para mim, assim como o meu irmão.

—Eu não devia, não é? – Questiono, já sabendo a resposta.

—Não, não devia. – Jesse diz, com sua voz rouca, ao dar de ombros – Mas vai mesmo assim.

—Só quero me certificar de que ele não vai fazer nenhuma estupidez. – Digo, sabendo que esse é apenas um dos motivos pelos quais quero ir vê-lo. Mesmo com tudo o que ele fez, mesmo estando magoada até os ossos com ele, não posso evitar a preocupação que sinto por saber os danos que ele está sofrendo com tantas informações sendo jogadas nele.

—Bom, então vai precisar se esforçar, porque para mim, tudo o que ele tem feito nos últimos dias é ser um grandessíssimo estúpido. – Jesse diz, sacudindo a cabeça de um lado para o outro em negativa – Devo esperar você acordado? – Ele questiona, erguendo uma de suas sobrancelhas. Dou um longo suspiro, ponderando. Mas é Dean quem responde por mim:

—Na verdade, eu não vou dormir no mesmo quarto que o Sammy, por motivos óbvios. Algo me diz que você também não, Jesse... – Dean respira fundo enquanto subimos as escadas de madeira, e aponta para mim – Acho que sobra para você. Sei que vocês estão em uma situação esquisita, mas... faria isso por mim? Sammy não devia ficar sozinho, não no estado em que se encontra.

Respiro fundo, contrariada.

—Eu não devia. – Digo, ajeitando o meu cabelo levemente bagunçado e me encolhendo em meu casaco – Mas alguém tem que ser maduro nessa história.

—Me chame, se precisar de qualquer coisa. – Jesse diz, o olhar escuro coberto de receio me fitando – Eu estou louco para alguém me dar a bandeira verde para dar uma liçãozinha no Sam.

—Pode deixar, Jess. – Digo, parada em frente ao quarto em que Sam está hospedado – Vejo vocês amanhã de manhã, ok? – Olho para Dean e para Jesse. Ambos aquiescem, e meu irmão me dá um beijo na bochecha antes de ir para o próprio quarto. Dean espera ele ir embora, e me olha com um olhar preocupado.

—Escuta, sei que está fula da vida com ele e você tem todo o direito, mesmo. Mas quero que saiba que ele está escondendo alguma coisa, Hazel. Não foram só as lembranças que o fizeram tomar a decisão... – Ele faz que não com a cabeça, uma agonia estampada em seu rosto – Tem algo a mais que não sabemos.

—Dean, honestamente... não sei se isso faz diferença a essa altura. – Digo, ao dar de ombros, esgotada por dentro. Vazia como uma ampulheta sem areia – Seja o que for, que o fez se decidir isso, não muda o fato de que ele me quebrou por dentro. Seja pela minha segurança ou não, ainda dói. Mas, ei...- Sorrio um sorriso triste, o único tipo de sorriso que eu sei dar ultimamente – De tudo o que me aconteceu, acho que posso lidar com a rejeição, você não acha?

Dean sacode a cabeça, contrariado.

—Não está sendo rejeitada, Laverne. – Seu olhar se torna sério, e ele coloca a mão em meu ombro, ternamente – É o oposto. Ele se importa mais com você do que com ele próprio, e isso o assusta tanto que o faz tomar decisões estupidas.

Fico em silêncio, porque estou exausta. Os motivos pelos quais uma flecha te atinge não mudam o fato de que você irá sangrar.

XXX

Quando entro no quarto, encontro Sam sentado no chão, com as costas na parede do fundo do quarto. O nariz dele sangra sem parar, manchando o pescoço e o peitoral. A mão enfaixada está ensopada em vermelho, e ele está trêmulo. Respiro fundo, sentindo o meu peito se apertar por vê-lo nessa situação.

O vicio por sangue, a abstinência, e a mente atormentada estão acabando com ele. Está se consumindo vivo.

—Vem, me dá a sua mão. – Estendo a mão para ele, com uma expressão séria no rosto. Ele ergue o rosto para mim, a luz da lua iluminando seus olhos verde-oceano, profundos e revoltos. Ele pondera por um tempo, mas finalmente faz o que pedi. Sam estica a mão, segurando a minha. Faço uma pequena força, apenas para guiá-lo. Ele se levanta rapidamente. O conduzo até a cama, onde aceno com a cabeça para que se sente, e ele o faz, sem questionar. Vou até o banheiro e pego alguns lenços de papel e os umedeço. Retorno ao quarto, e me coloco na frente dele. Sam é tão alto que, ao estar sentado, consigo ficar cara a cara com ele.

—Você não devia estar cuidando de mim. Isso tudo é culpa minha. – Ele aponta para o próprio rosto, levemente machucado. Suspiro, irritada, e concordo com a cabeça.

—Eu sei. Mas eu sou idiota, aparentemente, mais do que você. Tão idiota que podia ganhar um prêmio. – Resmungo, enquanto ergo seu rosto levemente com as mãos, passando com delicadeza os lenços molhados por onde há sangue, o limpando. Ele faz uma careta de dor e fecha os olhos, então tento tomar o máximo de cuidado possível.

—Não é idiota, Hazel. Só é uma pessoa melhor do que a maioria. – Ele diz isso com convicção, um olhar triste no rosto. Dou uma risadinha e faço que não com a cabeça, ainda limpando o sangue do seu rosto.

—Eu não teria tanta certeza disso, Winchester. Estou com tanta raiva de você que foi um prazer imenso te machucar, hoje mais cedo. O olhar de ciúmes no seu rosto ao me ver com Noah foi um deleite, então não vá assumindo que eu sou toda boazinha só por estar cuidando de você agora. – Seu olhar muda de tristeza para o de um cão abandonado, quando ele ergue as duas sobrancelhas de uma maneira que só ele sabe fazer. Ele ergue a mão e segura o meu pulso, delicadamente, o acariciando, o contato visual inquebrável entre nós dois.

—Eu sabia que estava me provocando, e eu sei que mereço ser provocado. Mas significou algo além disso, para você? Estar com ele? – Sua voz é carregada de súplica. Dou um longo suspiro, e ele solta meu pulso delicadamente. Odeio o frio que sinto todas as vezes que ele interrompe o contato físico comigo.

Odeio saber que, não importa o que ele faça, sempre vou querer ser tocada por ele.

—Nada além disso e, claro... estou preocupada com ele, Sam. Com a irmã dele, com tudo isso. Mas fora isso...- Dou de ombros, exausta – Acho que é óbvio que não tem espaço na porcaria do meu coração para mais nada além da bagunça que você fez, não é?

Ele dá um longo suspiro de culpa, e eu seguro o braço dele, examinando a mão machucada com atenção.

—Eu não devia ter enchido a cara. – Ele sussurra, arrependido – Não devia ter batido em Dean...

—Não, não devia mesmo. – O repreendo com o olhar, enquanto desfaço seu curativo mal feito, arregalando os olhos ao me deparar com um corte profundo e levemente infeccionado na palma da sua mão – Sam... o que está acontecendo? – Pergunto isso com a voz quebrada, sem conseguir parar de encarar seu ferimento – Você está se...machucando, de propósito? – Ele se contrai ao ouvir a minha pergunta, o que confirma minhas suspeitas.

—É complicado... – Ele responde, envergonhado. Nosso olhar se cruza, e ficamos em silêncio enquanto eu limpo seu corte com muito cuidado, me contraindo com medo de causar mais dor nele pelo meu toque – Me desculpe por não conseguir... fazer sentido algum. Eu estou vivendo o que parece ser o momento mais estranho da minha vida, Hazel.

Assinto, enquanto busco um pouco de gaze e esparadrapo dentro da minha mochila, voltando até ele e iniciando um novo curativo em sua mão.

—Acho que posso me identificar com isso, afinal... – Respiro fundo, concentrada em fazer um bom curativo – Não acho que minha vida possa ficar mais estranha do que já está.

—Ah, sempre dá. Acredite em mim... – Ele esvazia o peito em um longo suspiro, o olhar pensativo e longínquo. Me afasto dele, e reviro sua mochila em busca de algum casaco, alguma blusa, e encontro a blusa preta de manga comprida que ele usou na noite passada. Entrego a blusa a ele.

—Vista isso. Está congelando e você precisa se agasalhar. – Ele aquiesce, o olhar obediente, e veste a blusa por cima da camiseta, meio letárgico por causa do álcool. Cruzo os braços e o observo – Sam, não sei o que está havendo com você, e tampouco acho que vá se abrir comigo ou.... com qualquer pessoa agora. Mas eu preciso que pare de se machucar, seja qual for o motivo. Posso estar puta com você, é verdade... – Dou um longo suspiro e coloco mechas do meu cabelo para trás da minha orelha, sem tirar os olhos dos dele – Mas infelizmente, quando você faz isso...- Aponto para sua mão, trêmula e em choque por imaginar ele se ferindo – Você não machuca só a si mesmo. Você me machuca, Sam.

Seus olhos se enchem de lágrimas, e ele olha para baixo. Está sofrendo profundamente. Me retraio, porque é inevitável. Estamos conectados por uma corrente invisível.

Sempre estivemos.

—Tem sido a única forma de controlar as coisas. – Ele diz, olhando agora para a mão ferida – Eu queria muito conseguir explicar. Mas...

—Tem que achar outro jeito, para controlar...seja lá o que for, Sam. Por favor. É a única coisa que peço a você. Odeio ver você se destruindo... – Me aproximo dele, com raiva de mim mesma por isso. Passo a ponta dos meus dedos delicadamente pelo seu rosto, tirando as mechas de cabelo da frente dos olhos dele. O vejo engolindo em seco, nervoso por essa proximidade – Eu vou ficar de olho em você, ok?

—Eu sei, eu sei... – Ele sussurra, fechando os olhos por um momento, e os reabrindo em seguida – Me desculpa por isso também.

Dou um longo suspiro.

—E essa noite é uma exceção. Uma trégua, ouviu? Só porque você está machucado e bêbado. – Me afasto dele, o olhando com raiva – Ainda estou muito brava com você.

—Tudo bem, posso lidar com essa trégua. – Ele diz, me olhando com dor – Posso lidar com seu ódio, também. Posso lidar com tudo o que você tiver para me oferecer, Hazel.

—E não se sinta muito convencido. Também estou aqui por ganho próprio. – Digo isso com um nó na garganta, evitando um choro, o barrando no fundo da minha garganta – Não estamos juntos, nem nunca mais vamos estar. Mas eu não sabia disso ontem a noite, então me dê uma última noite, Sam.

Ele ergue os olhos para mim, e ao me ouvir dizer isso com a voz quebrada, uma lágrima quente despenca do seu olho esquerdo. Droga. Isso faz as lágrimas que eu estava contendo despencarem também.

Ele se levanta no mesmo momento e anda em direção a mim, segurando o meu rosto em suas mãos, enxugando as minhas lágrimas com seus polegares.

—Essa é a nossa última noite juntos? – Ele questiona. Faço que sim, o fuzilando com o olhar.

—Sim. Se vou superar você, e eu vou... – Uso força em minhas palavras, para que entenda que me perdeu de verdade – Preciso me despedir. Depois de hoje, vamos trabalhar juntos até onde for necessário, nunca mais dormiremos juntos ou coisa do tipo, e no dia que tudo isso terminar, você nunca mais vai me ver de novo, Sam. Prometo isso a você.

Ele assente, e eu limpo as suas lágrimas com a minha mão. Ele me abraça, me envolvendo com seus braços, acariciando o meu cabelo, me fazendo desmoronar.

—Como pretende se despedir? Como pretende que essa última noite comigo seja? – Ele me questiona, enquanto estou em seus braços, sentindo o seu perfume cítrico e veraneio, aninhada em seu peitoral.

—Eu não sei. Nem sei o que estou fazendo, para ser sincera. – Digo, me amaldiçoando mentalmente. Eu não tenho nenhum respeito por mim mesma, não é? Não, não tenho.

Ele assente, se desvencilhando de mim.

—Vamos... você precisa descansar. Vamos dormir juntos, vamos fingir que tudo isso não está acontecendo. Vamos fingir que há um amanhã, pode ser? – Ele fixa o olhar tempestuoso no meu, e eu aquiesço, desconcertada. Retiro o meu casaco e o jogo na cadeira ao nosso lado, e Sam percorre os olhos por todo o meu corpo, suspirando em seguida – Eu vou tomar um banho, e eu já venho. Ok?

Assinto, e o observo ir em direção ao banheiro.

Visto o mesmo pijama de ontem, shorts e uma blusa de manga comprida fina, e me deito na cama, me cobrindo com as cobertas quentes. Observo a neve caindo lá fora, sou embalada pelo som violento dos ventos impiedosos do inverno, e deixo minhas lágrimas rolarem.

Se essa é a nossa última noite juntos, que não haja hesitação.

Deixo a dor sangrar por meio das minhas lágrimas. Vou me entregar aos meus desejos, e dane-se a razão. O amanhã existe para arrependimentos, de qualquer maneira.

XXX

Ponto de vista de Sam Winchester.

Deixo a água cair sobre mim, e sinto a sobriedade me invadindo. Toda a sensação de embriaguez me deixa, dando lugar a uma dor de cabeça e uma consciência de corpo.

O meu rosto dói muito, assim como a minha mão, devido a minha briga com Dean.

Mas não quero pensar nisso, nem em nada. Só há uma coisa ocupando a minha mente e o meu coração.

Essa é a minha última noite com ela.

Depois disso, sei que ela vai focar todas as suas energias para me esquecer, e a conheço o suficiente para saber que é forte o bastante para isso. A partir de amanhã, a frieza dela vai me congelar. Sei disso muito bem.

Visto um pijama de moletom, escovo os meus dentes e a vejo deitada na cama, de lado, encarando a janela. Sinto um aperto no peito.

Me deito ao seu lado, sentindo todo o meu corpo se arrepiar. Não sei qual é o rumo que ela quer tomar nessa nossa última noite, e não sei até onde estou disposto a ir.

Acho que estou prestes a descobrir.

XXX

Ponto de vista de Hazel Laverne.

Sinto o peso do seu corpo na cama, o sinto se cobrindo, e meu coração dispara.

Continuo encarando a janela, o choro ainda irrompendo da minha garganta. Todo o meu peito dói, arde.

Sinto sua mão na minha cintura, o seu corpo quente atrás de mim, me abraçando. Um frio na barriga violento me invade quando sinto sua boca na minha nuca, a respiração quente na minha pele, fazendo-me arrepiar por completo.

—Não chora, El... – Ele sussurra para mim, seus lábios beijando a minha nuca. Fecho os olhos, e me contraio de prazer.

—Não te falei que perdeu o direito de me chamar assim? – Digo a ele, a voz quebrada. Sam se aninha mais em mim, e sinto minhas costas cobertas por seu peitoral, minhas pernas sentem as suas, minha bunda encaixada em seu quadril.

—Verdade. Você falou. Mas essa é nossa última noite, não é? Não era uma trégua? – Ele sussurra com a voz rouca, traçando a minha nuca e o meu pescoço com beijos que fazem com que eu respire fundo, e as minhas mãos começam a tremer.

—Sam... – Digo o seu nome como um sussurro, quase involuntariamente, sentindo seus beijos a princípio muito comportados em meu pescoço, mas se intensificando quase que imediatamente. Sua respiração fica pesada, descompassada, e a minha também. – Você está sóbrio? – Questiono a ele, me virando para encará-lo. Seus olhos têm as pupilas dilatadas, sua boca está semiaberta, o olhar em meus lábios.

Ele aquiesce, devagar.

—Mais sóbrio do que nunca. – Ele diz, sem tirar os olhos da minha boca.

Meu ventre se aquece com tanta violência que parece estar em chamas, meu abdômen se contrai em desejo puro e absoluto, soberano. Encaro a sua boca com o olhar enegrecido, e o vejo hesitante.

Se sente culpado, e nada vai acontecer essa noite... se não partir de mim.

Me inclino sobre ele, e subo por cima de seu corpo, o pegando desprevenido. Encaixo o meu quadril com o seu, me sentindo uma adolescente tomando uma péssima decisão. Suas mãos fortes seguram a minha cintura, firmemente, e vejo seu peito subir e descer com a respiração descompassada. Encosto a testa na sua, sentindo nossa respiração se misturando deliciosamente.

Seus olhos se enegrecem, e meu coração dispara com tanta força que tenho medo que ele possa escutar as batidas frenéticas. Sem ligar para como isso vai me machucar amanhã de manhã, entreabro meus lábios, roçando-os nos seus, meu corpo inclinado sobre ele. A respiração de Sam se intensifica ainda mais, e ele cede a minha provocação, me beijando com voracidade, se entregando para mim, suas mãos subindo pelas minhas costas e bagunçando o meu cabelo. No momento que sinto o sabor da sua língua, movendo meus lábios com fome e desejo por ele, sinto todo o meu corpo colapsar.

Beija-lo assim é como voltar para casa, como reacender as velas de um local mau assombrado. Meu tórax é uma casa abandonada quando ele não está por perto.

Percorro o seu peitoral com as minhas mãos, enquanto nos beijamos com força e vontade, com descontrole. Sam ergue as costas se sentando na cama, comigo ainda em seu colo, suas mãos percorrendo as minhas costas por completo, e eu agarro a sua nuca, puxando o seu cabelo com delicadeza. Arfo quando sinto seu desejo por mim ficando evidente por entre a sua calça de moletom, e sinto um sorriso se formando em sua boca por entre o beijo.

—Sam... – Gemo seu nome, sem parar de beijá-lo. Ele também geme baixinho, e puxa o meu cabelo suavemente, com sua mão em minha nuca, fazendo todo o meu corpo amolecer instantaneamente. Sam morde o meu lábio inferior, puxando-o um pouco para si, me controlando como sempre fez, suas mãos descendo pelas minhas coxas, apertando-as.

Ele para de me beijar de repente, respirando com dificuldade, uma gota de suor escorrendo em sua testa. Meu peito sobe e desce, comigo arfando, sua ereção roçando o meu sexo por entre a roupa, suas mãos firmes acariciando as minhas coxas, puxando-me contra seu corpo com ainda mais força, como se o seu corpo não suportasse nenhuma distância do meu. Passo as mãos pelos meus cabelos bagunçados, o encarando com desejo, sentindo os meus mamilos se enrijecendo, ficando amostra na blusa fina. Seus olhos descem da minha boca ao meu pescoço, aos meus seios, e então retornam para os meus olhos. Volto a beijá-lo, meus lábios quase doendo por terem ficado longe dos dele durante esses segundos, como se isso fosse inaceitável. Começo a tentar tirar a sua blusa, mas o sinto hesitar, fazendo que não com a cabeça, relutante.

—Você não quer? – Pergunto, beijando o seu pescoço quente, sentindo seu corpo se arrepiar por tocar meus lábios em sua pele.

—Quero, meu deus, como eu quero... – Ele sussurra, a voz rouca e quebrada. O encaro, e o vejo travando uma batalha interna. A boca entreaberta, os olhos enegrecidos, a respiração pesada e uma raiva por si mesmo estampada em seu rosto – Mas é tão errado, El... meu deus. É tão errado...

—Por que acha isso? – Pergunto, arfando, não me aguentando de desejo.

—Não acho, eu sei que é errado. A gente vai sofrer para caralho amanhã de manhã, linda... – Ele diz isso com um olhar pesaroso, dividido entre o carnal e o etéreo.

—Erra comigo, então, Sam. É só isso que eu te peço. – Seguro o seu rosto, o beijando com força, o sabor doce da sua saliva com a minha – Erra comigo.

Sinto ele relutar mais um pouco, fazendo que não com a cabeça por entre o beijo, a respiração descompassada e o rosto se contraindo em uma expressão de raiva.

Não sei se raiva de si mesmo ou de mim, ou de tudo isso junto. Paro de beijá-lo e o encaro, como um ultimato. Meus lábios semiabertos e inchados, meu olhar o fuzilando.

Vejo seu olhar dominado por culpa e raiva, mas o desejo parece vencer. Ele segura o meu rosto com a mão, passando o polegar pelos meus lábios.

Por alguma razão, sua fúria explicita que brilha em seu olhar me excita acima de todas as coisas, e me sinto ficando cada vez mais quente, e fico molhada no mesmo instante. Busco a base da sua blusa e dessa vez, ele não reluta. Assim que a retiro, perco qualquer que fosse o fio de sanidade que eu ainda tinha. Percorro os olhos pelo seu peitoral grande, e passo meus dedos por cima da sua tatuagem, o acariciando ali.

—Eu sou seu, Hazel. – Ele diz isso colocando a sua testa com a minha, acariciando a minha nuca com a mão firme, e eu fecho os olhos absorvendo as suas palavras, me embebedando nelas – Para sempre, estando com você ou... não. Espero que saiba disso.

—Eu sei disso. E por isso mesmo é que dói tanto. Pertencer a você e saber que me pertence. Odeio amar você, Sam Winchester. – Digo isso com a voz baixa, mas cheia de fúria. Ele assente, separando nossas testas, me olhando fundo nos olhos, o olhar de completo controle sobre mim, deixando bem claro que de agora em diante, é ele quem conduz.

—Vai adorar me amar essa noite, Hazel Laverne. – Ele sussurra, agarrando os meus cabelos com seus dedos firmes em minha nuca, puxando-os levemente – Vou arrancar esse seu ódio por mim, confie em mim. – Sam então inclina a minha cabeça um pouco para trás, puxando o meu cabelo, e eu obedeço sem hesitar. Ele pressiona os lábios no meu pescoço, me beijando a princípio, e então intensificando os beijos em minha pele, sua língua quente em contato comigo, até que morde levemente a base do meu pescoço. É inevitável gemer quando ele faz uma sucção leve, chupando a minha pele, me marcando.

Começo a suar no mesmo instante, e então ele se afasta, segurando o meu rosto com as mãos, fazendo-me olhar para ele. Ficamos em silencio por um momento, seus olhos percorrendo a minha blusa, meus braços, e então meus olhos novamente.

Está pedindo permissão com o olhar. O conheço o suficiente para saber disso.

Hesito por um momento. Desde o incêndio, nunca mais fiquei nua na frente de ninguém. Mesmo quando estive com Noah, no passado, fazíamos tudo comigo coberta da barriga para cima.

Mas é Sam. É o meu primeiro e único amor. Não há ninguém no mundo que vá me ver tão completamente quanto ele me vê, ninguém que eu queira mais do que quero ele. Faço que sim com a cabeça, o rosto corando, ardendo. Ele leva as mãos para a base da minha blusa, puxando-a devagar, jogando-a no chão, junto da sua. Abaixo meus olhos, e me estremeço. Sam ergue meu queixo delicadamente com a mão, fazendo nossos olhos se encontrarem.

—Você é tão linda, Hazel. – Ele sussurra isso, me dando um selinho, seu polegar acariciando meu rosto – Tão, tão linda. E as suas cicatrizes também são lindas para mim, El. – Ele ergue meu braço esquerdo, sem tirar os olhos dos meus, e beija a base do pulso com ternura – Eu amo tudo em você, meu deus, amo tanto que me deixa louco... – Ele começa a percorrer o meu braço cheio de queimaduras com beijos ternos, e quase sinto minha pele queimar pelo contato. Tive vergonha desse braço por tanto tempo que desaprendi sequer a como era sentir qualquer toque humano que fosse nele, até mesmo o meu próprio. Neguei o fogo que me marcou por tanto tempo que é difícil aceitá-lo. Uma lágrima escorre no meu rosto ao me sentir amada, me sentir tocada. Sam continua a acariciar e a beijar cada queimadura, até chegar na base do meu ombro, e então ele traça um caminho de beijos até a minha orelha, onde sussurra com a voz rouca – Vai se entregar para mim hoje a noite? Tem certeza?

Faço que sim com a cabeça e o abraço, sentindo a minha pele em contato com a dele. Ele é tão quente, o frio não parece existir mais ao nosso redor. Suas mãos percorrem as minhas costas, e depois os meus seios, receoso a princípio, mas assim que vê como o meu corpo reage, se enrijecendo, Sam entende que o quero verdadeiramente, sem barreira alguma. Ele me lança um olhar lascivo e depois desce a boca no meu seio esquerdo, o beijando e o chupando com vontade, sua língua explorando o meu mamilo. Arqueio as costas e a cabeça para trás, gemendo, mesmo que eu morda a minha própria boca tentando evitar o som de sair dos meus lábios. Em um movimento rápido, Sam agarra a minha cintura com força e gira o corpo, ficando finalmente por cima de mim. Minhas pernas estão ao redor do seu corpo, e ele torna me beijar com voracidade, tenta dominância em seus movimentos que me sinto uma presa.

Ele investe seu quadril contra o meu, e aperta as minhas coxas com desejo, sua língua dançando com a minha em um ritmo perfeito. Sam para por um momento, arfando em meu pescoço, e quando passo a mão em seu peitoral, posso sentir seu coração acelerado na ponta dos meus dedos.

As mãos dele sobem até a base do meu short, e ele o retira com um movimento só, me deixando apenas de calcinha. Sam para de me beijar por um momento, e percorre todo o meu corpo com os olhos famintos. Ele sorri de lado, e começa a beijar os meus seios, depois descendo para a minha barriga, onde ele fica por um longo tempo, me provocando. Me contraio a cada beijo quente e molhado, gemendo e arfando, quase implorando a ele que me consuma.

Quero que me queime essa noite, incandescente, até que não reste mais nada de mim além das cinzas.

Ele desce mais a boca, e morde a alça da minha calcinha, a retirando com a ajuda da mão esquerda. Ele a joga no chão, e começa a beijar o interior das minhas coxas, com força e delicadeza em perfeito equilíbrio. Arqueio as costas na cama, enlouquecida com a provocação. Ele separa uma perna minha da outra, ainda beijando o interior da minha coxa, apertando a outra com força na mão. Seus beijos sobem até a minha virilha, e eu fico sem ar e começo a tremer no momento em que sinto a sua boca no meu sexo. O ouço gemendo de prazer no momento em que a sua língua entra em contato com o meu clitóris, minha lubrificação intensa em contato com a sua saliva quente, sua língua macia e suave.

—Sam... – Gemo seu nome quando ele começa a se mover a me chupar lentamente, do jeito que eu gosto. Agarro o seu cabelo com as mãos, minhas pernas trêmulas, meu corpo se contorcendo de desejo. Ele me comia muito com a boca quando namorávamos, era uma de suas coisas favoritas a se fazer na cama. Pelo visto, certas coisas não mudam. Sinto uma crescente de prazer, que ele interrompe quando separa os lábios de mim, subindo pelo meu corpo e me beijando, mesclando o meu próprio gosto em minha língua.

—O seu gosto é enlouquecedor, Laverne. Eu senti tanta, tanta falta dele... – Ele sussurra em minha boca, chupando a minha língua. Gemo e me arqueio, todo o meu corpo suando – Eu só parei porque quero que goze comigo dentro de você, linda.

—Faço o que você quiser... – Falo isso com a voz quebrando, as palavras entonadas em um pequeno gemido. Ele dá uma risada maliciosa, e beija a minha testa.

—Cuidado com o que fala, El. – Ele me adverte, sussurrando isso em meu ouvido. Em seguida, começo a tirar a sua cueca boxer preta, e ele me ajuda no processo, revelando todo o seu corpo. Percorro os olhos por ele, nem acreditando na minha visão.

Tudo, absolutamente tudo nesse homem é...enorme. Anos atrás, quando exploramos o corpo um do outro, Sam era um garoto. O que tenho em cima de mim nesse momento, é um homem. 

Engulo em seco, com esse pensamento. Será que eu aguento?

 Sam se encaixa no meio das minhas pernas, mas ainda não faz nada além de se ajeitar. O vejo ficar pensativo de repente, os olhos ficando preocupados.

—O que foi? – Pergunto, acariciando seus cabelos.

—Não temos camisinha. – Ele diz, de um jeito sério. Respiro fundo.

—Não tem problema, ok? – Falo isso com firmeza na voz, olhando no fundo dos seus olhos – Eu tomo uma pílula amanhã.

—Tem certeza? Não vai se sentir mal por isso? – Ele me encara preocupado comigo, acariciando o meu rosto. Faço que sim com a cabeça, com plena certeza das minhas escolhas.

—Tenho. – Afirmo, beijando seus lábios com voracidade.

Ele me beija de volta, agarrando o meu corpo para perto do seu, nossas peles e o nosso suor se misturando.

Sam percorre todo o meu corpo com as suas mãos, desde minhas costas a minha barriga, aos meus seios, e então ele agarra as minhas coxas de maneira firme, apertando-as com desejo. Ele encosta a testa na minha, separando nossos lábios, o olhar concentrado. Ele fricciona o seu pênis em mim, e eu gemo de prazer em expectativa.

Ele não demora a se encaixar na minha entrada, com delicadeza. Sam respira fundo, e uma gota de suor da sua testa escorre até a base do seu pescoço. Está nervoso. E eu também estou.

Desejei esse momento por tanto tempo. Nem acredito que está acontecendo. Uma de suas mãos segura a minha, ambas mãos trêmulas, uma contra a outra.

Ele se força um pouco para dentro de mim, e eu inclino a cabeça para trás, gemendo com um pouco de dor. Não faço sexo há... muito tempo. Ele percebe o meu desconforto inicial e não se mexe por um tempo, me deixando relaxar e me acostumar com ele entrando em mim. Minhas pernas tremem e eu respiro fundo, tentando relaxar.

—Ei... – Ele usa uma de suas mãos para erguer meu queixo, para cruzar nossos olhares. Coro por estar tão vulnerável, e por seus olhos mexerem tanto comigo – Vai ficar tudo bem, linda. Relaxe para mim, El. – Ele beija a minha testa, acariciando o meu rosto – Está tão molhada, tão quente... – Ele sussurra na base da minha orelha, e todo o meu corpo se arrepia ao ouvir sua voz rouca dizendo isso – Quero que me sinta por completo.

Respiro fundo, e assinto. Arqueio as costas quando o sinto me penetrando mais a fundo, e a ardência inicial se dissipa rapidamente. Assim que ele está completamente dentro de mim, gemo em sua boca, e ele segura a base do meu quadril, se afundando mais em mim o quanto é humanamente possível. Sam Winchester se move devagar, mas com força dentro de mim. Minhas mãos arranham as suas costas, e ele morde a minha boca em resposta. Gemo com mais intensidade quando os movimentos de vai e vem se intensificam, em uma mescla de desejo e raiva.

Raiva por tudo o que nos aconteceu, por todas as maldições. Por não podermos ficar juntos, na sua concepção irracional e protetora.

Invisto meu quadril contra ele, para que entenda que quero dar tudo de mim.

—Vai fazer o que eu quiser, El? – Ele sussurra por entre o beijo. Faço que sim, ofegante e suada, e ele sorri de maneira predadora, saindo de dentro de mim. Quase choramingo ao senti-lo fora de mim tão bruscamente, mas nem consigo ter tempo para raciocinar. Ele segura o meu quadril com força e me vira na cama, como se eu não pesasse nada. Ele puxa o meu quadril com as duas mãos, me posicionando de quatro.

Meu coração dispara. Nunca fiquei de quatro antes.

Suas mãos apertam os meus quadris e o sinto se posicionando atrás de mim, de joelhos. No momento em que entra em mim, de uma vez, gemo um pouco alto demais. Sinto um misto de agonia e prazer a princípio, e ele se inclina sobre minhas costas, ficando com sua boca perto da minha orelha, completamente enterrado dentro de mim, de um jeito completamente novo.

—Está tudo bem? – Faço que sim com a cabeça, sem a capacidade falar nada, minhas pernas tremendo muito – Dói? – É a sua segunda pergunta. Faço que não com a cabeça, arfando de prazer. Ele morde a base da minha orelha, fazendo-me arrepiar por completo, e faz um movimento de vai e vem bem forte, que me estremece por completo – Arqueie as costas, linda. Vai me sentir ir mais fundo se fizer isso... - Ele me guia, posicionando suas mãos em minhas costas, e eu faço exatamente o que ele mandou. Assim que me arqueio, minha bunda se empina mais. O sinto deslizando tão fundo que dou um gritinho, misto de uma dor gostosa e um prazer intenso. Sam geme de prazer, se afundando em mim com tanta força que me sinto fraca e trêmula - Boa garota, El... - Ele sussurra, a voz cheia de prazer. 

Ele se afasta da minha nuca, e começa a me comer com força enquanto tento ter firmeza o suficiente nos braços e nas pernas para aguentar seus movimentos. Mordo os lábios, sentindo uma fraqueza me consumindo, e uma sensação deliciosa de submissão muito intensa. Sinto a sua pélvis se chocando em minha bunda, sinto seus dedos apertando a minha cintura com força, me marcando. O meu prazer cresce e escala tão rápido, que sinto o orgasmo vindo de dentro do meu ventre com violência, me contraindo e me relaxando com intensidade, enquanto eu gozo para ele. Gemo baixinho e estremeço enquanto ele continua a se enterrar em mim, dono do meu corpo por completo, enquanto eu o marco com tanta lubrificação e gozo. Ele geme ao me sentir o contraindo e o apertando, e estoca mais forte ainda. Meu suor se intensifica conforme o orgasmo passa por mim, me atravessa. Respiro com dificuldade e estremeço enquanto o orgasmo passa, e o sinto se inclinando sobre mim, ainda dentro de mim, e ele segura o meu rosto com firmeza.

—Quem disse que você podia gozar agora, ein? – Ele sussurra, me provocando. Sam coloca o seu dedo indicador nos meus lábios, e então o insere devagar na minha boca – Aguente como uma boa garota, ok? – Ele pede. Faço que sim com a cabeça, sentindo o sabor do seu dedo em minha língua, enquanto o chupo com desejo. Sam geme, retirando seu dedo da minha boca, voltando a percorrer as mãos pelo meu corpo, segurando meu quadril e estocando dentro de mim com mais força ainda, indo mais fundo. Como já gozei, estou mais sensível, então estremeço.

—Ah, Sam...- Gemo, completamente fraca. Ele dá uma risadinha.

—Está sensível, né? – Ele provoca, se movendo com intensidade em um ponto muito específico dentro de mim ao dizer isso – Mas aguente, quietinha. Quero ver o quão minha você é, Laverne.

Ele entra e sai de mim, com força. Gemo e apoio as mãos na cabeceira da cama. Ele faz isso mais uma vez, e um gritinho escapa da minha garganta. É tão bom e tão difícil de aguentar ao mesmo tempo, é inexplicável e desconhecido para mim sentir essas duas sensações mescladas assim.

—Você é minha, Hazel? – Ele pergunta, estocando mais uma vez, me deixando bamba. Gemo e mordo tão forte meu lábio inferior que o sinto sangrando.

—S-sou... – A palavra sai com dificuldade, já que ele vai ainda mais fundo dessa vez.

—Quero que goze de novo, Hazel. Desse jeitinho. Não vou parar de te comer assim enquanto não gozar. – Ele se inclina sobre mim, a boca perto da minha orelha – É uma ordem, não um pedido, me ouviu?  – Sua voz é firme e ele usa um tom sombrio. Assinto, prazerosamente aceitando essa ordem. Apoio as duas mãos na cabeceira, aguentando tudo o que vem a seguir.

Suas estocadas se tornam frenéticas, subindo a velocidade aos poucos, entrando e saindo de mim para que eu sinta meu sexo se contraindo e se esticando, se acostumando e então se desacostumando, assim o seu impacto se torna eterno. Até que ele para de entrar e sair de mim, ficando apenas o mais fundo possível, com força e um ritmo que não se quebra, apenas se mantém, perfeitamente em um ponto sensível demais dentro de mim.

—Agora, linda. – Ele manda com a voz suave, como se estivesse acalmando um animal antes de sacrificá-lo – Obedeça.

Meu corpo não se nega. O orgasmo cresce dentro de mim, e eu estremeço e gemo com força enquanto me contraio ao redor dele. Sam também geme, sentindo um prazer inestimável ao me ver seguindo suas palavras e seus comandos.

Sam sai de dentro de mim, no momento que termino de gozar. Ele se deita na cama e me puxa, não me dando nem um segundo para me recuperar. Ele me encaixa em seu colo, entrando em mim por completo, com muita facilidade, estamos encharcados em lubrificação e gozo.

Ele move meu quadril com suas mãos, me guiando, mostrando o caminho. Seguro os meus cabelos que estão revoltos e bagunçados, e me movo, assumindo o controle. Sam geme e arqueia a cabeça para trás, mordendo a própria boca de prazer. Depois de um tempo, minhas pernas começam a tremer, enfraquecidas, mas eu não paro. Mantenho o ritmo que ele me mostrou, dando o máximo de prazer a ele que consigo. Sam não tira os olhos dos meus, me fazendo corar.

—Amo quando você fica tímida assim, desconcertada desse jeito... – Ele diz, passando a mão pelos meus seios, acariciando os meus mamilos, enquanto eu me movo. Fico ainda mais vermelha com a sua declaração, e ele sorri. Sam se senta na cama, comigo em seu colo, e segura as minhas costas, seu rosto bem perto do meu, nossa respiração mesclada – Eu te amo, Hazel.

Sorrio para ele, desconcertada e com o desejo bombeando o meu sangue por todo o meu corpo.

—Eu também te amo, Sam. – Sussurro, segurando o seu rosto com as minhas mãos.

—Não odeia me amar, Hazel? – Ele questiona, provocando-me com a sobrancelha erguida.

—Não, mas só essa noite. – Respondo, a voz fraca. Ele assente, acariciando o meu rosto.

—Boa garota. – Ele diz, sorrindo, e me beijando. Saboreio seu gosto delicioso, mesclado ao meu, e o vejo separando nossos lábios por um momento, hesitante. Sam olha para baixo por um momento, aparentemente envergonhado. Franzo o meu cenho, sem entender a princípio. Mas assim que sinto suas veias se saltando da sua pele, se enegrecendo como se gasolina percorresse por seu sangue, me lembro que meus lábios estavam sangrando.

E o meu sangue é mais forte que de um demônio comum.

Ergo seu rosto com a minha mão, delicadamente. O vejo respirando com dificuldade, os olhos agora negros como os de um demônio, isso acontece sempre que ele consome sangue. Vejo que está se sentindo mal consigo mesmo, provavelmente se culpando por gostar tanto do sabor de ferro em sua língua, do poder que isso lhe proporciona. Sorrio e acaricio seus cabelos, suspirando.

—Eu amo quem você é, por completo. Com toda a sua escuridão... que encaixa tão bem com a minha... – Digo isso de maneira provocadora, me movendo lentamente ao dizer isso. Sam arqueia a cabeça para trás, tomado por desejo, o rastro do meu sangue em seus lábios.

—Tudo bem mesmo? – Ele questiona, a voz fraca. Faço que sim, lançando a ele um olhar de luxúria. Puxo o seu cabelo, fazendo-o gemer. Sam inverte as nossas posições, me deitando na cama, seu corpo sobre o meu.

Passo as minhas mãos pelos seus braços fortes, aprecio suas veias saltadas e sobrenaturalmente escuras, contrastando com a pele pálida, a lua reluzindo em seu peitoral forte e enlouquecedor. Fixo meus olhos nos seus, sobrenaturais nesse momento.

Sam começa a me beijar com ternura, meio ao desejo.

Sei o que significa para ele ser aceito. Sei como tem medo de ser diferente.

E amo saber que, posso mostrar a ele o quanto não me importo com sua escuridão. Na verdade, gosto dela.

Me sinto em casa nas suas sombras.

—Goza para mim, Sam. É a sua vez, Winchester... – Sussurro para ele, em sua orelha.

Ele dá uma risadinha, suas covinhas evidentes.

—É uma ordem, é? – Ele ergue as sobrancelhas. Sorrio para ele e aquiesço.

—É sim... – Digo, e ele assente, se movendo com mais força para dentro de mim, me dando vários beijos no pescoço, beijos que ele intercala com sussurros:

—Eu te amo...- Ele sussurra, entre os beijos e os movimentos – Eu te amo... – Ele repete, e eu fecho os olhos – Eu te amo...

Arqueio a cabeça para trás, sentindo todo o seu amor, seu desejo, sua escuridão, e a sua culpa. Abraço tudo o que ele é nesse momento, e sinto que somos uma pessoa só.

Vou ficar devastada amanhã de manhã. Tenho certeza disso.

Mas me entrego a isso.

Vou me desaparecer nele, como diz a música que tanto me lembra dele.

Sam puxa as minhas pernas, colocando-as em seus ombros.

Gemo, surpresa pelo novo nível de profundidade que ele atinge nessa posição. Minhas pernas tremem, e ele as segura de maneira firme, um sorriso no rosto, entrando e saindo de mim com tanta força e intensidade que estremeço.

—Vou te marcar de um jeito que nunca marquei antes, linda. – Ele pisca para mim, meio ao sorriso, entrando mais em mim, me fazendo dar um gritinho de prazer – Vai se lembrar de mim amanhã ao se sentar e ao andar, garanto isso a você.

E, de uma maneira completamente dominante, me come sem nenhum tipo de restrição. Gemo descontroladamente, sentindo-o fundo demais, forte demais, grande demais.

Estou tão sensível por ter gozado duas vezes, por estar transando a tanto tempo, que sinto que vou ficar dormente a qualquer momento. Sinto uma ardência gostosa me acometendo, e Sam usa uma de suas mãos para me enforcar gentilmente. Ele não me sufoca, apenas pressiona os dedos contra a minha garganta, de um jeito gostoso e dominante. A visão da sua barriga perfeita, do seu olhar enegrecido e sobrenatural, seus lábios com o rastro do meu sangue, somados ao quão fundo e forte o sinto, acabam sendo demais para mim.

—Sam...ah, Sam...- Gemo seu nome duas vezes, sem controle algum, enquanto o aperto dentro de mim, um terceiro orgasmo me invadindo. Ele solta um grunhido forte com sua voz rouca, e o sinto se derramando por dentro de mim, seu orgasmo longo e quente, me preenchendo por completo, me marcando como sua.

Sam relaxa a mão ao redor do meu pescoço, soltando-o, e abaixa as minhas pernas com cuidado, as tirando dos seus ombros, as colocando uma de cada lado do seu corpo, se cravando mais em mim, beijando a minha testa enquanto arfa, suado, o seu orgasmo chegando ao fim lentamente.

Ambos respiramos com dificuldade, e ele beija o meu pescoço, e então a minha boca. Fica me beijando por um tempo, suavemente, até que sai de dentro de mim com delicadeza. Sam sai de cima de mim e se deita ao meu lado, me puxando para o seu peitoral, para que eu repouse a cabeça ali. Ele beija o topo da minha cabeça.

Seus braços me acariciam e me abraçam, ternamente. Sempre amei sua dualidade entre desejo, dominância e cuidado. Carinho, amor, ternura...

Nossas respirações vão voltando lentamente ao normal, e eu fecho os meus olhos.

De repente, a realidade bate no meu coração. O ódio que eu senti mais cedo retorna, assim como a dor. Saio de cima do seu peito e me encolho, do outro lado da cama, lágrimas em meus olhos.

—Ei, ei... – Ele sussurra, me abraçando, nos cobrindo com as cobertas, o vento gritando lá fora.

—Eu não vou estar aqui quando você acordar, ok? Vai ser mais fácil para mim assim. – Digo, de maneira fria, enquanto as lágrimas me invadem.

—Tudo bem, linda. Tudo bem... – Ele sussurra, acariciando o meu rosto, limpando as minhas lágrimas.

Me encolho e permito que ele me abrace, encaixando seu queixo em meu ombro, sua barriga e seu peitoral nas minhas costas, seus braços me envolvendo.

—Eu te amo, não esqueça disso, Hazel. – Ele sussurra, acariciando o meu cabelo. Aquiesço, meu peito queimando.

—E eu odeio te amar, não se esqueça, Sam. – Rebato, com fraqueza na voz.

—Não vou, linda. Não vou esquecer. Nem do seu amor, nem do seu ódio. – Ele responde, se aninhando em mim. Fecho meus olhos, me sentindo completa por estar em seus braços, por ter me entregado desse jeito para ele.

Adormeço, em direção a escuridão, com medo do amanhã.

Mas com a certeza de uma coisa que me assombra e me devora por dentro;

Eu nunca, jamais, sob nenhuma circunstância, deixarei de ser completamente e intrinsecamente dele.

Não importa o que eu faça. O meu amor por ele jamais será exorcizado.

Vou me desaparecer nele, como sempre fiz.


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Notas finais do capítulo

Eu acho, eu só ACHO que eu mereço um comentário : )

XOXO



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